Estudo descreve perfil de pacientes com Covid-19 grave na segunda onda

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Mudanças no perfil de pacientes com Covid-19 internados na unidade de terapia intensiva de um hospital privado, em Salvador, entre a primeira e a segunda onda da pandemia, foram observadas em estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz Bahia. Os resultados do trabalho foram publicados no periódico International Journal of Infectious Diseases, em 10 de agosto.

Os achados da pesquisa demonstraram aumento da proporção de adultos jovens e sem comorbidades com Covid-19 grave durante a segunda onda, logo após a confirmação da circulação local da variante Gama. A P.1 ou Gama é uma das quatro variantes de preocupação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), com mutações importantes no receptor (RBD) da proteína spike tornando o vírus mais transmissível. As outras variantes são a Alpha (B.1.1.7), Beta (B.1.351) e Delta (B.1.617), esta última encontra-se atualmente em avanço no Brasil e no mundo.

Liderado pelo pesquisador Bruno Solano, também participaram do estudo os pesquisadores Tiago Gräf, Clarissa Gurgel e Isadora Siqueira, da Fiocruz Bahia. O grupo de cientistas analisou informações clínico demográficas de pacientes internados em dois períodos de alta no número de hospitalizações no estado da Bahia: maio a julho de 2020 e dezembro de 2020 a fevereiro de 2021. O sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 foi realizado em amostras de swab nasofaríngeo de 12 pacientes com menos de 60 anos, durante a segunda onda, sendo a variante P.1 detectada em todos eles.

Resultados

Foram 672 pacientes internados na UTI do hospital, no primeiro período, e 943 no segundo. Além do aumento do número de internações, também observou-se, no segundo período, aumento de pessoas internadas com menos de 60 anos e sem comorbidades conhecidas, como doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. Pacientes sem comorbidades representaram cerca de 32% das internações em fevereiro de 2021, quando em junho de 2020 eram aproximadamente 15%.

Também foram avaliadas possíveis alterações no padrão dos resultados obtidos na análise do RT-qPCR. A média para o tempo entre o início dos sintomas e a coleta da amostra foi de 4,4 dias para junho de 2020 e 5,1 dias para fevereiro de 2021. Os resultados apontam que houve aumento da carga viral nos pacientes em fevereiro de 2021, o que também foi relatado em comparação a amostras não Gama. Os dados da pesquisa não demonstraram aumento da taxa de mortalidade em pacientes hospitalizados com esta variante. 

Os autores do estudo sugerem avaliar o efeito da vacinação nas hospitalizações já que, durante o período do estudo, poucos pacientes idosos haviam tomado as duas doses da vacina para Covid-19.

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