Getting your Trinity Audio player ready...
|
Durante os dias 18 a 23 de outubro, foi realizada a etapa de trabalho de campo do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde, o EPISUS intermediário, do Ministério da Saúde. O pesquisador e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio, é o mentor do curso na Bahia e em Alagoas, atuando como interlocutor entre a coordenação geral da capacitação e os tutores. A capacitação reuniu, em Salvador, cerca de 30 estudantes do estado, distribuídos entre a capital e cidades do interior.
O EPISUS está sendo realizado ao longo do ano de 2021, com cerca de 800 alunos de todos os estados da federação. As unidades regionais da Fiocruz, como a Fiocruz Bahia, funcionam como ponto de apoio para o curso coordenado pela Fiocruz Brasília e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde. Cada estado seguiu um cronograma para o trabalho de campo. Ao término desta etapa, os alunos retornam aos seus locais de origem para dar continuidade à capacitação, que tem previsão de conclusão em dezembro de 2021.
Claudio Maierovitch Henriques, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, e José Agenor Álvares da Silva, coordenador do Curso de Especialização em Epidemiologia de Campo – Episus intermediário, ambos da Fiocruz Brasília, contam que o objetivo das atividades em campo no âmbito da capacitação é avaliar e fortalecer os serviços de vigilância em saúde; investigar e controlar surtos e ocorrências de relevância epidemiológica; realizar monitoramento de doenças e agravos de importância para a saúde pública; planejar e realizar estudos de campo relacionados a estes temas.
“O curso tem ênfase nas atividades práticas e inclui, como exercício de aplicação dos conhecimentos, a identificação de um problema de saúde local prioritário e a elaboração de resposta por meio do trabalho desenvolvido em grupo. Os cursistas se organizam para investigar, levantar informações de bases de dados e diretamente em campo, analisar e apresentar propostas para enfrentar os problemas estudados. Utilizando tecnologias de ensino e interação à distância, todos os atores envolvidos no processo educativo são chamados a partilhar responsabilidades, conformando uma rede de aprendizagem contínua que permanece ativa mesmo depois da conclusão”, explicam os coordenadores.
Na Bahia, os dois primeiros dias do curso foram destinados a revisar o protocolo de pesquisa construído pelos próprios alunos e organizar o material necessário para a coleta de dados em campo. “Os estudantes propuseram avaliar a frequência de eventos adversos associados à vacinação contra Covid-19 em moradores do Alto das Pombas, na região de abrangência da Unidade de Saúde da Família do local”, contou Ricardo Riccio.
O turno vespertino da terça e da quarta-feira foram reservados para a coleta dos dados, a partir de questionários elaborados pelos alunos, que realizaram cerca de 250 entrevistas durante o período. Na quinta-feira ocorreu o preparo e digitação do banco de dados, enquanto na sexta-feira foi realizada a análise dos dados e elaboração do relatório final. No sábado pela manhã aconteceu a apresentação dos principais dados obtidos e o encerramento do evento.
Durante a capacitação, os tutores do programa estão diretamente ligados aos alunos, auxiliando-os em suas atividades ao longo dos módulos. Uma das tutoras do curso na Bahia, Cristiane Wanderley Cardoso, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador (CIEVS), disse que o EPISUS possui um papel fundamental no fortalecimento do SUS, uma vez que tem como uma das principais estratégias qualificar os profissionais das secretarias de saúde para a melhoria das ações em vigilância epidemiológica nas investigações e controle de surtos, planejamento e realização de estudos de campo no âmbito regional e local.
“Caracterizada pelo trabalho presencial seguindo todos os protocolos de prevenção contra a Covid-19, a semana ocorreu com a aplicação do projeto de pesquisa elaborado pelos estudantes, permitindo a interação entre a comunidade e aprimorando ainda mais o processo de construção coletiva. Estou muito satisfeita com o desenvolvimento dos estudantes e confiante que a troca de experiências e conhecimento adquirido permitirá que os participantes possam ampliar a capacidade técnica-científica para colaborar na resolução de problemas de saúde pública, principalmente em investigações de surtos e epidemias”, declarou.
Para a enfermeira e sanitarista Mirela Maisa Souza Ferreira, aluna do curso, o mundo tem passado por um dos maiores desafios da história da humanidade com a pandemia da Covid-19, evidenciando a necessidade de ampliar a capacidade de detecção, elucidação e monitoramento dos eventos em saúde pública, assim como de implantação das medidas de controle e prevenção adequadas e oportunas com o objetivo de reduzir o risco de expansão desses eventos.
“Sem dúvidas, fazer parte desse time de futuros especialistas em epidemiologia de campo representa um passo muito importante para o fortalecimento dessa rede de preparação e resposta. As trocas de experiências, aprender como realizar investigação epidemiológica, a capacitação para utilização de softwares e programas que permitam produzir informações em saúde com qualidade, o trabalho coletivo e a necessidade de articulação são o verdadeiro ‘aprender fazendo’ nesse processo formativo, e que se traduzem em aprendizados importantes para estarmos cada vez mais preparados para responder de maneira mais efetiva às emergências em saúde pública”, comentou a estudante.