Dissertação avalia o fluxo sanguíneo cerebral em criança e adolescentes com doença falciforme

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AUTOR: Bartholomew Friday Chukwu
ORIENTADORA: Marilda de Souza Gonçalves
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Velocidade de Fluxo Sanguíneo Cerebral em Criança e Adolescentes com doença Falciforme em Salvador, Bahia”.
PROGRAMA: Mestrado em Patologia Humana (UFBA /Fiocruz)
DATA DE DEFESA: 16/08/2017

RESUMO

Introdução: a doença falciforme (DF) é caracterizada por complicações agudas e crônicas. Entre as agudas podemos citar: episódios álgicos, síndrome torácica aguda (STA), priapismo, crise hemolítica, infecções agudas e acidente vascular cerebral (AVC), sendo este útimo responsavel por complicações a longo prazo. A velocidade do fluxo sanguíneo cerebral elevada é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do AVC. A identificação de pacientes de risco associados a velocidades de fluxo sanguíneos cerebrais anormais é realizada pelo Doppler transcraniano (DTC), exame fundamental à prevenção primária desse evento.

Objetivos: avaliar as velocidades de fluxo sanguíneo cerebral em crianças e adolescentes com DF em Salvador-Bahia, para identificar aqueles com risco alto de AVC, além de correlacionar as velocidades de fluxo cerebral com os perfis clínico e hematológico dos pacientes.

Metodos: o DTC por insonação, utilizando uma sonda de 2 MHZ, foi realizado em crianças de 2 a 16 anos que preencheram os critérios de inclusão no estudo. A saturação de oxigênio e os parâmetros antropométricos foram medidos e os perfis clínico e hematológico foram obtidos dos prontuários de cada paciente.

Resultados: cento e trinta e cinco pacientes foram recrutados para o estudo. A mediana geral da velocidade média máxima (VMMAX) foi de 125cm/s. Pacientes com anemia falciforme (HbSS; AF) apresentaram velocidades significamente mais elevadas (131cm/s) que aqueles com HbSC (107cm/s). Apenas um (0,74%) paciente apresentou a velocidade de fluxo sanguíneo cerebral anormal e 18 (13,33%) apresentaram velocidade de fluxo sanguíneo condicional. As velocidades de fluxo sanguuíneo cerebral correlacionaram-se inversamente com a saturação de oxigênio, concentração de hemoglobina e idade do paciente, e positivamente com a contagem total de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas. A contagem total de leucócitos, neutrófilos, monócitos e a concentração de hemoglobina fetal (HbF), e idade do paciente, apresentaram associação linear com a velocidade do fluxo sanguuíneo cerebral, enquanto outras variáveis foram mantidas constantes. Os pacientes que apresentaram história pregressa de STA e eventos dolorosos recorrentes apresentaram risco aumentado para o desenvolvimento de velocidades de DTC alteradas.

Conclusão: a frequência de velocidade do fluxo sanguíneo cerebral anormal em crianças e adolescentes com DF em Salvador-bahia foi baixa. As crianças mais jovens e aquelas com AF apresentaram, geralmente, velocidades do fluxo sanguíneo cerebral mais elevadas e risco maior para o desenvolvimento de velocidades alteradas. A presença de saturação de oxigênio e concentração de hemoglobina diminuídas e leucometria e contagem de plaquetas elevadas estiveram associadas as velocidades de fluxo sanguíneo cerebral mais elevadas ao serem estimadas pelo DTC.
Palavras chave: doença falciforme; Doppler transcraniano; crianças; adolescentes; Salvador.

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