Getting your Trinity Audio player ready...
|
O periódico científico JCI Insight publicou, no dia 8 de setembro, um estudo que buscou verificar se a adição da droga pirfenidona, como uma terapia adjuvante, pode trazer benefícios ao tratamento antimicrobiano da tuberculose. Os resultados da pesquisa estão no artigo The antifibrotic drug pirfenidone promotes pulmonary cavitation and drug resistance in a mouse model of chronic tuberculosis. Bruno Andrade, da Fiocruz Bahia, está entre os nomes dos pesquisadores que assinaram o trabalho.
De acordo com os especialistas, a pirfenidona é uma droga antifibrótica recentemente aprovada para o tratamento da fibrose pulmonar idiopática (FPI). Como a tuberculose gera uma inflamação granulomatosa, que destrói o parênquima pulmonar e forma fibroses, os cientistas trabalharam com a hipótese de que as características anti-inflamatórias e antifibróticas da pirfenidona poderiam reduzir os danos da inflamação pulmonar, melhorando a penetração da droga antimicrobiana para acelerar a resposta ao tratamento.
Para investigar essa possibilidade, os pesquisadores avaliaram a eficácia da pirfenidona durante a terapia com drogas antituberculosa, utilizando camundongos C3HeB/FeJ infectados com tuberculose crônica. Este modelo experimental parece ser mais robusto do que o tradicional, pois animais desta espécie desenvolvem granulomas e cavitações pulmonares de maneira mais semelhante à observada em pacientes com tuberculose.
No estudo, os animais receberam tratamento diário, durante 5 a 7 dias por semana. Aqueles que foram tratados com a terapia padrão de drogas foram comparados com 2 esquemas alternativos de tratamento contendo pirfenidona. Os cientistas analisaram, também, a gravidade global da lesão, fibrose, cavitação, carga bacteriana e a resposta imunológica dos animais.
Os resultados demonstraram que, ao contrário da hipótese proposta, a pirfenidona adjuvante reduz a depuração bacteriana, elevando as taxas de recaída/relapso. Foi observado que esta falha está fortemente associada ao surgimento de bacilos resistentes às drogas antimicrobianas, ao aumento da cavitação e a uma patologia pulmonar significativa. O estudo mostra que, apesar dos antifibróticos serem usados como parte da terapia contra a tuberculose, deve haver um cuidado no seu uso. Além disso, os cientistas afirmam que se ampliarem o uso da pirfenidona na prática clínica, será necessário um aumento da monitoração do paciente nas regiões endêmicas de tuberculose.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Johns Hopkins University School of Medicine (EUA), Howard Hughes Medical Institute (EUA), Université des Sciences, des Techniques et des Technologies de Bamako (Mali, África) e a Fundação José Silveira (Salvador – BA).
Clique aqui para acessar o artigo.