Estudo associa polimorfismo genético e risco de infecção por tuberculose

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A tuberculose é uma doença transmissível causada pela Micobacterium tuberculosis, sendo um importante problema de saúde pública para o Brasil, que está entre os 22 países com mais alta carga da doença, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo a organização, anualmente, são identificados no país cerca de 80 mil novos casos e 5 mil óbitos decorrentes da enfermidade.

O desenvolvimento da tuberculose é mais propício em pessoas portadoras do vírus HIV e de diabetes, por exemplo, porém muitos pacientes não apresentam nenhum fator de risco conhecido. Nesse contexto, muitos fatores genéticos já foram sugeridos como influência para suscetibilidade a essa doença.

Uma pesquisa de autoria dos doutorandos Juan Manuel Cubillos-Ângulo e María Arriaga e do pesquisador Bruno de Bezerril, da Fiocruz Bahia, avaliou potenciais biomarcadores genéticos de susceptibilidade a infecção por Mycobacterium tuberculosis. O artigo foi publicado no periódico Clinical Infectious Diseases e foi listado como um dos mais acessados nos últimos dois anos pela revista.

O estudo longitudinal foi realizado a partir de pacientes com tuberculose pulmonar diagnosticados entre 1998 e 2004, de um hospital do Rio de Janeiro. Foram realizadas análises do escarro, prova cutânea tuberculina e foi extraído DNA de amostras de sangue periférico de contatos diretos desses pacientes, que são parentes e pessoas que moravam na mesma casa ou tiveram contato com eles por longos períodos de tempo. Os que tiveram sinais ou sintomas da forma ativa da tuberculose passaram por visitas médicas periódicas.

O risco de infecção por Mycobacterium tuberculosis e desenvolvimento de tuberculose ativa nesses contatos foi estimado de acordo com a presença de cinco Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs, sigla em inglês), responsáveis mais comuns pelo tipo de variação genética relacionados à imunidade, que também explicam fatores clínicos e epidemiológicos.

Resultados

Genótipos dos cinco SNPs foram encontrados. O achado mais importante do estudo foi que, desses cinco genótipos de SNPs, dois foram associados com o resultado positivo para a prova cutânea tuberculina e, subsequentemente, com o desenvolvimento de tuberculose.

Essas descobertas destacam a importância da imunidade inata na infecção humana por Mycobacterium tuberculosis e no desenvolvimento de tuberculose ativa. Outros grupos de pesquisas já mostraram evidências de polimorfismo nesses receptores associados ao crescimento da suscetibilidade para tuberculose, porém os achados dessa pesquisa fornecem evidências adicionais desses receptores em relação aos contatos diretos e o desenvolvimento da doença.

Como conclusão, a pesquisa apresenta fortes evidências para associações entre polimorfismos em genes imunes inatos e o risco de infecção por Mycobacterium tuberculosis e desenvolvimento de tuberculose ativa, no Brasil. Estudos adicionais são necessários para delinear os eventos moleculares por trás dessas associações.

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