Dor articular pós-chikungunya limita atividades diárias e causa sofrimento mental

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Pesquisadores da Fiocruz Bahia investigaram os fatores de risco para artralgia persistente em pacientes com chikungunya e seu impacto nas atividades cotidianas. Os resultados do estudo, realizado com 153 pacientes de Salvador com diagnóstico da doença, apontaram uma elevada frequência de pessoas com dores nas articulações após 3 meses do início da doença (42,5%) e mesmo após um ano e meio (30,7%).

Chama atenção que 93,8% daqueles que permaneceram com dor articular por mais de três meses disseram ter limitações nas atividades diárias, como pentear o cabelo e vestir a roupa, e 61,5% relataram sofrimento mental, como alterações no humor e sinais de depressão.

A pesquisa, coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, foi descrita em artigo publicado no periódico International Journal of Infectious Disease. A artralgia (dor nas articulações) é um dos sintomas mais comuns da infecção por chikungunya durante a fase aguda da doença. Passada a fase inicial, os sintomas podem desaparecer completamente ou evoluir para artralgia contínua, que persistindo por 3 meses ou mais é classificada como crônica. No estudo, o sexo feminino e a idade foram apontados como os maiores fatores de risco para a dor persistente.

Os pesquisadores explicam que a limitação das atividades cotidianas e o sofrimento físico e mental causados pela persistência da dor articular podem levar a ausência do indivíduo do trabalho ou da escola, perda de emprego, observada para 10% dos pacientes que apresentaram dor crônica, e redução da qualidade de vida, gerando impactos no sistema de seguridade social e na economia.

O trabalho também demonstrou que, apesar do impacto da chikungunya na qualidade de vida dos indivíduos, o acesso a cuidados especializados multidisciplinares, como fisioterapia, reumatologia e psicologia, foi baixo dentre os participantes do estudo, provavelmente em decorrência da oferta limitada desses serviços no sistema público de saúde e da impossibilidade de aquisição no atendimento privado.

Diante desses dados, os pesquisadores ressaltam que o desenvolvimento de novas estratégias para mitigar a transmissão da chikungunya e o fornecimento de assistência médica de longo prazo para esses pacientes é urgente.

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