Getting your Trinity Audio player ready...
|
O vírus chikungunya foi introduzido nas Américas em 2013 e no Brasil em 2014, causando grandes surtos que afetaram rapidamente parcela substancial da população em vários países. A cidade de Salvador, que tem sido um epicentro de várias epidemias de arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foi uma das capitais brasileiras inicialmente afetadas pela chikungunya. Com a finalidade de entender melhor a propagação do vírus, um estudo, coordenado pelo pesquisador Guilherme Ribeiro, da Fiocruz Bahia, e fruto do doutorado de Rosângela Oliveira Anjos, pelo Programa de Pós-graduação em Saúde em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI), analisou a dinâmica de transmissão do vírus chikungunya em Salvador, no primeiro ano após a introdução do vírus no país. O trabalho foi publicado no periódico PLOS e pode ser lido aqui.
A pesquisa analisou dados de soroinquéritos semestrais, realizados em uma coorte comunitária, composta por 652 participantes com idade maior ou igual a cinco anos, no bairro de Pau da Lima. O seguimento da coorte foi iniciado antes da introdução do vírus da chikungunya em Salvador, em fevereiro de 2014, e os inquéritos foram conduzidos até fevereiro de 2017.
Os pesquisadores concluíram que, ao contrário das observações em outros locais, a propagação inicial da chikungunya neste grande centro urbano foi limitada e focal em certas áreas, deixando uma elevada proporção da população suscetível a novos surtos. Além disso, identificaram um padrão de agregação espacial das infecções e maior risco de infecção em pessoas que residiam em domicílios onde outra infecção pelo vírus foi detectada. O trabalho apontou a necessidade de investigações adicionais para explicar melhor os fatores que impulsionam a dinâmica de propagação do vírus, incluindo a compreensão das diferenças em relação aos vírus da dengue e da zika, a fim de orientar estratégias de prevenção e controle para lidar com surtos futuros.