Desempenho de testes comerciais para Covid-19 variam com momento da infecção, aponta estudo

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Uma pesquisa foi realizada para avaliar o desempenho de testes sorológicos comerciais para diagnóstico do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Coordenado por Fred Luciano Santos, pesquisador da Fiocruz Bahia, os resultados foram publicados em artigo no periódico IJID Regions e podem ser acessados aqui.

Durante a pandemia de Covid-19, as rápidas mudanças no cenário pandêmico e as limitações no diagnóstico in vitro levaram à introdução de numerosos dispositivos de diagnóstico com desempenhos variáveis. Por isso, o trabalho avaliou três testes comerciais no Brasil para detecção de anticorpos contra a Covid-19. Os kits avaliados foram: GOLD ELISA COVID-19 IgG + IgM, Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM ELISA e o Anti-SARS-CoV -2 NCP IgG ELISA.

Para o estudo, foram coletadas 90 amostras de soro de doadores de sangue negativos e 352 de pacientes não vacinados positivos para Covid-19, atendidos em dois hospitais de Salvador e região, entre março e outubro de 2020. De acordo com as análises, os três kits distinguiram eficientemente entre amostras negativas e positivas, mas o desempenho variou dependendo do momento da infecção.

O GOLD ELISA COVID-19 IgG + IgM demonstrou a maior sensibilidade, que é a capacidade de identificar os casos da doença, e especificidade, capacidade de identificar indivíduos sem a doença, com valores de 98,9%. O ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgG demonstrou menor sensibilidade, mas teve especificidade de 100%. Já o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM exibiu menor sensibilidade, particularmente em amostras coletadas logo após resultados positivos por RT-PCR. O desempenho desses testes melhorou após 15 dias do início dos sintomas, mas na primeira semana, tanto o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM quanto o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgG tiveram dificuldade para diferenciar amostras positivas e negativas.

Os resultados reforçam a importância de considerar o teste sorológico adequado para o período específico da infecção. Os pesquisadores destacam as limitações encontradas, como a ausência de amostras de outras infecções respiratórias e a utilização de soros de indivíduos ambulatoriais. Futuras investigações devem focar na validação desses ensaios em grupos demográficos variados, incluindo aqueles vacinados com diferentes vacinas contra a Covid-19, para delinear melhor a sua utilidade em contextos clínicos.

Texto: Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins.

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