Oxente Chagas realizou mutirão de testagem no Sudoeste da Bahia

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O Projeto Oxente Chagas promoveu, entre os dias 24 e 28 de março, um mutirão de testagem rápida para doença de Chagas, em 470 moradores da comunidade de São João dos Britos, no município de Tremedal, no Sudoeste baiano. Coordenada por Fred Santos, pesquisador da Fiocruz Bahia, a iniciativa tem como principal objetivo validar o uso do teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos em campo, contribuindo para sua futura incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Os primeiros mutirões do projeto foram realizados em 2024, nas comunidades de São Felipe (Tremedal) e Vila dos Remédios (Novo Horizonte). De acordo com Fred Santos, os casos positivos identificados no primeiro mutirão já foram confirmados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN), e os próximos passos incluem início do tratamento e acompanhamento dos indivíduos diagnosticados. “Nossa equipe médica irá até a comunidade para realizar os primeiros atendimentos, e em seguida os casos serão acompanhados pela rede municipal de saúde, sob nossa supervisão”, explicou.

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, continua sendo um grave problema de saúde pública na Bahia e em diversas regiões do mundo, afetando milhares de pessoas. O TR Chagas Bio-Manguinhos é um teste de tecnologia 100% nacional e permite identificar rapidamente a infecção, facilitando o acesso precoce ao tratamento e prevenindo complicações da doença.

Para João Victor França, mestrando e integrante da equipe do projeto, o mutirão foi marcado por intensa dedicação e aprendizado. “Foi uma experiência enriquecedora. Conhecemos diferentes realidades e histórias, e fomos muito bem acolhidos pelas pessoas da comunidade, o que tornou nosso trabalho mais leve e significativo”, pontuou. França também destacou a mobilização e o acolhimento dos agentes comunitários de saúde e de outros colaboradores locais. “Todos esses fatores nos impulsionaram e continuam nos dando energia para que os próximos mutirões do Oxente Chagas sejam exitosos e que também gerem bons resultados”, observou.

Moradora da comunidade, Edinalva Trindade participou da ação com a família e ressaltou a importância da testagem. “Acho muito importante porque é um teste que em 15 minutos você sabe se tem a doença ou não. É um teste que também conscientiza a população, faz com que a gente tenha mais cuidado em nossas casas, com a limpeza e higienização”, declarou. Ela contou que, a partir do mutirão, ficará mais atenta: “Vou observar mais, primeiro se tem o besouro (barbeiro), observar o galinheiro, e dentro de casa também, os barbeiros diferentes que aparecem”, sinalizou.

A moradora ainda ressaltou a importância de tomar cuidado. “Em caso de aparecer o barbeiro, procure os agentes de saúde da região. Não tenham medo de fazer esses testes rápidos, eu já fiz outros testes rápidos de outras doenças, e é bom porque você fica sabendo ali na hora o resultado”, explicou Trindade. Também participante da ação, Delmin Ferraz comemorou o resultado negativo do teste e elogiou o atendimento: “Eu vim com minha esposa para fazer o teste e achei ótimo, foi um atendimento muito bom”, concluiu.

Projeto busca validar teste rápido para incorporação no SUS

O Projeto Oxente Chagas aposta em uma abordagem inovadora para a detecção precoce da doença de Chagas na Atenção Primária, com o objetivo de reduzir o impacto da doença na vida das pessoas e de suas famílias. A validação em campo do teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos, já registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é um passo essencial para sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para isso, ainda são necessários estudos adicionais que subsidiem a solicitação junto à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), órgão responsável por avaliar e recomendar novas tecnologias para o sistema público de saúde. A expectativa é que, uma vez incorporado, o teste facilite o diagnóstico precoce, o início rápido do tratamento e a melhoria do cuidado às populações afetadas pela doença.

Texto: Jamile Araújo com supervisão de Júlia Lins | Fotos: Caique Fialho

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