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Despertar o interesse pela ciência e promover ações que inspirem jovens estudantes do ensino médio a seguirem carreira acadêmica, esses são apenas dois dos objetivos do projeto Meninas Baianas na Ciência, uma iniciativa da Fiocruz Bahia que tem levado atividades de Divulgação Científica para mais perto da população. Na última quarta-feira, (19/07), o projeto desembarcou na comunidade de Coroa Vermelha, território indígena Pataxó, localizado no município de Santa Cruz Cabrália, na região Sul da Bahia.
O evento, realizado em parceria com o Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha, reuniu cerca de 60 meninas, além de professores, diretores e demais membros da comunidade escolar. A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, acompanhou toda a programação e falou sobre a importância de promover ações que ampliem a visão das jovens, mostrando que é possível ocupar espaços e contribuir para o avanço da ciência. “Quando eu olho para cada uma de vocês, para as professoras que estão aqui regando cada uma vocês que são sementes, eu vejo a esperança, eu vejo um mundo muito melhor”, afirmou a diretora emocionada.
Durante o evento, as coordenadoras do projeto, Isadora Siqueira, Natália Machado e Karine Damasceno apresentaram suas trajetórias acadêmicas, compartilhando com as estudantes o caminho que trilharam antes mesmo de entrar numa universidade e o processo desde a escolha da profissão até tornarem-se pesquisadoras da Fiocruz Bahia. A apresentação também contou com a participação da pesquisadora convidada, Soraia Cordeiro, que apresentou o seu histórico profissional e falou sobre a importância de ver a carreira acadêmica e científica como uma oportunidade concreta, que pode e deve ser acessada por todas.
Durante o evento, a vice-diretora do Colégio, Verônica Santos, falou sobre a aproximação entre a Fiocruz Bahia e as escolas, destacando o impacto do projeto para a educação das meninas participantes. “Esse momento cria grande expectativa para nós enquanto escola indígena de oportunizar nossas jovens alunas a conhecerem esse campo de pesquisa tão importante…A gente espera que as nossas alunas possam ampliar o olhar para as conquistas e oportunidades que vem surgindo neste momento”, afirmou.
A coordenadora estudantil, Siuane Lima, que já visitou os laboratórios e instalações da Fiocruz Bahia junto às meninas participantes do projeto, destacou a importância de promover atividades que facilitem o contato com a pesquisa e a produção de conhecimento científico. “É algo que a gente precisa conhecer e se aprofundar para estar mais perto da ciência”, destacou.
Empolgada com as possibilidades de construir uma carreira científica, a estudante Txaha Pataxó participou das atividades ofertadas. “Esse é um projeto muito importante para nós mulheres indígenas e representa um avanço”, destacou a jovem.
A atividade contou ainda com oficinas de pipetagem e visualização de fungos e bactérias no microscópio. Além disso, as meninas puderam participar de uma oficina sobre o uso de estratégias e ferramentas de comunicação para a Divulgação Científica, ministrada pelos jornalistas da Fiocruz Bahia, Caio Costa e Dalila Brito.
Visita às lideranças indígenas
Além da programação proposta pelo projeto Meninas Baianas na Ciência, a diretora Marilda Gonçalves visitou outros pontos da comunidade e conversou com as lideranças indígenas. Marilda esteve no posto de saúde da comunidade, onde conversou com enfermeiras e demais profissionais sobre os avanços e desafios para a saúde e melhoria da qualidade de vida desta população. A diretora também esteve com o cacique Louro Pataxó, importante líder do território.
“A gente só tem a agradecer à Fiocruz por esse trabalho na nossa comunidade. Eu sei que isso, com certeza, terá um resultado”, afirmou o cacique que falou sobre as dificuldades enfrentadas pelas aldeias da região, especialmente em questões referentes ao atendimento de saúde. O líder falou ainda da importância de fortalecer a educação no território, utilizando a escola como importante ferramenta na preservação das tradições e garantia de avanços para toda a comunidade. “Nós cuidamos das nossas crianças, cuidamos dos nossos mais velhos. A criança é o futuro, o amanhã. E os mais velhos são como um livro da nossa comunidade”, afirmou.
Com 523 anos de resistência, a aldeia Coroa Vermelha está entre as mais antigas do país. O local abriga 1.200 famílias e mais de 5 mil indígenas que trabalham para a preservação da natureza, da língua patxohã e dos ensinamentos ancestrais, sem perder de vista a importância dos avanços e da garantia de direitos para toda a comunidade.