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AUTORIA: Daniela Nascimento Silva
ORIENTAÇÃO: Milena Botelho Pereira Soares
TÍTULO DA TESE: “TERAPIA COM CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS GENETICAMENTE MODIFICADAS PARA SUPEREXPRESSÃO DE G-CSF E IGF-1 NA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA EXPERIMENTAL ”
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 09/11/2018
RESUMO
INTRODUÇÃO: A doença de Chagas é uma doença parasitária causada pelo Trypanosoma cruzi, a qual representa uma das principais causas de morbimortalidade na América Latina. As intervenções terapêuticas existentes não são totalmente eficazes, sendo o transplante cardíaco a única alternativa para os pacientes com cardiopatia chagásica crônica (CCC) grave. Neste sentido, a ausência de terapias capazes de atuar diretamente sobre os determinantes fisiopatológicos da doença torna necessária a identificação de novas abordagens terapêuticas. Estudos previamente realizados pelo nosso grupo mostraram que a utilização de células-tronco obtidas da medula óssea e de outras fontes teve efeitos benéficos no tratamento da CCC experimental. A possibilidade de potencializar os efeitos parácrinos das células-tronco através de modificação genética tem sido alvo de investigações científicas.
OBJETIVO: Avaliar os efeitos da terapia com células-tronco mesenquimais (CTMs) da medula óssea, modificadas geneticamente para superexpressar o fator estimulador de colônias de granulócitos (hG-CSF) ou o fator de crescimento semelhante à insulina 1 (hIGF-1) em um modelo experimental de CCC.
MATERIAL E MÉTODOS: Camundongos C57BL/6 foram infectados com 1000 tripomastigotas da cepa Colombiana de T. cruzi e, após seis meses de infecção, foram tratados com CTM, CTM-G-CSF, ou CTM-IGF-1. Grupos de animais não infectados ou infectados tratados com salina (veículo) foram utilizados como controles. Todos os animais foram eutanasiados sob anestesia após dois meses de tratamento para análises histopatológicas e morfométricas do coração ou músculo esquelético, bem como para avaliação da expressão de citocinas inflamatórias.
RESULTADOS: As secções de corações de camundongos dos grupos tratados com CTM, CTM-GCSF ou CTM-IGF-1 apresentaram redução significativa do número de células inflamatórias e do percentual de fibrose em comparação aos animais chagásicos tratados com salina, sendo esta diferença mais evidente no grupo que foi tratado com células-tronco que superexpressam o G-CSF. Além disto, a terapia com CTM-G-CSF induziu a mobilização de células imunomoduladoras para o coração, tais como células supressoras de origem mielóide (MDSC) e células T regulatórias Foxp3+ que expressam IL-10. A avaliação da expressão gênica das citocinas inflamatórias no tecido cardíaco mostrou um aumento das citocinas inflamatórias em animais chagásicos crônicos quando comparados aos controles não infectados, sendo a maioria delas moduladas de forma significativa nos grupos que foram tratados com CTM ou CTM-G-CSF. Apesar da terapia utilizando CTM-IGF-1 não ter apresentado benefício adicional ao tecido cardíaco comparado ao grupo que foi tratado com CTM não modificadas, foi observado um efeito regenerativo desta terapia no músculo esquelético dos animais, resultando em um aumento de fibras musculares esqueléticas 60 dias após o tratamento.
CONCLUSÃO: Nossos resultados demonstram que o tratamento com CTM da medula óssea que superexpressam hG-CSF ou hIGF-1 potencializou o efeito terapêutico das CTMs através de ações imunomoduladoras e pró-regenerativas no coração e músculo esquelético de camundongos cronicamente infectados por T. cruzi. Desse modo, a modificação genética de CTMs para superexpressão de fatores com potencial terapêutico representa uma estratégia promissora para o desenvolvimento de novas terapias para a cardiomiopatia chagásica crônica.
PALAVRAS-CHAVE: Cardiomiopatia chagásica, terapia celular, células-tronco mesenquimais, G-CSF, IGF-1.