A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Clarissa Araújo Gurgel Rocha, em conjunto com estudiosos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do A.C Camargo Cancer Center (São Paulo), realizou um estudo publicado no Journal of Oral Pathology & Medicine, que teve como objetivo avaliar a expressão do fator de crescimento endotelial vascular A (VEGFA, na sigla em inglês) e sua proteína em carcinoma escamocelular oral e margens neoplásicas histologicamente livres de tumor, bem como caracterizar a expressão desta molécula no estroma tumoral.
O câncer de boca acomete, principalmente, homens que fazem uso exagerado de cigarro e/ou álcool, com idade entre 50-60 anos. Quando diagnosticados tardiamente, a mortalidade deste tipo de câncer é alta e, geralmente, a sobrevida é inferior a 50%, em cinco anos. O fator de crescimento endotelial vascular A é um regulador positivo da angiogênese e participa da regulação da proliferação, migração e diferenciação de células endoteliais, sendo produzido por células tumorais e estromais.
Conforme descrito no artigo Elevated VEGFA mRNA levels in oral squamous cell carcinomas and tumor margins: a preliminary study, o trabalho foi realizado através da análise dos níveis de expressão do gene VEGFA em amostras de carcinoma escamocelular criopreservados, margem adjacente ao tumor e mucosa não tumoral de pacientes saudáveis. Em adição, foi realizado o estudo da expressão imuno-histoquímico desta proteína.
Os resultados mostraram maiores níveis de expressão do gene VEGFA em carcinomas escamocelulares de estágio clínico III e IV (mais agressivos) e, de forma pioneira, uma maior expressão deste gene, em margens histologicamente livres de tumor. Apoiados nos resultados, os pesquisadores concluíram que maiores níveis de expressão de VEGFA apontam para tumores mais agressivos e que as margens neoplásicas livres de células tumorais podem estar relacionadas com a produção de moléculas angiogênicas que favorecem a progressão tumoral.
Clique aqui para ler o artigo completo, publicado em fevereiro de 2016.
Com o objetivo de investigar os efeitos da fisalina F em células mononucleares do sangue periférico de indivíduos (PBMC, na sigla em inglês) com mielopatia associada ao vírus HTLV-1, as pesquisadoras Maria Fernanda Grassi e Milena Botelho Pereira Soares, da Fiocruz Bahia, lideraram um estudo cujos resultados foram descritos no artigo Physalin F, a seco-steroid from Physalis angulata L., has immunosuppressive activity in peripheral blood mononuclear cells from patients with HTLV1-associated myelopathy, publicado no periódico científico Biomedicine & Pharmacotherapy.
O HTLV-1 atinge entre 5-10 milhões de pessoas, principalmente na América Latina, Caribe, África do Sul e Central e Japão. O vírus é o agente etiológico de duas doenças graves: a leucemia e linfoma de células-T adultas e a mielopatia (ou paraparesia espástica tropical), uma doença neurológica progressiva que ocorre em menos de 5% de indivíduos infectados com o vírus.
Neste estudo, aprovado pela abordagem de pesquisa Institucional da Fundação Oswaldo Cruz, foram analisadas amostras de sangue venoso de 21 indivíduos infectados com HTLV-1 e com diagnóstico de mielopatia. As amostras foram rastreadas para anticorpos HTLV-1/2. O grupo avaliado abrangeu 14 mulheres e 7 homens, com uma média de idade de 61 anos.
Os resultados mostraram que o tratamento com fisalina F aumentou a população apoptótica de PBMC em indivíduos com mielopatia. A análise da transmissão de microscopia eletrônica de PBMC mostrou que a fisalina F induz alterações ultra-estruturais, tais como núcleos picnóticos, mitocôndrias danificadas, formação de vacúolo autofágica melhorada, e a presença de figuras do tipo mielina.
Neste contexto, os pesquisadores concluíram que a fisalina F, além de induz a apoptose de PBMC, implica na diminuição da proliferação e produção de citocinas espontânea causada por infecção por HTLV-1.
O estudo é fruto de parceria com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Escola Bahiana de Medicina. Além das coordenadoras, estão dentre os pesquisadores da Fiocruz Bahia envolvidos no trabalho Lorena A. Pinto, Cássio S. Meira, Cristiane F. Villarreal, Marcos A. Vannier e Bernardo Galvão-Castro. Clique aquipara acessar o artigo completo, publicado em janeiro de 2016.
Estudo coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Cláudia Brodskyn, avalia a associação de alguns biomarcadores com a manifestação clínica da leishmaniose visceral canina (LVC). O fruto dessa pesquisa é o artigo Circulating Biomarkers of Immune Activation, Oxidative Stress and Inflammation Characterize Severe Canine Visceral Leishmaniasis, publicado no periódico online Scientific Reports (Nature), em 6 de setembro.
A leishmaniose visceral é uma doença causada pelo protozoário parasita Leishmania infantum, transmitido aos seres humanos e animais através da picada do flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, o mosquito-palha. Os cães são considerados o principal reservatório urbano do parasita e sua presença na área endêmica é um fator de risco para a ocorrência da leishmaniose visceral humana.
Neste estudo, os pesquisadores utilizaram amostras de soro de 70 cães do município de Camaçari – considerada uma área endêmica de leishmaniose visceral e LVC – com diferentes manifestações clínicas da doença. Foram avaliados, simultaneamente, os biomarcadores de inflamação, ativação imune, estresse oxidativo e as concentrações de imunoglobulina G (IgG) de saliva anti-flebotomíneo, a fim de caracterizar uma bioassinatura associada à gravidade da LCV.
Os resultados demonstraram que a avaliação da expressão dos biomarcadores identificou uma bioassinatura distinta que poderia agrupar separadamente os grupos de animais com escores clínicos diferentes. Foi observado que os cães com os maiores escores clínicos também apresentaram altas cargas parasitárias e concentrações elevadas de anticorpos anti-saliva.
De acordo com os pesquisadores, os resultados sugerem que a gravidade clínica de LCV é fortemente associada a um perfil inflamatório distinto, caracterizado por uma expressão diferencial de eicosanóides e quimiocinas circulantes. Os cientistas afirmam que a caracterização da gravidade da doença é essencial para evitar a propagação da infecção, já que os animais sintomáticos são melhores disseminadores de parasitas em áreas endêmicas.
O estudo foi realizado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia Manuela Solcà, Bruno Andrade, Melissa Abbehusen, Ricardo Khouri, Deborah Fraga, Valeria Borges, Patrícia Veras, em parceria com pesquisadores da Fiocruz Piauí, Bio-Manguinhos (Fiocruz/ RJ) e National Institutes of Health (EUA).
O periódico científico JCI Insight publicou, no dia 8 de setembro, um estudo que buscou verificar se a adição da droga pirfenidona, como uma terapia adjuvante, pode trazer benefícios ao tratamento antimicrobiano da tuberculose. Os resultados da pesquisa estão no artigo The antifibrotic drug pirfenidone promotes pulmonary cavitation and drug resistance in a mouse model of chronic tuberculosis. Bruno Andrade, da Fiocruz Bahia, está entre os nomes dos pesquisadores que assinaram o trabalho.
De acordo com os especialistas, a pirfenidona é uma droga antifibrótica recentemente aprovada para o tratamento da fibrose pulmonar idiopática (FPI). Como a tuberculose gera uma inflamação granulomatosa, que destrói o parênquima pulmonar e forma fibroses, os cientistas trabalharam com a hipótese de que as características anti-inflamatórias e antifibróticas da pirfenidona poderiam reduzir os danos da inflamação pulmonar, melhorando a penetração da droga antimicrobiana para acelerar a resposta ao tratamento.
Para investigar essa possibilidade, os pesquisadores avaliaram a eficácia da pirfenidona durante a terapia com drogas antituberculosa, utilizando camundongos C3HeB/FeJ infectados com tuberculose crônica. Este modelo experimental parece ser mais robusto do que o tradicional, pois animais desta espécie desenvolvem granulomas e cavitações pulmonares de maneira mais semelhante à observada em pacientes com tuberculose.
No estudo, os animais receberam tratamento diário, durante 5 a 7 dias por semana. Aqueles que foram tratados com a terapia padrão de drogas foram comparados com 2 esquemas alternativos de tratamento contendo pirfenidona. Os cientistas analisaram, também, a gravidade global da lesão, fibrose, cavitação, carga bacteriana e a resposta imunológica dos animais.
Os resultados demonstraram que, ao contrário da hipótese proposta, a pirfenidona adjuvante reduz a depuração bacteriana, elevando as taxas de recaída/relapso. Foi observado que esta falha está fortemente associada ao surgimento de bacilos resistentes às drogas antimicrobianas, ao aumento da cavitação e a uma patologia pulmonar significativa. O estudo mostra que, apesar dos antifibróticos serem usados como parte da terapia contra a tuberculose, deve haver um cuidado no seu uso. Além disso, os cientistas afirmam que se ampliarem o uso da pirfenidona na prática clínica, será necessário um aumento da monitoração do paciente nas regiões endêmicas de tuberculose.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Johns Hopkins University School of Medicine (EUA), Howard Hughes Medical Institute (EUA), Université des Sciences, des Techniques et des Technologies de Bamako (Mali, África) e a Fundação José Silveira (Salvador – BA).
Publicado no periódico científico Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology (BCPT), o trabalho intitulado Antitumour Activity of the Microencapsulation of Annona vepretorum Essential Oil, investigou o potencial antitumoral de planta nativa da Caatinga, popularmente conhecida por “bruteira”. Coordenado por Daniel Bezerra, pesquisador da Fiocruz Bahia, o estudo demonstrou que o óleo essencial a base da planta de nome científico Annona vepretorum, tem propriedades inibitórias no crescimento de tumores.
Com aplicações nutricionais e medicinais conhecidas, a planta já era utilizada para tratar picadas de cobra, infecções bacterianas e inflamações diversas. Devido a sua composição química e propriedades terapêuticas, a equipe decidiu investigar a citotoxicidade de propriedades da planta em tumores.
Para obter o óleo essencial, os pesquisadores hidrodestilaram folhas de Annona vepretorum. Ao inocular o óleo em camundongos com melanoma, constatou-se uma inibição do crescimento das células cancerígenas, efeito atribuído à presença da substância espatulenol.
Além disso, provou-se que o óleo essencial da Annona vepretorum, quando microencapsulada com β-ciclodextrina, tem seu efeito antitumoral aumentado. De acordo com os especialistas, esses achados são de extrema relevância para futuros estudos que visem encontrar alternativas para o tratamento de células cancerígenas.
A pesquisa foi realizada através de parceria entre Fiocruz Bahia, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Sergipe, Hospital São Rafael, Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste e a Universidade Federal de Manaus.
Clique aqui para ler na íntegra o artigo publicado em outubro de 2015
Fulvio Reggiori (1970) studied Biochemistry at University of Fribourg, Switzerland, and in 1997, he obtained his PhD in Biochemistry from the same Institution. Here, in the laboratory of Prof. Andreas Conzelmann, he has worked on the remodeling of the lipid moiety of GPI-anchored proteins and on sphingolipid biosynthesis in yeastSaccharomyces cerevisiae.
After staying one additional year in the same laboratory as a postodoctoral fellow, in 1998, he moved to the MRC Laboratory of Molecular Biology in Cambridge, United Kingdom. There, in the laboratory of Dr. Hugh Pelham, he has investigated the signals targeting integral membrane proteins into the internal vesicles of multivesicular bodies. He characterized ubiquitin-dependent and independent signals, and identified one of the ubiquitin ligases specifically involved in this pathway.
In 2001, he joined the laboratory of Prof. Daniel Klionsky at the Life Sciences Institute of the Michigan University of Michigan in Ann Arbor (USA). There, he started working on different aspects of the molecular mechanism of autophagy in yeast. In particular, he first described the dynamic trafficking of Atg9 and show the involvement in this process of proteins such as Atg1, Atg2, Atg13 and Atg18, and phosphatidylinositol-3-phosphate.
In 2005, Fulvio Reggiori became a tenured Assistant Professor at the Department of Cell Biology of the University Medical Center Utrecht, where he is working on the molecular mechanism and regulation of autophagy using yeastSaccharomyces cerevisiae as a model organism. The laboratory interests are also on pathogens that subvert autophagy to invade and replicate in host cells and a particular research focus has been coronaviruses. Since September 2011, he is an Associate professor at the same Institution.
A coordenação do curso de Tópicos Avançados em Imunologia divulga o resultado da seleção dos inscritos. As aulas iniciam em 19 de setembro e finalizam no dia 23.
Foram oferecidas 100 vagas para as aulas teóricas (palestras dos pesquisadores convidados), sendo 30 vagas destinadas para estudantes da Pós-Graduação em Patologia da (Fiocruz/UFBA) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (Fiocruz Bahia), para os quais o curso será oferecido formalmente como disciplina optativa. As outras 70 vagas foram destinadas a estudantes de outros cursos de pós-graduação e pesquisadores interessados.
Realizado a partir da análise de amostras de soro de 73 pacientes, o estudo de coorte coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Andrade, demonstrou que a carga de Mycobacterium tuberculosis, bactéria causadora da tuberculose, presente no escarro está diretamente associada uma assinatura biológica de inflamação sistêmica, que por sua vez impacta o perfil imunológico e a evolução das lesões pulmonares avaliadas por estudos radiográficos.
Os resultados da pesquisa estão no artigo intitulado Associations between systemic inflammation, mycobacterial loads in sputum and radiological improvement after treatment initiation in pulmonary TB patients from Brazil: a prospective cohort study, publicado pelo BMC Infectious Diseases, no dia 5 de agosto.
No trabalho, os cientistas demonstraram que a carga bacteriana elevada presente em culturas de escarro obtidas durante o pré-tratamento, estava associada com o aumento da inflamação sistêmica e com um risco elevado de diagnóstico positivo para culturas de M. tuberculosis positivas no 60º dia do início do tratamento. Também foi observado que a carga de micobactérias no escarro antes do tratamento e a inflamação sistêmica estão associadas ao status das lesões radiográficas durante o tratamento.
Para chegar a estas conclusões, a equipe de pesquisadores traçou o perfil imunológico, microbiano e da evolução das lesões radiográficas de tuberculose em pacientes com idade entre 18 e 60 anos, antes e 60 dias após o início do tratamento anti-tuberculose. Mediram os níveis de citocinas, proteína C-reativa (PCR) e os valores da taxa de sedimentação de glóbulos vermelhos e compararam as mudanças observadas no perfil imunológico ao longo do tempo com as cargas de micobactérias em culturas de escarro no 60° dia de tratamento.
O estudo identificou biomarcadores que podem ser usados, para além da avaliação clínica dos pacientes com tuberculose, no acompanhamento da evolução de lesões pulmonares após o início do tratamento. De acordo com os pesquisadores, a compreensão dos mecanismos inflamatórios associados aos resultados do tratamento de tuberculose pulmonar pode levar a novas propostas terapêuticas para a diminuição da carga da doença.
A pesquisa é fruto de parceria da Fiocruz Bahia com a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, a Fundação José Silveira (Salvador), Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC- Salvador), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (Fiocruz/RJ) e a equipe da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose.
A poesia de Xu Lizhi, do setor de produção da empresa chinesa Foxconn, que se suicidou em 2014 atirando-se do prédio onde trabalhava, chamou a atenção de publicações como Washington Post, Bloomberg Businessweek e Business Insider, e revelou ao mundo o sofrimento dos jovens e trabalhadores chineses. Mas, não são só eles, o problema mundial do suicídio afeta pessoas de diferentes etnias, idades, gêneros. Humanos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo ocorrem, anualmente, 804 mil mortes causadas por suicídio, representando 11,4 mortes por cada 100 mil habitantes. Os principais métodos utilizados são o envenenamento, o enforcamento e o uso de armas de fogo, gerando uma morte a cada 40 segundos.
A baixa renda, a falta de política de prevenção, o não controle de armas de fogo são alguns indicadores que fazem com que 75% dos casos sejam em países em que a renda de maior parte da população é considerada baixa ou média. No ranking mundial, a Índia lidera com 258 mil óbitos por ano, seguida da China (120,7 mil), EUA (43 mil) e Rússia (31 mil).
Nos dados extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, é possível ver porque o Brasil é o oitavo na lista da OMS. De 2012 a 2014, temos 31.507 casos de suicídio no país. Na tabela abaixo, é possível ver, por faixa etária, os números que mostram que se não há um aumento expressivo, também não há um recuo forte nas taxas.
De qualquer forma, é importante ressaltar que o suicído é uma das causas externas de violência que, atrás dos acidentes de trânsito e homicídios, vêm tirando a vida de muitas pessoas, principalmente os jovens.
Dor e Preconceito
Trecho do documentário “Suicídio no Brasil”, produzido pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz
Para muitos, o suicidio é considerado “maldito”, “perigoso”, “contagioso”, “doloroso” – a incompreensão, a intolerância, o medo e o preconceito em falar sobre o assunto dificultam uma abordagem serena sobre o tema e muitas vezes até o atendimento a quem está sofrendo. Para a coordenadora da Comissão CVV-Comunidade, do Centro de Valorização da Vida – CVV, no Rio de Janeiro, Maria das Graças Araujo, quem liga em busca de ajuda quer ser ouvido – “qualquer pessoa que necessite falar, será ouvida. Não importa o sexo, a idade ou o nível sócio-econômico”, afirma. Há 54 anos, CVV trabalha com prevenção ao suicídio. Os mais de um milhão de pedidos de ajuda que chegam por ano ao Centro são acolhidos por telefone (141), chat, skype, e-mail e até carta no plantão de 24 horas diárias. Dois mil voluntários se revezam em 72 postos espalhados por 18 estados e o Distrito Federal.
O sigilo com que trabalham os voluntários explica a ausência de estatísticas do CVV, que recebe o maior número de ligações durante a madrugada. “Não há câmeras no skype ou bina nos telefones”, garante Maria das Graças, “o sigilo é uma questão de confiança. Não perguntamos nada”, afirma.
O trabalho desenvolvido pela instituição é reconhecido, tanto é que o CVV participou ativamente da elaboração da Política Nacional de Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde. A Política inclui os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que são cerca 2.128 unidades espalhadas pelo território nacional, para realizar assistência especializada e tem capacidade de 43 milhões de atendimentos anuais.
Tentativas muitas
Pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan/MS, no período de 2009 a 2014 foram notificados um total de 73.790 casos de lesões autoprovocadas compreendidas como tentativa de suicídio no País, sendo que 2.519 (6,3%) notificados em 2009 e 21.633 (10%) em 2014, o que equivale a uma variação relativa de 59,2%. Os dados publicados pelo Mapa da Violência 2014 fazem um comparativo entre as notificações de violência, como homicídios e acidentes de trânsito, e os casos de suicídio, considerado também como uma violência. Confira na tabela abaixo:
Conforme dados de diversas fontes, para cada suicídio efetivado, entre 40 e 60 tentativas ocorrem em todo o mundo. “De acordo com o último Mapa da Violência no Brasil, de 2014, diariamente, no Brasil, 32 pessoas se matam por dia, uma a cada 45 minutos, e isso é muito grave”, alerta Maria das Graças Araujo. “Segundo a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), 17% dos brasileiros pensaram seriamente em cometer suicídio no decorrer de suas vidas”, destaca a coordenadora do CVV.
Para compreender melhor o que isto representa, veja a relação entre o número de tentativas e a efetivação do suicídio no infográfico abaixo. É importante observar que, em 2011, houve uma mudança na Declaração de Óbito, com maior detalhamento das informações coletadas (veja o documento sobre a Consolidação da Base de Dados de 2011, do SIM/MS, feita pela Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica – CGIAE.
Quem tenta suicídio pede ajuda, ao contrário do que diz o mito. O Brasil alcançou o triste posto de país da América Latina com maior número de suicidas. É preciso falar sobre isso”, enfatiza a coordenadora do CVV. O psiquiatra e professor de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp), Neury Botega, concorda e também defende a necessidade de se desmistificar o tema para evitar novos casos:
Setembro Amarelo
Uma das formas de lutar pela prevenção é o movimento mundial “Setembro amarelo”, campanha da OMS que estimula a prevenção ao suicídio vinculada ao dia 10 do mês, no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O objetivo da campanha é colocar na mesa o debate sobre um assunto ainda hoje considerado tabu para os brasileiros.
No Brasil, o CVV apoia a campanha da OMS, que visa dar apoio às iniciativas de ajuda a pessoas que já tentaram alguma vez tirar a própria vida e, “por isso, fazem parte de um grupo maior de risco”. Segundo a OMS, a meta é, até 2020, reduzir em 10% a taxa de suicídio.
Diante desse quadro preocupante, a Fiocruz entra na campanha iluminando, desde 1º de setembro, o Castelo Mourisco com a cor amarela. Para o psiquiatra e psicanalista Carlos Estellita-Lins, pesquisador do Icict e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção ao Suicídio – PesqSUI/Licts/Icict, “a Fundação, seguindo outras iniciativas de prevenção e recomendações da OMS, entende que é preciso colocar a prevenção do suicídio na agenda de saúde mental e saúde pública brasileiras, observando cuidados imprenscindíveis com jornalismo responsável, arquitetura segura, transporte cidadão”, afirma.
Com esta matéria, o Icict inicia a sua colaboração para debater o tema com a série “Não há lirismo no suicídio”, que mostrará que o suicídio acontece em diferentes faixas etárias, que ser indígena no Brasil também pode significar sofrimento que leva à morte e a questão da prevenção.
Acesse também o especial “Suicídio”, da Agência Fiocruz de Notícias, aqui.
Créditos da série “Não há lirismo no suicídio”: Infográficos e produção fotográfica: Vera Lúcia Fernandes de Pinho (Ascom/Icict/Fiocruz)
Edição de vídeo e fotografias: Graça Portela (Ascom/Icict/Fiocruz)
Apoio: Raíza Tourinho (Ascom/Icict/Fiocruz) e João Paulo Cofir (Secretaria/Biblioteca de Manguinhos/Fiocruz)
Colaboração: Rosany Bochner (Sinitox/Fiocruz)
Foto & arte Castelo Mourisco: Peter Ilicciev (CCS/Fiocruz)
Com o objetivo de preparar os alunos para as análises estatísticas que possivelmente irão encontrar no campo da pesquisa em saúde, o curso Biostatistics for Health Research – An introduction to Statistical Analysis está com as inscrições abertas. O público-alvo são doutores e alunos de doutorado e mestrado com projetos envolvendo dados de epidemiologia. Os interessados em participar devem ter fluência em inglês, já que todas as atividades serão realizadas neste idioma, e podem se inscrever até o dia 01 novembro, através de formulário no site do curso.
As aulas acontecem nas dependências da Fiocruz Bahia, de 08 de novembro à 08 de dezembro, às terças e quintas-feiras, das 16:30 às 18:00, e estão organizadas em palestras, com aprendizagem baseada em problemas através de auto-estudo e exemplos de análise de dados simples, usando o pacote de software estatístico STATA.
Na conclusão do curso, espera-se que os alunos sejam capazes de entender os principais conceitos e teorias de métodos de bioestatística aplicados na pesquisa em saúde para traduzir questões de pesquisa e resolver problemas de bioestatística simples usando o STATA, além de interpretar os resultados.
Acontece, no dia 13 de setembro (terça-feira), a exibição do filme A Loucura Entre Nós, às 9h30, no auditório principal da Fiocruz Bahia. O filme, dirigido por Fernanda Fontes Vareille, foi inspirado no livro homônimo do médico psiquiatra Marcelo Veras, que ao final da exibição conversará com o público sobre a temática apresentada. O evento, promovido pela Rede Diálogos, é gratuito e aberto ao público.
Com 76 minutos de duração, o documentário reflete sobre as fronteiras do que é considerado “normal” ao dar voz a pessoas que lutam para resgatar suas conexões sociais após experiências no hospital psiquiátrico.
A Rede Diálogos é um projeto que visa o desenvolvimento integral do servidor, o estímulo do diálogo e a promoção de ações para a melhoria das relações no trabalho e conscientização das pessoas sobre o seu papel na construção de um ambiente de trabalho mais saudável.
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade Educacional de Machado e graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (1984), mestrado em Genética pela Purdue University (1987), doutorado em Genética Molecular pela Purdue University (1990), pós-doutorado em Patologia Molecular Médica pela Virginia Commonwealth University (1999) e pós-doutorado em Microbiologia Médica e Imunologia pela University of California Davis (2010), onde também foi professor visitante (2010-2012). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Uberlândia (desde 1992) e Professor Adjunto do Depto. de Microbiologia Médica e Imunologia da Universidade da Califórnia-Davis, EUA (desde 2013). Tem experiência nas áreas de Biologia Molecular e Nanotecnologia, com aplicações para a saúde humana e animal. É coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanobiotecnologia, um núcleo de excelência que engloba 14 Instituições Federais, 29 Laboratórios, 12 instituições estrangeiras e 11 empresas, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES e FINEP. Participa das seguintes redes de pesquisas: Rede Brasileira de Pesquisas sobre o Câncer, Rede Mineira de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária, Rede Mineira de Genomas, Rede de Pesquisas sobre a Dengue, Rede de Pesquisa em Doenças Infecciosas Humanas e Animais no Estado de Minas Gerais e Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatoses Sanitárias. É bolsista PQ-1B do CNPq, atuou como membro dos Comitês Assessores Multidisciplinar e da Presidência do CNPq e do Comitê Assessor do CT-INFRA da FINEP. Suas linhas de pesquisas compreendem o desenvolvimento de novas moléculas bioativas por meio de tecnologias combinatórias com aplicações diagnósticas e terapêuticas e o desenvolvimento de plataformas nanobiotecnológicas para o aprimoramento de sensores biológicos e sistemas terapêuticos para o controle de doenças humanas, animais e vegetais.
Um estudo realizado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Milena Soares, publicado na revista Medical Physics, descreve métodos para alcançar uma qualidade consistente da imagem em tomografia oncológica por emissão de pósitrons computadorizada (PET/TC), através do uso de do radiofármaco fluordesoxiglicose (18F-FDG).
O artigo Optimization of oncological 18F-FDG PET/CT imaging based on a multiparameter analysis delineia um método analítico e individualizado para alcançar uma qualidade de imagem sempre homogênea em PET, pois o aumento da quantidade de ruído nas imagens pode influenciar na acurácia diagnóstica. Desta forma, a pesquisa fornece descrições das técnicas para obtenção de resultados qualificados e de forma individualizada.
No estudo, uma menor variabilidade da qualidade das imagens de tomografia oncológica em uma máquina de alta performance foi obtida a partir da análise das relações existentes entre a quantidade de medicamento, características individuais de cada paciente e tempo de aquisição das imagens. A metodologia proposta na pesquisa pode ser usada por centros de PET/TC para padronizar protocolos, uniformizar os resultados, gerindo melhor o paciente, realizando operações de baixo custo e com menor exposição à radiação.
Para a obtenção dos resultados, foram analisados dados oncológicos de varredura das tomografias computadorizadas de 58 indivíduos, obtendo-se 696 imagens, a fim de atingir curvas analíticas que revelassem a qualidade da imagem. Os pesquisadores alcançaram melhores resultados (baixo nível de ruídos) mantendo doses de radiação 18F-FDG as mais baixas possíveis, com variações de acordo à massa corporal dos pacientes.
O estudo é um trabalho de tese de doutorado de Vinícius de Oliveira Menezes, pelo programa da RENORBIO, e contou com a participação de pesquisadores do Hospital São Rafael (Salvador-BA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (Maceió-AL), Yale University School of Medicine (EUA), University of Pisa (Itália) e Fundación Centro Diagnóstico Nuclear (Argentina).
Clique aqui para ler o artigo completo, publicado em fevereiro de 2016.
No artigo Glucose Metabolism Disorder Is Associated with Pulmonary Tuberculosis in Individuals with Respiratory Symptoms from Brazil, publicado no periódico científico Plos One, os especialistas descrevem como constataram que pacientes que possuem distúrbios do metabolismo da glicose, como o pré-diabetes e o diabetes mellitus têm maior fator de risco para contrair tuberculose pulmonar.
Em contextos de alta endemicidade, onde as duas doenças são altamente prevalentes, a associação entre diabetes mellitus e tuberculose pulmonar já havia sido comprovada, contudo, a associação entre esta infecção e o pré-diabetes (desordem metabólica da glicose) permanecia desconhecida. Sem esse conhecimento, a determinação dos grupos de risco da doença era dificultada e até imprecisa.
Liderada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Andrade, a equipe de pesquisadores mediu o índice glicêmico de 892 indivíduos que apresentavam sintomas pulmonares compatíveis com tuberculose, em um centro de referência no tratamento da doença. Após analisarem os dados coletados, juntamente com o histórico de cada paciente, foi possível concluir que aqueles com pré-diabetes possuíam maior risco de estarem com tuberculose pulmonar no momento da visita clínica para investigação diagnóstica.
Além de contribuir no âmbito da definição dos grupos de risco, a pesquisa sugere que, ao reduzir o índice glicêmico desses pacientes, existe uma potencial diminuição do risco de se desenvolver uma tuberculose pulmonar. Mostrou-se também que o nível alto de glicose no sangue é um fator de risco significativamente maior que o hábito de fumar, por exemplo.
O estudo foi fruto de parceria entre a Fiocruz Bahia, a Faculdade de Tecnologia e Ciências, Fundação José Silveira, o Instituto Brasileiro para Investigação da Tuberculose, a Universidade Federal da Bahia e a University of Massachusetts Medical School (EUA).
Clique aqui para ler, na íntegra, o artigo publicado em abril de 2016.
O periódico científico Plos One publicou o artigo intitulado Diabetes Is Associated with Worse Clinical Presentation in Tuberculosis Patients from Brazil: A Retrospective Cohort Study, apresentando um estudo coordenado pelo pesquisador Bruno Andrade, da Fiocruz Bahia. No trabalho, os pesquisadores realizaram uma análise retrospectiva de coorte de 408 pacientes com tuberculose (TB), em um centro de referência da doença no Brasil.
De acordo com o estudo, o aumento da prevalência de diabetes mellitus (DM) em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, bem como a persistência da tuberculose como uma questão de saúde pública nessas mesmas regiões, enfatizam a importância de investigar esta associação. Os especialistas compararam o perfil clínico da doença em pacientes com TB com ou sem DM coincidentes, no período se 2004 a 2010.
Os dados sobre o diagnóstico da TB e DM foram utilizados para definir os grupos de estudo. Esses grupos foram comparados com relação à apresentação da TB no momento do diagnóstico, assim como os resultados clínicos, tais como taxas de cura e mortalidade após o início da terapia anti-tuberculose (ATT). Os autores também criaram um escore de gravidade clínica composto de informações sobre parâmetros clínicos, radiológicos e microbiológicos. Tal escore foi utilizado para testar se a DM estava associada a uma deterioração clínica da TB.
Conclusões – Os resultados do estudo apontaram que, geralmente, pacientes com DM eram mais velhos do que os pacientes com TB não-diabéticos e os indivíduos diabéticos se apresentavam mais frequentemente com tosse, suores noturnos, hemoptise e mal-estar do que aqueles sem DM.
O padrão global de lesões pulmonares avaliadas por radiografia foi semelhante entre os grupos e, em comparação com os não-diabéticos, aqueles com as duas doenças exibiram mais frequentemente escarro positivo para o Mycobacterium tuberculosis. Pacientes com TB e DM permaneceram com escarro positivo até 30 dias após o início da ATT, indicando que tais pacientes podem permanecer transmitindo a infecção por períodos mais longos do que pacientes não diabéticos.
Esses e outros achados do trabalho reforçam a ideia de que o diabetes impacta negativamente a tuberculose pulmonar. O estudo defende a triagem sistemática de DM em centros de referência da tuberculose em áreas endêmicas.
A pesquisa é fruto da colaboração entre Fiocruz Bahia, Faculdades de Tecnologia e Ciências, Fundação José Silveira, Universidade Federal da Bahia e University of Massachusetts Medical School (EUA).
Clique aqui e leia, na íntegra, o artigo publicado em 11 de janeiro de 2016.
A fim de identificar os fatores que contribuem para a sazonalidade das doenças gripais em uma comunidade de Salvador, o pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, coordenou um estudo que buscou estimar a incidência e avaliar a relação da ocorrência dessas doenças com fatores climáticos e sazonais. O fruto desta pesquisa, realizado em parceria com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade de Yale (EUA), foi o artigo intitulado Influenza-like illness in an urban community of Salvador, Brazil: incidence, seasonality and risk factors, publicado pelo jornal científico BMC Infectious Diseases.
Para esta pesquisa, os especialistas estudaram 5.817 casos de doenças febris agudas, em pacientes com idade de 5 anos ou mais, na emergência da unidade de saúde do bairro de Pau da Lima, durante o período de 2009 a 2013. Dentre esses pacientes, os que apresentavam tosse e dor de garganta, além da febre, e tinham resultados negativos em testes de dengue e leptospirose foram considerados casos de doenças gripais e usados para estimar a incidência das doenças gripais na comunidade. Os pesquisadores também avaliaram se fatores climáticos, como pluviometria, temperatura e humidade relativa do ar, ou sazonais – duração dos períodos escolares e estação do ano – influenciaram na incidência de casos.
Os resultados do estudo indicaram que 45,6% dos pacientes com doenças febris agudas apresentavam manifestações compatíveis com às causadas pela gripe, com uma incidência anual média de 60 casos/mil habitantes. Crianças entre 5-9 anos apresentaram maior risco – com incidência anual alcançando 105 casos/mil habitantes em 2009. Além disso, houve uma relação significativa direta entre a incidência de doenças gripais em crianças e o número de dias de aulas por mês. A pesquisa registrou picos sazonais da doença entre agosto e setembro (fim do inverno e início da primavera), mas sem associação com chuvas, umidade relativa do ar ou temperatura.
Diante desses resultados, os especialistas concluíram que as doenças gripais são uma ameaça à saúde pública, não só em países de clima temperado, mas também nos países tropicais. Os picos dessas doenças em crianças 5-9 anos, associados ao período escolar, sugerem que elas desempenham papel relevante na transmissão. De acordo com os pesquisadores, é muito importante compreender a carga, a sazonalidade e os fatores que influenciam na ocorrência da doença para orientar o melhor período para realização de campanhas de vacinação contra a gripe no Brasil.
Clique aqui para ter acesso ao artigo publicado em março de 2016.
O periódico científico Cytokine, vinculado a editora Elsevier, publicou o artigo intitulado Sickle red cells as danger signals on proinflammatory gene expression, leukotriene B4 and interleukin-1 beta production in peripheral blood mononuclear cells assinado por pesquisadores da Fiocruz Bahia. No trabalho, o grupo de pesquisa coordenado pela pesquisadora Marilda Gonçalves demonstrou, através de achados originais, importantes vias de sinalização associadas ao estado inflamatório do paciente com anemia falciforme.
A anemia falciforme (AF) é uma doença genética caracterizada pela produção da hemoglobina variante S (HbS) que, em condições de redução de oxigênio, pode polimerizar e modificar a forma bicôncava dos glóbulos vermelhos para o formato em foice, acarretando em disfunção do transporte de oxigênio. Os indivíduos com AF podem estar estáveis, com manifestações subclínicas, ou em crise, mostrando inflamação sistêmica com fenômenos vaso-oclusivos, situação que além de ser extremamente dolorosa, pode torná-los suscetíveis à destruição dos glóbulos vermelhos e infecções.
No estudo, os pesquisadores testaram a hipótese de que as hemácias de pacientes com AF induzem expressão gênica de receptores do tipo Toll (TLR) e Nod (NLR, domínio pyrin contendo o NLRP3) em células mononucleares de sangue periférico (PBMC). Esta condição também pode contribuir para a manutenção do estado inflamatório em pacientes com a doença.
Foram analisados os TLRs (2, 4, 5 e 9), NLRP3, caspase-1, IL-1 beta e IL-18 em PBMC isolados de indivíduos com a AF em comparação ao PBMC de indivíduos saudáveis. Além disso, foi investigado o papel das hemácias desses pacientes como padrões moleculares associados ao dano celular (DAMPs) em relação à expressão gênica dessas moléculas em culturas de PBMC de indivíduos sadios.
Desta forma, o trabalho demonstrou que as hemácias de pacientes com AF não apenas contribuem para o aumento da expressão gênica de moléculas relacionadas a inflamação sistêmica, mas também podem ser responsáveis pela manutenção desses eventos inflamatórios.
A pesquisa foi realizada através de parceria da Fiocruz Bahia com a Universidade Federal da Bahia e a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA).
Clique aqui para acessar o artigo publicado em março de 2016.
A pesquisa coordenada pelo pesquisador Edgar Carvalho com a participação da pesquisadora Isadora Siqueira, ambos da Fiocruz Bahia, avaliou o papel dos fatores imunológicos e da carga proviral na Síndrome Seca (Sicca Syndrome) associada ao HTLV-1, em pacientes sem mielopatia. O resultado das análises está no artigo Association of Sicca Syndrome with Proviral Load and Proinflammatory Cytokines in HTLV-1 Infection, publicado no Journal of Immunology Research.
Os especialistas realizaram um estudo de coorte transversal, entre 2009 e 2011, em que foram recrutados 272 indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos, infectados com o vírus HTLV-1. Do total de participantes, 21,7% tinham síndrome seca e, em todos eles, o resultado para anticorpos anti-Sjögren foram negativos. Não houve diferença entre a carga proviral em pacientes com ou sem Síndrome Seca, no entanto, a produção de TNF- e IFN- foi maior no grupo com Síndrome Seca.
Estes dados levaram os especialistas a concluirem que pacientes com Síndrome Seca associada ao HTLV-1 não têm síndrome de Sjögren, entretanto a produção elevada de TNF- e IFN- neste grupo de pacientes pode estar contribuindo para a patogênese da Síndrome Seca associada ao HTLV-1. O estudo foi fruto de parceria entre Fiocruz Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Doenças Tropicais (CNPq- MCT).
Clique aqui e acesse o artigo na íntegra, publicado em 19 de janeiro.
AUTORA: MOTA, Roberta Alves. ORIENTADORA: SOARES, Milena Botelho Pereira. TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: Avaliação do potencial terapêutico de células-tronco mesenquimais superexpessando IGF-1 no tratamento de lesão raquimedular em modelo experimental. 71 f. il. PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – Fiocruz Bahia DATA DE DEFESA: 01/09/2016
RESUMO
A lesão medular é uma patologia que atinge a qualidade de vida dos pacientes, possui uma alta incidência e ocasiona um alto custo para o governo e a sociedade. Até hoje, os tratamentos convencionais utilizados não são completamente eficazes na restauração da lesão raquimedular. Assim, a busca por novas alternativas terapêuticas é de extrema importância. A terapia celular, incluindo o uso de células-tronco mesenquimais (CTM), emergiu como uma área promissora no tratamento da lesão medular, demonstrando melhora na função neurológica, como mostrado em modelos experimentais. Além do potencial terapêutico das MSC em lesões da medula espinhal, vários fatores de crescimento, incluindo IGF-1, estão presentes nestas células, o que pode melhorar a recuperação da lesão medular. O IGF-1 é um importante regulador biológico no organismo, incluindo o estimulo à diferenciação de vários tipos celulares, assim como apresentar atividade anti apoptótica. O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos das CTM superexpessando IGF-1 no tratamento lesão medular em modelo experimental murino. Os camundongos foram lesionados e transplantados com CTM-GFP+, CTM-GFP+-IGF-1 ou salina. As avaliações funcionais foram realizadas uma vez por semana durante quatro semanas utilizando a Basso Mouse Scale. As avaliações de imunofluorescência foram realizadas 2 e 5 dias após a lesão para quantificar o número de células GFP+ e avaliar proliferação e apoptose das células transplantadas, assim como nas células endógenas no sítio da lesão. Os resultados obtidos demonstraram que os camundongos transplantados com CTM-IGF-1 apresentaram melhora gradual na função locomotora, com diferença estatisticamente significativamente na segunda, terceira e quarta semanas, quando comparado com o grupo CTM. As análises de imunofluorescência mostraram que não houve diferença na quantificação das células GFP+ entre os grupos. Porém o grupo CTM-IGF-1 apresentou uma tendência no aumento do número de células Ki-67+ e menor número de células caspase-3+, quando comparado com o grupo CTM, 5 dias de transplante. Um significante aumento na proliferação e apoptose das células endógenas no grupo CTM-IGF-1 foi observado em relação aos tempos de 2 e 5 dias, quando comparado ao grupo CTM. Os resultados demonstraram que houve diferença no grupo CTM comparado com os grupos salina e CTM-IGF-1 no tempo de 2 dias após o transplante. Porém, no dia 5 não houve diferença entre os grupos. Com base nestes resultados, a superexpressão de IGF-1 pelas CTM contribuiu para uma melhor recuperação dos camundongos lesionados, e pode levar a opções terapêuticas inovadoras para o tratamento da lesão medular, com foco na terapia utilizando células geneticamente modificadas.
Edgar Marcelino de Carvalho Filho nasceu em Salvador-Bahia e após concluir o curso secundário no Colégio de Aplicação, foi graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1973), fez especialização em Reumatologia e Imunologia pela University of Virginia (1979), mestrado em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (1977), doutorado em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (1986) e pós-doutorado em Imunologia no Weill Cornell Medical College (1990-1991). É Pesquisador do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (FIOCRUZ Bahia), Professor Titular Aposentado de Clínica Médica da Universidade Federal da Bahia, Professor Titular Aposentado de Imunologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e Pesquisador Associado do Serviço de Imunologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos. É também Professor Adjunto do Weill Cornell Medical College e Professor Adjunto da University of Iowa. É editor do Plos Neglected Tropical Diseases, e do corpo editorial do Case Reports in Medicine e da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Tem formação em Clínica Médica com ênfase em Imunologia Clínica, Doenças Tropicais e Reumatologia, e tem como principais áreas de atuação em pesquisa a Imunopatogênese das leishmanioses, imunopatologia e manifestações clínicas associadas à infecção pelo HTLV-1, Imunopatogênese da Esquistossomose, Influência das helmintíases na resposta imune das doenças inflamatórias crônicas e doenças auto-imunes e Imunoterapia nas doenças infecciosas. Foi bolsista do Howard Hugges e Presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia. É Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Tropical e é membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências da Bahia (Texto informado pelo autor)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dará início aos estudos clínicos de Fase II da vacina brasileira para esquistossomose, chamada de Vacina Sm14, em etapa realizada em parceria com a empresa Orygen Biotecnologia S.A. A vacina é um dos projetos de pesquisa e desenvolvimento em saúde priorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando garantir o acesso da população dos países pobres a ferramentas de medicina coletiva com tecnologia de última geração.
Uma das doenças parasitárias mais devastadoras socioeconomicamente, atrás apenas da malária, a esquistossomose infecta mais de 200 milhões de pessoas, de acordo com a OMS, essencialmente em países pobres. Relacionada à precariedade de saneamento, a doença tem áreas endêmicas em mais de 70 países, onde 800 milhões de pessoas vivem sob risco de infecção, sobretudo na África. No Brasil, 19 estados apresentam casos, especialmente os da região Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo.
Vacina inédita
Desenvolvida e patenteada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a vacina foi produzida a partir de um antígeno – substância que estimula a produção de anticorpos, evitando que o parasita causador da doença se instale no organismo ou que lhe cause danos. Foi utilizada a proteína Sm14, sintetizada a partir do Schistosoma mansoni, verme causador da esquistossomose na América Latina e na África. “Esta é a primeira vez no mundo que uma vacina parasitária produzida com tecnologia brasileira de última geração chega à Fase II de estudos clínicos. Estamos trabalhando para contribuir para o enfrentamento de um problema de saúde pública que afeta populações pobres de diversas localidades do mundo”, destaca Miriam Tendler, pesquisadora do Laboratório de Esquistossomose Experimental do IOC/Fiocruz, que lidera os estudos.
Baseada em uma tecnologia inovadora, a vacina Sm14 possui patentes depositadas no Brasil, Europa, Estados Unidos, Austrália, Japão, Nova Zelândia, África do Sul, Canadá, Cuba, Egito e Índia, além das organizações africanas de propriedade intelectual ARIPO e OAPI. De acordo com o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a vacina para esquistossomose desenvolvida pela Fundação representa mais um decisivo passo no objetivo de fortalecer, no Brasil, uma base tecnológica capaz de assegurar o atendimento das demandas do sistema público de saúde. “A vacina traduz uma conjunção de valores significativos, pois reúne competência científica e capacidade de transformação, levando a um processo de inovação voltado para a resolução de uma doença negligenciada, com impacto mundial extremamente significativo. Este imunizante, o primeiro para a doença em todo o mundo, é fruto de uma iniciativa enraizada na Fiocruz, com liderança da pesquisadora Miriam Tendler, além da criação de parcerias exemplares da relação público/privado”, pontua.
A etapa final de desenvolvimento da Vacina Sm14 é alvo de uma parceria público-privada (PPP) entre a Fiocruz e a empresa Orygen Biotecnologia S.A., agora parceira no desenvolvimento e produção da vacina humana. “Essa pesquisa poderá trazer um enorme impacto social e científico para o Brasil, que é a grande missão da Orygen desde sua criação. A Sm14 é uma daquelas iniciativas que mostram a capacidade de inovação do país e nós estamos orgulhosos em participar ativamente”, afirma Andrew Simpson, diretor científico da Orygen Biotecnologia S.A.
Prioridade para a Organização Mundial da Saúde
É crescente a preocupação da OMS com o contraste entre os países ricos e pobres na área de insumos tecnológicos para a saúde. Em 2010, a Assembleia Mundial da Saúde anunciou a criação de um grupo de trabalho com consultores experts em financiamento e coordenação de pesquisa e desenvolvimento científico, que em inglês tem a sigla CEWG. Em maio de 2013, o CEWG divulgou um plano estratégico de ação com vistas a proporcionar aos países pobres o acesso a plataformas para a solução de questões crônicas em saúde pública específicas desses países. Poucos meses depois, o grupo tornou pública uma lista preliminar com 22 projetos candidatos, para, enfim, em dezembro de 2013, anunciar os 7+1 projetos de inovação selecionados para serem apoiados política e estrategicamente pelo fundo cooperado gerenciado pela OMS – entre os quais, a Vacina Sm14, que assim tem assegurado o seu desenvolvimento final.
Uma particularidade relacionada à Vacina Sm14 é o fato de desequilibrar e mudar o paradigma de transferência de tecnologia que tradicionalmente segue uma lógica vertical onde o Hemisfério Norte ‘fornece’ conhecimento para o Hemisfério Sul. O Sm14 inaugura uma premissa horizontal, onde o Hemisfério Sul desenvolve uma tecnologia para o próprio Hemisfério Sul, começando com a colaboração Brasil-África nos Testes Clínicos de Fase II da vacina contra esquistossomose.
Estudos clínicos de Fase II
Os estudos clínicos da Fase II A serão realizados em adultos moradores da região endêmica no Senegal, na África, local atingido simultaneamente por duas espécies do parasito Schistosoma, causador da doença. Essa característica, que não existe em nenhuma região brasileira, é muito importante para que se possa verificar a segurança da Vacina Sm14 com escopo ampliado em relação a estes dois agentes. A área escolhida é hiperendêmica, ou seja, possui alta taxa de prevalência da doença, que afeta a população de forma continuada. Nessa etapa, a segurança do produto será avaliada, bem como a sua capacidade de induzir imunidade nas pessoas vacinadas. Está prevista a participação de 350 voluntários, entre adultos, inicialmente, e em crianças, ao longo de três etapas de Fase II. Os estudos foram aprovados por comitê de ética no Senegal.
Enquanto os estudos de Fase I foram realizados em área não endêmica, com voluntários saudáveis, nos estudos de Fase II os voluntários serão moradores de áreas endêmicas, que já tiveram contato com a doença, o que reflete a situação real onde a vacina será utilizada efetivamente. A Vacina Sm14 será administrada em três doses, com intervalos de um mês entre cada uma.
A Fase II A de estudos clínicos será realizada em parceria com a organização não-governamental senegalesa Espoir pour La Santé, sendo coordenada em campo pelo pesquisador Gilles Riveau, do Instituto Pasteur de Lille, na França, e diretor geral do Centre de Recherche Biomedicale Espoir pour La Santé. “Esta fase será conduzida por uma entidade respeitada internacionalmente, em uma estrutura de laboratório de última geração, composta por profissionais altamente qualificados”, ressalta Miriam. Estão previstas auditorias independentes de instituições locais, seguindo as regras internacionais de pesquisa com seres humanos e que incluirão o acompanhamento por um conselho assessor composto por especialistas de vários países. Os testes acontecerão entre setembro e dezembro de 2016, período que corresponde à mais alta endemicidade da doença em território africano. Tanto o protocolo de pesquisa quanto a documentação regulatória foram submetidos às autoridades senegalesas. A conclusão e os resultados dos estudos estão previstos para 2017.
“Temos orgulho da importante contribuição que a Vacina Sm14 representa, não apenas por seu caráter científico inovador, mas por inovar também no fluxo criativo, em que um país endêmico é capaz de gerar uma tecnologia que responde a um desafio, ao mesmo tempo, local e global. Isso é, de fato, fazer ciência para a sociedade”, avalia o diretor do IOC/Fiocruz, Wilson Savino.
Expectativas
Na etapa de estudos clínicos de Fase I, conduzido junto ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), que teve os resultados publicados em janeiro de 2016 na revista científica internacionalVaccine, os pesquisadores já haviam comprovado um dos mecanismos específicos da resposta imune provocada pela Vacina Sm14: a ativação de anticorpos e da citocina Interferon-gama, que é produzida pelo organismo em resposta ao agente infeccioso. A partir desta etapa, os especialistas irão mapear os mecanismos que atuam para que a pessoa adquira proteção contra a doença.
Os casos de esquistossomose acontecem em ambientes onde não há infraestrutura adequada de saneamento básico: fezes de pessoas infectadas com o verme Schistosoma, quando despejadas inapropriadamente em rios e outros cursos de água doce, podem infectar caramujos do gênero Biomphalaria. Por sua vez, os caramujos liberam larvas do verme na água, podendo infectar outras pessoas por meio do contato com a pele, reiniciando o ciclo da doença. “A vacinação tem o potencial de interromper o ciclo de transmissão. A vacina Sm14 foi desenvolvida para induzir uma imunidade duradoura”, completa a pesquisadora Miriam Tendler.
Financiamento e parcerias
A pesquisa é financiada pelo IOC/Fiocruz, Fiocruz, OMS e Orygen Biotecnologia S.A., por meio de recursos próprios e também através de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A etapa de desenho da molécula contou com a parceria do pesquisador Richard Garret, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC).
Visando ampliar os conhecimentos sobre a leishmaniose, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram uma revisão sobre a interação entre as células dendríticas e diferentes espécies de Leishmania. Os resultados do estudo realizado pelo Laboratório Integrado de Microbiologia e Imunoregulação (LIMI), foi publicado no Journal of Immunology Research,com o título Dendritic Cells and Leishmania Infection: Adding Layers of Complexity to a Complex Disease.
A leishmaniose é um grave problema de saúde em diversas localidades do mundo, suas manifestações clínicas diferem de acordo com o hospedeiro e o patógeno. Contudo, essa doença não é grande alvo de pesquisa da comunidade científica internacional.
Sabia-se que as células dendríticas apresentavam um comportamento distinto na resposta imune dos hospedeiros, podendo ser resistentes ou suscetíveis à infecção por diferentes espécies de Leishmania. Ao estudar as características dessas interações, os pesquisadores contribuíram significativamente com futuros trabalhos científicos principalmente no que se refere ao desenvolvimento da vacina, medida profilática de maior impacto contra a doença.
O trabalho coordenado pelas pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Cláudia Brodskyn e Natalia Tavares, contou com a parceria de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia e do Instituto de Investigação em Imunologia.
Clique aqui para acessar o artigo, publicado em dezembro de 2015.
A V Capacitação para uso da plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Fiocruz Bahia (Moodle Básico) tem como objetivo capacitar os participantes para a criação e gerenciamento de cursos on-line por meio do Moodle, como forma de apoiar cursos com ensino presencial e/ou à distância. O público-alvo são docentes e as inscrições podem ser feitas clicando aqui, até o dia 12 de setembro.
O curso será composto por um treinamento eminentemente prático utilizando uma rede de computadores: o módulo básico. As aulas serão ministradas na biblioteca da instituição e estão divididas entre 4h presenciais e 16h não presenciais (on-line). Serão oferecidas no total de 20 vagas.
Visando aprimorar os modelos pedagógicos e a metodologia de ensino dos Programas de Pós-Graduação da Fiocruz Bahia, a Formação em Metodologias Ativas de Ensino é direcionada aos docentes credenciados nesses programas e tem como objetivo desenvolver competências referentes à utilização de metodologias ativas de ensino em Biociências, Medicina e Saúde. As inscrições podem ser realizadas até o dia 29 de agosto, no site do curso.
As aulas serão realizadas nas dependências da instituição e estão estruturadas em módulos trimestrais, com 2 encontros por mês. Partindo do princípio do protagonismo dos aprendizes, a formação será construída pelos coordenadores, em conjunto com os docentes da Fiocruz Bahia.
Clique aqui para acessar a programação e para mais informações.
Pesquisadores da Fiocruz Bahia comprovaram que a inclusão do teste rápido DPP-LVC ao protocolo de diagnóstico da leishmaniose visceral canina torna a detecção desta doença mais acurada. O trabalho foi publicado no periódico científico PLOS Neglected Tropical Diseases, no artigo intitulado The Rapid Test Based on Leishmania infantum Chimeric rK28 Protein Improves the Diagnosis of Canine Visceral Leishmaniasis by Reducing the Detection of False-Positive Dogs.
Os cães em centros urbanos são considerados o principal reservatório da leishmaniose visceral e, no Brasil, uma das medidas de controle dessa endemia é a eutanásia dos animais que apresentam sorologia positiva para a infecção pelo parasito Leishmania infantum.
No estudo, coordenado pelas pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Patrícia Veras e Deborah Fraga, a equipe de especialistas comparou dois protocolos: o anteriormente utilizado (EIE-LVC-Ensaio de ELISA como triagem e IFI-LVC-Imunofluorescência como comprobatório) e o recentemente implantado (DPP-LVC-Teste rápido como triagem + EIE-LVC-Ensaio de ELISA como comprobatório) pelo Ministério da Saúde, no Brasil.
O objetivo dos pesquisadores foi avaliar se o novo protocolo, que substitui o teste de ELISA (EIE-LVC) pelo teste rápido (DPP-LVC) na triagem, além do teste ELISA ter passado a ser usado como teste comprobatório, tornou o diagnóstico do cão com leishmaniose visceral mais eficaz. Para isso, a equipe testou a acurácia dos dois protocolos utilizando mais de 700 soros de cães como uma amostra randômica da população de cães de uma área endêmica para leishmaniose visceral canina.
Após análise dos dados e comparação dos resultados, foi possível concluir que o protocolo que utiliza o teste rápido, DPP-LVC, implantado no Brasil em novembro de 2011, efetivamente, tornou o protocolo mais acurado na detecção da leishmaniose visceral canina, por diminuir significativamente diagnósticos equivocados, os chamados falso-positivos, podendo ter levado a redução de eutanásia desnecessária de cães.
Além das coordenadoras do estudo, pertencentes ao Laboratório de Patologia e Biointervenção (LPBI) da Fiocruz Bahia, estão dentre os autores do artigo os estudantes em fase de graduação e pós-graduação da instituição: Luciano Vasconcellos Pacheco, Lairton Souza Borja, Leila Andrade Bastos e Manuela da Silva Solcà.
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Gerente de Pós-Graduação na Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Possui graduação em Processamento de Dados pela Faculdade Rui Barbosa (1995), Especialização em Computação Científica pela Fundação Visconde de Cairu (FVC) (2003), Mestrado em Modelagem Computacional pela FVC (2005) e Doutorado em Difusão do Conhecimento na Universidade Federal da Bahia (UFBA)(2013), Professor Efetivo da UNEB. Colaborador em Cursos de Pós-graduações lecionando disciplinas de Gestão de Projetos e TI. Tem experiência na área de Ciência da Computação, atuando principalmente nos seguintes temas: modelagem computacional, tecnologias sociais, engenharia de software, gestão de projetos, educação a distância, gestão do conhecimento e difusão do conhecimento. No ambito profissional, vem atuando nos últimos anos como coordenador de projetos de pesquisa e desenvolvimento, junto a Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Professor Permanete dos Programas: Doutorado em Difusão do Conhecimento(28001010064P0) e Mestrado Profissional em Ensino da Física (PROFIS), e Professor Colaborador no Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação(PROFNIT) Contato: hugosaba@pq.cnpq.br
Márcio Araújo
Doutorando do programa MCTI do Senai CIMATEC com a linha de pesquisa em Sistemas Complexos. É mestre em Modelagem Computacional na Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC em Salvador-BA, fez MBA na FGV-SP e extensão na Ohio University (EUA), graduação em Processamento de Dados pela Faculdade Ruy Barbosa. Experiência na área de Ciência da Computação. Participou do projeto ODI do IEL nacional. Participou das fases de: requisitos, testes e implantação da Portabilidade Numérica do Brasil em conjunto com a Neustar (EUA). Certificado em ITIL v2 e Cobit 4.1. Participou como gerente de projeto de vários sistemas criados para serviços de telecomunicações. Foi gerente da célula de problemas do sistema de Portabilidade Numérica do Brasil e também um dos responsáveis pela arquitetura do sistema. Tem conhecimentos sólidos em processos de desenvolvimento de sistemas, pois já atuou como gerente de projetos na fábrica de software da DBA Engenharia de Sistemas.
Pesquisadores da Fiocruz Bahia assinaram artigo publicado no periódico científico PLOS ONE, intitulado Disruption of Splenic Lymphoid Tissue and Plasmacytosis in Canine Visceral Leishmaniasis: Changes in Homing and Survival of Plasma Cells. A pesquisa aborda o papel do baço na progressão da leishmaniose visceral canina.
A leishmaniose visceral é uma doença causada pela Leishmania infantum, transmitida por meio dos mosquitos do gênero Phlebotomus. Os cães são tidos como principal reservatório urbano do protozoário causador da doença, que apresenta manifestações clínicas semelhantes em cães e seres humanos.
Para a realização do estudo coordenado pelo pesquisador Washington LC dos Santos, da Fiocruz Bahia, os especialistas agruparam baços caninos de uma área endêmica para leishmaniose visceral em três categorias: baços normais de cães não infectados, baços normais de cães infectados por Leishmania e baços desestruturados de cães infectados com Leishmania.
Ao realizar uma análise comparativa entre os baços caninos divididos nessas categorias, os pesquisadores encontraram alterações na distribuição das células imunocompetentes do baço que podem contribuir com a progressão da leishmaniose visceral. Além disso, essas alterações do baço podem prejudicar a capacidade do órgão de proteger os indivíduos contra outros patógenos que circulam no sangue.
A pesquisa é fruto de uma colaboração entre a Fiocruz Bahia, a Faculdade de Farmácia e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
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Pesquisadores da Fiocruz Bahia assinaram o artigo Immunologic Markers of Protection in Leishmania (Viannia) braziliensis Infection: A 5-Year Cohort Study, publicado no The Journal of Infectious Diseases, periódico vinculado àuniversidade de Oxford (UK). O trabalho descreve um estudo realizado ao longo de 5 anos, com 308 moradores sadios do povoado Corte de Pedra (BA), conhecido por ter alta incidência de casos de leishmaniose.
Fruto de uma pesquisa coordenada por Edgar Carvalho, pesquisador da Fiocruz Bahia, através de um estudo de coorte, a equipe de especialistas concluiu que a proteção contra leishmaniose cutânea está associada à produção da proteína Interferon-γ (IFN-γ). Dos indivíduos sadios estudados, 45 (14.6%) desenvolveram leishmaniose cutânea ao longo do estudo, 101 (32.8%) infecção subclínica, e 162 (52.6%) não apresentaram evidência de infeção por Leishmania braziliensis.
Os autores concluíram que a produção de IFN-γ, a negatividade do teste cutâneo para antígeno de Leishmania e a capacidade de monócitos de destruir o parasito são fatores associados à proteção quanto ao desenvolvimento da doença.
A pesquisa é de extrema importância para que se possa compreender os mecanismos de controle parasitário e se possa traçar estratégias para diminuir a incidência da doença, além de, futuramente, possibilitar o desenvolvimento de uma vacina.
Além da Fiocruz Bahia, também fizeram parte do estudo pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Doenças Tropicais e do Weill Cornell Medical College (EUA).
Para acessar o artigo publicado em maio, clique aqui.
AUTORA: MACEDO, Taís Soares. ORIENTADORA: SOARES, Milena Botelho Pereira. TÍTULO DA TESE: Atividade antimalárica, espectro e mecanismo de ação de compostos de rutênio e platina com a cloroquina. Brasil. 66 f. il. PROGRAMA: Doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – Fiocruz Bahia DATA DE DEFESA: 08/09/2016
RESUMO
A malária é uma das doenças infecciosas de maior incidência e que mais leva a óbito no mundo. Os medicamentos disponíveis são capazes de combater o parasita no ciclo intraeritrocítico, no entanto há cepas resistentes ao tratamento com quinolinas e artemisininas. Além disso, os medicamentos em uso clínico não eliminam as formas sexuadas do parasita, responsáveis pela transmissão, nem os hipnozoítos, fase hepática latente causadora das recidivas da doença. Em virtude disso, é necessário identificar novos fármacos antimaláricos. Dentre as classes de moléculas com potencial terapêutico antimalárico, os complexos com metais de transição se destacam como possíveis candidatos. Neste trabalho, a atividade antimalárica foi estudada em detalhes para duas classes de complexos metálicos contendo a cloroquina na composição. Em relação ao metal utilizado, o átomo de rutênio está presente nos compostos MCQ, FCQ, BCQ, FFCQ e a platina nos compostos WV-90, WV-92, WV-93, WV-94. Dois complexos sem a presença da cloroquina na sua composição, FCL e WV-48, também foram testados como antimaláricos. A inibição do crescimento in vitro no ciclo eritrocítico das cepas 3D7 (sensível à cloroquina) e W2 (resistente à cloroquina) do Plasmodium falciparum revelou que os complexos sem cloroquina não apresentaram atividade em concentrações inferiores à 3.0 μM. Entretanto, a incorporação da cloroquina na composição de complexos de platina e rutênio resultou em compostos com atividade antiparasitária em concentrações abaixo de 1.0 μM. Portanto, a presença da cloroquina se mostrou essencial para a atividade antimalárica. Quando à potência e seletividade in vitro dos complexos metálicos foram comparadas à cloroquina, observou-se que nenhum dos complexos metálicos apresentou potência ou seletividade superiores às da cloroquina. Em trofozoítos do P. falciparum, os complexos de rutênio apresentaram uma ação parasiticida mais rápida que a Cloroquina, enquanto que os complexos de platina apresentaram uma ação mais lenta que os de rutênio, mostrando um perfil mais similar ao observado com o tratamento com a cloroquina. Tal como a cloroquina, os complexos de platina e de rutênio inibiram a polimerização da hemina em β-hematina. Os complexos de rutênio exerceram ação parasiticida em cultura de trofozoítos através da produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), enquanto que os complexos de platina não induzem de maneira significativa a produção de ROS. Os complexos de platina reduziram a viabilidade da mitocôndria em trofozoítos, possivelmente por exercerem uma ação de autofagia mitocondrial. Ao contrário da cloroquina, que apresenta um espectro de ação restrito ao ciclo eritrocítico assexuado do Plasmodium, tanto os complexos de rutênio quanto os complexos de platina apresentaram um espectro de ação mais amplo, reduzindo a viabilidade celular na cultura de gametócitos do P. falciparum e inibindo a carga parasitária em células hepáticas infectadas com esporozoítos do P. berguei. Em camundongos Swiss Webster infectados com a cepa NK65 do P. berghei o tratamento com complexo MCQ foi o que apresentou maior eficácia, reduzindo em 95.1 % a parasitemia e em 40 % a taxa de mortalidade quando administrado na dose de 50 mg/kg por via intraperitoneal, enquanto que a Cloroquina na mesma dose por via oral resultou na cura e reduziu em 100 % a taxa de mortalidade.
A pesquisadora Juliana Menezes, da Fiocruz Bahia, assina trabalho publicado no periódico cientifico Parasites & Vectors. No artigo The site of the bite: Leishmania interaction with macrophages, neutrophils and the extracellular matrix in the dermis, discute-se a interação do parasito Leishmania com neutrófilos, macrófagos e com elementos que compõem a matriz extracelular da pele.
A leishmaniose é uma doença tropical causada pelos protozoários do gênero Leishmania e transmitida ao homem por meio de insetos vetores, conhecidos como flebotomíneos. Essa doença é uma ameaça a milhões de pessoas ao redor do mundo. O objetivo do trabalho foi discutir os mecanismos envolvidos no contato inicial da Leishmania com o hospedeiro.
A interação da Leishmania com a matriz extracelular da derme, com neutrófilos e macrófagos é fundamental para o estabelecimento e progressão da doença. Os especialistas têm pesquisado essa temática, pois acreditam que o estudo dessa interação pode solucionar questões da doença ainda não respondidas e melhorar a compreensão acerca da patogênese da leishmaniose.
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