Getting your Trinity Audio player ready...
|
Autoria: Ana Lucia Galvão Sales
Orientação: Deborah B. Mothé Fraga
Título da dissertação: “ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA ESPOROTRICOSE NO MUNICÍPIO DE SALVADOR – BA”
Programa: Pós-Graduação em em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 19/01/2022
Horário: 09h00
Local: Sala virtual do Zoom
RESUMO
Introdução: Apesar de ser uma doença negligenciada, a esporotricose é a micose subcutânea mais frequente no Brasil e uma das mais relevantes para a saúde pública, em especial nas últimas duas décadas. A ocorrência da esporotricose em humanos esteve associada por muito tempo à transmissão sapronótica decorrente da implantação traumática do fungo Sporothrix spp. a partir do ambiente contaminado, principalmente em atividades de jardinagem e horticultura. Porém atualmente tem-se observado sobretudo no Brasil, a emergência da esporotricose zoonótica, tendo o gato como animal mais envolvido nesse ciclo. O agente etiológico da esporotricose é o fungo termodimórfico do gênero Sporothrix. O potencial zoonótico da esporotricose foi reforçado pelo isolamento de Sporothrix spp. nas lesões de gatos. Sua ocorrência já foi registrada nos EUA, México, Peru, Colômbia, Argentina, Paraguai, Malásia, Espanha, Alemanha, Austrália, Japão, Tailândia, Reino Unido e Brasil. A infecção ocorre principalmente por meio de arranhões, mordidas ou contato com o exsudato de lesões cutâneas devido à alta carga de leveduras nos felinos infectados. Objetivo: Descrever a ocorrência e distribuição da esporotricose no município de Salvador – BA nos anos de 2018 e 2019. Método: O estudo foi realizado no município de Salvador, capital do estado da Bahia. Foram incluídos neste estudo animais suspeitos de esporotricose em Salvador oriundos de vigilância passiva e/ou ativa realizadas em 2018 e 2019 pelo Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, captados após a confirmação dos primeiros casos. Os dados clínico-epidemiológicos foram coletados por questionário utilizado pela equipe de médicas veterinárias que realizaram a avaliação dos animais no domicílio dos mesmos. Resultados: Em Salvador, nos anos de 2018 e 2019, ocorreram 1.290 notificações de animais suspeitos para esporotricose, sendo que 87,6% eram da espécie felina, 65,0% dos animais avaliados eram machos, 95,8% não possuíam raça definida (SRD), 53,3% eram adultos, 75,7% não eram castrados, 50,3% eram criados como semi-domiciliados, 86,9% tinham acesso à rua e 83,9% tinham contato com outros animais, por serem criados em conjunto ou por saírem à rua. Das notificações avaliadas nas residências, cerca de 50% foram confirmadas. Os Distritos Sanitários com maior número de casos confirmados nos dois anos foram Boca do Rio, Itapuã, Cabula/Beirú e Subúrbio Ferroviário. Com relação aos casos humanos, observou-se um aumento de 80,6% dos casos entre 2018 e 2019, sendo que mais de 70% das ocorrências foram em mulheres, maiores de 50 anos. No ano de 2018, 51,6% dos casos humanos ocorreram na área de influência das residências com felinos positivos (até 1 Km de raio) e em 2019 esse percentual passou para 82,1% dos registros. Dentre as características avaliadas, gatos jovens e adultos apresentaram maior chance de confirmação do diagnóstico de esporotricose. O contato com outros animais considerados como suspeitos de estarem com esporotricose aumentou a chance de confirmação do diagnóstico. Conclusão: Observou-se com esse trabalho, o aumento e espalhamento dos casos de esporotricose pelo território, além da descrição da população envolvida. As localidades de ocorrência, tanto em animais como humanos apresentaram características similares de deficiências de infraestrutura, além de grande adensamento populacional e hábitos de criação dos animais em comum. A adoção de medidas multidisciplinares visando a abordagem de “Saúde única” devem ser adotadas com agilidade. Palavras chaves: esporotricose, Sporothrix, micose, Distrito Sanitário, Saúde Única.