Tese avalia a aceitabilidade parental da vacina contra o HPV para adolescentes

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AUTOR: William Mendes Lobão
ORIENTADOR: Edson Duarte Moreira Junior
TÍTULO DA TESE: “Avaliação da aceitação parental da vacina contra hpv após sua introdução no programa nacional de imunização”
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 27/02/2018

RESUMO

Introdução: O vírus do papiloma humano (HPV) é responsável por quase todos os casos de câncer cervical e anal, aproximadamente 70% dos cânceres que afetam vagina, vulva e orofaringe e 60% dos cânceres penianos, representando um importante problema de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento. Atualmente, existem três vacinas licenciadas altamente eficientes e seguras contra o HPV e a Organização Mundial da Saúde recomenda a introdução de vacinas contra o HPV em programas nacionais de imunização para crianças e jovens de 9 a 26 anos de idade. Em 2014, o governo Brasileiro introduziu a vacina quadrivalente contra o HPV no Programa Nacional de Imunização (PNI), contudo as taxas de cobertura com a segunda dose da vacina estão abaixo de 50%.

Objetivo: Estimar a aceitabilidade parental da vacina contra o HPV para adolescentes menores de 18 anos em centros urbanos do Brasil após a introdução desta vacina no Programa Nacional de Imunização (PNI).

Materiais e métodos: Realizamos uma pesquisa entre 826 pais com filhos menores de 18 anos através de entrevistas telefônicas de discagem digital aleatória em sete capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador) cobrindo as cinco regiões do Brasil. Selecionamos pelo menos 115 indivíduos em cada cidade. Um questionário sobre conhecimentos, atitudes e práticas (KAP) foi desenvolvido e validado usando os principais pressupostos do Modelo de Crença de Saúde (HBM): susceptibilidade percebida, gravidade percebida, benefícios percebidos e barreiras percebidas. Entrevistadores treinados realizaram as entrevistas que duraram em média 20 minutos. As variáveis independentes incluídas na análise bivariada foram: dados sociodemográficos, conhecimento, atitudes e práticas dos pais em relação à vacina contra o HPV. O conhecimento foi considerado, arbitrariamente, como adequado quando os entrevistados acertaram ≥70% de cada item. A análise da associação entre as variáveis categóricas utilizou o teste qui-quadrado (χ²) ou exato de Fisher, sendo os resultados considerados significativos para p<0,05.

Resultados: Dos 2.324 pais elegíveis, 826 completaram a entrevista (taxa de resposta de 35,5%). A maioria dos participantes era mulher (85%), com idade média de 43,8 anos (18 a 82). No momento da entrevista, 37% dos pais tinham pelo menos uma filha/filho na faixa etária recomendada pelo PNI para vacinação contra HPV (9 a 14 anos). A aceitação parental da vacina contra o HPV para filhas ou filhos com menos de 18 anos de idade foi alta, 92% e 86%, respectivamente, e não variou significativamente nas diferentes cidades pesquisadas. A aceitação da vacina para as filhas foi comparável entre mães e pais, 92,8% vs. 90,2% (p=0,319), respectivamente. Também foi semelhante para meninos (mães: 85,9% vs. pais: 84,0%; p = 0,592). O nível do conhecimento dos participantes foi considerado adequado (70,1%) com uma média de 14,7 acertos dos 21 itens propostos (dp=2,6). Os conhecimentos associados à aceitação da vacina foram relacionados à segurança e eficácia da vacina, transmissão sexual do HPV, vacinação antes do início da vida sexual e vacinação de meninos (p<0,005). A maioria dos pais daria uma vacina contra uma infecção sexualmente transmissível para seus filhos (72%) e percebeu que suas filhas e filhos correm risco de contrair HPV, 71% e 68%, respectivamente. O principal motivo apontado pelos pais para aceitarem vacinar seus filhas e filhos foi que “a vacinação é boa / importante” (90%) e a principal razão para recusarem a vacinação contra o HPV foi o “medo de reações ou eventos adversos” (51%). Dos 291 pais com filhas elegíveis para receber a vacina contra o HPV através do PNI, 207 (71,1%) reportaram que as filhas tinham recebido pelo menos uma dose da vacina contra o HPV e 170 (58,4%) duas ou mais doses. Os motivos mais comuns para não vacinar as filhas foram: “pouca informação e não vacinação na escola” (41,7%), “minha filha é muito jovem” (25,0%), “eu não acredito em vacinas / sou contra vacinas “(19,0%),” minha filha não precisa dessa vacina “(17,9%) e “medo de efeitos adversos” (10%). Os motivos apontados pelos pais que não deram a segunda dose da vacina foram: “esquecimento” (43,2%), “suspensão da vacinação nas escolas” (32,4%), “não conseguiu receber a vacina no posto” (18,9%), e “medo de efeitos adversos” (8%).

Discussão: A aceitação parental da vacina contra o HPV é alta, apesar disso, a cobertura vacinal no PNI é baixa.

Palavras-chave: Papillomavirus Humano; Vacina contra o Papilomavirus Humano; Aceitação de cuidados em saúde; Atitude parental; Prevenção do Câncer.

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