Getting your Trinity Audio player ready...
|
AUTOR: Robson de Jesus.
ORIENTADOR: Luciano Kalabric Silva.
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: Prevalência de infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) em hemofílicos e portadores de outras coagulopatias congênitas.
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 14/10/2016
Resumo
INTRODUÇÃO: Portadores de coagulopatias congênitas possuem o risco de infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) devido ao uso de sangue/derivados antes da implantação das políticas do sangue. Em um estudo realizado na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA) há 16 anos com hemofílicos, a soroprevalência do VHC foi de 42% (IC 95% 36%-48%), sendo que o genótipo 1 do VHC (74%) foi o mais prevalente, seguido pelos genótipos 3 (22%) e 2 (4%) (Silva et al., 2005). O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência atual de infecção pelo VHC em portadores de outras coagulopatias congênitas.
MATERIAIS E MÉTODOS: Entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2016, foram incluídos no estudo 172 pacientes com coagulopatias congênitas atendidos na HEMOBA, mediante assinatura do TCLE, entrevista e coleta de amostras de sangue. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-BA) para realização imunoensaio de 4. geração (Architect, Abbott), exames moleculares para detecção qualitativa, quantificação e genotipagem do VHC-RNA, pelo método Real Time VHC (Abbott).
RESULTADOS: Como esperado a maioria dos participantes foi do sexo masculino 94%; residentes em cidades do interior da Bahia (69%), pardos ou negros (77%) e estado civil solteiro (69%). A idade média foi de 26,2 anos e desvio padrão de 15,9 anos (mín. 2 anos – máx. 71 anos). A coagulopatia congênita mais frequente foi a hemofilia A (81%). A maioria dos pacientes (91%) já realizaram transfusão de sangue/derivados e destes, 31% o fizeram antes de 1993. A soroprevalência do VHC foi de 21% (IC 95% 15%-28%), com dois casos soropositivos nascidos após 1993. A viremia foi detectada em 70% dos soropositivos. A maioria dos soropositivos (80%), tinham conhecimento prévio da infecção, mas apenas 24% destes tinham histórico de tratamento antiviral. O genótipo 1 foi o mais frequente (77%), seguido do genótipo 3 (9%) e do genótipo 2 (5%). O genótipo foi indeterminado em 9% dos pacientes.
DISCUSSÃO: Embora, tenha-se observado uma redução significante na soroprevalência do VHC neste grupo, essa taxa é cerca de 15 vezes maior que o observado na população geral da Bahia (1,5%). A distribuição genotípica foi semelhante à encontrada em estudo realizado anteriormente. O percentual de tratados entres os que tinham conhecimento prévio da infecção pelo VHC foi muito baixo.
CONCLUSÃO: A confirmação do diagnóstico e a genotipagem por testes moleculares são indispensáveis na definição da estratégia para o tratamento da hepatite C com as novas drogas de ação direta (DAAs). Apesar da importante redução na prevalência de infecção do VHC, apenas o tratamento será capaz de minimizar o risco residual de transmissão e o débito social pelas infecções ocorridas no passado nesta população.
Palavras Chave: vírus da hepatite C, hemofílicos, portadores de coagulopatias congênitas, prevalência.