Proteínas quiméricas auxiliam no diagnóstico da doença de Chagas

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O pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, liderou duas pesquisas que investigaram o desempenho diagnóstico de duas proteínas quiméricas (IBMP -8.1 e IBMP-8.4) para detectar anticorpos contra o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. Os artigos foram publicados nas revistas científicas PLOS ONE e BMC Infectious Diseases.

Em uma pesquisa, foram utilizadas amostras de áreas endêmicas de diversas localidades da Argentina, Bolívia e Paraguai. Já no outro estudo, foram usadas amostras positivas e negativas de imigrantes latino-americanos que moravam em Barcelona, na Espanha, uma região não endêmica para a doença de Chagas. A maioria das amostras foi de origem boliviana.

O diagnóstico laboratorial da doença de Chagas é um fator preocupante, pois o teste de referência é baseado na visualização direta de tripomastigotas móveis em amostra de sangue, restringindo a janela útil do teste para as primeiras 4-8 semanas pós-exposição, durante a fase aguda. Após este período, inicia-se a fase crônica, caracterizada pela diminuição ou ausência de parasitas no sangue.

Nesta fase, o diagnóstico é realizado indiretamente através da detecção de anticorpos contra o parasita. Diversas limitações estão relacionadas ao diagnóstico nesta fase, como a variação genética do T. cruzi e o tipo de antígeno usado para detectar anticorpos específicos. O uso de matrizes antigênicas baseadas em proteínas quiméricas pode resolver as limitações do diagnóstico da doença em sua fase crônica.

Resultados

Os resultados do estudo feito com amostras de países latino-americanos mostraram que os antígenos quiméricos mantiveram seu desempenho, apesar da variabilidade antigênica das cepas de T. cruzi encontradas nestas localidades. Resultados semelhantes foram encontrados em estudos anteriores do grupo de Fred Santos, quando utilizaram amostras dos Estados Unidos, Nicarágua, México e Argentina.

Estes dados mostram que essas proteínas podem ser capazes de identificar casos positivos da doença independentemente da localização geográfica original. Para as amostras positivas para T. cruzi, a quimera IBMP-8.4 produziu a mais alta sensibilidade (100%) e a IBMP-8.1 mostrou sensibilidade de 95,3%.

Já na pesquisa realizada na Espanha, ambas as proteínas mostraram resultado precisos entre os indivíduos infectados. A sensibilidade foi de 99,4% para IBMP-8.1 e 99,1% para IBMP-8.4. Além disso, o índice de reatividade destes dois antígenos, obtidos de imigrantes que vivem em um ambiente não endêmico de Chagas, foi superior aos obtidos anteriormente para amostras brasileiras. Nenhuma reatividade cruzada foi observada para indivíduos com toxoplasmose e infecção pelo vírus da zika.

Estes resultados mostraram um desempenho notável dos antígenos quiméricos IBMP-8.1 e IBMP-8.4 e sugerem que ambos os antígenos podem ser usados para diagnóstico em doença de Chagas. A alta precisão nos resultados usando estes antígenos mostrara que eles podem ser úteis no diagnóstico de indivíduos infectados com diversos tipos de T. cruzi, independentemente da localidade onde residam.

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