Estudo aponta atraso neurológico em crianças sem microcefalia expostas ao Zika na gestação

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Em 2015, após o grande surto de zika, principalmente no Nordeste do Brasil, notou-se que, além de um grande número de crianças nascidas com microcefalia, diversas outras condições de saúde dos bebês podiam estar relacionadas à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.

A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, liderou uma investigação, em Salvador (BA), sobre o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao vírus Zika na gravidez, que nasceram sem microcefalia. O trabalho pode ser acessado no site do BMJ Paediatrics Open.

Para o estudo, foram avaliados 29 bebês nascidos em 2016, cujas mães tiveram zika na gestação no período de epidemia da doença. Esses recém-nascidos tiveram a circunferência da cabeça considerada normal no nascimento, dentro do estabelecido para idade gestacional e sexo, de acordo com os padrões INTERGROWTH-21. 

O resultado da avaliação do desenvolvimento neurológico dos bebês mostrou que 10 (34%) deles exibiram um atraso pelo menos em um dos domínios da Escala Bayley-III e um atraso na fala foi identificado em nove (31%) bebês. 

A Escala Bayley-III é um instrumento considerado padrão de referência mundial que avalia o desenvolvimento de bebês de 0 a 3 anos de idade e identifica atrasos no desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor, socioemocional e adaptativo.

As avaliações identificaram anormalidades especialmente no funcionamento da linguagem. Estes achados corroboram com os resultados de um estudo prospectivo realizado no Rio de Janeiro, que avaliou crianças por neuroimagem e pela Escala Bayley-III, no qual foram observados atrasos no neurodesenvolvimento na linguagem cognitiva e campos de função motora.

A avaliação sistemática destas crianças, através de ferramentas padronizadas, é crucial para a detecção precoce de anormalidades no desenvolvimento, bem como para fornecer intervenção para alcançar melhores resultados e prevenir deficiências.

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