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A presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, participou de uma live intitulada ‘A pandemia e as mulheres nas ciências’, promovida pela Secretaria Estadual de Política para as Mulheres da Bahia, no dia 30 de março. O encontro, mediado pela secretária Julieta Palmeira, compõe a programação do Março Mulheres 2021.
A convidada iniciou a apresentação falando sobre a sua relação com o estado e da admiração por mulheres baianas que têm contribuído para a ciência ao longo dos anos, dentre as quais destacou a secretária Julieta Palmeira e a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves.
Primeira mulher a presidir a instituição em 120 anos, Nísia destacou a importância de desempenhar diferentes papéis na ciência e apresentou a experiência da Fiocruz, onde 56% dos funcionários são do gênero feminino. Segundo Nísia, a pandemia tem permitido dar visibilidade ao papel de muitas mulheres que hoje são lideranças na pesquisa frente à Covid-19, atuando em várias posições, ainda que em menor número.
A convidada também destacou o esforço dedicado à criação de políticas que promovam maior equidade, apoiadas pelo Comitê de Equidade de Gênero e Raça. “Do ponto de vista de liderança em áreas de tecnologia e de atenção especializada é crescente o número de mulheres. As mulheres são maioria entre pesquisadores, tecnologistas e analistas. Mas ainda temos muitas barreiras a transpor”, informou.
Ainda sobre o destaque das cientistas no contexto da pandemia, a presidente falou sobre o processo de produção da vacina em parceria com a Oxford/Astrazeneca e do importante trabalho de mulheres que estão na linha de frente no controle de qualidade do imunizante e nas etapas para registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nísia também falou sobre os impactos da pandemia na rotina de mulheres que, em grande parte, precisam conciliar demandas profissionais e familiares. “A primeira questão é dar visibilidade ao problema. Muitas vezes eles não aparecem como algo tão concreto, então nós precisamos demonstrar isso”, afirmou a convidada reforçando que a pandemia acaba por revelar novas desigualdades para as mulheres, especialmente as mulheres negras.
A presidente falou ainda sobre o incentivo à carreira de mulheres através de iniciativas que despertem o interesse em jovens e adolescentes, como o projeto Meninas na Ciência, e das políticas internas para promoção da equidade de gênero, destacando a atenção às especificidades de mulheres em período gestacional ou de amamentação, especialmente durante os processos seletivos. “Nós temos uma política que eu acho que deveria ser de todas as instituições de pesquisa, que é analisar o currículo de mulheres considerando períodos de gestação e amamentação, sem isso é impossível cobrar de uma mulher o mesmo desenvolvimento acadêmico de um homem. Mas temos consciência de que precisamos avançar muito mais”, completou a convidada que chamou atenção para as condições sociais que atravessam a vida de grande parte das profissionais nas mais variadas áreas.
Nísia também falou sobre a produção da vacina que, segundo ela, já entrou numa faixa de 900 mil doses produzidas por dia. “Nosso cronograma prevê em torno de 120 milhões de doses por mês. Cada lote produzido leva, em média, 20 dias para ser liberado após a realização de todo o processo de segurança”.
A presidente encerrou falando sobre a necessidade de investir em políticas públicas que ajudem a superar a crise sanitária. “Vamos superar a pandemia, mas é uma doença que permanecerá com uma necessidade de imunização das suas variantes. Precisamos investir cada vez mais em tecnologia. A população precisa mudar seus hábitos”, finalizou.