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Autoria: Bruna Martins Macedo Leite
Orientação: Patrícia Sampaio Tavares Veras
Título da tese: “Resposta medular de cães naturalmente infectados com Leishmania infatum apresentando diferentes desfechos clínicos”
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 22/04/2021
Horário: 09h
Local: Sala virtual do Zoom
RESUMO
INTRODUÇÃO: A LVC é uma doença sistêmica de caráter crônico e os animais infectados podem apresentar um quadro clínico severamente debilitante ou uma forma subclínica da doença. Postula-se que, a população canina infectada com L. infantum é composta por três grupos de hospedeiros: cães susceptíveis, cães resistentes e cães latentes. A evolução da doença depende de diversos fatores, entre eles, os mecanismos imunológicos desencadeados após a infecção. O papel que a resposta imune desempenha no contexto da progressão e controle da LVC ainda não é completamente compreendido. Existem evidências de que células mielóides estão envolvidas na promoção e manutenção da resposta inflamatória e esse tema é particularmente interessante no contexto da LVC, em que parasitas infectam diretamente os macrófagos estromais da medula óssea e essa infecção tem sido correlacionada com o aumento da mielopoiese.
OBJETIVO: Caracterizar quanto ao perfil imune celular, a resposta de células da medula óssea de cães naturalmente infectados com L. infantum apresentando diferentes desfechos clínico.
MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi realizada a análise longitudinal do perfil hematológico de cães resistentes e de cães susceptíveis acompanhados em um estudo de coorte, utilizando modelos de efeitos aleatórios para dados longitudinais. Posteriormente, foram selecionados do estudo de coorte 8 cães resistentes e 8 cães susceptíveis para reavaliação e caracterização do perfil imune celular da medula óssea, utilizando mielograma e citometria de fluxo, e identificar a expressão de genes nas células da medula óssea, utilizando RNASeq. Também foram incluídos na análise 8 cães não infectados com L. infantum.
RESULTADOS: Na análise longitudinal do perfil hematológico, assim como no hemograma dos cães reavaliados, as hemácias, a hemoglobina e o hematócrito foram variáveis que apresentaram taxas significativamente diminuídas em cães susceptíveis. Na avaliação do mielograma, os animais susceptíveis apresentaram principalmente hipoplasia de células eritróide e nehuma alteração foi encontrada nos mielogramas de cães resistentes. Na imunofenotipagem por citometria de fluxo, o percentual de linfócitos T CD8 foi significativamente maior nos cães resistentes e nos cães susceptíveis, em comparação com os cães não infectados. Na análise do transcriptoma foram identificados 425 genes diferencialmente expressos (DEGs) nas amostras de cães resistentes (resistente versus controle) e 327 DEGs nas amostras de cães susceptíveis (susceptível versus controle). As análises de enriquecimento revelaram que vias relacionadas ao reparo de DNA foram negativamente reguladas nas células da medula óssea de cães susceptíveis, enquanto que vias relacionadas à migração celular foram positivamente reguladas em cães susceptíveis e em cães resistentes. Um algoritmo baseado em aprendizado de máquina foi aplicado e um conjunto de quatro genes (EGR2, FOS, TINAGL1 e ADCY9) identificado, que exibem o maior poder de classificação para descrever cães resistentes e susceptíveis.
CONCLUSÃO: Os cães susceptíveis apresentam alterações hematológicas na medula óssea associadas à anemia comparados com os cães resistentes e as análises de enriquecimento da expressão gênica mostraram que a modulação das vias de reparo de quebra dupla de DNA e de migração celular por células da medula desses cães podem estar associadas à susceptibilidade na LVC.
Palavras-chave: Leishmaniose, cão, resposta medular, sequenciamento.