Papel da célula NK na infecção do HTLV-1 é analisado em estudo clínico

A célula T CD8+ é considerada a principal defesa contra o Vírus Linfotrópico da Célula Humana do tipo 1 (HTLV-1), um retrovírus que está associado a graves doenças neurológicas, degenerativas e hematológicas. Entretanto, a célula chamada “Natural Killer” (NK) também contribui para a produção de citotocinas, e, assim como a T CD8+, é capaz de destruir células infectadas através do mecanismo de citotoxicidade.

Um estudo desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Edgar M. Carvalho, Maria Fernanda Grassi e Lucas P. Carvalho, em parceria com outras instituições, avaliou o papel da célula NK em portadores de HTLV-1 com Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia (HAM/TSP, sigla em inglês), doença associada a esse vírus, que causa uma degeneração gerando fraqueza em funções motoras e é de difícil diagnóstico.  A investigação foi publicada no Journal of Immunology Research.

A pesquisa clínica foi desenvolvida no ambulatório de HTLV do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (COM-HUPES/ UFBA), coordenado por Edgar Carvalho, e demonstrou que pacientes com HAM/TSP tem baixa frequência de células NK no sangue periférico e que a frequência dessas células é inversamente proporcional à carga pró-viral. Os estudos funcionais in vitro demostraram ainda que a neutralização da molécula NKG2D, presentes em células NK, aumentam a carga pró-viral, sugerindo que células NK possam ter um papel importante no controle de carga pró-viral em pacientes infectados com HTLV.

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Fiocruz Bahia disponibiliza bens para doação a órgãos públicos

Em cumprimento ao Decreto nº 9.373 de 11/05/2018 e Lei 8.666/93, a Fiocruz Bahia comunica que está colocando à disposição de órgãos públicos federais, dos Estados, do Distrito Federal, Municipal e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, bens diversos classificados como Inservíveis, na situação de Antieconômico e Irrecuperável. 

Os interessados deverão entrar em contato com a Seção de Patrimônio, pelo telefone 3176-2222, e tratar com Eugenia Olivia Reis de Souza. Caberá aos interessados a retirada e transporte dos bens.

Clique aqui para acessar a lista.

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Inscrições abertas para o 22º Simpósio Internacional em Microencapsulação

Com foco em nanotecnologia, a Fiocruz Bahia sediará o 22º Simpósio Internacional em Microencapsulação, entre os dias 25 a 27 de setembro de 2019. As inscrições encerram no dia 31 de maio e podem ser realizadas no site do evento.

O simpósio, que será realizado junto com a Sociedade Internacional de Microencapsulação e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), tem como público-alvo pesquisadores e estudantes das áreas de Farmácia, Química, Biologia, Biotecnologia e Engenharias. 

A programação científica será composta de sessões plenárias com convidados internacionais da área, quatro sessões científicas e duas mesas temáticas, que irão discutir nanotecnologia para doenças tropicais e negligenciadas, saúde animal, agricultura sustentável e meio ambiente. As apresentações serão realizadas em inglês.

O Simpósio acontece desde 1972, sendo inicialmente um fórum para discussões científicas em Microencapsulação, e ocorre entre o intervalo de dois anos. A 22ª edição será uma continuação dos dois anteriores, que ocorreram em Boston (EUA), em 2015, e em Faro (Portugal), em 2017.

 

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Estudo associa polimorfismo genético e risco de infecção por tuberculose

A tuberculose é uma doença transmissível causada pela Micobacterium tuberculosis, sendo um importante problema de saúde pública para o Brasil, que está entre os 22 países com mais alta carga da doença, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo a organização, anualmente, são identificados no país cerca de 80 mil novos casos e 5 mil óbitos decorrentes da enfermidade.

O desenvolvimento da tuberculose é mais propício em pessoas portadoras do vírus HIV e de diabetes, por exemplo, porém muitos pacientes não apresentam nenhum fator de risco conhecido. Nesse contexto, muitos fatores genéticos já foram sugeridos como influência para suscetibilidade a essa doença.

Uma pesquisa de autoria dos doutorandos Juan Manuel Cubillos-Ângulo e María Arriaga e do pesquisador Bruno de Bezerril, da Fiocruz Bahia, avaliou potenciais biomarcadores genéticos de susceptibilidade a infecção por Mycobacterium tuberculosis. O artigo foi publicado no periódico Clinical Infectious Diseases e foi listado como um dos mais acessados nos últimos dois anos pela revista.

O estudo longitudinal foi realizado a partir de pacientes com tuberculose pulmonar diagnosticados entre 1998 e 2004, de um hospital do Rio de Janeiro. Foram realizadas análises do escarro, prova cutânea tuberculina e foi extraído DNA de amostras de sangue periférico de contatos diretos desses pacientes, que são parentes e pessoas que moravam na mesma casa ou tiveram contato com eles por longos períodos de tempo. Os que tiveram sinais ou sintomas da forma ativa da tuberculose passaram por visitas médicas periódicas.

O risco de infecção por Mycobacterium tuberculosis e desenvolvimento de tuberculose ativa nesses contatos foi estimado de acordo com a presença de cinco Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs, sigla em inglês), responsáveis mais comuns pelo tipo de variação genética relacionados à imunidade, que também explicam fatores clínicos e epidemiológicos.

Resultados

Genótipos dos cinco SNPs foram encontrados. O achado mais importante do estudo foi que, desses cinco genótipos de SNPs, dois foram associados com o resultado positivo para a prova cutânea tuberculina e, subsequentemente, com o desenvolvimento de tuberculose.

Essas descobertas destacam a importância da imunidade inata na infecção humana por Mycobacterium tuberculosis e no desenvolvimento de tuberculose ativa. Outros grupos de pesquisas já mostraram evidências de polimorfismo nesses receptores associados ao crescimento da suscetibilidade para tuberculose, porém os achados dessa pesquisa fornecem evidências adicionais desses receptores em relação aos contatos diretos e o desenvolvimento da doença.

Como conclusão, a pesquisa apresenta fortes evidências para associações entre polimorfismos em genes imunes inatos e o risco de infecção por Mycobacterium tuberculosis e desenvolvimento de tuberculose ativa, no Brasil. Estudos adicionais são necessários para delinear os eventos moleculares por trás dessas associações.

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XIX Epimol está com as inscrições abertas

Estão abertas as inscrições para o XIX Curso Internacional de Epidemiologia Molecular em Doenças Infecciosas e Parasitárias Emergentes (Epimol), que será realizado no período de 21 a 26 de julho de 2019, na Fiocruz Bahia. Os interessados em participar da seleção têm até o dia 30 de abril para preencher o formulário (clique aqui) e enviar os documentos por e-mail. São 45 vagas para participantes e 40 para ouvintes.

O objetivo principal é apresentar os princípios básicos da epidemiologia molecular para epidemiologistas e profissionais de laboratório, trabalhando em instituições nacionais e internacionais com doenças infecciosas e parasitárias de importância para a saúde pública em seus respectivos países.

O curso irá se concentrar em problemas de doenças infecciosas e parasitárias emergentes e/ou re-emergentes.  Este curso de âmbito internacional é especialmente elaborado para apresentar os princípios e práticas desta nova disciplina em epidemiologia, a profissionais de laboratório e epidemiologistas de instituições regionais representativas, envolvidas com doenças infecciosas e parasitárias de relevância para a saúde pública.

Para maiores informações, como programação e inscrições, visite a página do XIX Epimol.

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Pesquisa avalia papel da morte celular por acúmulo de ferro em pacientes com tuberculose

Necrose celular é um fenômeno complexo que envolve diferentes motivos, como estresse ou ações mecânicas, embora muitas necroses celulares sejam programadas pelo próprio organismo para manutenção do seu equilíbrio.

Durante a infecção por tuberculose, a necrose é particularmente prejudicial, uma vez que facilita a disseminação micobacteriana. Recentemente, foi descoberta uma nova forma de morte celular, a ferroptose, que é desencadeada por sobrecarga de ferro, sendo considerada um contribuinte para morte celular associada a doenças como diabetes, câncer, neurodegeneração e insuficiência renal. A ferroptose também é altamente relevante para a infecção por Mycobacterium tuberculosis.

O pesquisador Bruno de Bezerril Andrade, da Fiocruz Bahia, é um dos autores de uma pesquisa recente que analisou o papel da ferroptose celular ocorrida em macrófagos (célula de defesa) infectados por Mycobacterium tuberculosis in vitro e in vivo. A descrição do estudo foi publicada no Journal of Experimental Medicine. Como o excesso de ferro é um importante gatilho para ferroptose e, em certas condições, é conhecido por promover tuberculose, o estudo buscou mostrar a correlação desses dois fenômenos.

Para examinar a morte celular in vitro, foram utilizadas células-tronco de camundongos derivadas de macrófagos, infectadas em diferentes multiplicidades de infecção. Nos testes in vivo, camundongos foram infectados com tuberculose e foram analisadas mostras de tecido pulmonar.

Resultados

A pesquisa apontou que houve o aumento do nível de ferro intracelular e superoxidação mitocondrial, além de elevação substancial na membrana de peróxido lipídico. Mostrou também a redução dos níveis da enzima que faz parte do sistema de defesa antioxidante e da enzima Gpx4, que protege células da peroxidação da membrana celular.

Nos dois testes foi utilizado Ferrostatin-1, inibidor de ferroptose, como tratamento. No teste in vitro, observou-se uma inibição da morte celular graças à redução da peroxidação lipídica. No teste in vivo, o tecido coletado do pulmão dos camundongos também mostrou redução dessa oxidação que colabora com a propagação bacteriana extracelular.

Ficou provado que a morte celular causada por tuberculose, seja in vitro ou in vivo, aumenta a oxidação da membrana que reveste a célula e o uso de bloqueador de ferroptose bloqueou essa acumulação, assim como reduziu a morte celular.

Essas descobertas trazem questionamentos se Ferrostatin pode possuir propriedades similares ou mais potentes que a vitamina E contra tuberculose ou se essa vitamina pode ser usada como inibidor de ferroptose também. Estudos adicionais são necessários para validar a ferroptose como alvo viável para terapia voltada ao hospedeiro da tuberculose.

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Fiocruz Bahia e UFBA selam Acordo de Cooperação Técnica

Na noite desta sexta-feira, dia 21 de março, foi selado o Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba), a partir de uma iniciativa do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).  Esta união formalizada em uma cerimônia realizada na Sala dos Conselhos Superiores, na Reitoria da Ufba, das 17h30 às 18h20, no Canela, dá respaldo ao trabalho dos pesquisadores, permitindo maior trânsito entre as duas instituições.

“Cada acordo, cada projeto de pesquisa, ensino e extensão, tornou-se arma de resistência nesses tempos obscuros”, afirmou o reitor da Ufba, professor João Carlos Salles. O filósofo saudou a parceria e disse que o acordo celebra o “refinamento” de questões importantes para a ciência.

O coordenador do Cidacs, pesquisador sênior da Fiocruz, Mauricio Barreto, é professor do Instituto de Saúde Coletiva da universidade. “A Ufba é minha alma mater”, iniciou Barreto. O professor contou que a criação do Cidacs foi viabilizada a partir de sua inserção na Fiocruz e que se deu em um momento difícil para novos projetos (ano de 2015). Hoje o Cidacs tem articulação com professores de 11 departamentos da maior universidade federal da Bahia.

“O Cidacs foi criado com o intuito de uma originalidade que pudesse criar laços e vínculos. E isso se deu graças à acessibilidade do Reitor. Esse convênio concretiza essas ações e amplia possibilidades de contribuições e colaborações”, comentou o Mauricio Barreto.

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, também professora da Faculdade de Farmácia da Ufba, em sua fala, saudou a todos os presentes destacando o papel do Cidacs nesse acordo. “Eu sou Ufba e meu coração é dividido. Em momentos difíceis, nada melhor que dar as mãos. A Fiocruz se sente feliz por ter concretizado essa parceria e se posiciona para que tudo seja feito de modo que o Cidacs tenha essa posição importante na saúde pública, para que se consolide como plataforma para pesquisadores”.

Respaldo

Pesquisador do Cidacs e professor da Faculdade de Economia da Ufba, Gervásio Ferreira, faz parte dos que serão beneficiados com o acordo. “A gente passa a ter uma cobertura formal na relação científica. A universidade ganha, os professores ganham, o Cidacs ganha, isso distribui as oportunidades, não fica restrito a departamentos”, comenta o professor que integra a Plataforma Equidade e Sustentabilidade no Cidacs.

Entre os doutorandos e mestrandos que realizam pesquisa no centro, Andrêa Ferreira também se sente fortalecida com o estreitamento de laços entre as instituições. “Esse acordo dá mais respaldo para a gente. Oficializa o vínculo e mais estudantes vão ter a oportunidade de poder fazer pesquisa no Cidacs”, comentou a doutoranda.

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Prorrogadas as inscrições para bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica 2019 Fiocruz/ CNPq

A Coordenação do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) da Fiocruz Bahia informa que foram prorrogadas as inscrições para concorrer às cotas Fiocruz 2019 de bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBIC e PIBITI) do CNPq. As inscrições deverão ser feitas online até o dia 26 de abril para bolsas novas, renovação e para os bolsistas que ingressaram nos programas por substituição/banco de reserva no mês de março. 

Poderão solicitar bolsa servidores ativos com doutorado exercendo atividade de pesquisa, com vinculo comprovado com a Fiocruz em regime de tempo integral (40 horas), pesquisadores visitantes e pós-doutorandos da Fiocruz que se dedicam exclusivamente a atividades de pesquisas na Fiocruz Bahia. Os formulários para inscrição online e outros documentos estão disponíveis nos endereços: 

http://www.pibic.fiocruz.br  e http://www.pibiti.fiocruz.br 

O objetivo do Programa Pibic é estimular o envolvimento de estudantes de graduação nas atividades científica, tecnológica, profissional, artística e cultural, proporcionando ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa. O Programa Pibiti tem como objetivo estimular os jovens do ensino superior nas atividades de pesquisa e aprendizagem de metodologias, conhecimentos e práticas próprias ao desenvolvimento tecnológico e processos de inovação.

Qualquer dúvida pertinente a este edital deve ser esclarecida através do e-mail proiic@bahia.fiocruz.br

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Programa de Saúde Mental da UFBA – PsiU será apresentado a estudantes e servidores da Fiocruz Bahia

O Programa de Saúde Mental da Universidade Federal da Bahia – PsiU/UFBA será apresentado à comunidade da Fiocruz Bahia, no dia 29 de março, no Auditório Aluízio Prata, às 14 horas. O evento será ministrado pelo psiquiatra, psicanalista e coordenador do programa, Marcelo Veras. Uma parceria entre a Fiocruz Bahia e a UFBA foi realizada visando o acolhimento, pelo PsiU, de estudantes dos programas de Iniciação Científica (PROIIC), Pós-graduação em Biotecnologia, Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) e de Pós-graduação em Patologia (PGPAT), além dos servidores da instituição.

O PsiU foi lançado em abril de 2017, a partir de debates e encontros sobre saúde mental promovidos pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas (PRODEP) da UFBA, com o objetivo de dar visibilidade e discutir questões relacionadas à saúde, ao bem-estar e à convivência com as diferenças dentro da comunidade universitária. Desde 2018, o serviço, criado para acolher inquietações que estejam afetando a saúde mental de estudantes e trabalhadores da UFBA, foi estendido aos estudantes e servidores da Fiocruz Bahia, nas mesmas condições oferecidas à comunidade universitária.

O Plantão de Acolhimento do Programa conta com uma equipe de profissionais capacitados para oferecer uma escuta qualificada de questões pontuais e urgentes que causam angústia e tensões aos membros da comunidade atendida, sem necessidade de marcações, inscrição ou cadastro. O PsiU não disponibiliza tratamento de saúde mental, mas pode realizar um acolhimento estendido com duração média de quatro a oito encontros. Caso haja necessidade de um acompanhamento mais prolongado, a demanda será trabalhada e a pessoa será encaminhada para um atendimento em rede de saúde mental.

O acolhimento presencial funciona nas segundas, terças, quintas e sextas-feiras, das 09h às 17h, e na quarta-feira, das 09h às 12h. Além do plantão de acolhimento, pessoas angustiadas podem conversar com um profissional da equipe via aplicativo de mensagem instantânea (WhatsApp 71 99911- 2828), nos casos de demandas ou necessidades urgentes. O contato com o PsiU também pode ser feito via Facebook e Instagram.

Plantão de Acolhimento do PsiU/UFBA

Como: Atendimento de acolhimento gratuito para estudantes e servidores da Fiocruz Bahia, sem necessidade de marcação.
Quando: Segundas, terças, quintas e sextas, das 09h às 17h, e na quarta-feira, das 09h às 12h.
Onde: sede da PROAE, Rua Caetano Moura, 140 – Federação.
Contatos: (71) 99911- 2828 (whatsApp), Facebook e Instagram.

 

 

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Estudo da Fiocruz analisa surto de chikungunya em Salvador

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

Um estudo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz detalha a ocorrência de um surto de chikungunya com 50 casos em um bairro de Salvador, na Bahia, sendo 45 em uma única rua. Liderada pelo Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), a pesquisa foi realizada no bairro de Coutos, localizado no subúrbio ferroviário, em uma área de construções informais, sem abastecimento de água e com esgoto a céu aberto.

Após a identificação de casos suspeitos em maio de 2017, os pesquisadores visitaram todas as 230 casas da localidade. Entre 50 casos suspeitos identificados, 35 foram confirmados por testes laboratoriais, incluindo duas ocorrências de co-infecção com chikungunya e dengue. Um caso isolado de dengue também foi diagnosticado. A decodificação do genoma do vírus chikungunya em sete amostras confirmou a presença de sequências genéticas idênticas e apontou semelhança de 99% com microrganismos detectados na Bahia em 2014 e 2015, sugerindo a continuidade da transmissão viral no estado. Analisando a distribuição espacial e temporal dos casos, os pesquisadores verificaram a rápida disseminação da doença “de casa a casa” entre abril e junho.

Para os autores, as más condições socioeconômicas no bairro, com serviços de abastecimento de água e coleta de lixo irregulares e acúmulo de recipientes que servem de criadouro para as larvas do Aedes, podem ter facilitado o surto. “Após 2,5 anos da primeira detecção no Brasil e da disseminação do vírus em todo o país, descobrimos que o chikungunya mantém seu potencial para causar surtos altamente localizados”, dizem os cientistas no artigo. Clique aqui e confira o artigo na íntegra.

Fabricação nacional

Um ensaio clínico que confirma a imunogenicidade – capacidade de estimular a produção de anticorpos – e a segurança da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) também está entre os trabalhos recentes publicados nas ‘Memórias’. O estudo marca a conclusão do processo de transferência de tecnologia da farmacêutica internacional GlaxoSmithKline (GSK) para a unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nacionalizando a fabricação da vacina tríplice viral, que integra o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. “Esta é uma conquista tecnológica significativa com implicações para os programas de imunização”, afirmam os autores no artigo.

Caracterizado como um ensaio clínico de fase 3, o estudo incluiu cerca de 1,5 mil bebês, vacinados em unidade de saúde do Pará entre 2015 e 2016. A vacinação seguiu o calendário nacional de imunizações: com a primeira dose aplicada por volta de 12 meses e, três meses depois, o reforço realizado com a tetra viral, que inclui a catapora. O alto índice de produção de anticorpos e o baixo nível de reações adversas demonstraram a consistência de três lotes consecutivos do imunizante produzido por Bio-Manguinhos/Fiocruz e a não inferioridade em relação à vacina fabricada com ingredientes farmacêuticos da GSK. A pesquisa foi realizada por Bio-Manguinhos/Fiocruz em colaboração com Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e Instituto Evandro Chagas (IEC). Clique aqui e leia o artigo completo.

A revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz pode ser acessada gratuitamente online. Confira os artigos recentes.

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Fiocruz Bahia celebra o Dia Internacional da Mulher

A data de 8 de março, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), é reconhecida mundialmente como o Dia da Mulher. Nesse período, são realizadas, em todo o mundo, diversas iniciativas para comemorar os avanços e promover ações que possam fortalecer os esforços em defesa dos direitos das mulheres e a igualdade de gênero.

Na Fiocruz Bahia, foi realizada a palestra “Mulheres cientistas no século XXI, novos tempos e trajetórias”, ministrada por Vanderlan Bolzani, professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Vice Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, é a primeira mulher a ocupar a direção da unidade desde a sua fundação, em 1950. A pesquisadora salientou que o momento é de luta e que o fato de a mulher muitas vezes estar em maior número nos ambientes de trabalho não significa vitória.

“Nós temos que acreditar em nós mesmas, no nosso potencial e parar de ter que provar a cada minuto que nós podemos. Essa é a grande lição, nós temos que acreditar que nós somos poderosas. Que possamos continuar avançando em nossas conquistas para que sejam cada vez maiores, com a criação de espaços e oportunidades associadas à equidade social, à igualdade de gênero e de raça. Precisamos construir um mundo com mais justiça, mais educação e, sobretudo, mais respeito aos direitos humanos”.

Segundo Vanderlan Bolzani, a falta de representatividade da mulher se agrava ainda por questões étnicas e econômicas. Além disso, a palestrante mencionou o ambiente e a cultura em que estamos inseridos, citando um estudo realizado na Inglaterra, no qual foram dadas a crianças de até 6 anos a tarefa de desenhar pessoas nas profissões de bombeiro, cirurgião e piloto de avião, como resultado, 61 desenhos foram de figuras de homens e apenas 5 eram mulheres.

“Não é fácil modificar uma cultura, leva muito tempo. Além do componente cultural, é extremamente importante que haja políticas públicas voltadas também para as áreas estratégicas do país, conhecidas como ciências duras”, afirmou Bolzani.

Cenário da Fiocruz

Jurema Carrilho, servidora há 30 anos.

Nacionalmente, as mulheres estão em maior número na Fiocruz, que possui 57% de servidoras. De acordo com o Boletim de Recursos Humanos da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, dentre o grupo de mulheres, 72% se autodeclarou branca, 16% parda e apenas 5% preta. Dos cargos comissionados 58% são ocupados por mulheres. Também mais mulheres fazem parte dos colaboradores terceirizados com 56%.

No total de servidores da Fiocruz Bahia, 73 são mulheres e 58 homens. Já a proporção dos que exercem atividade de pesquisa é 21 mulheres e 26 homens. Ao longo do tempo, as mulheres foram ganhando espaço na instituição e exercem um importante papel na construção do instituto.

Maria Fiscina está na Fiocruz há 48 anos.

Jurema Carrilho, servidora da Fiocruz Bahia há quase 30 anos, considera que as mulheres sempre tiveram um papel importante na instituição. “Embora a presença masculina fosse mais predominante, as mulheres sempre foram destaque. E com a abertura de concursos públicos, elas começaram a constituir a maioria dos servidores”, conta. 

Daniela Cerqueira trabalha na Fiocruz há 6 anos.

Ana Maria Fiscina é servidora desde 1970, para ela, o 8 de março é um dia para comemorar e protestar. “Nós, mulheres, somos guerreiras, batalhadoras, conquistamos muita coisa. Embora no IGM sempre tenhamos sido respeitadas e tivemos o nosso lugar, acredito que, principalmente pelas dificuldades que estamos passando, ainda há muito o que ser conquistado no país”.

A servidora Daniela Cerqueira disse que se sente privilegiada em trabalhar na Fundação. “A Fiocruz é instituição que as mulheres são maioria no quadro de servidores e que o maior posto de direção é ocupado por uma mulher. É um privilégio trabalhar em um órgão que respeita e valoriza as suas servidoras, pois isto é refletido no ambiente funcional, que possui melhores condições de trabalho do que as oferecidas pelas instituições em geral”, declarou.

Lúcia Morena, servidora da Fiocruz há 33 anos.

Para a servidora Maria Lúcia Moreno, a comemoração é importante para lembrar a toda a humanidade que as conquistas da mulher foram através da luta. “Temos o exemplo de Dra Marilda, a nossa primeira mulher diretora, isso é o reconhecimento de um trabalho. Mesmo com todos os estigmas que nós temos, com todas as pressões, seja na família ou no trabalho, a gente consegue superar, mas temos muito o que lutar ainda. Temos visto muitas mulheres sendo espancadas e mortas por homens só para manterem no poder. Então o caminho é esse, trabalhar com seriedade, com amor e lutar, sempre”.

Inteligência e Inovação

Este ano, a ONU Mulher definiu como tema do 8 de março “Pensemos em igualdade, construção das mudanças com inteligência e inovação”. De acordo com a Organização, o mote “está centrado nas formas inovadoras para a defesa da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, em especial aquelas relativas aos sistemas de proteção social, acesso aos serviços públicos e infraestrutura sustentável”.

Este tema também está contextualizado no Objetivo 5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas – da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A ONU declarou que “a inovação e a tecnologia trazem oportunidades sem precedentes, no entanto, as tendências atuais indicam que as lacunas digitais estão se ampliando e que as mulheres estão representadas de maneira insuficiente nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design”.

Estudantes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Fiocruz em parceria com a FESF-SUS
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Diretora da Fiocruz Bahia participa de evento que destaca as trajetórias negras da Fundação

Por: Erika Farias (CCS/Fiocruz)

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, a Fiocruz, por meio do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação, promove, no dia 12 de março, às 9h, na Tenda da Ciência Virgínia Schall, a terceira edição do evento Trajetórias Negras. O encontro, que terá a mediação de Roseli Rocha, pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e coordenadora colegiada do Comitê, contará com a participação da diretora do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves e da diretora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), Zélia Profeta. 

O objetivo do evento é debater o racismo institucional, que coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições. É uma oportunidade de falar, ouvir e ser ouvido, em uma roda de conversa aberta ao público. O evento contará com interpretação em libras.

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2º Simpósio sobre Autofagia, Fagocitose e Imunidade aconteceu na Fiocruz Bahia

Focado em Biologia Celular e Imunologia, a Fiocruz Bahia realizou o 2nd International Symposium on Autophagy, Phagocytosis and Innate Immunity, durante os dias 06 a 08 de fevereiro. Com cerca de 71 participantes e 19 palestras, acompanhadas de debates, o evento foi promovido com o objetivo de unir os grupos de pesquisa das três principais áreas no estado da Bahia e no Brasil. O público-alvo foram estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores.

Patrícia Veras, Vice-diretora de Ensino e Informação da Fiocruz Bahia e organizadora, ressaltou a importância do evento, principalmente para a região Norte e Nordeste. “O simpósio foi idealizado com o intuito de ampliar essa integração por meio de apresentação de tecnologias de ponta e avanços recentes na temática do evento. Chamamos a atenção que esses temas têm uma grande importância no estudo de doenças crônicas, incluindo doenças degenerativas e neoplásicas, além de doenças infecciosas”, ressaltou a pesquisadora.

O evento contou com apresentações de trabalhos feito por estudantes de pós-graduação do IGM e de instituições fora da Bahia, além da participação de palestrantes que vieram dos Estados Unidos, Canadá e Argentina. “O simpósio foi capaz não somente de agradar aos estudantes, que revelaram ter tido a oportunidade de aprender diversas abordagens metodológicas, suas aplicações experimentais e interpretação de resultados, como também aos palestrantes, que deram depoimentos da satisfação que tiveram com o alto nível das apresentações e discussões que foram geradas”, avaliou.

Confira as fotos do evento:

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Estudo aponta inflamação crônica como causa de anemia associada à tuberculose

Um estudo liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, detalhou o perfil de inflamação sistêmica em uma coorte de pacientes com tuberculose pulmonar ativa, com ou sem anemia, em diferentes períodos de tempo, após o início da terapia antituberculose. Uma bioassinatura distinta relacionada à anemia foi detectada, definida por valores aumentados de ácido úrico, proteína C-reativa e taxa de sedimentação de glóbulos vermelhos. O trabalho foi publicado na revista científica do grupo Nature Scientific Reports.

A infecção por Mycobacterium tuberculosis provoca uma doença pulmonar crônica caracterizada por uma inflamação persistente e causando dano substancial ao tecido pulmonar. Segundo os autores do estudo, a tuberculose continua sendo a principal causa de morte de infecção por um único agente causador de doença.

Os pesquisadores afirmaram que, em alguns casos, a tuberculose pulmonar está também associada à anemia. Várias investigações relataram uma prevalência de anemia no diagnóstico de tuberculose, variando entre 32% e 86% dos casos. Muitos pacientes exibem níveis reduzidos de hemoglobina, o que pode impactar diretamente na morbidade associada à tuberculose. Apesar de sua importância epidemiológica, a investigação cuidadosa das causas de anemia em pacientes com tuberculose não é realizada de forma sistemática.

Para o estudo, dados de 238 indivíduos foram examinados retrospectivamente: 118 pacientes com tuberculose e 120 saudáveis. Vários parâmetros foram examinados em amostras de sangue periférico dos envolvidos no estudo. Os autores explicam que a anemia causada por deficiência de ferro está associada com níveis de ferritina menor que 30 ng / mL, enquanto que a causada por doença crônica está ligada a níveis de ferritina maior que 100 ng / mL. Também, as concentrações de ferritina na amostra de soro aumentam em condições inflamatórias como doenças autoimunes, infecções, malignidade e outras doenças.

Entre os 118 pacientes com tuberculose, 105 apresentaram níveis de hemoglobina abaixo dos valores de referência e foram categorizados como anêmicos. O estado pró-inflamatório foi apenas parcialmente reduzido após 60 dias de tratamento para tuberculose, indicando que a anemia associada à tuberculose é, provavelmente, relacionada à inflamação persistente.

Na pesquisa, as concentrações de hemoglobinas não se alteraram entre os momentos do estudo no grupo que não eram anêmicos no início do tratamento. Apesar do aumento substancial nos níveis de hemoglobina após o início da terapia, o número de anêmicos no dia 60 da terapia ainda eram aproximadamente 49% do pré-tratamento. Além disso, análise dos parâmetros bioquímicos demonstrou que os pacientes anêmicos em cada período de estudo avaliado apresentaram um perfil distinto em relação àqueles sem anemia.

Segundo os pesquisadores, à primeira vista, os achados poderiam sugerir que a carga micobacteriana da doença não influenciou no grau de anemia. Contudo, quando apenas os pacientes anêmicos foram analisados, descobriu-se que os níveis de hemoglobina exibem uma tendência significativa de diminuir após aumentos graduais nos esfregaços. Portanto, é possível que a carga de infecção influencia o grau de anemia em indivíduos mais suscetíveis, e não em todos os pacientes com tuberculose.

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Desenvolvimento da CT&I e papel nacional da Fiocruz é foco de palestra

Foi realizada, na Fiocruz Bahia, no dia 1º de fevereiro, a palestra “Desenvolvimento e CT&I: desafios para o país e o papel nacional da Fiocruz”, ministrada por Carlos Gadelha, coordenador das Ações de Prospecção da Fiocruz. O palestrante abordou aspectos do desenvolvimento e da inovação no mundo e o papel da Fundação no desenvolvimento nacional da saúde, além de ressaltar a importância das oportunidades e investimentos na esfera regional. 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, presente na ocasião para uma programação integrada de eventos e reuniões, falou da importância da cooperação entre a Fundação e os governos dos estados onde a Fiocruz tem unidades e, no contexto do Dia Internacional das Mulheres na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, aproveitou para pontuar sobre a agenda de questões relacionadas às mulheres.

“Essa agenda ampla fará parte do nosso acordo com o Governo do Estado. Nós estamos trabalhando na perspectiva dos nossos institutos nos estados e em todo o sistema Fiocruz”, salientou.

Também participou da mesa de abertura Julieta Palmeira, secretária de Políticas para Mulheres do Estado da Bahia, que reiterou a importância da parceria com a Fiocruz e as dificuldades das mulheres cientistas. “Há muito desincentivo. Se já é difícil para os homens, imagina para as mulheres. Uma coisa é certa, as mulheres precisam estar na ciência”, destacou. 

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, deu boas-vindas aos convidados e comentou sobre a parceria com a Secretaria de Políticas das Mulheres e a Fiocruz para fomentos de inserção das mulheres na ciência. Ainda, relembrou uma ação que a pesquisadora da unidade, Isadora Siqueira, está realizando. “A agenda das mulheres é importante e estamos construindo uma discussão para as mulheres e meninas na ciência. Uma iniciativa que Isadora tem feito é trazer meninas para uma experiência em pesquisa”, apontou.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral, foi convidado a apresentar o palestrante e elogiou sua atuação para o desenvolvimento da saúde no Brasil, “o próprio conceito do complexo econômico no Ministério da Saúde tem a marca de Gadelha desde seu início”, afirmou. Durante a palestra, foram abordados os principais conceitos em desenvolvimento e inovação e frisou-se que as oportunidades em níveis nacionais e regionais não podem ser encaradas somente como necessidade, mas também como oportunidade.

“Há espaços que estão carentes de desenvolvimento e isso pode ser uma grande oportunidade para a expansão: investimentos, renda, empregos”, declarou. “A gente deixa de ver o regional como uma política para o excluído, que também precisa ter, mas também abre oportunidade onde não havia. Exemplo de países como Estados Unidos, China e em continentes como a Europa, é possível ver desenvolvimento em lugares onde não havia praticamente nada”.

No decorrer do evento, Carlos Gadelha expôs alguns dados sobre desenvolvimento internacional e explicou a assimetria intelectual em países com desigualdades através de indicadores como fonte de energia, território e investimento em C&T. “Existe um padrão global de desigualdade regional e territorial que se reproduz, inclusive, dentro dos países numa força de concentração do desenvolvimento em grandes cidades”, ressaltou.

Sobre o papel da Fiocruz para o desenvolvimento regional, Gadelha destacou a atuação em rede e o potencial de desenvolvimento que a instituição tem. “Existem desdobramentos para uma atuação global, regional e sub-regional. Isso é uma potência única e diferenciada que a Fiocruz apresenta”. O palestrante também disse que a Fiocruz pode ajudar o Brasil a entrar na 4ª Revolução Industrial com sua presença nacional, conectando as ações nas redes de conhecimento entre as cidades e para não perder oportunidades de desenvolvimento em vários lugares no Brasil.

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Seminário sobre febre amarela é realizado na Fiocruz Bahia

A febre amarela, com o aumento da ocorrência de maiores casos silvestre nos últimos anos, ressurge como importante ameaça à saúde pública no Brasil. Com o objetivo de pensar o cenário epidemiológico da doença e reforçar a importância da cooperação entre Fiocruz, Governo do Estado e Ministério da Saúde, foi realizado o seminário “Febre Amarela: Vigilância de Epizootia”, no dia 31 de janeiro, na Fiocruz Bahia.

Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), participou da ocasião e explicou que o evento faz parte de uma linha de seminários que trabalham as questões de maior impacto em cada estado em que há uma unidade da Fiocruz, ressaltando a importância da promoção de diálogo e de construção de agendas de trabalho. “Ser uma instituição nacional no país com a dimensão do Brasil, com suas diferenças e desigualdades regionais, implica em estar mais próximo do nível estadual e local. A própria construção do Sistema Único de Saúde já tem esse princípio”, declarou.

A presidente também falou sobre a agenda de pesquisa de vigilância da Fiocruz junto à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde com relação ao impacto ambiental do desastre de Brumadinho, depois de estudos apontarem para uma possível relação entre o surto de febre amarela em Minas Gerais e o rompimento da barragem em Mariana, no estado.

Dentre outros pontos, Nísia mencionou, no contexto dos 120 anos da Fiocruz, que será comemorado em 2020, o processo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o que o castelo da Fiocruz seja Patrimônio da Humanidade. Além disso, a presidente ressaltou a participação da Fiocruz no plano global de ação para acelerar os objetivos do desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, liderada pela Organização Mundial de Saúde, na qual ela está responsável pelo acelerador número 5 – no campo da pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Na abertura do evento, a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, destacou a importância do seminário enfatizando a notificação recente de um caso de febre amarela humana no Paraná. “Estamos vivenciando um momento importante para a saúde pública não só com a reemergência da febre amarela, mas com a presença de outras arboviroses e outras doenças negligenciadas, além das questões ambientais, como a tragédia com rompimento da barragem de Brumadinho”, afirmou. 

A primeira mesa de discussão foi mediada por Rivaldo Venâncio da Cunha, da Coordenação de Vigilância em Saúde da Fiocruz, que iniciou salientando a importância da discussão que tem como um dos objetivos contribuir com a aproximação dos gestores da Saúde. “A Fundação, enquanto instituição pública comprometida com o bem-estar da população e independentemente de quaisquer que sejam as opções político-partidárias, tem dado essa contribuição”, disse.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Divep/ SESAB), Jeane Magnavita, que também representou o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas Boas, mediou o segundo momento do evento e disse que a Bahia tem tido experiências exitosas com a questão das arboviroses. “A febre amarela tem consumido nosso tempo e roubada nossa atenção, desde 2017. A vigilância epidemiológica associada com ações intersetoriais e a ampliação da cobertura vacinal têm sido muito importantes”, destacou.

História e Vigilância

No caso da febre amarela, a vigilância de epizootias tem um papel central que é identificar e acompanhar a circulação do vírus, através do diagnóstico da doença em primatas não humanos. “A gente se debruça na tentativa de identificar o vírus a partir dos primatas como uma forma de antecipar a circulação da doença”, explicou Daniel Garkauskas Ramos, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, durante apresentação.

A maioria dos casos de febre amarela em humanos é do sexo masculino e está associado com trabalho ou residência em área rural. “No Brasil, ainda não tem nenhuma evidência de transmissão urbana do vírus da febre amarela pelo Aedes aegypti, mas talvez a gente nunca tem estado tão perto disso como agora, nos últimos 100 anos”, disse.

De acordo com Garkauskas, a doença foi introduzida nas Américas no fim do século 17, com os escravos trazidos da África. “O vírus, vindo da África, se adapta aos vetores silvestres e macacos de outros gêneros e se adaptam a um ciclo totalmente diferente. É muito claro que a febre amarela no Brasil tem características epidemiológica absolutamente diferentes do que a gente vê na África”, declarou o representante do Ministério da Saúde.

Os últimos casos de febre amarela urbana aconteceram no Acre, em 1942, e depois disso não existe a evidência de transmissão urbana do vírus da febre amarela no Brasil. Em 1958, o país recebe um certificado de erradicação do Aedes aegypti, mas, na década de 60, o Aedes aegypti retorna ao país e ainda não se sabe ao certo por que não se tem mais transmissão urbana no Brasil.

Garkauskas contou que, a reemergencia de febre amarela começa em 2014/2015 com alguns eventos no Tocantins e Goiás, em 2017 o vírus já estava no oeste de Minas Gerais e depois em São Paulo. “Os casos não chamaram muita atenção por causa da zika e chikungunya que, em 2015, roubaram toda atenção do sistema de vigilância e da imprensa pela gravidade do problema”, concluiu.  

Epizootia na Bahia

“No estado da Bahia, o objetivo da vigilância de febre amarela é evitar casos silvestres, já que não se tem registro de casos autóctones da doença nos últimos anos, e impedir a contaminação urbana”, afirmou Gabriel Muricy, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da SESAB. De acordo com Muricy, existe uma preocupação maior com o oeste do Estado, porque faz limite com outros estados com circulação do vírus. Recentemente, os casos suspeitos de epizootia nos municípios de Simões Filho, Feira de Santana, Paulo Afonso e em Salvador desencadearam uma ação de vigilância ativa em todo o estado.

“Em 2017, foram registradas 770 epizootias nos municípios baianos. O que chamou a atenção foi que, ao contrário do esperado, houve maior concentração de casos na região metropolitana e isso está, provavelmente, relacionado a qualidade do serviço por existência de centro de controle de zoonoses neste local, que traz uma maior capacidade de detecção”, afirmou.

Para Muricy, a vacinação teve importância no bloqueio da circulação do vírus no estado. “Em 2018, 178 municípios passaram a ter recomendação de vacina e, em 2019, todos os municípios da Bahia farão parte da área de recomendação. Em 2000, eram apenas 45 municípios”, declarou. “Há ainda a necessidade de intensificar a vigilância em portos e aeroportos, em municípios de interesse turístico e notificação imediata de suspeita”, acrescentou.

Investigação e fluxo

A veterinária Luisa Helena Monteiro de Miranda, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/ Fiocruz), apresentou os aspectos histopatológicos da febre amarela. Desde 2017, o laboratório onde trabalha começou a receber amostras de primatas para diagnóstico da doença, dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Nesse mesmo ano, só da Bahia foram enviadas mais de 4.000 amostras de primatas para análise.

Sistematicamente, o laboratório recebe cérebro, baço, coração, fígado, rins e pulmão. A veterinária explicou que os achados morfológicos consistentes são encontrados basicamente no fígado, que é a necrose de hepatócitos, degeneração hemofílica, hemorragia e inflamação. Os gêneros de macacos mais recebidos são os alouatta e callithrix (mico). O primeiro apresenta as lesões mais graves.

“Acho importante comentar que mesmo que o animal esteja em estado avançado de autólise é sempre importante fazer a coleta, porque a detecção de antígeno é possível mesmo em estágios mais avançados. Do ponto de vista epidemiológico, se a gente conseguir responder a uma parte dos casos já é importante para vigilância. Outro problema são as amostras congeladas e eu não sei até que ponto isso pode ser evitado, mas a gente perde avaliação morfológica e não tem como definir o caso”, alerta.

A diretora do Laboratório Central do Estado da Bahia (LACEN), Zuinara Pereira Gusmão Maia, disse que, como o surto começou no sudeste, a Bahia teve tempo para se preparar para a possibilidade de circulação do vírus, através de uma série de ações conjuntas de diversas instituições das esferas federais, estaduais e municipais. “A gente não tem como retirar o vírus do meio ambiente, mas tem meios para evitar surtos a partir do momento em que tem uma vigilância e uma comunicação atuantes”, defendeu. Zuinara afirmou que, na Bahia, as coletas não são realizadas em campo, os primatas vão inteiros para o LACEN.

Em 2017, foram analisadas pelo laboratório amostras de 117 municípios, destes 27 apresentaram positividade para febre amarela. Em 2018, o número de epizootias diminuiu. Dos 88 municípios que enviaram primatas para o LACEN, não houve amostras positivas. “A gente precisava identificar onde tinha epizootia. Hoje, a gente sabe que o vírus não deixou de existir, mas está contido no meio rural. Como o número de casos diminuiu, partimos para a fase de monitorar os vetores, com a capacidade de dar resposta maior”, explicou a diretora.

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Pessoas com anticorpos contra a dengue têm menor chance de contrair zika, aponta estudo

O surto da zika, ocorrido no período de 2015/2016, representou uma das maiores emergências de saúde pública do Brasil. Um novo estudo liderado por pesquisadores da Fiocruz Bahia, Fiocruz Pernambuco, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Escola Pública de Yale, além de outros parceiros internacionais, demonstrou que as pessoas que possuíam anticorpos contra a dengue tinham menor probabilidade de serem infectadas pelo zika durante o surto.

A revelação de que a imunidade resultante da infeção gerada pelo vírus da dengue protegeu indivíduos da zika foi obtida a partir do acompanhamento de uma coorte de 1.453 pessoas, formada por moradores do bairro Pau da Lima, em Salvador, Bahia, uma área em que cerca de 73% dos indivíduos tiveram contato com o vírus Zika. O estudo que descreve os procedimentos da pesquisa e os mecanismos que geram a proteção foi publicado na revista Science

Os vírus da zika e da dengue compartilham muitas semelhanças genéticas e circulam nas mesmas regiões. Uma questão-chave em ainda estava em aberto foi se os anticorpos que são gerados a partir de uma infecção por dengue poderiam protegem as pessoas ou as tornam mais suscetíveis a uma infecção por zika. “Este estudo é o primeiro a avaliar esta questão e demonstrar que a imunidade à dengue pode proteger contra uma infecção por Zika em populações humanas”, disse Federico Costa, pesquisador visitante da Fiocruz Bahia e professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, destacou que a população de Pau da Lima já é acompanhada há quase 20 anos pelo grupo de pesquisa e defendeu que o fato do trabalho ser multicêntrico contribuiu para o avanço no conhecimento científico. “Estudos anteriores realizados na Fiocruz Bahia já indicaram que a infecção por zika também gerou resposta imune cruzada contra dengue. Mostramos que trabalhando de forma organizada, em parcerias, você pode aumentar o conhecimento científico, gerar evidencia para tomada de decisões políticas futuras e formar e capacitar recursos humanos”, afirmou.

Uma explicação para a relação entre a epidemia e a síndrome congênita associada a zika também foi oferecida pelos pesquisadores. “A taxa de infecção extremamente alta entre as mulheres grávidas de comunidades empobrecidas, como no nosso local de estudo, foi certamente a principal razão pela qual tivemos um grande surto de microcefalia entre as crianças no final de 2015”, disse Albert Ko, professor da Escola de Saúde Pública de Yale e um dos autores principais do estudo.

A pesquisa indicou que, embora a taxa geral de infecção tenha sido alta em Pau da Lima, os pesquisadores descobriram grandes diferenças no risco de infecção pelo Zika, em curtas distâncias. Dependendo de onde as pessoas viviam, as taxas de infecção variavam de um mínimo de 29% a um máximo de 83%. Os autores defenderam que, embora houvesse áreas da comunidade que não foram atingidas pelo Zika durante o surto, a grande maioria da população estava infectada com o vírus altamente transmissível e por isso desenvolveu imunidade a esse vírus, o que, por sua vez, levou à extinção da transmissão e causou o declínio do surto. “A pandemia de zika criou altos índices gerais de imunidade a esse vírus nas Américas, o que será uma barreira para os surtos nos próximos anos”, disse Isabel Rodriguez-Barraquer, professora assistente da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

O estudo foi apoiado pela Escola de Saúde Pública de Yale, Ministérios da Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia do Brasil e os Institutos Nacionais de Saúde.

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Seminário Febre Amarela: Vigilância de Epizootia será realizado na Fiocruz Bahia

No dia 31 de janeiro (quinta-feira), será realizado o seminário “Febre Amarela: Vigilância de Epizootia”, no auditório da Fiocruz Bahia, a partir das 09 horas. O evento, que discutirá a vigilância em epizootia em primatas não humanos, tem como objetivo a prevenção de casos humanos de febre amarela. O seminário é aberto ao público e não necessita inscrição.

Na ocasião, estarão presentes Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de Daniel Garkauskas Ramos, da Secretaria de Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde); Rivaldo Venâncio da Cunha, da Coordenação de Vigilância em Saúde (Fiocruz); Jeane Magnavita, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia; e Zuinara Pereira Guimarães Maia, do Laboratório Central do Estado da Bahia (LACEN).

Clique aqui e confira a programação completa.

A primeira mesa de discussão abordará o tema “Febre Amarela: vigilância de epizootia” e “Ações de bloqueio vetorial e vacinal no estado da Bahia”. No segundo momento, os palestrantes irão discorrer sobre os “Aspectos histopatológicos da febre amarela” e “Febre amarela: investigação de casos e tomada de decisão em nível estadual”. 

Seminário Vigilância de Epizootia

Data: 31/01/2019
Horário: 09h00 às 15h00
Local: Auditório Aluízio Prata, Fiocruz Bahia. Rua Waldemar Falcão, nº 121, Candeal – Salvador, Bahia.

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Estudo relaciona traço falciforme e doença renal terminal

A frequência de traço falciforme é significativamente maior em pacientes em hemodiálise do que na população geral. Essa foi uma das conclusões de um estudo coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Washington Conrado dos Santos, que comparou a frequência do traço falciforme entre pacientes com doença renal terminal e uma população de recém-nascidos em Salvador, Bahia. O estudo foi descrito no periódico científico Plos One, no artigo The sickle cell trait and end stage renal disease in Salvador, Brazil.

De acordo com o trabalho, o traço falciforme é frequente na população brasileira, variando de 1,1% a 9,8%. A doença falciforme tem sido associada a uma variedade de lesões renais e as alterações vasculares observadas nesta doença podem afetar mais intensamente a medula renal. Por outro lado, o traço falciforme é raramente associado à doença renal e pouco se sabe sobre a contribuição do traço falciforme para a gravidade e progressão de doenças renais inflamatórias ou degenerativas.

No presente estudo, foram avaliados 306 pacientes com doença renal terminal em hemodiálise e, para estimar a frequência do traço falciforme na população geral de Salvador, dados coletados por um programa de triagem neonatal local entre 2011 e 2016 também foram analisados. Não foram encontradas diferenças nos dados demográficos, clínicos ou laboratoriais entre os pacientes com ou sem o traço falciforme.

Estudos adicionais avaliando a fisiopatologia do traço falciforme e seu impacto na doença renal podem fornecer informações importantes para promover o desenvolvimento de estratégias para prevenir a progressão da doença renal crônica para terminal.

Fatores genéticos

No artigo, os pesquisadores afirmam que, ao estudar a doença renal nas populações de descendentes de africanos, é importante levar em consideração outros fatores genéticos envolvidos na progressão da doença renal. Certas variantes no APOL1, um gene localizado no cromossomo 22, que codifica a apolipoproteína L1 (APOL1), estão associadas à progressão de muitas doenças renais.

Por isso, também foram investigadas as frequências de variantes de risco de apolipoproteína L1 em ​​pacientes submetidos à hemodiálise. Os pesquisadores concluíram que os haplótipos APOL1 não parecem ser os determinantes da doença renal terminal nesses pacientes. Foram analisados o DNA de 45 pacientes.

 

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