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A Fiocruz Bahia realizou treinamentos voltados para pesquisa que analisa a relação entre intervenções sanitárias e doenças entéricas em comunidades de Salvador. A iniciativa faz parte do projeto “Examinando as relações entre higiene doméstica: uma intervenção simplificada de esgoto e exposição a patógenos entéricos em Salvador, Brasil”, financiado pelo Reckitt Global Hygiene Institute (RGHI), que terá duração de três anos. Os treinamentos foram realizados entre 30 de setembro e 25 de outubro, pelas pesquisadoras Jacqueline Knee (coordenadora principal do projeto) e Julia Sobolik (coordenadora do projeto), do Grupo de Saúde Ambiental (EHG), da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM).
Patógenos entéricos são microorganismos que causam doenças em humanos e animais, podem ser de origem bacteriana ou parasitária, e são eliminados nas fezes. O projeto também é coordenado pelo pesquisador Mitermayer Reis, pela pós-doutoranda Daiana Santos de Oliveira e pelo pesquisador externo Federico Costa, da Fiocruz Bahia. O estudo é continuação do projeto em andamento, de “Intervenção Sanitária para prevenção da transmissão da leptospirose urbana”, financiado pelo Wellcome Trust.
“Estamos fazendo este treinamento no bairro Nova Sussuarana, uma área onde já aconteceu uma intervenção de esgotamento sanitário e vamos avaliar o pós-intervenção, se teve algum impacto na contaminação para diferentes patógenos. Além de avaliar os comportamentos de higiene dessas pessoas, para ver se tem alguma relação com a aquisição desses patógenos”, explicou Daiana.
Na primeira fase, os pesquisadores coletaram amostras ambientais domiciliares, como comida sólida e líquida, água potável da torneira e água para beber, moscas e água do enxágue das mãos. “O objetivo é saber quais são as possíveis vias de transmissão para esses patógenos entéricos. A investigação será para avaliar a presença de patógenos, como bactérias, vírus e protozoários nas amostras. Depois vamos coletar amostras de fezes e ver se é possível identificar os mesmos patógenos presentes nos dois tipos de amostra”, relatou Oliveira.
O projeto também será conduzido nos bairros de Arenoso, Calabetão e Jardim Santo Inácio, que enfrentam problemas semelhantes de infraestrutura e saneamento. Nessas áreas também haverá a intervenção de esgotamento sanitário realizado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Oliveira explicou que as comunidades escolhidas apresentam condições sanitárias que aumentam a vulnerabilidade da população a doenças infecciosas. “O foco é investigar a presença de patógenos entéricos, com base em dados que mostram a elevada exposição a esses microrganismos nessas áreas. A pesquisa também se alinha ao projeto do Wellcome Trust, que visa entender e mitigar esses riscos”, pontuou.
A equipe de campo foi composta por sete pessoas: três pesquisadoras, dois biólogos, uma biomédica e uma médica veterinária, além de dois participantes da equipe de banco de dados. A próxima etapa envolve o início das coletas de amostras, previstas para a segunda semana de novembro. Em fevereiro de 2025, a pesquisadora Julia Sobolik retornará para realizar um treinamento de qPCR, focado nas análises de amostras ambientais e domiciliares coletadas. Já no mês de março, Daiana Oliveira, conduzirá um treinamento de PCR multiplex para análises de amostras de fezes na LSHTM.
Jacqueline Knee compartilhou que a Fiocruz e o Grupo de Saúde Ambiental da London School of Hygiene & Tropical Medicine têm uma longa história de trabalho conjunto e que se sente privilegiada por ter a oportunidade de continuar essa tradição de colaboração. “Começamos os preparativos para o início da coleta de dados no final deste ano, mas o tempo gasto juntos fortaleceu o relacionamento entre os membros da equipe e as instituições. Em 2025, trabalharemos na análise laboratorial de amostras coletadas para nosso projeto”, afirmou.
Na oportunidade da visita ao IGM, Julia Sobolik, contou que as atividades se concentraram no início do estudo com treinamento em dados de campo e componentes de coleta de amostras. “Realizamos o treinamento em laboratório para configurar novos fluxos de trabalho de processamento e análise de amostras: filtragem de membrana para Escherichia coli; filtração e eluição para patógenos entéricos”, relatou.