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Com o apoio da 2ª chamada Garotas STEM, do British Council e Fundação Carlos Chagas, e apoio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, o projeto Meninas Baianas na Ciência continua com a programação mensal de eventos no Instituto Gonçalo Moniz, sede da Fiocruz Bahia. Na tarde desta terça-feira (30), estudantes de oito colégios da rede pública participaram da segunda tarde de atividades do projeto, com uma palestra ministrada pela pesquisadora Valéria Borges, oficinas de ciências sobre a leishmaniose e visita aos serviços de Histotecnologia e Microscopia Eletrônica.
O projeto, coordenado pelas pesquisadoras Isadora Siqueira, Karine Damasceno e Natália Machado, seguirá com a programação de encontros até novembro. A intenção é que as estudantes possam conhecer a fundo os trabalhos desenvolvidos pela instituição. Ao final, todas possuirão um certificado de participação. Entre as estudantes, cindo delas foram selecionadas para um estágio de 5 meses nos laboratórios da instituição.
A vice-diretora de Ensino e Informação, Claudia Brodskyn, também esteve presente no evento. “Mais uma vez, é um prazer estar aqui com vocês, compartilhando esse projeto importantíssimo, principalmente para nós do grupo de ensino que somos largamente representados por mulheres e queremos que isso continue”, defende.
Valéria Borges narrou sua trajetória de vida desde que saiu da cidade de Belém, até se tornar pesquisadora da Fiocruz Bahia e professora do curso de Pós-graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia). Através do relato, Borges buscou inspirar as alunas a enfrentarem os percalços que se colocam no caminho da pesquisa. “Quando falo para vocês desses desencantos, é porque eu queria uma coisa, fui lá e testei. Quando não foi o que eu queria de verdade, tive como recuar. A gente sempre tem como repensar. Nesse período é importante vocês testarem, experimentarem, participarem de eventos como esse. Porque é preciso experimentar, o cientista é antes de tudo um curioso”, incentiva.
Natália Machado acredita que Valéria conseguiu se identificar com as meninas e que a programação, no geral, causou interesse. “Mais uma vez, pudemos ver o brilho nos olhos das meninas ao aprender e conhecer as técnicas, a estrutura do IGM e principalmente as monitoras das oficinas. Foi outra interação muito animador de ver, pela curiosidade das meninas”. Para a cientista, o encontro foi memorável.
“É muito interessante perceber o olhar atento, a curiosidade delas durante as práticas e, principalmente, o reconhecimento e empatia no relato contado pela pesquisadora”, comenta a pesquisadora Karine Damasceno. “Nossa intenção é mostrar para elas que a carreira na ciência pode ser uma realidade em suas vidas e que existem caminhos possíveis”.
A professora de química do Colégio Estadual Cosme de Farias, Moselene Costa, compartilha do desejo. Pesquisadora sobre a formação de professores e a iniciação científica, a professora acredita que ainda faltam professores que estimulem as meninas. “A gente está praticamente sozinha com os alunos. Dentro da nossa carga horária, ainda tem essa demanda. Porque eu quero que minhas meninas cresçam, se emancipem, e que elas sonhem com a universidade, com a pesquisa, assim como eu”.
Único homem presente na sala, Paulo Sérgio Nobre, professor de química do Colégio Estadual Mãe Stella, não se furtou ao desafio de inspirar as alunas. “Eu trabalhei com iniciação científica na UFBA e vi como muitos alunos demonstravam interesse na ciência, porém faltava o catalisador, que poderia ser ou o professor ou recursos”, explica. Para aproveitar ao máximo a experiência, o professor reúne as alunas semanalmente para ter um feedback das pesquisas feitas e afirma: “Já vejo o retorno em sala de aula”.
Participaram alunas do Colégio Estadual Deputado Rogerio Rego; Colégio Estadual Heitor Villa Lobos; Colégio Estadual Mãe Stella; Colégio Estadual Cosme de Farias; Colégio da Polícia Militar – Unidade I/Dendezeiros; Colégio Estadual Eduardo Bahiana; Colégio Estadual da Bahia Central; e Escola Estadual Deputado Naomar Alcântara.
As alunas
Estudante do Colégio da Polícia Militar, de Dendezeiros, Ester Elias pretende se tornar biomédica. Para isso, a estudante de 15 anos faz cursos iniciantes de biomicrobiologia e vê o Meninas Baianas na Ciência como mais uma oportunidade de desenvolvimento. Ela ainda tem outros planos. “Nós, meninas que estamos aqui, estamos empolgadas com esse projeto e espero poder expandir para mais meninas do nosso colégio”.
Gabriela Silva, 15, estudante do Colégio Estadual Cosme de Farias, também tem um sonho: fazer iniciação científica na Fiocruz. “No começo eu não pensava muito sobre ciência, mas depois que tive a oportunidade de participar, eu comecei a gostar bastante”, conta a aluna, que também faz parte do clube de ciências do colégio. “Penso muito no meu futuro, quem sabe ser uma grande cientista, ir para a faculdade”, conta.
Já a estudante Juliana de Souza, 16, do Colégio Mãe Stella, ainda explora com cuidado as opções do mundo das ciências. Selecionada entre as colegas para fazer parte, ela conta que está animada com o projeto. “Desde cedo eu já tinha muito interesse pela área da ciência, então ser convidada para participar foi uma dádiva. Vai aprimorar mais os meus conhecimentos”, assegura.