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Agência Fiocruz de Notícias (AFN)*
“Ao longo de sua trajetória de quase 117 anos, nossa instituição vem contribuindo para promover a saúde dos brasileiros e dos países com os quais cooperamos. Esse compromisso eu reafirmo aqui. Na singularidade da minha experiência profissional eu encontrei na Fiocruz uma escola que traz em si a valorização da ciência como parte de um projeto civilizatório. Ampliar as conquistas sociais faz parte do ideário dos que buscam promover a ciência e a saúde como base para a efetivação dos direitos de cidadania. Este é o grande compromisso do meu mandato. Um mandato que, faço questão de dizer, estará a serviço da sociedade brasileira, da participação entre os povos, pela paz, pelos direitos, pela equidade e pela soberania”.

Nomeada pelo presidente da República, Michel Temer, em decreto publicado no Diário Oficial da União do dia 4 de janeiro, para a gestão 2017-2020, Nísia Trindade Lima foi a candidata mais votada nas eleições internas da Fiocruz, realizadas em novembro de 2016, com 59,7% dos votos em primeira opção. Em discurso emocionado durante a cerimônia, Nísia homenageou gestores e pesquisadores da Fiocruz, em especial as mulheres, com quem conviveu desde que ingressou na Fundação em 1987. A presidente agradeceu o apoio de todos e reafirmou sua responsabilidade com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), diante das graves ameaças à saúde da população brasileira.
“Quando ingressei aqui como pesquisadora, eu participei da construção de um projeto institucional democrático, tendo uma visão da Saúde como parte de um processo de desenvolvimento econômico e social da conquista da cidadania. Nos últimos anos, a instituição cresceu, diversificou-se e ampliou seu papel na indução e implantação de políticas nos campos social e científico. Represento um projeto que reconhece o legado das gestões anteriores e reafirmo o valor da Fiocruz como instituição estratégica do Estado. Identifico-me com a perspectiva de seus fundadores, de articular o desenvolvimento científico e tecnológico com as necessidades do país”, afirmou Nísia Trindade Lima.

Ao transmitir oficialmente o cargo, o ex-presidente se utilizou de testemunhos de amigos para descrever Nísia. “Antonio Ivo, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, disse uma coisa que me tocou: a Nísia inspira a gente”, contou. Gadelha também repetiu para sua sucessora palavras ditas pelo diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) e também ex-presidente da Fundação, Paulo Buss. “A Nísia leva com ela ternura, firmeza, capacidade intelectual e capacidade de gestão”. Sob aplausos e olhares atentos de uma plateia lotada e bastante animada, Paulo Gadelha afirmou que a Fiocruz está em excelentes mãos. “Isso para mim é um sentido também de realização. Eu sei que todo esse projeto, tudo o que nós brigamos por tanto tempo, não foi jogado fora”, finalizou.
Autoridades prestigiam a nova presidente da Fundação
A representante da Associação de Pós-Graduandos (APG), Maria Fantinatti, falou do quadro de dificuldades enfrentadas pelos estudantes com a crise na gestão do Estado, do atraso no pagamento das bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e dos cortes nos recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ela desejou sucesso para a nova presidente. “Esperamos que tenha garra, força e sabedoria nesse momento difícil para a ciência no Brasil como um todo”, disse, prestando solidariedade. “Nós, estudantes, brigaremos contra epidemias, crises políticas e crises financeiras”, discursou Maria, que ressaltou a importância da união entre servidores, estudantes e representantes do governo na busca de melhoria da saúde e da qualidade de vida para a população.

Presidente da Asfoc-SN, Justa Helena Franco destacou o modelo democrático e participativo “único e estratégico” da Fiocruz. “É um modelo complexo que demanda a integração de unidades diversificadas, em áreas que passam pela pesquisa, ensino, produção, assistência, comunicação, potencializando uma visão global, científica e tecnológica e política da questão de Saúde Pública”. Justa também ressaltou a participação dos trabalhadores da Fiocruz no processo de eleição e posse da nova presidente e garantiu a mobilização do sindicato para os novos desafios em pauta. “Nós reafirmamos que queremos uma Fiocruz forte para um SUS forte.”

O governador do Ceará, Camilo Santana, fez uma viagem bate-volta para prestigiar a posse de Nísia. “Vim agradecer à Fiocruz pelo crucial papel que desempenha para a saúde, a ciência e a tecnologia nacionais. Esta é uma instituição que trabalha firme na ampliação da justiça social e com a qual o Ceará está desenvolvendo uma importante parceria, já que em breve vamos inaugurar uma unidade da Fundação em Eusébio, município vizinho a Fortaleza. Será um polo de desenvolvimento social e tecnológico”, observou o governador.
“Estamos felizes de ter participado da defesa do processo interno e democrático dessa instituição. A Fiocruz se tornou nos últimos meses um ponto de referência para todas as entidades brasileiras, reunindo várias instituições em uma grande frente em defesa da democracia, e da ciência, tecnologia e inovação”, afirmou Otávio Velho, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Representando o Conselho Superior da Fiocruz, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, foi o orador seguinte, fazendo uma reflexão político-existencial relacionada à pesquisa e à saúde pública, que contrapôs a ideologias individualistas e autocentradas. “Estamos saindo da era do egoísmo e do individualismo, em que meta de cada um não é ser, mas ter”, afirmou. “Aqui no meio científico, todos os dias vocês nos dão exemplos de solidariedade. Solidariedade porque, vocês sabem, não há pesquisa isolada. E também porque se é solidário com o resultado do trabalho, para conferir à sociedade um maior bem-estar e, ao outro, um maior prazer de viver”.

Para finalizar, representando o ministro da Saúde, o secretário de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, Francisco de Assis de Figueiredo, afirmou que a pasta confia na competência de Nísia para a construção de uma Fiocruz forte diante dos desafios. Figueiredo saudou e lembrou do trabalho importante de ex-ministros da Saúde presentes no evento, assim como do ex-presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. “A Fundação é estratégica na assistência farmacêutica, na vigilância e em várias outras áreas extremamente importantes. O Ministério da Saúde acredita na grande competência desta instituição e em sua consolidação como peça fundamental do SUS”, concluiu.
Atividades culturais animam cerimônia
Composta por Caetano Veloso, a música Alegria, alegria foi a escolhida pelo Coral Fiocruz para abrir a cerimônia de transmissão de cargo de presidente da Fiocruz. Com regência de Paulo Malagutti e coordenação de Maria Clara Barbosa, o Coral também cantou o Hino Nacional Brasileiro durante a solenidade.
Logo em seguida, um Ato Ecumênico reuniu diversas lideranças religiosas. Estiveram presentes no evento: mãe Beata de Iyemonjá, Iyalorixá do Camdomblé; Maria das Graças de Oliveira Nascimento, do Movimento Inter-religioso do Rio de Janeiro; Rafael Soares de Oliveira, Ogan do terreiro da Casa Branca; o diácono Marcio Galvão, representante da Arquidiocese do Rio de Janeiro; o pastor José Roberto, representante da Igreja Evangélica; Renato Rodrigues, da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa; o babalawo Ivanir dos Santos; Fabiane Gaspar, do Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro; Og Sperle, da União Wicca do Brasil; Sheique Mohammad Mahdi, do Centro Cultural Iman Hussein; Fátima Damas, presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil; a babalorixá Elisa de Yansã, do Ilê Axé Efon; e Patrícia Tolmasquim, da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro.



Edição: César Guerra Chevrand e Renata Moehlecke.
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Fonte: Agência Fiocruz de Notícias