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Uma pesquisa, realizada por meio de parceria entre pesquisadores da Fiocruz Bahia e da Universidade de Edimburgo (UK), analisou a efetividade das vacinas da Pfizer contra Covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos, que receberam as duas doses do principal imunizante licenciado para essa faixa etária. Os resultados do trabalho, o primeiro estudo multinacional a avaliar os resultados desta vacina contra as formas graves da doença, foram publicados, nesta segunda-feira (8/8), na revista The Lancet Infectious Diseases (clique aqui para acessar).
Para a investigação, os pesquisadores coletaram informações sobre RT-PCR, testes de antígenos, vacinas, dados de hospitalizações e óbitos do DATASUS – departamento de Informática de Dados em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, no período de 2 de setembro de 2021 a 19 de abril de 2022, e do Early Pandemic Evaluation and Enhanced Surveillance (EAVE II) – banco de dados sobre a Covid-19 da Escócia, entre 6 de agosto de 2021 a 19 de abril de 2022. No total, foram analisados 503.776 testes do Brasil e 127.168 da Escócia.
O estudo apontou que, mesmo após 98 dias de aplicação da segunda dose, a eficácia da Pfizer contra a forma grave da doença, no Brasil, permaneceu em um nível alto, acima de 80%. Na Escócia não foi possível realizar esta análise, devido ao número baixo de casos graves no país. Em ambos os países, foi constatada que a eficácia da vacina contra a infecção sintomática da doença atingiu o pico entre 14 e 27 dias após a segunda dose no período de ambas as variantes. Depois de 98 dias, a efetividade no período Ômicron caiu para 50,6% na Escócia e 5,9% no Brasil.
A pesquisa também demonstrou que a efetividade do imunizante oscila a depender da variante predominante. O grau de proteção durante o período de maior transmissão da Delta foi mais elevado (80,7% no Brasil e 92,8% na Escócia), que a proteção apresentada durante a alta da Ômicron (64,7% no Brasil e 82,6% na Escócia). Isto sugere que a imunização apresenta melhores resultados a depender da variante em circulação.
Para os cientistas, a diferença nos resultados pode estar relacionada a diferentes componentes da resposta imune, como os anticorpos ou as células T, assim como diferenças na circulação do vírus nos dois países. No entanto, eles reforçam que os resultados sugerem que duas doses da vacina não são suficientes para impedir a circulação do vírus SARS-CoV-2.