Tese avaliou teste de derivado semissintético do ácido betulínico e o esfingolipídio para tratamento de Chagas

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AUTOR: Cássio Santana Meira
ORIENTADORA: Milena Botelho Pereira Soares
TÍTULO DA TESE: “Fármacos com ação dual anti-trypanosoma cruzi e imunomoduladora: uma nova abordagem para o tratamento da miocardiopatia chagásica crônica”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 22/03/2018

RESUMO

INTRODUÇÃO: A doença de Chagas é uma zoonose causada pelo protozoário hemoflagelado Trypanosoma cruzi, que afeta milhões de pessoas na America Latina. No Brasil e em muitos países, o tratamento dessa enfermidade se baseia na utilização de benzonidazol. Este fármaco tem o seu uso associado a uma série de efeitos colaterais no paciente ao longo do tratamento e uma baixa taxa de cura nos indivíduos com doença crônica. Nesse contexto, é necessário o desenvolvimento de novos medicamentos para uma quimioterapia adequada da doença de Chagas crônica, sobretudo na forma cardíaca da doença.

OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo testar o derivado semissintético do ácido betulínico (BA5) e o esfingolipídio N,N-dimetil esfingosina (DMS), moléculas com propriedades antiparasitária e imunomoduladora, para o tratamento da cardiomiopatia chagásica crônica.

MATERIAIS E MÉTODOS: O efeito tripanocida foi avaliado in vitro em tripomastigotas do T. cruzi e também na proliferação de formas amastigotas intracelulares em culturas de macrófagos peritoneais infectados com T. cruzi, com determinação de valores de concentração inibitória (CI)50. A atividade imunomoduladora in vitro foi avaliada em cultura de macrófagos estimulados com LPS + IFNγ e em esplenócitos estimulados com concanavalina A através da quantificação de mediadores inflamatórios por ELISA e em ensaios de linfoproliferação pela incorporação de 3H-timidina. A ação imunomoduladora do BA5 foi validada in vivo em modelo de endotoxemia e de reação de hipersensibilidade tardia (DTH). Por último, camundongos C57BL/6 cronicamente infectados com T. cruzi foram tratados com BA5 ou DMS, e submetidos a avaliações de função cardíaca, quantificação de inflamação e fibrose no coração, de citocinas no soro por ELISA, e análises de modulação da expressão gênica por PCR.

RESULTADOS: Assim como o BA5 (já previamente estudado), o DMS apresentou um efeito anti-T. cruzi indireto, porém age através da ativação da via do inflamassoma e produção de óxido nítrico e espécies reativas de oxigênio. Quando testados em culturas de macrófagos e linfócitos ativados, os compostos mostraram uma potente atividade imunomoduladora, reduzindo a produção de mediadores inflamatórios e inibindo a proliferação de linfócitos. In vivo, o BA5 demonstrou potente atividade imunomoduladora, conferindo proteção contra dose letal de LPS e reduzindo edema em modelo de DTH. Observamos uma redução significativa da inflamação e fibrose nos corações dos animais chagásicos crônicos tratados com BA5 ou DMS, achados estes que foram acompanhados por uma redução dos níveis séricos de TNFα e IFNγ, assim como a redução da expressão gênica de mediadores inflamatórios no coração. Nos animais tratados com BA5 observamos também um aumento significativo na produção de IL-10 e na expressão gênica de arginase e CHI3, reconhecidos marcadores de macrófagos M2.

CONCLUSÃO: Nossos resultados demonstram que o BA5 e o DMS, através de ação antiparasitária e imunomoduladora, são candidatos em potencial para o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da cardiomiopatia chagásica.

Palavras-chave: Doença de Chagas, T. cruzi, N,N-dimetil esfingosina, Ácido betulínico, cardiomiopatia chagásica.

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