Palestra sobre desinformação na ciência em saúde marca aula inaugural da Fiocruz Bahia

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O ano letivo de 2024 da Fiocruz Bahia teve início no dia 15 de março, com a aula inaugural sobre os impactos da desinformação na ciência em saúde. A atividade aconteceu no auditório Aluízio Prata e foi conduzida pela pesquisadora e professora Ana Maria Caetano Faria, diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) do Ministério da Saúde, que foi recebida pela vice-diretora de Ensino, Claudia Brodskyn. Participaram do evento as coordenadoras e vice-coordenadoras; pesquisadores e estudantes do Programa de Pós-graduação em Patologia (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia); Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI); e Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PPgPCT).

Durante a aula, Ana Maria Caetano falou sobre o termo desinformação e a necessidade dele ser considerado para além de “notícia falsa”, ou seja, além das fake news. A pesquisadora destacou que “a desinformação é um conteúdo intencional, um erro proposital, que é planejado e que causa danos potenciais em indivíduos e grupos, e que hoje requer ação governamental muito séria”. Ela observou ainda que por vezes um conteúdo utilizado na desinformação não é falso, mas é tirado do contexto original.

Ana Maria pontuou que, embora o fenômeno da desinformação tenha tido uma dimensão muito grande em algumas eleições, como no Brasil e nos EUA, e que o negacionismo e a desinformação foram danosos durante a pandemia de Covid-19, o uso da desinformação como estratégia não é novidade. “Esse fenômeno questionou e questiona as normas científicas, a medicina baseada em evidências, e, principalmente, as instituições públicas voltadas para proteção e promoção da saúde”, ressaltou Ana Maria.

“No Brasil, na época da pandemia, a gente viu que houve uma verdadeira guerra política informacional que teve consequências muito devastadoras e tornou mais letal ainda a ação do vírus”, observou a professora. Durante sua apresentação, a palestrante fez uma retomada histórica e trouxe como exemplo estratégias de marketing e iniciativas de desinformação utilizadas contra o aleitamento materno, a favor do tabagismo e do histórico do movimento antivacina no mundo.

Um marco importante também destacado durante a aula, foi a transformação dos meios de comunicação e o advento das redes sociais, que trouxeram outros desafios para o enfrentamento à desinformação. Diante do cenário, ações governamentais para enfrentar o fenômeno da desinformação como projetos de leis, controle da internet, grupos de trabalho, acionamento do sistema judiciário, entre outras, vêm sendo tomadas em diversos países.

Ana Maria, citou o projeto Enfrenta, iniciativa da Academia de Ciências da Bahia (ACB) e Fundação Conrad Wessel (FCW), coordenado pelo pesquisador Manoel Barral, da Fiocruz Bahia. O Enfrenta realizou um ciclo de webinários que discutiram a desinformação na ciência e medidas de combate e prevenção, e está em via de produção de um e-book como resultado das discussões. “Está sendo coordenado no governo federal um verdadeiro ecossistema para enfrentar o problema da desinformação com diversos parceiros. Entre eles está o ‘Saúde com Ciência’,  uma iniciativa interministerial voltada para a promoção e fortalecimento das políticas públicas de saúde e a valorização da ciência”, finalizou.

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