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Um estudo investigou uma correlação entre o perfil de anticorpos de indivíduos infectados pelo Trypanosoma cruzi com as formas clínicas da doença de Chagas crônica. O trabalho foi realizado pela estudante Isabela Machado Serrano, pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa e coordenado pelos pesquisadores Mitermayer Galvão dos Reis e Fred Luciano Neves Santos, da Fiocruz Bahia.
Apesar da descoberta da doença de Chagas há 115 anos, questões significativas permanecem sem resposta, particularmente no que diz respeito à identificação de um marcador biológico para avaliar a progressão da doença de manifestações assintomáticas para manifestações sintomáticas específicas do coração e do trato digestório.
O trabalho investigou a eficácia de um antígeno quimérico recombinante de T. cruzi, utilizado como ferramenta diagnóstica para detectar anticorpos anti-T. cruzi em diferentes apresentações clínicas da doença de Chagas, incluindo as formas indeterminada, cardíaca leve e cardíaca grave. Foram analisadas 97 amostras de soro de pacientes classificados nas formas negativa (38), indeterminada (24), cardíaca leve (20) e cardíaca grave (15).
A investigação concluiu que o anticorpo IgG1 apresentou níveis maiores em comparação aos demais, mostrando diferença significativa entre os grupos cardíaca leve e indeterminada. Os níveis de IgG3 foram maiores nos indivíduos do grupo na forma cardíaca leve em comparação com o grupo na forma cardíaca grave. Além disso, aponta que os IgG1 e IgG3 podem servir como biomarcadores para avaliar a progressão da doença de Chagas, porque apresentam variações entre os grupos clínicos. Os resultados destacam a capacidade promissora da molécula IBMP-8.4, utilizada para o diagnóstico, em distinguir os grupos clínicos com base na forma da doença de Chagas.
Confira o estudo completo publicado no periódico “The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene”.
Doença de Chagas
A doença de Chagas é uma condição tropical negligenciada e transmitida por vetores, causada por um protozoário Trypanosoma cruzi. Este parasita impõe uma significativa carga de saúde em 21 países latino-americanos, com aproximadamente 6 a 7 milhões de casos e 7.500 mortes anualmente. Estima-se que 75 milhões de pessoas correm o risco de contrair a doença em todo o mundo.
Em regiões endêmicas, o T. cruzi é transmitido principalmente por contato com fezes ou urina de insetos triatomíneos sugadores de sangue infectados, os conhecidos “barbeiros”, que carregam o parasita em seus intestinos. Outros modos de transmissão incluem a ingestão de alimentos e bebidas contaminados, transplante de órgãos, transmissão de mãe para filho, transfusão de sangue e, menos comumente, acidentes laboratoriais.
Por Jamile Araújo com supervisão de Júlia Lins.