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Telessaúde é o uso de tecnologias de informação e comunicação para fornecer serviços de saúde à distância. Essa estratégia foi amplamente utilizada durante a pandemia de COVID-19 na detecção de novos casos, orientação dos pacientes e foi especialmente importante em períodos de escassez de profissionais de saúde e de equipamentos de proteção individual. A telessaúde, para assistência, reduz o deslocamento e pode facilitar o acesso de populações residente em áreas remotas. Será que a telessaúde também seria útil para a vigilância de doenças?
Para responder essa pergunta, pesquisadores compararam os dados de um serviço estadual de telessaúde com as notificações de COVID-19 nos primeiros quatro meses da pandemia na Bahia. Os dados de telessaúde eram do projeto Telecoronavírus, que oferecia, por telefone e gratuitamente, orientação para pessoas com sintomas da doença ao mesmo tempo que coletava de forma sistemática as informações clínicas. Os pesquisadores verificaram que esse conjunto de dados poderia ser usado para prever a propagação geográfica de novos casos de COVID-19 e alimentar modelos matemáticos de propagação de doenças. O artigo foi publicado na revista JMIR Public Health and Surveillance.
Análise e resultados
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Viviane Boaventura, que participou da coordenação do Telecoronavirus e da equipe que conduziu o estudo, salientou que para 181 (43%) dos 417 municípios da Bahia, a primeira ligação relatando sintomas de COVID-19 precedeu a primeira notificação da doença. As ligações antecederam, em média, 30 dias da notificação da COVID-19 nos municípios do estado da Bahia. Além disso, para a capital Salvador, os dados obtidos pelo serviço de telessaúde, quando aplicados em um modelo matemático que simula as curvas de infecção acumuladas, reproduziram efetivamente a propagação da COVID-19 no município.
Os autores concluem que os dados dos serviços de telessaúde e tecnologias digitais de saúde devem ser usadas para monitoramento da propagação de outras doenças emergentes e reemergentes. Considerando a contínua expansão da telessaúde e telemedicina, a disponibilização de tais dados pode contribuir como ferramenta de vigilância epidemiológica moderna.