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AUTORA: Adjile Edjide Roukiyath Amoussa
ORIENTADOR: Luiz Carlos Junior Alcantara
TÍTULO DA TESE: “Origem do HTLV-1Aa no Brasil: Conexão entre o oeste e sul do continente Africano”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 20/03/2018
RESUMO
Até o momento quatro tipos de HTLV foram isolados e descritos na literatura, sendo que somente o HTLV tipo 1 foi considerado endêmico em várias regiões do mundo, principalmente na África, Japão, Caribe e em ambos continentes americanos. No Brasil, esta infecção é mais comum entre os descendentes de imigrantes originados dos países endêmicos, por exemplo, o Japão e países da África Subsaariana. O Subgrupo “A´´ do HTLV-1 subtipo “a´´ (HTLV-1 aA) é o mais frequente de todos subgrupos e possui disponíveis, um número maior de sequências LTR no Genbank e nos bancos de dados secundários. Para entender a origem do HTLV-1 aA no Brasil vários estudos de análises filogenéticas da região LTR do vírus, juntamente à caracterização dos haplótipos do gene da β-globina dos indivíduos infectados foram realizados. Alguns desses estudos sugeriram que houve múltiplas introduções durante o período pós-colombiano, principalmente, através da migração da população africana para o Brasil. Segundo os dados históricos a maioria dos africanos que foram trazidos para o Brasil são originados da região oeste da África. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi investigar a introdução do HTLV-1aA no Brasil a partir de populações infectadas do oeste da África. Primeiramente, para confirmar esta introdução do HTLV-1aA no Brasil, durante o período pós-colombiano, foram estudadas 380 sequências LTR de diferentes regiões do mundo previamente publicadas no banco de dados: HTLV-1 Molecular Epidemiology Database. Nosso estudo mostrou que há um agrupamento monofilético entre as sequências isoladas no Brasil com as sequências do sul da África, não sendo observada um agrupamento monofilético entre as sequências isoladas no Brasil e na região oeste da África, como já foi mostrado por estudos anteriores. Todas as sequências do genótipo “aA´´ se agruparam dentro do subtipo Transcontinental e foram identificados três grupos monofiléticos de interesse com valor de confiabilidade acima de 70%, confirmando a hipótese de múltiplas introduções do HTLV-1aA no Brasil. As análises de datação molecular dos grupos monofiléticos identificados mostraram uma introdução durante o período pós-colombiano do HTLV-1 aA no Brasil no ano de 1500. Em seguida, 16 novas sequências LTR, obtidas neste estudo, foram caracterizadas como pertencendo ao subtipo HTLV-1aA e uma introdução do HTLV-1 durante o período pós-colombiano foi confirmada, com o valor do tamanho efetivo da amostragem superior a 200. Por fim, para esclarecer a ausência até o momento de agrupamento monofiletico do genótipo “aA´´ com os genotipos isolados na região oeste da África, seria importante a obtenção das sequências isoladas em Benim, um país que participou com muitos africanos trazidos para o Brasil durante o tráfico negreiro de acordo com dados históricos. Dessa forma, foi avaliado a soroprevalência da infeção pelo HTLV em Benim. 2035 doadores de sangue foram testados na triagem do HTLV por ELISA. No total, 12 indivíduos foram identificados positivos, sendo 0.58% que foi estatisticamente significativo (CI 95% 0.259%-0.919%) e 7 foram indeterminadas (DO/CO 1<<1.23) para a infecção pelo HTLV. Nossos achados revelaram também a informação de que o sangue desses indivíduos positivos já foram transfusionados para alguns receptores, devido à falta do teste da triagem para o HTLV nos bancos de sangue em Benim. Os dados de epidemiologia do HTLV em Benim, obtidos neste estudo são extremamente relevantes para gerar as sequências do HTLV-1 isolados no Benim, afim de entender melhor a origem do HTLV-1aA no Brasil. A presença de casos com sorologia positivos entre os doadores de sangue em Benim, nos chama atenção para a importância da inclusão da triagem do teste para HTLV, buscando evitar a disseminação desta infecção dentro da população deste país.
Palavras-chave: HTLV-1, LTR, análise filogenética, período pós-colombiano, doadores de sangue, HTLV transmissão e prevenção.