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Autoria: Julia Bittencourt Cardoso dos Prazeres
Orientação: Sergio Marcos Arruda
Título da dissertação: “Análise comparativa da resposta imune celular em neonatos vacinados com BCG Moreau e BCG Rússia”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 28/02/2020
Horário: 09h
RESUMO
INTRODUÇÃO: A BCG é a única vacina licenciada no mercado para uso contra a tuberculose (TB). No entanto, sua alta eficácia está relacionada somente contra as formas mais graves da doença, enquanto que contra a forma pulmonar é variável de zero a 80%. Variações biológicas entre as diferentes cepas de BCG possam influenciar sua eficácia. No Brasil, a cepa de referência Moreau foi substituída pela cepa Russia em 2017. OBJETIVO: Avaliar a resposta imune celular de neonatos vacinados com BCG Russia e BCG Moreau, assim como verificar a associação entre a cepa utilizada na imunização e a formação de cicatriz vacinal. MÉTODOS: Ensaio clínico não randomizado, realizado na Maternidade Magalhães Netto. Após o nascimento, neonatos saudáveis foram alocados em dois grupos: vacinados com BCG Moreau (Grupo 1: G1) e BCG Russia (Grupo 2: G2), e acompanhados periodicamente após a vacinação. Amostras biológicas foram coletadas em T0 (pré-BCG) e T1 (12 semanas pós-BCG), para realização de ensaios imunológicos in vitro, de quantificação de citocinas em culturas de sangue total na ausência ou presença de antígenos micobacterianos (BCG Moreau, BCG Russia e H37Rv-HK, através de ensaio de citometria por bead. Além disso, o processo de formação de cicatriz também foi avaliado. RESULTADOS: Entre dezembro de 2018 e junho de 2019, 36 neonatos foram incluídos no estudo. Destes, seis (37,5%) foram vacinados com a cepa Moreau (G1) e nove (56,25%) com a cepa Russia (G2). Antes do desafio, G1 apresentou aumento na produção das citocinas IL-2, IL-10 e IL-4. A vacinação estimulou a produção de IL-2 e IFN-γ em ambos os grupos, com aumento de IL-6, TNF e IL-10 após vacinação com BCG Russia. H37Rv não foi capaz de estimular produção de citocinas em nenhum dos dois grupos, com exceção da IL-2, aumentada após a vacinação com BCG Moreau (G1). Em análise comparativa de T0, G1 respondeu melhor ao estímulo com BCG Moreau e H37Rv. O mesmo aconteceu na comparação entre BCG Moreau e BCG Russia, e na resposta específica ao H37Rv. Após a vacinação, BCG Moreau induziu maior resposta inflamatória, com aumento na detecção de IL-6, TNF, IFN-γ e IL-10. BCG Russia estimulou IFN-γ, exclusivamente. A vacinação foi bem tolerada e a lesão apresentou evolução normal. Contudo, foi possível evidenciar uma menor extensão da cicatriz vacinal no grupo vacinado com a cepa Russia. CONCLUSÕES: A resposta imune precoce de G1 pode ter sido influenciada pela exposição materna à TB. Os padrões de citocinas induzidas pelas cepas vacinais BCG Moreau e BCG Russia são complexos, mas semelhantes. Embora ambas as cepas tenham sido associadas ao padrão clássico Th1, somente a cepa Russia estimulou as citocinas inflamatórias IL-6 e TNF, com regulação de IL-10, o que pode estar relacionado com a menor extensão da cicatriz. A imunização com BCG foi bem tolerada e a lesão apresentou evolução normal, com cicatrização em G1 e menor extensão em G2.
Palavras-chave: Vacina BCG, Neonatos, Citocinas.