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Estudante: Thayná Torres Gonzalez
Orientação: Tiago Gräf
Coorientação: Luciane Amorim Santos
Título da dissertação: “AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE MUTAÇÕES DE RESISTÊNCIA EM PACIENTES VIVENDO COM HIV E EM TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL, AMOSTRADOS PELA REDE NACIONAL DE GENOTIPAGEM DO BRASIL (RENAGENO)”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 24/02/2025
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 889 2041 0636
Senha: thayna
Resumo
INTRODUÇÃO: Uma estratégia notável para o manejo da infecção pelo HIV é a terapia antirretroviral (TARV). No entanto, uma barreira significativa para o sucesso da TARV é o surgimento de mutações de resistência aos medicamentos (DRMs), que podem ser monitoradas por meio de testes de genotipagem que sequenciam o genoma do vírus em busca dessas mutações. O Brasil representa uma região epidêmica importante do HIV e possui um dos maiores programas públicos de TARV do mundo. OBJETIVO: Esse estudo tem como objetivo analisar a dinâmica da frequência das DRMs ao longo de 10 anos do serviço público de genotipagem no Brasil e entender fatores populacionais, virais e políticas públicas que possam impactar o surgimento dessas mutações. MATERIAL E MÉTODOS: Analisamos 43.480 sequências parciais do gene pol do HIV de indivíduos em tratamento, amostrados entre 2008 e 2017 em todas as regiões do país. As mutações foram identificadas utilizando a ferramenta Stanford HIVdb Program, e os dados resultantes foram analisados no software R. Uma análise de regressão logística foi realizada para estimar a razão de chances (OR, do inglês odds ratio) de ocorrência de DRMs considerando fatores sociodemográficos, subtipos virais e esquema terapêutico vigente no ano de coleta relacionados a cada sequência analisada. RESULTADOS: Do conjunto de dados avaliado, 82,9% das sequencias apresentaram pelo menos uma DRM e 65,5% apresentaram resistência a múltiplas classes de medicamentos. Nosso modelo de regressão logística revelou que mulheres, indivíduos mais jovens, de maior escolaridade e com subtipos não-B e não-F1 possuem menor OR de apresentar DRM. Além disso, moradores das regiões Norte e Nordeste e que usavam o esquema de TARV vigente antes de 2013, apresentaram OR maior de ocorrência de DRMs. Foi observada uma redução geral na frequência das DRMs ao longo dos anos para todas as classes de antirretrovirais, com algumas mutações apresentando quedas mais expressivas, como a M184V, relacionada a inibidores da transcriptase reversa nucleosídicos (NRTIs) e mutações relacionadas aos inibidores de protease (PIs). No sentido oposto, observamos o aumento das mutações K65R e S68G relacionadas aos NRTIs. De forma geral, as DRMs possuem uma dinâmica temporal similar nos subtipos B, C e F1, com exceção de algumas mutações de menor frequência. CONCLUSÕES: Os resultados observados aqui refletem as atualizações nas diretrizes TARV ao longo dos anos e destacam os benefícios dos novos protocolos de tratamento na redução da frequência geral das DRMs. Ao mesmo tempo, nosso trabalho ressalta a necessidade de monitoramento constante de mutações específicas que podem surgir a partir da introdução de novos fármacos e podem afetar a eficácia da TARV. Por fim, revelamos uma assimetria de ocorrência de DRMs em alguns grupos populacionais e regiões do Brasil, fornecendo informações para o aperfeiçoamento das políticas de TARV, visando uma melhor aderência e acompanhamento desses grupos.