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No dia 1º de novembro, sexta-feira, o projeto Meninas Baianas na Ciência, uma iniciativa da Fiocruz Bahia, realizou um evento no Centro de Convivência Cultural da comunidade quilombola de Tijuaçu, distrito de Senhor do Bonfim, na região centro-norte da Bahia. A ação contou com palestras e uma mostra científica, com o objetivo de incentivar o interesse pelo fazer científico entre o público, além de apresentar exemplos de mulheres atuantes nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Cerca de 100 alunas do Colégio Estadual Teixeira de Freitas – Anexo Tijuaçu e da Escola Municipal de 1º Grau de Tijuaçu participaram do encontro, que também contou com a apresentação de Samba de Lata, manifestação cultural local, e a presença de líderes comunitários.
Karine Damasceno e Natalia Tavares, pesquisadoras da Fiocruz Bahia e integrantes da coordenação do projeto, durante a abertura das atividades, apresentaram a atuação da Fiocruz Bahia e as suas respectivas carreiras, assim como reforçaram a importância de iniciativas como essa para incentivar a inserção de mulheres no ensino superior. “É muito gratificante realizar uma ação que traz um pouco do conhecimento produzido na Fiocruz Bahia para fora dos muros, especialmente em uma das regiões com a maior concentração de população quilombola no estado, e perceber o entusiasmo de todos presentes”, comentou Karine Damasceno.
Durante o evento, foi realizada uma mesa-redonda com a presença de Josias Paulo Damasceno, presidente da Associação Quilombo Forte; Eliete Fagundes, diretora da Escola Municipal de 1º Grau de Tijuaçu; Suzana Fagundes, presidente da Associação Quilombola de Produtores Rurais de Quebra Facão e Adjacências; Claudine de Oliveira, professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) de Senhor do Bonfim; e Edvânia Paixão, representante da diretoria do Colégio Estadual Teixeira de Freitas – Anexo Tijuaçu.
Josias Paulo Damasceno destacou a importância da realização de ações de divulgação científica em Tijuaçu e elogiou o projeto por incluir um estande sobre doenças predominantes da população negra, como a anemia falciforme e a hipertensão arterial. “Para alguns cuidados com a saúde, nossa comunidade carrega um conhecimento ancestral que nos foi ensinado pelos nossos antepassados por gerações. É enriquecedor ouvir agora sobre o conhecimento produzido na Fiocruz, uma das instituições de pesquisa mais importantes do país”, afirmou.
Eliete Fagundes ressaltou o impacto positivo de iniciativas como o Meninas Baianas na Ciência para o futuro das estudantes, incentivando-as a prosseguir os estudos após o ensino básico. “As mulheres de nossa comunidade precisam ser encorajadas a buscar os caminhos que elas desejam seguir e saber que são capazes de ingressar na universidade e conseguir um bom emprego”, completou.
Suzana Fagundes reforçou a importância da atividade para as escolas do distrito. “Agradeço a presença da Fiocruz na comunidade. Nossos jovens precisam de exemplos de trajetórias profissionais diversas para compreenderem que podem alcançar aquilo que almejam”, comentou.
Claudine de Oliveira abordou para o público presente algumas possibilidades de estudo no ensino superior nas áreas de ciência e saúde. “Que esse momento seja um convite para que vocês se interessem pelo ensino superior. No futuro, quero ver vocês como minhas alunas na universidade”, concluiu. Edvânia Paixão, ex-aluna do Colégio Estadual Teixeira de Freitas – Anexo Tijuaçu e atualmente auxiliar administrativa na instituição, expressou seu orgulho ao ver as alunas envolvidas nas atividades. “Sou extremamente grata pela ação de hoje”, comentou.
Durante a atividade, as estudantes visitaram uma mostra científica que reuniu estandes dedicados à apresentação de um conjunto de doenças que afetam predominantemente a população negra, assim como a discussão de cuidados específicos que contemplam a saúde da mulher, como a prevenção ao câncer de mama, além da exposição de algumas atividades realizadas nos laboratórios da Fiocruz Bahia.
Para Geise Amaral, bolsista do Laboratório de Investigação em Saúde Global e Doenças Negligenciadas (LISD), ser expositora na mostra científica em Tijuaçu foi uma experiência gratificante. “Foi uma oportunidade de mostrar que o conhecimento pode mudar a vida tanto das pessoas que produzem quanto da própria comunidade”, destacou.
Tailane do Nascimento, estudante da Escola Municipal de 1º Grau de Tijuaçu, classificou o evento como um momento de aprendizado. “Eu não sabia o que era câncer de mama, aprendi hoje ao ouvir as apresentações na mostra científica. Sou bastante grata pelo conhecimento que ganhei hoje com a ação”, afirmou.
O Meninas Baianas na Ciência está em atividade desde 2021, sob a coordenação de Isadora Siqueira, Karine Damasceno e Natalia Tavares, aproximando alunas da rede pública de ensino de diferentes regiões da Bahia da ciência e da saúde por meio de feiras científicas, palestras e workshops.
Por Caio Costa | Foto: Dalila Brito