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A investigação de três casos graves de Covid-19 causados pela linhagem P.1, detectados em dezembro de 2020, em Salvador, foi descrita em artigo publicado no International Journal of Infectious Diseases. O estudo destaca a importância da vigilância genômica para rastrear o surgimento de novas variantes do coronavírus para implementação de intervenções, como distanciamento social, triagem em aeroportos e quarentena para viajantes, ferramentas essenciais para desacelerar a transmissão viral e diminuir a carga sobre a saúde pública nacional.
A pesquisa foi realizada pelos pesquisadores Isadora Siqueira, Bruno Solano e Tiago Gräf, da Fiocruz Bahia. No trabalho, os cientistas afirmam que a variante do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, denominada de P.1 foi identificada pela primeira vez no início de janeiro de 2021, e tem sido associada ao aumento da transmissão e alta carga viral. Estima-se que a P.1 tenha surgido no início de dezembro de 2020, na cidade de Manaus, no Amazonas.
Três pessoas residentes de Manaus viajaram para a Bahia, no dia 19 de dezembro de 2020, para visitar dois parentes durante as férias. Entre os dias 22 e 27 de dezembro, os cinco membros da família começaram a apresentar sintomas da Covid-19 e foram diagnosticados com o vírus, por meio do exame RT-PCR. Três deles foram internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com longa permanência, e um faleceu. Os pesquisadores realizaram o sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 dos três familiares que foram internados, dois de Salvador e um de Manaus, identificando a variante P.1.
Através do sequenciamento do genoma do vírus nesses pacientes, os pesquisadores construíram uma árvore filogenética, onde se observa que os casos de P.1 isolados em Salvador se agrupam com genomas do Amazonas. Segundo os pesquisadores, no período do estudo, a maioria das sequências disponíveis foram isoladas na região do Amazonas ou eram casos de indivíduos com histórico de viagens para a região. Os casos analisados em Salvador se originaram da diversidade inicial de P.1, antes da diversificação posterior observada em sequenciamentos genômicos mais recentes.
Um dos pacientes internados na UTI, um homem de 41 anos, não apresentava fatores de risco anteriores que o predispusessem a doenças graves. Por isso, estudos futuros são urgentemente necessários para avaliar a suposição de que a linhagem P.1 poderia aumentar o risco de infecção grave ou mortalidade, evidenciado pelo aumento alarmante de mortes por Covid-19 recentemente relatado em todo país.