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Um estudo liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, detalhou o perfil de inflamação sistêmica em uma coorte de pacientes com tuberculose pulmonar ativa, com ou sem anemia, em diferentes períodos de tempo, após o início da terapia antituberculose. Uma bioassinatura distinta relacionada à anemia foi detectada, definida por valores aumentados de ácido úrico, proteína C-reativa e taxa de sedimentação de glóbulos vermelhos. O trabalho foi publicado na revista científica do grupo Nature Scientific Reports.
A infecção por Mycobacterium tuberculosis provoca uma doença pulmonar crônica caracterizada por uma inflamação persistente e causando dano substancial ao tecido pulmonar. Segundo os autores do estudo, a tuberculose continua sendo a principal causa de morte de infecção por um único agente causador de doença.
Os pesquisadores afirmaram que, em alguns casos, a tuberculose pulmonar está também associada à anemia. Várias investigações relataram uma prevalência de anemia no diagnóstico de tuberculose, variando entre 32% e 86% dos casos. Muitos pacientes exibem níveis reduzidos de hemoglobina, o que pode impactar diretamente na morbidade associada à tuberculose. Apesar de sua importância epidemiológica, a investigação cuidadosa das causas de anemia em pacientes com tuberculose não é realizada de forma sistemática.
Para o estudo, dados de 238 indivíduos foram examinados retrospectivamente: 118 pacientes com tuberculose e 120 saudáveis. Vários parâmetros foram examinados em amostras de sangue periférico dos envolvidos no estudo. Os autores explicam que a anemia causada por deficiência de ferro está associada com níveis de ferritina menor que 30 ng / mL, enquanto que a causada por doença crônica está ligada a níveis de ferritina maior que 100 ng / mL. Também, as concentrações de ferritina na amostra de soro aumentam em condições inflamatórias como doenças autoimunes, infecções, malignidade e outras doenças.
Entre os 118 pacientes com tuberculose, 105 apresentaram níveis de hemoglobina abaixo dos valores de referência e foram categorizados como anêmicos. O estado pró-inflamatório foi apenas parcialmente reduzido após 60 dias de tratamento para tuberculose, indicando que a anemia associada à tuberculose é, provavelmente, relacionada à inflamação persistente.
Na pesquisa, as concentrações de hemoglobinas não se alteraram entre os momentos do estudo no grupo que não eram anêmicos no início do tratamento. Apesar do aumento substancial nos níveis de hemoglobina após o início da terapia, o número de anêmicos no dia 60 da terapia ainda eram aproximadamente 49% do pré-tratamento. Além disso, análise dos parâmetros bioquímicos demonstrou que os pacientes anêmicos em cada período de estudo avaliado apresentaram um perfil distinto em relação àqueles sem anemia.
Segundo os pesquisadores, à primeira vista, os achados poderiam sugerir que a carga micobacteriana da doença não influenciou no grau de anemia. Contudo, quando apenas os pacientes anêmicos foram analisados, descobriu-se que os níveis de hemoglobina exibem uma tendência significativa de diminuir após aumentos graduais nos esfregaços. Portanto, é possível que a carga de infecção influencia o grau de anemia em indivíduos mais suscetíveis, e não em todos os pacientes com tuberculose.