Estudo sugere uso de antígenos quiméricos para o diagnóstico seguro de doença de Chagas com coexistência de outras doenças

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O estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz sugere que o uso de antígenos quiméricos IBMP apresenta potencial promissor para o diagnóstico seguro da doença de Chagas em regiões onde os protozoários Crithidia sp. LVH-60A e Trypanosoma cruzi coexistem. A pesquisa, liderada pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos do Instituto Gonçalo Moniz, foi publicada no periódico Diagnostics e concentrou-se no desenvolvimento de imunoensaios precisos, método que utiliza anticorpos para identificar ou quantificar uma substância, no contexto do diagnóstico da doença de Chagas. O estudo pode ser conferido na íntegra aqui.

O objetivo da investigação foi avaliar o potencial de diagnóstico desses antígenos quiméricos para detecção da doença de Chagas em pacientes infectados com Crithidia sp. LVH-60A, um parasita que apresenta sintomas semelhantes aos da leishmaniose visceral. Foram analisados soros humanos, previamente coletados, obtidos no Biorrepositório do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular da Universidade Federal de Sergipe, de sete pacientes com Crithidia sp. LVH-60A e três pacientes com Leishmania infantum. Os resultados indicaram que esses antígenos IBMP apresentaram 100% de sensibilidade, com especificidade variando de 87,5% a 100%, e valores de acurácia entre 90% e 100%. Nenhuma reatividade cruzada foi observada com Crithidia sp. LVH-60A e apenas uma amostra positiva para L. infantum apresentou reatividade cruzada com a molécula IBMP-8.1.

Os pesquisadores ressaltam que métodos de diagnóstico precisos e específicos são cruciais para gerir e controlar eficazmente as doenças infecciosas. A doença de Chagas e a leishmaniose são enfermidades tropicais que frequentemente coexistem em diversas regiões geográficas do Brasil, e o diagnóstico delas pode ser um desafio devido ao potencial de reatividade cruzada nos testes sorológicos. A reatividade cruzada ocorre quando os anticorpos produzidos em resposta a um patógeno reconhecem erroneamente antígenos de outro, e pode ocasionar resultados falso-positivos ou inconclusivos.

Os desafios no diagnóstico da doença de Chagas são ainda mais ampliados quando se considera Trypanosoma rangeli, Trypanosoma evansi e outros membros da família Trypanosomatidae, incluindo os gêneros Crithidia, Herpetomonas, Blastocrithidia e Leptomonas, bem como os gêneros recém-descobertos espécies como Crithidia sp. LVH-60A. Para abordar esta lacuna de conhecimento, o estudo investigou a influência dos anticorpos anti-Crithidia sp. LVH-60A e anti- L. infantum no diagnóstico da doença de Chagas, utilizando quatro proteínas quiméricas IBMP de T. cruzi como antígenos.

Avanço no diagnóstico

A principal limitação do estudo foi o pequeno número de amostras positivas para Crithidia sp. LVH-60A analisadas. No entanto, apesar dessa insuficiência, a importância e a novidade dos dados apresentados são evidentes. Para os autores, reconhecer e compreender as reações cruzadas em testes sorológicos para a doença de Chagas são essenciais para garantir diagnósticos precisos, melhorar o atendimento ao paciente e reforçar a eficácia dos esforços de controle da doença de Chagas e doenças relacionadas.

Além disso, o conhecimento obtido apoia o aperfeiçoamento contínuo das ferramentas de diagnóstico, que podem melhorar a gestão das doenças, e, consequentemente, a vigilância epidemiológica, avançando nas metodologias de diagnóstico. Os resultados sugerem que o uso de antígenos quiméricos IBMP é promissor para o diagnóstico seguro da doença de Chagas em regiões onde Crithidia sp. LVH-60A e T. cruzi coexistem, e indicam que para confirmar as descobertas é preciso realizar investigações envolvendo um maior número de amostras positivas para Crithidia sp. LVH-60A.

Texto: Jamile Araújo com supervisão de Jéssica Fernandes

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