Dissertação caracterizou molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos

AUTORA: Ana Rafaela Silva Simões Moura
ORIENTADORA: Alan John Alexander McBride
TÍTULO DA TESE: “Caracterização molecular de cepas de Neisseria meningitidis isoladas de portadores assintomáticos de 11 a 19 anos de idade residentes em Salvador, BA”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 16/03/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: Neisseria meningitidis é uma bactéria que tem como nicho ecológico a nasofaringe dos humanos e que ocasionalmente pode vir a causar doenças, como a meningite e a septicemia. O perfil populacional dos isolados de N. meningitidis é altamente diversificado tanto geneticamente como antigenicamente, devido à plasticidade genômica característica de Neisseria spp. e as frequentes transferências horizontais de genes observadas neste microrganismo. Uma vez que os jovens adultos são considerados os principais portadores e transmissores deste microrganismo e, consequentemente, fonte de alelos virulentos, o estudo da população de portadores do meningococo pode fornecer informações úteis para a compreensão da epidemiologia molecular do meningococo e para embasar medidas de prevenção contra este microrganismo. O objetivo desse estudo consiste em caracterizar molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos da cidade de Salvador, Bahia. Para este estudo foram coletados material de orofaringe de 1.200 alunos de 11 a 19 anos de idade, de 137 escolas da rede pública de Salvador. METODOLOGIA: Um total de 59 cepas de N. meningitidis foram identificadas através de métodos clássicos. A identificação dos genogrupos foi realizada através da técnica de PCR em tempo real ou por sequenciamento do genoma total. Os 59 isolados foram caracterizados genotipicamente através da técnica de Multilocus Sequence Typing e através da genotipagem das proteínas de membrana externa (PorA, PorB, FetA) e dos antígenos vacinais do sorogrupo B (fHbp, NadA e NhbA). RESULTADOS: Dos 59 isolados, 36 (61%) apresentaram-se não grupáveis. Entre as cepas capsuladas, o genogrupo B foi o mais prevalente (11,8%), seguido do Y (8,4%), E (6,7%), Z (5%), C (3,3%) e W (3,3%). Foram identificados 34 STs distribuídos em 14 complexos clonais, incluindo oito (23,5%) STs novos. O complexo clonal mais frequente foi o ST-1136 em 20% dos isolados. Dentre as variações de PorA e FetA, as mais prevalentes descritas foram P1.18,25-37 (11,86%), P1.18-1,3 (10,17%) e F5-5 (23,73%), F4-66 (16,95%) e F1-7 (13,56%), respectivamente. Observou-se um predomínio das proteínas de classe 3 (93,22%) dentro das variantes de PorB descritas. As três principais variantes da lipoproteína fHbP foram encontradas nos isolados com a variante fHbp 2 sendo a mais prevalente (n=30; 50,8%), seguida pela fHbP-1 (n=15; 25,4%) e fHbP-3 (n=14; 23,7%). Cerca de 90% dos isolados não apresentaram o gene nadA, enquanto que todos os isolados possuíam o gene nhba, sendo as subvariantes 10 (18,64%) e 600 (16,95%) as mais prevalentes. Foi possível observar, ainda, a presença de isolados com perfis semelhantes aos de outras cepas de linhagens hipervirulentas responsáveis por surtos descritos ao redor do mundo e do Brasil, como B: P1.19,15: F5-1: ST-639 (cc32); C: P1.22,14-6: F3-9: ST-3780 (cc103) e W: P1.5,2: F1-1: ST-11 (cc11). CONCLUSÃO: Os resultados obtidos destacam a necessidade de uma contínua vigilância molecular de N. meningitidis e o monitoramento de cepas emergentes. A distribuição de proteínas de membrana externa e dos antígenos vacinais do sorogrupo B podem ser de grande importância para avaliar os efeitos de medidas preventivas futuras contra a doença meningocócica.

Palavras-chave: Neisseria meningitidis, linhagens hipervirulentas, portador assintomático, complexos clonais.

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Dissertação estima a prevalência de portadores de N. meningitidis em adolescentes após vacina

AUTORA: Amélia Maria Pithon Borges Nunes
ORIENTADORA: Guilherme de Sousa Ribeiro
TÍTULO DA TESE: “Colonização por Neisseria meningitidis entre adolescentes após introdução da vacina meningocócica C em Salvador, Brasil”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 20/02/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: Neisseria meningitidis é uma bactéria que coloniza habitualmente a mucosa do trato respiratório superior sem causar qualquer sintoma (estado de portador sadio). Eventualmente, ela pode invadir a mucosa faríngea e causar uma doença fatal. A colonização pelo meningococo depende da idade, sendo que os adolescentes e jovens adultos têm a maior prevalência. Por esta razão, eles são considerados como a maior fonte de transmissão deste microrganismo. OBJETIVOS: Estimar a prevalência de portadores sadios de N. meningitidis em adolescentes de 11 a 19 anos de idade após introdução da vacina meningocócica C conjugada em Salvador e investigar fatores associados com o estado de portador. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo de corte transversal que incluiu uma amostra aleatória de 1.200 estudantes, entre 11 e 19 anos de idade, de escolas públicas em Salvador, Bahia. Entre setembro e dezembro de 2014 foi realizada coleta de swabs orofaríngeos e N. meningitidis foi identificada por métodos clássicos e por Reação de Cadeia de Polimerase. RESULTADOS: A prevalência de portadores de N. meningitidis foi de 4,9% (Intervalo de Confiança 95%, 3,6 – 6,1). Dos 59 participantes colonizados, 36 (61%) eram portadores de cepas não-grupáveis enquanto sete (11,8%) eram colonizados pelo genogrupo B, cinco (8,5%) pelo genogrupo Y, quatro (6,7%) por E, três pelo genogrupo Z (5,1%), e dois (3,4%) de cada pelos genogrupos C e W. Não houve diferença na prevalência por grupo etário. A prevalência de colonizados por N. meningitidis foi 2,02 (IC 95%, 0,99 – 4,12, p=0,05) vezes maior em adolescentes que informaram que apenas um cômodo em suas residências era usado para dormir em comparação com aqueles que relataram dois ou mais cômodos usados para dormir. Quanto à exposição passiva ao tabagismo, adolescentes que informaram que apenas a mãe era tabagista no domicílio tiveram prevalência 2,48 (IC  95%, 1,6 – 5,29, p=0,01) vezes maior do que adolescentes que informaram não serem expostos ao tabagismo em seus domicílios. Frequência a festas/“shows” também foi associada à colonização pelo meningococo, sendo que a frequência a essas atividades por cinco ou mais vezes no mês resultou em uma prevalência de colonização 2,61 (IC 95%, 1,38 – 4,92, p=0,02) vezes maior do que adolescentes que relataram frequentar festas/“shows” apenas uma vez no mês. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo mostram que a prevalência de portadores sadios de N. meningitidis em adolescentes em Salvador, Bahia, é baixa e potencialmente influenciada pela baixa prevalência de N. meningitidis genogrupo C em função das campanhas de imunização contra este genogrupo realizadas em 2010. A contínua vigilância epidemiológica da doença meningocócica, aliada a estudos de prevalência de colonização por N. meningitidis, são importantes para identificar mudanças na dinâmica do meningococo, principalmente na emergência de doenças causadas por outros genogrupos que não o genogrupo C.

 

Palavras-chave: Neisseria meningitidis, adolescentes, epidemiologia, colonização, prevalência.

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