Fiocruz Bahia realiza feira de ciências, saúde e cultura em escolas municipais de Cachoeira

O Projeto Pontes Científicas, da Fiocruz Bahia, realizou nos dias 28 e 29 de maio, a Feira de Ciências, Saúde e Cultura em escolas municipais da sede e de comunidades quilombolas de Cachoeira. A iniciativa tem como principal objetivo difundir entre as escolas o conhecimento produzido no âmbito da Fiocruz Bahia, considerando a diversidade cultural e social da população e visa aproximar e estimular a participação dos jovens no fazer científico desenvolvido pela instituição, fortalecendo a cidadania. As atividades envolveram cerca de 700 estudantes e a equipe de 27 pessoas da Fiocruz Bahia. 

Pesquisadores, estudantes de pós-graduação e colaboradores da Fiocruz Bahia apresentaram estudos sobre doença falciforme, calazar (leishmaniose) e saúde ambiental, fizeram demonstrações de vídeo, podcast e fotografia e ministraram oficinas sobre câncer de mama, arboviroses (dengue, zika e chikungunya), grafite e de mudas de plantas alimentícias não convencionais (PANCS). Também foram oferecidos serviços de saúde com profissionais de odontologia e enfermagem, da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeira, e realizada uma feira de ciências dos estudantes das escolas participantes, além de apresentações dos grupos culturais locais Raízes do Ebano, ABW Crew e Capoeira Abalou Cachoeira. O evento teve o apoio da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), da Fiocruz.

Participaram da Feira o secretário de Educação de Cachoeira, Roberto Gomes; a secretaria de Saúde de Cachoeira, Edelzuita Neta; o secretário de cultura de Cachoeira, Marcelo Souza; a coordenadora Geral de Divulgação Científica da Fiocruz, Cristina Araripe; a vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn; o coordenador do Projeto Pontes Científicas, Antonio Brotas; e a diretora do Centro de Artes Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Dyane Brito.

O secretário de Educação destacou o interesse dos estudantes pelas atividades e enfatizou a contribuição dessas atividades na educação científica e no interesse dos estudantes pela ciência. “Vemos isso refletido no olhar das crianças, na participação dos profissionais, todo mundo interessado e tendo a expectativa criada, realizada. Que essa iniciativa se expanda na rede municipal de ensino e se repita por muitas vezes”, declarou. 

“A gente traz a ciência para próximo das pessoas que precisam entender melhor o que é o fazer científico, especialmente da Fiocruz. O conhecimento precisa ser apropriado, compreendido pela população de um modo geral”, disse Cristina Araripe, que também destacou a importância do trabalho realizado junto à escola. “Para a OBSMA isso é fundamental, ela não existe sem a gente estar em contato com esses jovens estudantes e seus professores”, completou.

Claudia Brodskyn salientou o efeito multiplicador do projeto. “É extremamente eficaz, porque os estudantes levam esses conhecimentos aos seus pais, suas famílias, e isso é fundamental para a divulgação da ciência brasileira, para a gente evitar desinformação e as fakenews. Isso deve ser perpetuado também em outros municípios e escolas”.

O coordenador do projeto contou que a iniciativa começou no ano passado e será finalizado com uma atividade mais ampla para toda população de Cachoeira, na Estação Ferroviária, em novembro. “O projeto é parte da política de divulgação científica da Fiocruz Bahia, de interiorizar as atividades através de parcerias com prefeituras, Governo do Estado e universidades, de modo a apresentar as pesquisas da instituição e estimular a participação de estudantes e cientistas promovendo o interesse pela ciência”. 

A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Valéria Borges, falou sobre a importância de interagir com os professores das escolas e desenvolver estratégias para transmitir o conhecimento para a comunidade. “Também é papel do cientista levar a ciência a extramuros, de popularizar a ciência e ter junto nessa equipe os estudantes que estão em formação na Fiocruz, dos programas de pós-graduação, de iniciação científica para que eles se motivem e sejam disseminadores desses saberes científicos, principalmente das linhas de pesquisas que desenvolvemos”.

Saul Lomba, vice-diretor do Colégio Estadual Quilombola de Tempo Integral, que faz parte do projeto de oficinas de desinformação para alunos de escolas públicas da Bahia, observou que a aproximação da Fiocruz Bahia com a educação escolar quilombola é um propulsor para a aproximação da ciência. “O espaço da universidade não foi acessível por muitos anos aos estudantes quilombolas. Quando você traz esse espaço de ciência para a escola, promovendo essa difusão de conhecimento e aproxima esse saber, faz os estudantes entenderem que o que já foi produzido através das tradições, da cultura, da oralidade, pode se entrelaçar com o conhecimento científico”.

Marcos Santos, mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), da Fiocruz Bahia, ressaltou o ambiente de troca de conhecimento durante as atividades. “Enquanto a gente está ensinando, eles também estão ensinando para a gente outras formas de abordar, de ver o mundo, porque, às vezes, acabamos ficando presos ao que estamos estudando e não captamos como esse conhecimento produzido chega a essas pessoas e como elas também podem contribuir muito com a gente. Também construímos pontes para que conheçam o que é fazer ciência, porque muitas vezes as pessoas acham que é como nos filmes, com super laboratórios e que o cientista é alguém inalcançável. Mas eu faço ciência, as pessoas ao meu redor fazem ciência. Às vezes, o cientista é o nosso irmão, colega, vizinho”.

O evento foi realizado em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Cultura, com apoio da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA) e do Colégio Estadual Quilombola da Bacia do Iguape. O projeto é desenvolvido pela Fiocruz Bahia, através do edital de Apoio à Produção de Conteúdo para a Difusão do Conhecimento Científico, Tecnológico e de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), com parceria da Secretaria de Educação de Cachoeira.

Reportagem: Júlia Lins | Foto: Mateus Almeida

twitterFacebookmail
[print-me]