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O Laboratório com Nível de Biossegurança 3 (NB3) instalado na Fiocruz Bahia, após ter seu funcionamento manejado para atender ao diagnóstico molecular da Covid-19, volta a funcionar plenamente. O NB3 pertence ao Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, rede da Secretária de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, sendo um espaço multiusuário em que pesquisadores poderão utilizar mediante aprovação pela comissão responsável, assinatura do termo de responsabilidade e agendamento prévio pela intranet.
Em Laboratórios de Nível de Biossegurança 3 são desenvolvidos trabalhos e/ou pesquisas com a capacidade de contenção de agentes biológicos que acarretam risco elevado e moderado individual, bem como para a comunidade. Nesse ambiente são disponibilizadas condições especiais de segurança pela possibilidade de contaminação humana e ambiental. Em 2021, o Ministério da Saúde contava com 12 laboratórios NB3, sendo este o único presente na Bahia.
O NB3 foi implantado na Fiocruz Bahia em 2002, oportunizando espaço para mais pesquisas sobre a tuberculose. Agora, há expectativas da realização de estudos com os vírus HIV e HTLV, além de ser possivel a sua utilização para outros patógenos, em consonância com as normas de biossegurança. A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, ressalta que o NB3 da Fiocruz Bahia possui instalações que foram projetadas com base em requisitos internacionais de segurança, sendo um dos laboratórios que consta do portfólio de estruturas sensíveis da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde – SCTIE, do Ministério da Saúde.
“Além do uso para pesquisas, o NB3 faz parte da rede de laboratórios que podem ser solicitados para atuar em situações de emergências sanitárias e em atos relacioados ao bioterrorismo. Recentemnete, o laboratório passou por uma reforma ampla, com investimentos que possibilitaram a renovação da infraestrutura e do parque de equipamentos. Nesse sentido, reforçamos e agradecemos o apoio irrestrito recebido pela Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência, da Fiocruz, em especial ao Dr. Rivaldo Venâncio, que é o coordenador institucional, bem como do Engenheiro Marcelo Ayres, que possui expertise em instalação de NB3”, pontua Marilda Gonçalves.
A vice-diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico coordenou os trabalhos juntamente com a coordenação do NB3 e o setor de manutenção do IGM. “Podemos voltar a fazer estudos com microrganismos que só podem ser trabalhados neste ambiente, como a Mycobacterium tuberculosis e outros. A Bahia é um estado onde a tuberculose ainda tem uma grande importância em termos de saúde pública”, considera o vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio.
O responsável técnico do NB3, Antonio Carlos Muniz, explica que a segurança do local funciona com o apoio de outras ferramentas. “As pessoas que entram no laboratório participam de um curso específico para o NB3. Toda a água utilizada na autoclave [tratamento térmico usado para matar microrganismos] é descontaminada, antes de ser lançada no esgoto. Além disso, o laboratório é multiusuário, está aberto a outros pesquisadores. Basta fazer o cadastramento do projeto e esperar a aprovação”, ressalta.
Hoje, o laboratório possui hoje todos os procedimentos de Qualidade e Biossegurança necessários ao funcionamento e são fruto de trabalho conjunto entre o do Serviço de Qualidade e Biossegurança (SQB), Serviço de Manutenção e Coordenação de Plataformas da Fiocruz Bahia. “Em breve, o NB3 contará também com a implantação do Sistema de Documentos Interact, ferramenta que facilitará o gerenciamento, controle e disseminação de toda a sua documentação, tornando esta gestão mais segura e simples. Este gerenciamento e controle eletrônico de documentos é importante para o aprimoramento e valorização das informações corporativas, mantendo sua excelência nas atividades”, afirma a coordenadora do SQB, Hilda Carolina Rios.
A pesquisadora Theolis Bessa, assim como outros cientistas do IGM, voltará a desenvolver projetos neste espaço. Ela coordena estudos sobre a análise do ciclo de vida do Mycobacterium tuberculosis, patógenos causador da tuberculose, após ser internalizada pelas células. “Nosso grupo tem focado em mecanismos que podem auxiliar na morte intracelular da bactéria. Esses mecanismos podem ajudar a associar o tratamento microbicida com outras drogas”, relata. A cientista conta que no interior do NB3 também serão realizadas culturas das bactérias, a serem utilizadas nas pesquisas.
“Dependemos dessa infraestrutura que nos isola desse microrganismo de forma eficaz, tanto com a barreira do fluxo do ar, como com a quantidade de equipamentos de proteção individual (EPIs) que utilizamos”, assegura Theolis. A contenção dos patógenos no laboratório ocorre por conta do fluxo continuado e renovado de ar no espaço e do controle de temperatura, umidade e pressão.
“O NB3, inicialmente, atenderá a duas demandas: pesquisa com bactérias, que envolve a tuberculose, e pesquisa com vírus, como o HIV e o HTLV. Tanto que o laboratório conta com equipamentos duplicados, permitindo o fluxo de trabalho com vírus e outro com bactérias”, afirma Roni Vinhas, chefe do Serviço de Manutenção da Fiocruz Bahia.
Antes da reabertura, o NB3 contou com uma readequação do seu espaço. Entre as reformas realizadas estão o isolamento dos dutos, adequação do sistema de automação, revisão do sistema de intertravamento das portas (para entrar e sair do laboratório é necessário passar por portas automáticas, que avisam quando estão abertas, e controlam o fluxo dos pesquisadores, garantindo a segurança) e a substituição do filtro de ar HEPA, equipamento responsável pela purificação do ar. Parte dos equipamentos do NB3 também foram renovados.