Estudo sugere que enzimas presentes no tumor influenciam a agressividade do câncer de mama

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Um estudo investigou o efeito da degradação de uma molécula presente no estroma do tumor, chamada versican, pela ação das enzimas ADAMTS em câncer de mama espontâneo em cadelas. A pesquisa foi coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Karine Araújo Damasceno, e publicada no periódico Cancers.

O trabalho avaliou a presença de enzimas importantes para o desenvolvimento da metástase no câncer de mama. Estes elementos atuam no remodelamento da matriz extracelular, que é uma rede constituída por várias moléculas que se encontra ao redor das células, promovendo sustentação aos tecidos, através de um processo denominado proteólise, no qual enzimas específicas quebram proteínas em fragmentos menores.

O versican, um dos elementos da matriz extracelular, fornece suporte às células e pode regular o comportamento dos tumores. Quando degradado por enzimas da família das metaloproteinases, como a ADAMTS-15, forma-se fragmentos denominados matriquinas, como a versikina, que podem influenciar o crescimento e a disseminação do tumor, além de impactar a resposta imune ao câncer.

Foram analisados tumores de 47 animais diagnosticados com câncer de mama, divididos em dois grupos principais: 30 com tumores com melhor prognóstico e 17 com tumores com pior prognóstico. As amostras foram coletadas após cirurgias realizadas no Hospital Veterinário da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA, em Salvador. Foram examinadas a presença de versican e das enzimas ADAMTS, bem como a quantidade de colágeno nas áreas tumorais para avaliar o remodelamento da matriz extracelular.

Os resultados indicaram que a versikina estava presente em maior quantidade nas áreas com invasão de células neoplásicas e que a enzima ADAMTS-15 estava diretamente relacionada à proteólise do versican. Além disso, observou-se que nas regiões tumorais com menor quantidade de colágeno havia maior degradação do versican. Esses achados reforçam que a quebra dessa proteína está associada ao remodelamento da matriz extracelular e à agressividade do tumor.

Os pesquisadores concluíram que a proteólise do versican desempenha um papel importante no comportamento do tumor, especialmente em sua capacidade de invadir tecidos adjacentes e modificar o microambiente tumoral. A identificação da versikina e da ADAMTS-15 como participantes desse processo pode contribuir para o entendimento da dinâmica do microambiente tumoral, direcionando a busca por novas estratégias de tratamento para o câncer focadas na modulação da matriz extracelular.

Por Jamile Araújo

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