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Um estudo clínico envolvendo a versão pediátrica do medicamento Praziquantel, chamada de L-Praziquantel, será realizado por cientistas do Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose (Fio-Schisto). O trabalho conta com a coordenação do pesquisador Ricardo Riccio e vice-coordenação da pesquisadora Isadora Siqueira, além da participação dos pesquisadores Mitermayer Galvão Reis e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia. O trabalho faz parte da proposta contemplada no edital de Pesquisa Clínica em Esquistossomose do Programa Inova Fiocruz.
A pesquisa será desenvolvida em comunidades da Bahia e de Sergipe, ao longo de três anos, com a participação de crianças de três meses a seis anos de idade. “O L-Praziquantel é um comprimido menor, que não possui o mesmo sabor desagradável que o utilizado em adulto, e é orodispersível, podendo ser diluído na boca e administrado com água”, relata Riccio.
O pesquisador esclarece que, como os testes do consórcio responsável pelo desenvolvimento do medicamento foram realizados no Quênia e na Costa do Marfim, o objetivo da pesquisa será analisar os efeitos em crianças brasileiras. “Sabemos que existem diferenças genéticas da população africana para a população brasileira, assim como podem existir diferenças genéticas entre o parasito que está na África e o que está no Brasil. A ideia é que possamos fornecer parâmetros para a população brasileira de que esse medicamento é seguro e eficaz”, completa.
Tida pela OMS como uma das 20 doenças mais negligenciadas, a esquistossomose é uma das doenças parasitárias mais prevalentes em todo o mundo, afetando principalmente populações empobrecidas. A doença é transmitida pelo parasito Schistosoma e afeta o trato intestinal e outros órgãos, como fígado e baço. Em crianças, a doença pode causar anemia e sequelas mais graves, levando, consequentemente, à morte.
Isadora Siqueira reitera o objetivo geral do projeto, recordando da relevância da iniciativa. “Os resultados deste projeto trarão benefícios diretos a populações afetadas pela esquistossomose, doença tão negligenciada que até o momento não tem tratamento disponível para crianças acometidas”. Além dos membros da Fiocruz Bahia, integram o projeto o pesquisador Carlos Graeff, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e Fernando Schmelzer Bezerra, da Universidade Federal do Ceará (UFC). A pesquisa conta ainda com a parceria importante do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), unidade da Fiocruz responsável pela produção e distribuição do praziquantel pediátrico que será utilizado neste estudo.
O L-Praziquantel
A versão pediátrica do medicamento foi desenvolvida pelo Consórcio Praziquantel Pediátrico, criado em julho de 2012. A dose do Praziquantel para uma criança de até 6 anos é medida em relação ao seu peso, mas, além da dosagem não regulada, há a questão do tamanho do comprimido e do forte sabor que possui, o que dificulta a administração do medicamento.
O L-Praziquantel foi desenvolvido para suprir a lacuna de tratamento mais amigável a essa população, estimada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em até 50 milhões de indivíduos em idade pré-escolar atingidos pela doença. Atualmente, o medicamento é analisado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.