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O surgimento da Ômicron causou questionamento quanto à eficácia das vacinas contra uma nova variante do coronavírus. Para verificar a situação no Brasil, um estudo do projeto VigiVac avaliou, durante o período em que a variante omicron do vírus foi predominante, a eficácia da aplicação de duas doses de CoronaVac com reforço da Pfizer. Pela Fiocruz Bahia, participaram Thiago Cerqueira Silva, Vinicius Oliveira, Maurício Barreto, Viviane Boaventura e Manoel Barral-Netto, em co-autoria com pesquisadores da UFBA, UFRJ, UERJ, UNB e London School of Hygiene and Tropical Medicine.
O trabalho foi publicado na revista Nature Communications e abrange dados de 1° de janeiro a 17 de abril de 2022. Segundo os pesquisadores, a aplicação do reforço com vacina baseada na tecnologia mRNA após a aplicação de vacinas de outros tipos continua a oferecer proteção adequada contra casos graves, mesmo tendo transcorrido 120 dias após o recebimento da última dose, apesar de mostrar decréscimo na proteção a casos leves da doença.
Para efeitos de comparação, o estudo estimou a resistência de pessoas imunizadas com a dose de reforço contra aqueles que haviam recebido apenas as duas doses da CoronaVac e aqueles que não foram vacinados. A eficácia do reforço contra casos graves da Covid-19 foi estimada em 84,1%, mas não foi avaliada uma proteção significativa contra a infecção sintomática da doença.
A pesquisa também se debruçou no resultado demonstrado pelas vacinas em determinadas faixas etárias, principalmente idosos com mais de 80 anos. Neste grupo, foi detectada uma queda da eficácia de proteção, com variação de 81,3%, no período de 31 a 60 dias após a aplicação, até 72,9%, transcorridos 120 dias após a vacinação. Para os pesquisadores, é importante haver um foco especial nesta faixa etária por conta de sua vulnerabilidade ao vírus e ao intervalo maior entre a aplicação das doses neste grupo.
Foram analisados dados de 2 milhões de pessoas testadas durante a onda de casos causada pela Ômicron. O estudo coloca ainda que, com a perspectiva de circulação dessa variante, surge a necessidade do desenvolvimento de vacinas que previnam não apenas casos graves da doença, mas também mantenham a proteção contínua contra infecções do vírus.