Pesquisadores analisam caso de SIRI em paciente com tuberculose e HIV  

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A ocorrência da Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) em pacientes com coinfecção por tuberculose e HIV é uma resposta exagerada e desregulada do organismo contra M. tuberculosis, que ocorre com frequência após o início da terapia antirretroviral, mesmo com a diminuição efetiva da presença do vírus HIV no sangue e uma melhora temporal do quadro.

O pesquisador Bruno Bezerril, da Fiocruz Bahia, coordenou um estudo de caso em que uma mulher desenvolveu a síndrome imune associada com tuberculose após iniciar o tratamento para HIV, desencadeando diversos problemas de saúde. O trabalho, realizado em parceria com o National Institute for Research in Tuberculosis (NIRT) da Índia, foi publicado na BMC Infectious Diseases.

Estudo de caso

Uma mulher assintomática, de 51 anos de idade, do sul da Índia, sem histórico médico significante, foi diagnosticada como portadora de HIV depois que seu marido morreu em decorrência da doença. A paciente apresentou complicações após o início da terapia para HIV, como tosse, febre, perda de peso, suor noturno e sintomas de tuberculose pulmonar, que foi posteriormente confirmada.

Os sintomas da SIRI melhoraram com a suspensão do tratamento para HIV e início do tratamento para tuberculose, mas retornavam assim que a terapia antirretroviral era iniciada novamente. Problemas hepáticos e neurológicos, como convulsões, também surgiram nesse período de terapia antirretroviral. O tratamento para tuberculose durou cerca de oito meses e a medicação para HIV foi continuada com base na opinião consensual de especialistas em SIRI e tuberculose e neurologistas.

Após cinco meses do fim do tratamento para tuberculose, a paciente apresentou exames normais. Posteriormente, permaneceu clinicamente assintomática por cerca de 30 meses, com teste de esfregaços e culturas negativos para tuberculose e com baixa das cargas virais.

Discussão

Os autores do estudo observaram que o caso apresentou diversos episódios de SIRI, os quais ocorreram em múltiplos focos, o que tornou o tratamento um desafio. A principal hipótese para o caso é que a paciente estava altamente imunossuprimida como reflexo da contagem muito baixa de células T CD4+, o que causou a disseminação de tuberculose.

De acordo com os pesquisadores, por conta do protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS), em testar e iniciar a terapia para HIV o quanto antes, a incidência de SIRI poderá cair uma vez que os indivíduos irão ser tratados cedo e com uma carga de CD4+T alta.

Este caso demonstra os desafios intrincados no manejo de pacientes imunossuprimidos com co-infecção de tuberculose e HIV no momento do início da terapia antirretroviral e enfatiza a discussão sobre vários aspectos relevantes como: riscos associados à interrupção do tratamento de tuberculose durante a terapia antirretroviral no contexto de doença avançada por HIV; a potencial toxicidade hepática da terapêutica combinada e redução da penetração das drogas em órgãos e tecidos e sua associação potencial com a ocorrência de SIRI.

 

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