Pesquisa avalia o impacto da carga viral de jovens com dermatite associada à HTLV

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A dermatite infecciosa associada ao vírus HTLV-1 (DIH) é uma inflamação cutânea recorrente que afeta jovens que adquirem o vírus principalmente pela amamentação, quando são amamentados por portadoras do HTLV-1. A DIH geralmente desaparece na idade adulta, mas pode tornar o paciente predisposto ao desenvolvimento precoce de outras doenças associadas ao HTLV, como paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM/TSP), uma doença que leva à dificuldade para andar e fraqueza em ambas as pernas, e a leucemia/linfoma das células T do adulto (ATL), um câncer que pode ser muito agressivo.

A Bahia é um dos estados brasileiros com maior número de portadores do HTLV-1. Dados recentes mostram que 47% dos pacientes com essa dermatite também desenvolvem HAM/TSP. Os fatores relacionados ao desenvolvimento de doenças juvenis associadas ao HTLV-1 ainda são desconhecidos, sendo a carga proviral um dos principais parâmetros relacionados ao desenvolvimento de doenças associadas ao HTLV-1 em adultos.

Um estudo coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Maria Lourdes Farre Vallve, se propôs a investigar a relação entre as duas doenças. O trabalho foi publicado no “PLOS Neglected Tropical Diseases”. Na pesquisa, 59 crianças portadoras do vírus foram diagnosticadas e observadas entre 2002 e 2017: 16 eram assintomáticas, 18 tinham dermatite associada ao HTLV; 20 tinham dermatite e mielopatia e cinco tinham apenas mielopatia.

Considerando que a carga viral de pacientes adultos com mielopatia é mais elevada, o estudo esperava que em pacientes jovens de DIH que desenvolvessem a mielopatia, também houvesse o aumento da carga viral, porém, foi observado carga viral semelhante em pacientes jovens com dermatite com ou sem mielopatia.

Além disso, os pacientes com dermatite que desenvolveram mielopatia associada à HTLV-1 não foram necessariamente aqueles que apresentaram níveis mais altos de carga proviral, sugerindo que altos níveis de carga nos pacientes com dermatite podem favorecer, mas não necessariamente desencadeiam o desenvolvimento de mielopatia.

Quatorze pacientes apresentaram remissão da dermatite durante o período de acompanhamento. Em 12 deles, foi possível comparar a carga proviral na dermatite em atividade e, após remissão, a carga proviral foi maior na remissão do que quando a doença estava ativa, o que poderia estar relacionado com a predisposição dos pacientes de DIH de desenvolverem a leucemia/linfoma de maneira precoce Além disso, o estudo mostra a necessidade de que as crianças com DIH não deixem de ser clinicamente acompanhadas após o desaparecimento dos sintomas da dermatite, pois a carga proviral não diminui.   

O estudo sugere que outros parâmetros devem ser investigados para entender por que os pacientes com dermatite desenvolveram mielopatia associada à HTLV muito mais cedo e com mais frequência, sobre o 47%, do que portadores assintomáticos adultos, com frequência estimada em torno de 3%.

 

 

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