Getting your Trinity Audio player ready...
|
Com a incorporação da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Ministério da Saúde, o imunizante tornou-se um dos assuntos mais comentados. Para sanar algumas dúvidas, um estudo, que contou com a participação do pesquisador da Fiocruz Bahia Edson Duarte Moreira, avaliou a efetividade e segurança a longo prazo da vacina da dengue. O artigo oriundo dessa pesquisa foi publicado no periódico The Lancet Global Health e pode ser acessado na íntegra aqui.
O ensaio clínico contou com a participação de crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos, de 26 centros médico e de pesquisa em oito países com dengue endêmica: Brasil; Colômbia; República Dominicana; Nicarágua; Panamá; Filipinas; Sri Lanka e Tailândia. O grupo foi dividido entre participantes que receberam duas doses da vacina TAK-003 e duas doses de placebo, com três meses de intervalo entre as doses.
O acompanhamento ocorreu por cerca de 4-5 anos após a administração da segunda dose da vacina e do placebo. Os resultados da vigilância dos participantes mostraram que dos 27.684, 1.007 (placebo: 560; TAK-003: 447) tiveram confirmação de dengue, com 188 casos necessitando hospitalização, sendo desses 142 de pacientes que receberam a vacina placebo e 46 a TAK-003.
A eficácia cumulativa da vacina foi de 61,2% contra dengue confirmada virologicamente e 84,1% contra hospitalização de dengue com confirmação. Uma análise exploratória, a vacina foi eficaz contra os quatro tipos de dengue em participantes soropositivos para o vírus, enquanto em participantes soronegativos apresentou eficácia contra o tipo 1 e 2; não apresentou contra o tipo 3 e pouca eficácia contra o tipo 4.
Tais achados demonstram que a TAK-003 é uma vacina com eficácia e segurança a longo prazo, contra os quatro tipos de dengue em indivíduos previamente expostos ao vírus, e contra a dengue tipo 1 e 2 em pessoas sem exposição prévia.
A vacina chega para ser uma das ferramentas de controle da dengue em territórios endêmicos. O pesquisador Edson Moreira ressalta a importância das outras medidas contra a dengue, mesmo quando a vacinação estiver avançada no país.
“O fato de dispormos de uma vacina como essa no SUS não quer dizer que a gente vai esmorecer em relação às outras medidas, que são extremamente importantes para o controle do vetor, o mosquito Aedes Aegypti”, salienta o pesquisador.
O primeiro grupo a ser vacinado no Brasil será com crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em cidades com mais de 100 mil habitantes que tiveram alta incidência de dengue. A prioridade diante da quantidade limitada de doses no momento se dá por essa faixa etária concentrar o maior número de hospitalizações pela infecção do vírus, motivando a escolha como alvo da pesquisa realizada para garantir sua eficácia e segurança.
Texto: Por Jamile Araújo com supervisão de Jéssica Fernandes