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A pesquisadora do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/ Fiocruz Bahia), Isadora Cristina de Siqueira, participou de um estudo que mostra uma possível relação entre arbovírus, como dengue, chikungunya e zika, com a polineuropatia sensorial reversível.
A pesquisa foi publicada no Journal of the Neurological Sciences, no artigo intitulado “Reversible sensory polyneuropathy during an arboviral outbreak in Salvador, Bahia, Brazil” e foi realizado em parceria com o Hospital Geral Roberto Santos e Hospital Santa Izabel, em Salvador; e com o Centro de Doenças Tropicais da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. No trabalho, foi descrita uma série de casos de cinco pacientes.
Para o estudo, foram coletadas amostras de sangue e fluido cerebroespinhal dos pacientes e realizados testes sorológicos para arbovírus e exames de imagem para descartar outras doenças neurológicas. As manifestações neurológicas nos participantes foram consideradas leves, com duração de cerca de sete dias, e apenas um deles precisou ficar internado. Tais características dos sintomas não atendiam os critérios para Síndrome de Guillan-Barré, doença autoimune que acometeu diversos pacientes infectadas com arbovírus na época do surto, em 2015.
Os resultados dos exames mostraram que os pacientes apresentaram algum tipo de infecção por um dos vírus transmitidos por mosquito, tanto aguda quanto pregressa, e a maioria deles (80%) apresentou infecção recente por zika ou chikungunya. A neuropatia periférica associada à chikungunya já havia sido relatada em estudos anteriores, porém, essa foi a primeira descrição de um subtipo de neuropatia apenas sensitiva e reversível, com fortes evidências do vírus como causa.
Desta forma, esse estudo é importante para alertar médicos e profissionais de saúde sobre outras doenças neurológicas, possivelmente causadas por infeções por zika ou chikungunya, além das já relatadas durante o surto, como Guillan-Barré.