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Em homenagem ao casal de cientistas Sônia e Zilton Andrade, a Fiocruz Bahia realizou na quinta-feira (20), a exibição pública do documentário “Sônia e Zilton: ciência, saúde e amor”, no auditório do Pavilhão Aluízio Prata, na sede da instituição. A exibição foi sucedida por um debate entre os pesquisadores e ex-alunos do casal e atuais pesquisadores da Fiocruz Bahia, Luiz Antonio Rodrigues de Freitas e Mitermayer Galvão dos Reis. O debate contou com mediação da diretora do filme, Ulla Macedo.
“É um filme que rende essa homenagem a dois grandes pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz. Dois pesquisadores de contribuição muito relevante para a Bahia, para o Brasil e para o mundo”, comentou Ulla na abertura do evento. Cientistas renomados nacional e internacionalmente por sua pesquisa na área de patologia das doenças tropicais, Sônia Gumes Andrade e Zilton Araújo de Andrade realizaram importantes descobertas sobre a doença de Chagas.
Os cientistas também foram pesquisadores com grande importância acadêmica na implantação do curso de Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Ampla Associação com a Fiocruz Bahia. Sonia Andrade coordenou o PGPAT, que hoje possui conceito 6, a maior nota da Capes, por 20 anos.
A homenagem tornou-se mais comovente devido ao recente falecimento de Sonia Andrade, no dia 11 de outubro, aos 94 anos. O pesquisador Mitermayer Reis frisou este fato ao falar sobre as emoções que sente ao assistir ao documentário. “Eu vi o filme pela primeira vez e achei maravilhoso. Sempre me emociona e agora me machuca. Estou um pouco mais triste com a perda de Dra. Sonia”, afirmou.
Mitermayer conheceu Zilton Andrade na UFBA. Quando ainda era graduando, seu desejo em realizar pesquisa o levou a buscar os melhores professores disponíveis para orientá-lo. “Quanto mais eu procurava, mais as pessoas o enalteciam. Elas diziam: ‘realmente, o Dr. Zilton é o grande cientista, o nosso cientista’”, recorda. “Eu vi a diferença que pode fazer um professor. Na época pensei que esse era um professor capaz de dar uma aula sobre o mesmo assunto para médicos e também explicar para pessoas na rua”, declara o pesquisador. “Nunca vi ninguém mais didático que o professor Zilton”.
O pesquisador Luiz Freitas refletiu sobre a importância do filme para a instituição. “Acho esse trabalho um marco no sentido de preservação da memória. É um documentário muito vivo e que me toca profundamente. Para a memória da fundação, para a memória da Bahia e do Brasil. Isso é extremamente importante”, avalia Freitas. “Vivemos em um país que preserva pouco a memória. Cultuar a memória é cultuar o lado positivo de um país”.
Antigo aluno do casal de cientistas, Luiz Freitas classifica Sônia e Zilton como dois importantes exemplos de cidadãos. Ele ressaltou ainda a importância do retrato do amor deles como um “amor sem submissão” e reforça o quão progressista eles foram para sua época. “Isso é muito importante. Dra. Sônia teve uma vida científica independente da de Zilton. Ela trilhou a carreira delas, em uma sociedade muito misógina e onde mulheres têm graves dificuldades ainda hoje”.
O documentário teve o apoio do edital interno de Memória Institucional da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). O filme está disponível online, no canal de Youtube da Fiocruz Bahia.