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Um estudo analisou a distribuição geográfica e a frequência da coinfecção pelo Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) na Bahia, estado endêmico para ambos os retrovírus. A pesquisa foi realizada utilizando todas as amostras submetidas a testes sorológicos do Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (LACEN-BA), de 2004 a 2013, totalizando cerca de 130.000 amostras provenientes de 358 dos 417 municípios baianos.
Os resultados do trabalho, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia Maria Fernanda Grassi, foram publicados no periódico Frontiers in Medicine. Nas análises, o HTLV foi detectado em 2,4% das amostras positivas para HIV e em 0,5% das que apresentaram resultado negativo, apontando um risco quase cinco vezes maior de infecção por HTLV em indivíduos infectados pelo HIV.
A coinfecção foi encontrada em 3,4% dos municípios de todo o estado. As cidades com maior número de coinfecção são importantes centros econômicos ou turísticos do estado, sendo a maioria dos casos em Salvador, que teve 57% das coinfecções. A idade desses indivíduos variou entre 41 e 55 anos. Além disso, a frequência da coinfecção foi maior em mulheres. Os autores do estudo observam que a maior frequência no sexo feminino pode ser explicada pela obrigatoriedade da triagem sorológica de HTLV para gestantes no estado a partir de 2011, o que contribuiu para uma quantidade maior de amostras de mulheres analisadas.
Os dados sugerem que a coinfecção por HIV e HTLV na Bahia é um evento raro, no entanto os pesquisadores ressaltam que é importante a identificação de fatores de risco para a coinfecção para elaboração de ações eficazes em diversos contextos epidemiológicos específicos de cada região afetada.
HIV e HTLV
O HTLV e o HIV são retrovírus que pertencem à mesma família e não têm cura. O HTLV, que é pouco conhecido, não destrói o sistema imunológico como o HIV, mas causa doenças como leucemia, incontinência urinária, disfunção erétil e problemas neurológicos, sendo a Bahia o estado detentor do maior número de casos deste vírus no país. As principais formas de transmissão de ambos são por meio da relação sexual, aleitamento materno e agulhas de seringas contaminadas.
Segundo o artigo, estudos anteriores apontam que a coinfecção com HTLV pode interferir no desfecho da infecção pelo HIV, sugerindo que, por um lado o HTLV-1 pode favorecer o aparecimento de doenças oportunistas, ocasionando o aumento da mortalidade, enquanto a coinfecção com o outro tipo do vírus, o HTLV-2, pode retardar a progressão da AIDS.