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Autoria: Fernanda Gross Duarte
Orientação: Maria da Conceição Chagas de Almeida
Co-orientador: Edson Duarte Moreira Jr
Título da tese: “ÓBITOS E INTERNAÇÕES DECORRENTES DE INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS E NÃO-MEDICAMENTOSAS NO BRASIL”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 11/04/2022
Horário: 09h00
Local: Sala virtual do Zoom
RESUMO
INTRODUÇÃO: O consumo de substâncias químicas cresceu com o desenvolvimento das ciências e o aumento da produção e da circulação de bens. A exposição a produtos perigosos, a substâncias tóxicas ou potencialmente tóxicas, tornou-se um relevante problema de saúde pública em diversos países no mundo. Estima-se que mais de 25% da carga global de doenças está ligada a fatores ambientais, incluindo exposições e uso inadequado de produtos químicos tóxicos. As intoxicações medicamentosas também têm aumentado sua frequência globalmente e se constituem igualmente num problema importante de saúde pública. OBJETIVOS: Estimar
a incidência das hospitalizações por intoxicação não-medicamentosa (NMx), por medicamentos com prescrição (MRx) e por medicamentos isentos de prescrição (MIP), bem como a mortalidade desses agravos no Brasil, descrevendo as tendências observadas no período de uma década (2009 a 2018). MÉTODOS: Os dados de internações hospitalares e óbitos foram originados do DATASUS e os dados demográficos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram selecionadas as internações hospitalares cuja AIH (Autorização para Internação Hospitalar) indicasse como procedimento “tratamento de intoxicação ou envenenamento por exposição a medicamento e substâncias de uso não medicamentoso”. A incidência de hospitalização e a mortalidade foram calculadas separadamente para intoxicações causadas por NMx, MRx e MIP. Adicionalmente, as taxas foram estratificadas por sexo, faixa etária e região de residência no Brasil. A análise de tendência foi realizada por regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten. RESULTADOS: No total, ocorreram mais de 276 mil internações relacionadas ao uso de substâncias químicas durante a década da avaliação do presente estudo. Foram reportados casos de hospitalização por intoxicação em 5.351 municípios de todos os estados no Brasil. As intoxicações por NMx foram as internações mais comuns (45,4%), seguidas das causadas por MRx (30,1%), enquanto as internações por MIP foram as menos frequentes (0,9%). A incidência média de internações por intoxicação NMx (6,28 por 100 mil habitantes) foi superior àquela de intoxicação por medicamentos com prescrição (MRx) (4,16 por 100 mil habitantes), RR=1,5 (IC 95% 1,3. – 1,7); e muito superior àquela de intoxicação por medicamentos isentos de prescrição (MIP) (0,13 por 100 mil habitantes), RR=48,3 (IC 95% 27,9 – 83,7). Ocorreram 4.326 óbitos (3,45%) entre as hospitalizações por intoxicação NMx, a letalidade foi semelhante àquela causada por MRx (3,11%), e superior a observada nas internações por MIP (1,93%). A mortalidade por intoxicação NMx (0,216 por 100 mil habitantes) também foi maior do que a causada por MRx (0,129 por 100 mil habitantes), RR=1,67 (IC 95% 1,34. – 2,09) e muito superior àquela causada por MIP (0,0025 por 100 mil habitantes), RR=86,4 (IC 95% 58,4. – 133,8). Houve uma tendência decrescente na mortalidade e na incidência de internações tanto das intoxicações NMx como das intoxicações por MIP durante o período do estudo no Brasil. A tendência da incidência de internações de intoxicações por MRx foi estacionária, mas a mortalidade mostrou uma tendência crescente no mesmo período. CONCLUSÕES: As internações por intoxicação não-medicamentosa e medicamentosa se constituem num grave problema de saúde pública pelo impacto na saúde individual e coletiva, pelo importante custo econômico e social, pelos riscos que oferece ao meio ambiente e, particularmente, pela natureza prevenível desses agravos.
Palavras-chave: Intoxicação, Medicamento, Farmacoepidemiologia, Mortalidade, Hospitalização.