A Coordenação de Ensino da Fiocruz Bahia torna público o gabarito das Provas de Conhecimentos Específicos e Informática realizadas dia 06 de setembro de 2018. O resultado preliminar das provas será divulgado até o dia 14/09, conforme cronograma.
Em cerimônia conduzida pela presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, foi entregue, no dia 31 de agosto, os títulos de Pesquisador Emérito da Fiocruz aos pesquisadores Bernardo Galvão Castro Filho, Gabriel Grimaldi Filho e Ricardo Ribeiro dos Santos. A solenidade, que ocorreu no auditório Aluízio Prata, no Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), teve a mesa composta pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, pelo vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral Netto, e por Nísia Trindade.
A honraria de Pesquisador Emérito da Fiocruz é dada aos cientistas que têm grande experiência no campo científico, com décadas de dedicação à pesquisa e à formação de profissionais, com reconhecimento nacional e internacional.
O evento abriu com a mestre de cerimônia, Carla Cavalcanti, dando as boas-vindas aos convidados e passando a palavra à mesa. Marilda deu início destacando a honra de ter apresentado o memorial dos pesquisadores no Conselho Deliberativo da Fiocruz (CD), no qual os títulos foram aprovados por unanimidade. Ressaltou, ainda, a importância do papel que cada um deles exerceu nas políticas públicas e pesquisa em suas áreas. “É uma honra para o IGM ter esses pesquisadores como eméritos na nossa instituição”, disse.
Em seguida, o vice-presidente abordou a importância do reconhecimento acadêmico através de condecorações como esta, tradição que tem se perdido conforme o tempo. “Cada um teve contribuições em campos diferentes, mas todos fizeram avançar o conhecimento. Que nós possamos como instituição prestar essa homenagem e agradecer as contribuições que todos fizeram”, acrescentou Manoel Barral.
Ao público, Nísia explicou que “o pesquisador emérito é um reconhecimento a carreiras de alta qualidade científica, que prestam relevantes serviços ao conhecimento e ao SUS”. A presidente também cumprimentou os representantes das instituições presentes na cerimônia, ressaltando a presença de representantes e do presidente da Associação de Pacientes com HTLV (Associação HTLVida), Francisco Daltro, salientando a importância para a Fiocruz do trabalho integrado com as associações de pacientes.
Nísia aproveitou a cerimônia para comentar sobre o momento em que o país se encontra na área da saúde e da pesquisa, destacando a importância de fomento para ideias inovadoras. Um dos programas que estimulará esse desenvolvimento é o Inova Fiocruz, que tem como objetivo incentivar a transferência para a sociedade do conhecimento gerado em todas as áreas de atuação da fundação. A presidente agradeceu a comunidade da Fiocruz Bahia pela submissão de projetos ao edital.
Em homenagem aos eméritos, houve um momento para a leitura de memorial, que retratou resumidamente a vida acadêmica e profissional de cada pesquisador. Coube a Geraldo Gileno, pesquisador do Laboratório de Patologia Estrutural e Molecular (LAPEM) da Fiocruz Bahia, a leitura do memorial de Gabriel Grimaldi e a Marilda Gonçalves ler os memoriais de Bernardo Galvão e Ricardo Ribeiro.
No encerramento, os cientistas receberam a condecoração da mesa de honra e uma placa de homenagem. Na oportunidade, Bernardo Galvão agradeceu o prestígio de ter recebido o título de Pesquisador Emérito da Fiocruz e agradeceu o apoio da família, terminando sua fala com um apelo à Fiocruz e aos órgãos de saúde, que dessem mais prioridade ao Vírus Linfotrópico da célula T humana (HTLV) nas suas agendas institucionais.
Ricardo Ribeiro disse estar muito honrado com o reconhecimento de sua carreira acadêmica e seus esforços nas pesquisas em saúde e agradeceu à Milena Botelho, pesquisadora da instituição, como importante parceira em projetos. Ao final, Gabriel Grimaldi, emocionado, agradeceu à instituição pelo reconhecimento de sua trajetória na ciência.
A palestra “Bem Estar, Valores e Comportamentos” discutirá a amplitude do bem estar e sua vinculação com a forma como são estabelecidos e preservados os comportamentos humanos, a partir do resgate de valores essenciais que alicerçam a base das experiências positivas, da condução do propósito de vida e do legado a ser oferecido à sociedade. O evento acontecerá dia 10 de outubro, às 9 horas, na Fiocruz Bahia.
As inscrições podem ser realizadas clicando aqui. Será emitido certificado a todos os participantes.
O professor Ramon Almeida, diretor das Organizações Brahma Kumaris e conselheiro da Junior Achievement Bahia, ministrará a palestra. O público-alvo são profissionais e estudantes da área de saúde com interesse em aprimorar o conhecimento sobre a relação saúde e ambiente em suas dimensões individual e coletiva, bem como sobre as estratégias que contribuem para a promoção da saúde e da qualidade de vida no planeta.
O ciclo de palestras doPrograma Fiocruz Saudáveldo Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia) tem como objetivo fomentar reflexões acerca de pressupostos de qualidade de vida e proteção ambiental, questões que atualmente integram o conceito de saúde.
Palestra “Bem Estar, Valores e Comportamentos” Data: 10 de outubro de 2018 Horário: 09 horas Local: Rua Waldemar Falcão, n 121, Candeal – Fiocruz Bahia
A Coordenação de Ensino da Fiocruz Bahia torna pública a homologação das inscrições para participação no processo seletivo de candidatos à Qualificação em Serviço do Programa de Formação Técnica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (Profortec-Saúde). Também, convoca os candidatos para a realização da prova teórica, que ocorrerá no dia 06 de setembro de 2018, na sede da Fiocruz Bahia.
Clique aquipara conferir a lista de inscrições homologadas e informações sobre a realização da prova.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) está promovendo Encontros Regionais Preparatórios para o 8º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (8º SNCTAF), que integra as atividades rumo à 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª + 8). A próxima turma será realizada na Fiocruz Bahia, nos dias 13 e 14 de setembro. Para participar, basta preencher o formulário de inscrição online. Confira a programação e outras informações aqui.
As ações acontecem em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e são organizadas pela Escola Nacional dos Farmacêuticos. As atividades são voltadas aos membros do controle social brasileiro, ativistas sociais, acadêmicos, usuários, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS).
O 8º SNCTAF acontecerá em dezembro, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e se articula aos eixos: Saúde das Pessoas com Deficiência; e Assistência Farmacêutica e Ciência e Tecnologia. Neste sentido, o relatório dos Encontros Regionais realizados agora servirá de subsídio ao 8º SNCTAF, que, em seguida, levará suas contribuições para a 16ª Conferência, marcada para 2019.
O objetivo do simpósio é propiciar o debate sobre ciência e tecnologia, assistência farmacêutica e atenção à saúde das pessoas com patologia, qualificando a atuação e intervenção dos participantes sobre a organização do acesso da população aos medicamentos e as novas tecnologias em saúde por meio do SUS.
A Fiocruz Bahia realiza, no dia 31 de agosto de 2018, a entrega do título de Pesquisador Emérito da Fiocruz aos pesquisadores Bernardo Galvão Castro Filho, Gabriel Grimaldi Filho e Ricardo Ribeiro dos Santos. O evento será realizado às 16h30 horas, no Auditório Aluízio Prata, na sede da Fiocruz Bahia. A cerimônia será conduzida pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e contará com a participação do vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral Netto.
O título de Pesquisador Emérito da Fiocruz ratifica a excelência do trabalho dos pesquisadores homenageados, que têm vasta experiência no campo científico, o que se traduziu em reconhecimento nacional e internacional, com décadas dedicadas à pesquisa e à formação de profissionais, além de terem conquistado outras honrarias científicas.
Confira um pouco da trajetória de cada um deles na Fiocruz:
Bernardo Galvão Castro Filho
Formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1969. Em 1979, implantou o Centro de Imunologia Parasitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/RJ) da Fiocruz, que deu origem ao Departamento de Imunologia, congregando pesquisadores que se destacaram internacionalmente na área de doenças parasitárias. Em 1982, iniciou trabalhos pioneiros na área de AIDS, tendo isolado o HIV pela primeira vez na América Latina, contribuindo para implantação da triagem deste vírus nos bancos de sangue do país. Em 1988, transferiu-se para a Fiocruz Bahia, onde implantou o Laboratório Avançado de Saúde Pública (LASP), que se constituiu no Laboratório Nacional de Referência do Ministério da Saúde para o Diagnóstico HIV/HTLV. Em 2001, implantou o Centro Integrativo Multidisciplinar de HTLV-1 da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Atualmente, o Dr. Bernardo Galvão Filho é Professor Titular da EBMSP e coordenador do Centro de Neurociências e do Centro Integrativo Multidisciplinar de HTLV da mesma instituição. É também Membro da Academia de Medicina da Bahia, da Academia de Ciências da Bahia e do Conselho Diretor da Academia de Ciências da Bahia.
Gabriel Grimaldi Filho
Formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1972. Em 1978, ingressou como Pesquisador Titular na a Fundação Oswaldo Cruz, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/RJ). Os estudos multidisciplinares realizados contribuíram para estabelecer avanços em áreas prioritárias da Saúde, com a geração de novos conhecimentos e instrumentos diagnósticos em Leishmaniose. Entre outros marcos obtidos, destacam-se a inserção do grupo de pesquisa em Redes de Pesquisa nacional e internacional e o credenciamento da Coleção de Leishmania do Instituto Oswaldo Cruz (CLIOC) como Serviço de Referência vinculado ao Centro de Referência Nacional em Leishmaniose Tegumentar Americana, que integra a Rede de Centros de Recursos Biológicos para Avaliação da Conformidade de Material Biológico. Em 2013, foi transferido para a Fiocruz Bahia, onde atuou como pesquisador até 2015. Durante este período, passou a liderar o grupo Núcleo de Pesquisa em Leishmaniose. Atualmente, atua como Pesquisador Colaborador da Fiocruz Bahia e desenvolve pesquisas que estão focadas no uso de primatas não humanos como modelos para estudos de desenvolvimento de drogas e vacinas contra doenças periodontais.
Ricardo Ribeiro dos Santos
Formou-se em medicina pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 1969. Em 1979, ingressou como Pesquisador Titular na Fundação Oswaldo Cruz. Recebeu vários prêmios pelos seus trabalhos e produção científica, incluindo o de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (MCT). Atuou como coordenador de vários projetos, dentre eles o Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual (IMBT/MCT, 2001-2005), o Estudo Multicêntrico de Terapia Celular em Cardiopatia Chagásica, o Instituto de Terapia Celular da Bahia e projetos da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO). Atualmente, é Coordenador de Pesquisas Básicas do Hospital São Rafael (HSR) – Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro de Promoção Sanitária, onde implantou o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular (CBTC). Tem experiência nas áreas de imunologia, patologia, farmacologia e terapia celular, com ênfase na doença de Chagas, terapia com células-tronco para doenças degenerativas e traumáticas e farmacologia de produtos naturais e sintéticos.
Mesmo quando a genética predispõe a criança à obesidade, a alimentação pode modificar essa tendência. Um estudo inédito mostra que a redução de bebidas açucaradas e cereais refinados pode modificar a atuação de receptores de hormônios que produzem a sensação de saciedade. O achado foi publicado em agosto na Nutrients, revista de alto impacto científico.
O estudo, liderado pela pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Aline Rocha, buscou compreender o efeito da alimentação no gene receptor da leptina, um hormônio que faz a conexão neural e sinaliza para o corpo a hora de parar de comer.
Os autores identificaram que o consumo de bebidas açucaradas (refrigerantes e sucos artificiais) e cerais refinados (farinha de trigo, pão, biscoito, bolos, etc.) causam alterações no gene receptor da leptina, comprometendo a transmissão desse sinal. Assim, esses alimentos agiriam no organismo intensificando a tendência genética para obesidade.
“Esses achados sugerem que o consumo acima da mediana de bebidas açucaradas e cereais refinados potencializa o efeito no ganho de peso em indivíduos que são geneticamente predispostos ao armazenamento de gordura corporal”, comentou Rocha.
Estudo
Os pesquisadores estudaram a dieta alimentar de 1.211 crianças entre quatro e 11 anos, todas moradoras de Salvador. Na amostra do estudo, uma a cada dez crianças estava acima do peso ideal – divididos entre 8,8% que estavam na faixa acima do peso e 4,8% foram considerados obesos.
Essas crianças tiveram seus dados genéticos integrados ao Programa Social Changes, Asthma and Allergy in Latin America Programme (SCAALA) da Plataforma de Epidemiologia Genética (Epigen), que reúne dados genômicos de milhares de brasileiros visando buscar respostas sobre questões de saúde pública, como a obesidade.
O estudo contou ainda com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Universidade Salvador, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ), Case Western Reserve University e London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Sobre o Cidacs
O Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) é uma instituição de estudos e pesquisas baseada em projetos interdisciplinares originados na integração de grande volume de dados. Com auxílio de recursos computacionais de alto desempenho e do conhecimento já acumulado pelos pesquisadores associados, o Cidacs contribui para a produção de conhecimentos científicos inovadores para ampliar o entendimento dos determinantes e das políticas sociais e ambientais sobre a saúde da população, além de apoiar tomadas de decisões em políticas públicas, em benefício da sociedade.
AUTORA: Maria Inés Valderrama Restovic ORIENTADORA: Luiz Carlos Junior Alcantara TÍTULO DA TESE: ARTHROPOD BORNE VIRUS database – ABVdb – UM BANCO DE DADOS DE EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR PARA OS VÍRUS DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa DATA DE DEFESA: 06/09/2018
Resumo
Este trabalho apresenta uma ferramenta de bioinformática que consiste em um banco de dados informações filogenéticas, clínicas e epidemiológicas para os vírus dengue, zika e chikungunya. O banco de dados foi integrado com ferramentas subtipagem virais, que permitem a identificação rápida dos genótipos de novas sequências dos vírus dengue, zika e chikungunya, apoiadas em uma análise filogenética com um forte suporte estatístico. Técnicas de mineração de texto, foram utilizadas nas publicações científicas para extrair, compilar e padronizar informações clínicas e epidemiológicas, que foram acrescentadas ao banco de dados, além disso, as publicações também foram mineradas para completar o possível de dados faltantes das sequências virais. A ferramenta e suas informações são de domínio público, disponibilizando o banco de dados para consulta e recuperação em uma aplicação web totalmente responsiva. Esta aplicação fornece dois tipos de interfase, ambas dinâmicas: um formulário de busca interativo onde usuário realiza suas próprias consultas e as interfases georreferenciadas, criadas através da mineração dos dados contidos no banco, com o objetivo de apresentar as informações preprocessadas e disponibiliza-las visualmente em mapas, onde é possível realizar recuperação dos dados selecionados por regiões geográficas especificas.
AUTORIA: Paula Brito Corrêa ORIENTAÇÃO: Angelina Xavier Acosta TÍTULO DA TESE: “INVESTIGAÇÃO DE ERROS INATOS DO METABOLISMO EM INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA”. PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa DATA DE DEFESA: 29/08/2018
RESUMO
INTRODUÇÃO: os erros inatos do metabolismo (EIM) resultam na deficiência na atividade de uma ou mais enzimas específicas ou no defeito de transporte de moléculas. Existem diferentes EIM descritos com incidência em conjunto estimada em 1:800 nascidos vivos. As apresentações clínicas possuem enorme variabilidade, podendo se manifestar em qualquer faixa etária e afetar diversos órgãos e tecidos, destacando aqui alterações neurológicas, como deficiência intelectual (DI) e transtorno do espectro autista (TEA). Para alguns EIM, existem terapias específicas e efetivas e em outros, apenas cuidados de suporte ou de prevenção da progressão da doença, sendo de fundamental importância investigar aqueles que cursam com DI e TEA e assim oferecer possibilidade de amenizar os danos ou evitar tais comprometimentos. Além disso, proporcionar aconselhamento genético adequado às famílias.
OBJETIVO: investigar EIM em indivíduos com DI e/ou TEA sem etiologia definida.
MATERIAIS E MÉTODOS: a partir de uma ampla revisão sistemática da literatura definiu-se um fluxograma de testes laboratoriais metabólicos de triagem visando identificar os principais EIM associados mais frequentemente com DI e/ou TEA. Os pacientes foram provenientes de serviços de referência (Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos, Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo da Escola Bahiana de Medicina), e do Município de Monte Santo-BA (local de ocorrência de várias doenças genéticas), dos quais se obteve dados clínicos e sociodemográficos, bem como amostras biológicas para investigação laboratorial.
RESULTADOS: Dos 202 indivíduos selecionados, 151 para DI e 51 para TEA, a maioria foi do sexo masculino (63,8%), com idade média de 15,7 anos, taxa de consanguinidade de 20,3% e presença de história familiar em 34,6%. A consanguinidade parental e história familiar positiva dos casos de DI foi maior em Monte Santo do que nos Centros de Referência, local onde foi observado com mais frequencia a DI com comorbidades. O diagnóstico só foi possível definir, após aplicação do fluxograma de investigação, em apenas 3 casos com DI, todos apresentando fenilcetonúria (PKU) e provenientes de Monte Santo.
CONCLUSÃO: DI e TEA são manifestações clínicas frequentes e inespecíficas de diversos EIM, necessitando de investigação com fluxogramas laboratoriais de triagem, para em seguida orientar estudos mais específicos. Esta estratégia foi útil no município de Monte Santo, por ser uma região de grande vulnerabilidade para doenças genéticas recessivas, permitindo diagnosticar três indivíduos com PKU. Porém, para os demais casos, a diversidade fenotipica e limitação da abordagem laboratorial comprometeram a eficiência diagnóstica.
Palavras-chave: Erros Inatos do Metabolismo, Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro Autista
O curso de educação médica continuada Correlações Clinicopatológicas em Doenças da Pele, que irá discutir casos clínicos e correlações com aspectos histopatológicos e imunofluorescência, acontece nos dias 13 e 14 de setembro. Podem se inscrever médicos de qualquer especialidade, médicos residentes e estudantes de medicina, através do e-mail smarruda@uneb.br. O evento, promovido pela Fiocruz Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB), será realizado no auditório do Departamento de Ciências da Vida da UNEB, no Cabula. Estão sendo oferecidas 50 vagas.
A 18ª edição do Curso Internacional de Epidemiologia Molecular em Doenças Infecciosas e Parasitárias Emergentes (XVIII Epimol) foi realizada entre os dias 5 e 10 de agosto, no Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia). Organizado pelos pesquisadores Mitermayer Galvão e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia, e Joice Neves, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o curso apresentou os princípios básicos da epidemiologia molecular para epidemiologistas e profissionais de laboratório de instituições nacionais e internacionais.
O XVIII Epimol contou com o total de cerca de 200 participantes, entre inscritos, ouvintes e palestrantes. Luciano Kalabric destacou a participação de alunos de diversas partes do Brasil e também de países africanos, como Quênia e Moçambique, sendo o ano com maior número de participantes deste continente. “Mesmo sabendo que não haviam sido selecionados para participar, muitos vieram de fora como ouvintes. Foi o caso de duas estudantes naturais da África, que ouviram falar do curso e vieram”, afirmou o pesquisador.
Embora discussões sobre doenças como zika fossem predominantes na programação, diversos temas foram abordados durante a semana, através de palestras e estudos em grupos, como as epidemias de febre amarela que ocorreram recentemente no Brasil, o ambiente carcerário como fonte de transmissão da tuberculose e a urbanização da doença de Chagas.
Outro diferencial do curso esse ano foi que o Epimol contou como disciplina optativa para alunos da pós-graduação da Fiocruz Bahia, o que, para o pesquisador Mitermayer Galvão, enriqueceu ainda mais os debates, através da interação entre estudantes que estão participando de pesquisas com os profissionais que trabalham na área de saúde. “Essa combinação ficou perfeita de forma tal que acho que melhorou mais os debates e houve mais a interação entre aluno e professor, que é um dos objetivos desse curso” acrescentou.
A professora da Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ) Ianick Martins, que também é professora do curso, ressaltou que essa edição trouxe novidades em relação as doenças infecciosas, como os arbovírus e o sarampo, além da colaboração de pesquisadores de diversas regiões do mundo trabalhando com diferentes tópicos dessas doenças. “A cada edição há novidades em relação ao que tá acontecendo no nosso país, no mundo, em relação as doenças infecciosas e emergentes. É sempre muito bom, gratificante e estimulante participar desse curso. Os alunos saem daqui qualificados e motivados para voltar para suas regiões e começarem um novo projeto de pesquisa”, declarou.
O professor da Universidade da Califórnia (EUA) e professor do curso, Lee Riley, comentou que as doenças infecciosas, como febre amarela, zika e dengue, estão sempre em mutação, o que faz com que elas sirvam como uma boa lição para a investigação epidemiológica. “Nós, professores, também aprendemos no curso, porque pessoas de outros lugares apresentaram seus trabalhos e há uma troca de conhecimentos, todos os anos”, salientou.
Em reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) realizada em Brasília, em 1º de agosto, foi divulgada a lista de novos membros da Ordem Nacional do Mérito Científico e a dos que foram promovidos de classe. A Ordem Nacional do Mérito Científico é uma ordem honorífica concedida a personalidades brasileiras e estrangeiras como forma de reconhecimento das suas contribuições científicas e técnicas para o desenvolvimento da ciência no país. Entre os homenageados estão três pesquisadores da Fiocruz que figuravam na classe Comendador e foram promovidos para a Grã-Cruz: Antoniana Krettl, Manoel Barral Netto e Samuel Goldenberg (os três na categoria Ciências Biomédicas). A pesquisadora Celina Turchi, também da Fiocruz, foi admitida na classe Comendador (Ciências da Saúde). A entrega das insígnias e do diploma deverá ocorrer em outubro.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) abriu prazo para indicações de candidatos no último mês de fevereiro. Durante 30 dias, diversas instituições ligadas à ciência puderam indicar nomes de candidatos. Em abril, uma comissão técnica, formada pelo MCTIC, pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) reuniu-se no Rio de Janeiro para avaliar o mérito de todas as indicações e emitir um parecer para o Conselho da Ordem.
Graduada pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UFMG em 1965, Antoniana Krettl cedo se interessou pela pesquisa participando do Departamento de Parasitologia. Seus trabalhos iniciais foram em malária, biologia, epidemiologia e quimioterapia experimental. A partir do seu estágio no exterior, em 1972-74 (New York University Medical School), interessou-se pela imunologia e ao retornar prosseguiu estudando a resposta imune na malária e iniciou, em paralelo, estudos sobre a resposta imune na doença de Chagas. Foi pioneira no cultivo contínuo do Plasmodium falciparum, agente da terçã maligna humana, usado em testes de antimaláricos a partir de plantas da Amazônia, estimulando vários grupos de químicos a fracionar extratos de plantas ativas em busca de um novo antimalárico. Seus estudos incluem ainda pacientes expostos à transmissão da malária na área endêmica ou em novos focos de transmissão, definindo o perfil imunológico da resposta anti-esporozoíta nestes pacientes, visando futuros projetos de vacinação.
Orientou dezenas de estagiários, bolsistas de iniciação científica, de aperfeiçoamento e técnicos, sendo o convênio entre a UFMG e a Fiocruz (Laboratório de Malária do Instituto Oswaldo Cruz) facilitador desse fluxo de pesquisadores. É consultora da Organização Mundial de Saúde no comitê Research and Strengthening Group desde 1992 e membro do Corpo Editorial da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e ad hoc de várias outras revistas científicas, no país e exterior. Decidida a se aprofundar no estudo de duas patologias humanas importantes no Brasil, cursa agora a graduação em Medicina na UFMG, onde tem contribuído na análise crítica de problemas da graduação e da pós-graduação, como professora/orientadora e agora aluna.
Samuel Goldenberg, atualmente pesquisador do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná), teve sua formação em Biologia Molecular na Universidade de Brasília onde se graduou em 1973 e concluiu o mestrado em 1975, tendo sido sua tese a primeira do Programa de Biologia Molecular da UnB. Concluiu seu doutoramento (Doctorat dÉtat ès Sciences) em 1981 na Universidade de Paris VII, sob orientação de Klaus Scherrer. De regresso ao Brasil em 1982, passou a integrar o Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), tendo exercido a chefia do mesmo de 1985 a 1989. Na Fiocruz iniciou o estudo dos mecanismos de regulação da expressão gênica durante a diferenciação do Trypanosoma cruzi. Como parte desses estudos, foi desenvolvido um meio quimicamente definido (meio TAU) que permite o estudo in vitro do processo de diferenciação que ocorre no interior do inseto vetor da doença de Chagas. Outra importante contribuição foi o estudo de genes de T. cruzi clonados em seu laboratório e que apresentam uma estrutura contendo epítopos repetidos; as pesquisas levaram ao desenvolvimento de um kit de diagnóstico para doença de Chagas utilizando antígenos recombinantes. Este kit foi considerado como de excelência pela Organização Mundial da Saúde e o desenvolvimento do mesmo resultou na primeira patente internacional da Fiocruz e na outorga do Prêmio Governador do Estado Invento Brasileiro em 1993. Goldenberg participou do desenvolvimento do primeiro micro-array (biochip) contendo genes do T. cruzi, abrindo um importante caminho para os estudos de genômica funcional deste parasita.
Atual vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral Netto formou-se em 1976 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Teve o seu interesse pela pesquisa científica na área da Imunologia Humana originado pela sua formação inicial em Patologia Humana e depois em Imunopatologia, ligado ao grupo de patologia baiano liderado por Zilton Andrade. Logo após a residência médica em Patologia, Manoel Barral Netto passou o período de 1979-1981 obtendo treinamento avançado em imunoparasitologia no Laboratory of Parasitic Diseases dos NIH, onde produziu trabalhos científicos na área de imunologia da esquistossomose humana. No seu retorno, reuniu-se a pesquisadores da UFBA (Edgar Carvalho e Roberto Badaró) interessados no estudo imunológico e epidemiológico das leishmanioses humanas, endêmicas no estado da Bahia. Manoel Barral Netto ingressou no quadro docente da UFBA em 1984, permanecendo até hoje ligado à Faculdade de Medicina. Paralelamente, seguiu carreira de pesquisador no Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, da Fiocruz Bahia, chegando em 1996 ao cargo de pesquisador-titular da instituição. Uma colaboração entre o seu grupo de pesquisa e a Universidade Cornell deu origem a uma série de trabalhos fundamentais em imunologia das leishmanioses humanas. Estes estudos transformaram o grupo de imunologia de leishmanioses da UFBA num dos principais centros de pesquisa mundial no tema. Em 1991, Manoel Barral Netto realizou um estágio “senior” no Seattle Biomedical Research Institute, em Washington. Neste período, e colaborando com Steven G. Reed, descreveu o papel da citocina TGF-b como mecanismo de escape de parasitas do gênero Leishmania da resposta imune do hospedeiro, em publicações que se tornaram citações mandatórias na sua área de atuação.
Manoel Barral Netto é consultor do CNPq e da Finep e membro do Comitê Assessor da Capes para as áreas de Imunologia, Parasitologia e Microbiologia. Entre 1993 e 1997, foi membro do Comitê Assessor de Imunologia de Micobactérias da OMS. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA (1992-1993). É atualmente membro titular do Comitê Assessor de Ciências Biológicas do CNPq, representando a área de Imunologia, tendo coordenado o Comitê Assessor do CNPq em 1996 e 1997. Manoel Barral Netto tem 9 capítulos publicados em livros especializados, e cerca de 80 trabalhos completos, publicados em revistas científicas internacionais, de alto índice de impacto, de 1982 a 1997. É membro da Sociedade Brasileira de Imunologia, sendo seu atual presidente, e membro da American Society of Tropical Medicine and Hygiene.
Celina Turhci, pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, graduou-se em Medicina (1981) pela Universidade Federal de Goiás (UFG), tem mestrado em Epidemiologia pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, e doutorado em Saúde Pública (1995) pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de epidemiologia das doenças infecciosas. Dentre os prêmios e títulos recebidos, destacam-se Honra ao Mérito (1994) concedida pela Academia Goiana de Medicina; Destaque na área de Saúde (2003) concedido pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia; Comenda da Ordem do Mérito Anhanguera (2007), concedida pelo Governo de Goiás; Eleita entre as dez personalidades mais influentes no ciência pela revista Nature (2016); Medalha do Mérito Heroínas do Tejucupapo (2017), concedida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Foi eleita entre as 100 pessoas mais influentes pela revista Time (2017) pelo fundamental papel que teve na descoberta da relação entre a microcefalia e o vírus da zika. Para realizar os estudos que colaboraram com a descoberta da relação entre o virus da zika e a microcefalia, a pesquisadora organizou uma força-tarefa de cientistas do mundo todo, entre epidemiologistas, especialistas em doenças infecciosas, pediatras, neurologistas e biólogos especializados em reprodução.
É comum que portadores do vírus HIV sofram com a Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) após iniciar a terapia antirretroviral, principalmente pacientes em estado avançado de imunodeficiência. Um dos patógenos associados com a SIRI é o Complexo Mycobacterium avium (MAC, sigla em inglês), que causa doenças respiratórias. Apesar da incidência de infecção por MAC ter caído drasticamente com a terapia a antirretroviral, a mortalidade por essa infecção ainda se mantém alta.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Andrade, participou, juntamente com pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, de um estudo que analisou o surgimento de células T CD4+ com potencial citotóxico e inflamatório nos pacientes HIV positivo acometidos por MAC-SIRI. Pacientes não infectados por HIV, que apresentaram infecção pulmonar por MAC, também foram incluídos na pesquisa para comparação dos resultados.
A equipe observou que, durante a SIRI, houve restauração da produção de fator de necrose tumoral em monócitos em resposta a inflamação pelo MAC. Além disso, células T CD4+ específicas de MAC aumentaram substancialmente durante a SIRI, em níveis mais altos que dos pacientes não infectados por HIV. É provável que a terapia antirretroviral tenha causado a diferença de resultados entre pacientes HIV positivo e negativo na disseminação de infecção por MAC.
Os pesquisadores concluíram que a infecção por HIV em estado avançado não leva ao comprometimento da produção de citocinas de monócitos e macrófagos após início da terapia antirretroviral, sendo capaz de controlar eficazmente a infecção por MAC. Também, não ficou claro se as respostas das células e monócitos durante o MAC-SIRI são uma resposta do sistema imunológico ou uma anomalia.
Poucos casos de pacientes HIV positivo com infecção por MAC que não desenvolveram IRIS e o fato de a amostra de pacientes HIV positivo com MAC-IRIS ser pequena acabam sendo fatores limitantes para a pesquisa. Esse estudo é um recorte de um pesquisa que está sendo realizada a longo prazo.
O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga o resultado da seleção de candidatos a pós-doutorado do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/Capes).
AUTORIA: Tais Soares Sena ORIENTAÇÃO: Washington Luis Conrado dos Santos TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “ASPECTOS CLINICOS E LABORATORIAIS ASSOCIADOS AO ÓBITO NA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA” PROGRAMA: Mestrado em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ DATA DE DEFESA: 07/08/2018
RESUMO
INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (LV) é grave problema de saúde pública no Brasil, onde permanece com elevadas taxas de letalidade a despeito das tentativas de controle.
OBJETIVO: Identificar aspectos clínicos e laboratoriais admissionais associados ao óbito na LV.
MATERIAIS E MÉTODOS: trata-se de estudo de corte transversal retrospectivo incluindo os pacientes admitidos no Hospital Couto Maia (Salvador/Ba) com diagnóstico de LV entre janeiro de 2010 e dezembro de 2014. Variáveis epidemiológicas, clínicas e laboratoriais admissionais foram coletadas em instrumento padronizado e analisadas no software Stata® versão 13.0 na comparação entre os grupos de desfecho clínico (DC) de alta hospitalar (n=106) ou óbito (n=12).
RESULTADOS: Predominaram pacientes do sexo masculino (62,7%), da faixa etária pediátrica (53,4%), de procedência da área urbana de municípios do interior da Bahia com baixo Índice de Desenvolvimento Humano e de apresentação clínica clássica com hepatoesplenomegalia febril e citopenias. A letalidade média foi de 11,3%, superior a partir dos 40 anos de idade. As principais causas de óbito declaradas foram as insuficiências renal e hepática/hepatite, sepse/choque séptico, choque não especificado e coagulação intravascular disseminada. Comorbidades ocorreram em 19,5% dos pacientes e foi associada ao DC (p=0,043), assim como a presença de dor abdominal (p=0,022), edema (p=0,029), icterícia (p=0,000), redução do sensório (p=0,001), crepitação pulmonar (p=0,014), bulhas arrítmicas (p=0,027), coinfecção bacteriana (p=0,019) e alterações eletrocardiográficas (p=0,001). Apresentaram associação óbito níveis de plaquetas < 81.000/mm³ (p=0,004), albumina ≤ 2,2g/dL (p=0,032), ureia > 37 mg/dL (p=0,009), bilirrubinas totais > 0,9 mg/dL (p=0,001), bilirrubina direta > 0,4mg/dL (p=0,002), atividade de protrombina ≤ 45% (p=0,008) e creatinina elevada para a idade (p=0,003). Os escores obtidos nos modelos prognósticos clínico (EC) e clinicolaboratorial (ECL) adotados pelo Ministério da Saúde do Brasil apresentaram concordância com o DC; EC ≥ 4 e ECL ≥ 6 foram significativamente associados ao óbito nesta amostra, com maior força de associação para o último (p=0,000).
CONCLUSÕES: O perfil clínico da amostra foi concordante com a literatura, porém algumas variáveis classicamente associadas ao óbito na LV, como sangramentos e valores de exames laboratoriais, não se mostraram significantes, ou se fizeram em diferentes pontos de corte, o que pode ser devido a variações populacionais ou ao delineamento do estudo, requerendo pesquisas mais robustas para a sua verificação. Os resultados para os EC e ECL nesta amostra refletem a importância de sua realização enquanto ferramenta de estratificação de risco dos pacientes diagnosticados com LV. Espera-se que este estudo possa contribuir no diagnóstico situacional da doença na população local e na identificação de questões-chave a serem aprofundadas através de diferentes metodologias.
Dia 05 de agosto marca a comemoração do Dia Nacional de Vigilância Sanitária. A data coincide com o nascimento de Oswaldo Cruz, personagem importante da história da saúde no Brasil.
Fonte: Ascom Anvisa
Umas das mais importantes atuações do governo nos países é na área da Saúde. E, dentre as diversas ramificações existentes nesse setor, a Vigilância Sanitária certamente é a que mais se faz presente na vida cotidiana das pessoas. Isso porque está relacionada à qualidade, segurança e eficácia de uma série de produtos e serviços comercializados e oferecidos à população. Devido à sua importância, a data de 05 de agosto é dedicada à comemoração do Dia Nacional da Vigilância Sanitária, instituída pela Lei 13.098, de 27/01/2015, e que coincide com o nascimento de Oswaldo Cruz, símbolo histórico da vigilância no Brasil.
O que é a vigilância sanitária?
No Brasil, essa área envolve um enorme conjunto de temas, que são regulados e tratados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre eles, estão: medicamentos, alimentos, cosméticos, agrotóxicos, produtos para a saúde, laboratórios e a vigilância de portos, aeroportos e fronteiras, além de regulação referente à sangue, tecidos, células e órgãos. Saneantes, farmacopeia, serviços de saúde e tabaco completam a lista de temas regulamentados pela Agência.
O conceito de Vigilância Sanitária é definido pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/90) como um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.
Esse conceito abrange o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.
Papel da Anvisa
Em última instância, a Anvisa zela qualificação da regulação como pontos essencial para que a legislação traga segurança para o setor regulado e ao cidadão. Criada pela Lei nº 9.782, de 1999, a Agência é uma autarquia sob regime especial,com sede em Brasília (DF), que tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância, inclusive dos ambientes, processos, insumos e das tecnologias a eles relacionados. Também atua no controle sanitário de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.
Para que tudo ocorra de forma adequada, a Anvisa tem que, periodicamente, avaliar, criar ou ajustar a regulação. Além disso, coordena o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), que reúne as unidades estaduais, municipais e do DF.
Vigilância no dia-a-dia pessoas
Muita gente não sabe, mas o benefício da regulação da Anvisa está bastante presente na vida dos brasileiros, todos os dias. Está presente na rotina do consumidor que vai a uma farmácia comprar medicamentos genéricos de qualidade, a um supermercado onde encontra produtos industrializados seguros para o consumo humano ou ao posto de saúde tomar uma vacina que segue à risca todas as exigências internacionais em seu processo de produção, o que garante a sua eficácia.
Isso porque todos esses produtos e milhares de outros consumidos diariamente pelos cidadãos precisam ter registro na Anvisa, que estabelece regras e normas para a fabricação e industrialização dentro das exigências que assegurem a proteção e promoção da saúde pública.
Além disso, a atuação da Vigilância Sanitária nos estados, municípios e Distrito Federal assegura a qualidade do sangue coletado, acondicionado e distribuído pela rede de hemoderivados brasileira, bem como de órgãos e tecidos para transplantes. Também há forte e importante atuação nas áreas de fronteiras, funcionando como uma tela de proteção sanitária, evitando a entrada e saída de produtos fora dos padrões de qualidade exigidos mundialmente.
Órgãos locais de vigilância
Para dar conta do trabalho de Vigilância Sanitária em um país com a dimensão e a divisão territorial do Brasil, além de sua diversidade geográfica, populacional e econômica, existe uma rede nacional de atuação, que abrange o nível central, em Brasília (DF), e as unidades nos estados, municípios e no Distrito Federal (DF). Essa rede forma o SNVS, coordenado pela Anvisa.
As unidades estaduais, municipais e do DF (VISAs) desempenham, conforme a legislação sanitária, diversas ações e um importante conjunto de atividades rotineiras, tais como autorização de funcionamento, realização de inspeções e fiscalização, bem como a concessão de certificação de boas práticas, além de licenciamento, entre outras atribuições.
Confira abaixo alguns links relacionados à atuação da Anvisa:
O Instituto Gonçalo Moniz (IGM/ Fiocruz Bahia) torna público o cronograma e as normas para a seleção de candidatos à Qualificação em Serviço do Programa de Formação Técnica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (Profortec-Saúde). Os candidatos precisam ser portadores de diploma de ensino técnico profissionalizante nas áreas de ciências da saúde, ciências biológicas e/ou áreas afins, reconhecido pelo MEC.
Para se inscrever, é necessário preencher o formulário eletrônico de inscrição disponível no Campus Virtual Fiocruz e entregar os documentos na secretaria de Ensino da Fiocruz Bahia, no período de 20 a 24 de agosto de 2018. Ressalta-se que é necessário levar original e cópia de toda documentação, inclusive do diploma.
A qualificação em serviço acontecerá ao longo de 2 anos e meio, com início em outubro de 2018 e término em março de 2021, com exigência de 40 horas semanais de dedicação. Tem como objetivo principal contribuir para a consolidação do Sistema Único de Saúde – SUS, por meio de qualificação profissional em serviço para desenvolvimento de competências em atividades laboratoriais e de apoio à pesquisa científica. Estão sendo oferecidas 10 vagas.
O programa visa formar profissionais para o SUS por meio da qualificação de indivíduos para atuação em atividades de apoio técnico a projetos de investigação científica. Essa qualificação vai permitir a ampliação da oferta de profissionais aptos a atuar em áreas técnicas de apoio ao desenvolvimento de pesquisa científica na área da saúde, por meio de aprendizagem inovadora.
Estão abertas, até o dia 31 de agosto, as inscrições para o módulo 4 da Formação em Metodologias Ativas de Ensino: Ensino por Investigação. O curso tem como objetivo proporcionar aos pesquisadores, docentes e servidores da Fiocruz a experiência nas mais diversas formas de metodologias ativas, principalmente o ensino por investigação, para as aulas de ciências. As inscrições podem ser realizadas no hotsite do curso, onde também possível conferir a programação e outras informações.
As atividades ocorrerão nas dependências da instituição em três encontros, nos dias 14, 17 e 18 de setembro. O quarto módulo será ministrado pelo biólogo e filósofo Daniel Manzoni, que tem experiência com ensino de Biologia para educação básica; extensão universitária e ensino superior, e, na pesquisa, tem experiência nas linhas de investigação em Ensino de Imunologia; Metodologias do Ensino de Biologia; Filosofia da Ciências Biológicas; Imunologia comparada e ensino; e Imunologia básica e experimental.
A programação será realizada de forma integrada à disciplina Didática Especial ministrada aos estudantes, visando a produção coletiva de um curso de verão a ser aplicado pelos estudantes da pós-graduação em estudantes de graduação. A Formação em Metodologias Ativas de Ensino está estruturada em módulos cujo formato vai sendo construído colaborativamente de modo a conseguir uma maior adesão dos docentes. É desejável que os participantes elaborem um produto para aplicação da metodologia ativa em seu contexto.
Entre 2015 e 2016, o Brasil e vários países do continente Americano vivenciaram a emergência de epidemias causadas pelo vírus Zika, com grande repercussão mundial por causa da ocorrência de malformações congênitas em crianças cujas mães se infectaram durante a gestação. Desde então, um dos principais desafios para o enfrentamento da zika tem sido a dificuldade para o diagnóstico laboratorial correto das infecções causadas pelo vírus. Isso porque o vírus da zika apresenta similaridade com outros vírus da mesma família, os chamados “flavivirus”, o que muitas vezes impede uma acurada distinção das infecções causadas por eles.
Por isso, estudiosos do Brasil, Estados Unidos e Argentina avaliaram a capacidade de dois testes sorológicos, comercialmente disponíveis e aprovados pela ANVISA para uso no Brasil, em identificar infecções causadas pelo Zika. Os testes avaliados foram o IgM-ELISA, que é indicado para detectar uma infecção pelo vírus Zika ocorrida recentemente, e o IgG-ELISA que é usado para verificar se a pessoa testada já foi infectada pelo vírus Zika em qualquer momento durante a vida. Ambos os testes são produzidos pela Euroimmun.
Os resultados dessa investigação foram divulgados no artigo científico Diagnostic performance of commercial IgM and IgG enzyme-linked immunoassays (ELISAs) for diagnosis of Zika virus infection, publicado no Virology Journal. O estudo, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, avaliou a performance dos testes sorológicos em amostras de soros de pacientes que tinham o diagnóstico de Zika confirmado previamente por um teste molecular e também em amostras de pessoas que não tinham infecção pelo vírus (pacientes com confirmação do diagnóstico de dengue e doadores de sangue).
Os pesquisadores concluíram que o teste IgM-ELISA apresentava alta especificidade, ou seja, apresentava corretamente resultados negativos em amostras de soro de pacientes que não tinham Zika, mas pouca sensibilidade, o que significa que não conseguiam identificar a infecção nas amostras de pacientes que tinham o diagnóstico de Zika confirmado pelo teste molecular de referência.Em comparação, embora o teste IgG-ELISA tenha apresentado uma boa capacidade de identificar corretamente aqueles que já tiveram uma infecção pelo vírus Zika, ele mostrou baixa especificidade, particularmente para pacientes previamente expostos a infecções por dengue, o que significa que o teste apresentava um resultado falsamente positivo em pacientes que não tiveram Zika, mas tiveram dengue.
Estes resultados sugerem que o teste IgM-ELISA para Zika não é útil para confirmar um diagnóstico de Zika em pacientes que são suspeitos da doença, enquanto que o teste IgG-ELISA é mais adequado para o diagnóstico de Zika entre viajantes, que residem em áreas livres de transmissão de flavivirus e nunca foram infectados pelo vírus da dengue, mas que teria pouca utilidade em localidades onde o vírus da dengue é endêmico como no Brasil.
Professores da educação básica de todo o Brasil têm até 17 de agosto de 2018 para inscrever trabalhos desenvolvidos por seus alunos na 9ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente. Para fazer a inscrição na 9ª Obsma, ter acesso ao regulamento e saber mais detalhes sobre esta edição, os professores devem acessar osite oficial.
Promovida pela Fiocruz, a Obsma premiará os 36 melhores trabalhos com uma viagem ao Rio de Janeiro para que alunos e professores vencedores participem de atividades científicas na sede da instituição em Manguinhos. Além da premiação nacional, haverá o Prêmio Ano Oswaldo Cruz para trabalhos que se destacarem utilizando recursos educacionais produzidos por pesquisadores da Fiocruz.
São aceitos trabalhos nas categorias Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio, nos formatos Produção Audiovisual, Produção de Textos e Projeto de Ciências.
A Olimpíada também está no Facebook e no Twitter. Não perca esta oportunidade, mobilize a sua escola e participe!
AUTORIA: Jéssica Rebouças Silva ORIENTAÇÃO: Valéria de Matos Borges TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “AVALIAÇÃO DO EFEITO LEISHMANICIDA IN VITRO E IN VIVO DE CARREADORES LIPÍDICOS NANOESTRUTURADOS COM ANFOTERICINA B (CLN-AnB) NA INFECÇÃO POR LEISHMANIA BRAZILIENSIS” PROGRAMA: Mestrado em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ DATA DE DEFESA: 01/08/2018
RESUMO
O arsenal terapêutico para tratamento da leishmaniose possui sérias limitações, como alto custo e toxicidade. Projetar sistemas estáveis de entrega de drogas baseados em nanotecnologia é umas das principais estratégias no combate à doença. Os Carreadores Lipídicos Nanoestruturados com Anfotericina B (CLN-AnB) estão emergindo como uma abordagem promissora devido à alta capacidade de carregamento de drogas, perfil de liberação controlado dos fármacos veiculados, maior estabilidade e reduzido custo. Neste trabalho, demonstramos pela primeira vez o potencial efeito leishmanicida in vitro e in vivo dos CLN-AnB na infecção por L. braziliensis. O CLN-AnB mostrou-se menos tóxico em relação à anfotericina livre (AnB) e à anfotericina desoxicolato (AnB-D) em avaliação in vitro. A contagem de promastigotas viáveis, recuperadas no sobrenadante de macrófagos murinos infectados revelou IC50 de 5.3 ± 0.558; 13 ± 0.577 e 11.7 ± 1.73 ng/mL e índice de seletividade de 813; 830 e 1046, para AnB, AnB-D e CLN-AnB, respectivamente. As análises por microscopia confocal mostraram a captação dos CLNs por macrófagos infectados já após uma hora de incubação e sua maior entrada com 48 horas. O efeito imunomodulador das formulações foi avaliado pela quantificação de óxido nítrico (NO) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no sobrenadante de macrófagos infectados e tratados com o IC50 das formulações. Somente a AnB foi capaz de induzir significativamente NO e TNF-α. Para avaliação in vivo, camundongos BALB/c foram infectados na derme da orelha com L. braziliensis e tratados com antimonial pentavalente (Sb5+, Glucantime®), anfotericina lipossomal (AnB-L, Ambisome®) ou com CLN-AnB. Após seis semanas de infecção, a análise do tamanho da lesão e da carga parasitária da orelha infectada mostrou eficácia semelhante entre o Sb5+ e o CLN-AnB quando comparado com animais que não receberam tratamento. Os resultados mostraram características quanto à segurança e a eficácia do CLN-AnB na a infecção in vitro e in vivo por L. braziliensis. Mais estudos são necessários para consolidar o tratamento CLN-AnB como uma nova formulação promissora de anfotericina B para tratamento da leishmaniose tegumentar.
Palavras-chave: Leishmaniose Cutânea; L. braziliensis; Anfotericina B; Tratamento; Nanocarreadores; Macrófago.
Um estudo liderado por pesquisador da Fiocruz Bahia trouxe avanços ao realizar a integração de dados sobre o genoma, proteoma e metabolismo da “superbactéria” Klebsiella pneumoniae. Ao encontrar as proteínas que devem ser “atacadas” para fragilizar o organismo, o achado permite que sejam produzidos novos antibióticos mais precisos e potentes. O objetivo da pesquisa foi recolher e analisar os dados referentes às superbactérias e leva-los à comunidade científica para fortalecer a luta contra esse microrganismo.
O artigo intitulado An integrative, multi-omics approach towards the prioritization of Klebsiella pneumoniae drug targets, publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, descreveu o trabalho realizado pelo pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/ Fiocruz Bahia), Pablo Ivan Pereira Ramos, em coautoria com Darío Porto, da Universidade de Buenos Aires, com a colaboração de outros pesquisadores de instituições do Brasil, Argentina e França.
A resistência de microorganismos a antibióticos tem sido um problema em diversos países, o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2016, a anunciar a resistência microbiana como uma crise mundial de saúde. Mais de 136 mil pessoas morrem vítimas de bactérias multirresistentes a antibióticos, somente nos Estados Unidos e na Europa, a cada ano; e alguns estudos chegam a prever que, em 2050, uma pessoa morrerá a cada 3 segundos em consequência de uma infecção resistente a antibióticos.
Bactérias da espécie Klebsiella pneumoniae são encontradas com mais frequência em cateter em adultos hospitalizados nas unidades de tratamento intensivo brasileiras, com 3 805 casos em 2015, de acordo com o último relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Antibióticos da classe das polimixinas se tornaram o último recurso para o tratamento de infecções sérias causadas por K. pneumoniae multiresistentes, porém, um aumento importante nas taxas de resistência às polimixinas foi observada entre essas bactérias que já são resistentes a uma classe de antibióticos de amplo espectro chamada carbapenêmicos, limitando as opções terapêuticas.
Os resultados da pesquisa apontaram para 29 proteínas da bactéria que participam em processos importantes da célula, tais como síntese lipídica, produção de cofatores e metabolismo basal, a partir de uma perspectiva de desenvolvimento de medicamentos. A equipe de estudiosos aplicou uma estratégia multidimensional de integração de dados para a priorização dos alvos em K. pneumoniae, priorizando aqueles cuja inativação (através de um fármaco, por exemplo) tivesse maior efeito deletério à bactéria patogênica, ao mesmo tempo minimizando sua atuação nas comunidades que compõem a microbiota intestinal humana, abrindo caminho para fármacos mais seletivos.
Durante o surto dos arbovírus no Brasil, um estudo, coordenado pela pesquisadora Camila Indiani de Oliveira, da Fiocruz Bahia, foi realizado para avaliar o grau de risco de transmissão de Dengue, Zika e Chikunguya através de transfusão de sangue. A pesquisa foi feita após a constatação de infecção dessas doenças decorrente de transfusão de sangue contaminado pelos vírus, em alguns lugares do mundo. O trabalho foi descrito no artigo “Surveillance of donated blood during the 2016 arbovirus outbreak in Brazil”, publicado no Journal of Medical Virology.
Na pesquisa realizada na Fiocruz Bahia, em colaboração com pesquisadores da Fiocruz Paraná, da Universidade Federal da Bahia (UFBA/ campus Vitoria da Conquista) e do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, as amostras de sangue de 676 doadores saudáveis usadas no estudo foram colhidas pelo Serviço de Hemoterapia do Sudoeste na cidade de Vitória da Conquista (BA), área com alto número de casos dessas doenças no período de 2015 e 2016.
Os autores verificaram que em nenhuma amostra de sangue foi detectada presença de vírus da Dengue, Zika ou Chikunguya, apesar do aumento de casos durante o período. Esses números diferem do resultado encontrando na Polinésia Francesa, por exemplo, onde foram colhidas 1505 amostras de sangue e 42 amostras (3%) foram positivas para Zika, embora os doadores não manifestassem sintomas na época da doação de sangue. Outro estudo realizado, em Ribeirão Preto (SP), mostrou que das 1393 amostras de sangue testadas, 2,7% foram positivas.
Apesar do número alto de casos de Dengue na área de Vitória da Conquista, comparado ao número de casos de Zika e Chikungunya, tal resultado sugere que o risco de contaminação por transfusão de sangue é baixo. Suspeita-se que os resultados positivos nas outras áreas são decorrentes dos números muito mais elevados de casos confirmados. Os pesquisadores sugerem uma estratégia de vigilância mais ativa para que haja controle da transmissão de arbovírus por transfusão sanguínea, por exemplo, especialmente na iminência de surtos como foi observado recentemente no Brasil.
AUTORIA: Beatriz Rocha Simões Dias ORIENTAÇÃO: Patrícia Sampaio Tavares Veras TÍTULO DA TESE:“ESTUDO DA CONTRIBUIÇÃO DA AUTOFAGIA PARA A SUSCEPTIBILIDADE POR L. AMAZONENSIS OU RESISTÊNCIA POR L. MAJOR NA INFECÇÃO DE MACRÓFAGOS MURINOS DA LINHAGEM CBA”. PROGRAMA: Doutorado em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ DATA DE DEFESA: 31/07/2018
RESUMO
Macrófagos de camundongos CBA controlam a infecção por Leishmania major, no entanto, são permissivos à infecção por Leishmania amazonensis. Os estudos conduzidos, até o momento, sobre o papel desempenhado pela autofagia na infecção por Leishmania levaram a dados controversos. Portanto, no presente trabalho, avaliamos se a resposta autofágica de macrófagos infectados pode ser responsável pela diferença no curso da infecção por essas duas cepas de Leishmania. Inicialmente, demonstramos por qPCR que um número maior de genes relacionados à autofagia é modulado positivamente em células infectadas por L. amazonensis em comparação às infectadas L. major. Resultado similar foi obtido por meio da análise de dados de microarranjos públicos utilizando o Ingenuity Pathway Analyses (IPA). Análises adicionais pelo IPA demonstraram que no contexto Affects Autophagy of Cells e Decreases Autophagy of Cells 39 e 14 genes, respectivamente, apresentaram modulação oposta entre os macrófagos infectados com L. amazonensis daqueles infectados com L. major. Em seguida, demonstramos que após 24 h de infecção, a relação LC3-II/Act mostrou-se aumentada tanto em macrófagos infectados por L. amazonensis quanto nos infectados por L. major em comparação com controles não infectados, mas menos do que em células tratadas com cloroquina. Isto sugere que L. amazonensis e L. major ativam a autofagia em macrófagos infectados, sem alterar o fluxo autofágico. Além disso, as células infectadas por L. major exibiram percentuais mais elevados de vacúolos parasitóforos marcados com DQ-BSA (50%) do que aquelas infectadas por L. amazonensis (25%). No entanto, vacúolos parasitóforos induzidos por L. major ou L. amazonensis acumularam LysoTracker de maneira similar, indicando que a acidez em ambos os compartimentos é equivalente. Após 24 h de infecção, um maior percentual de vacúolos positivos para LC3 foi observada em células infectadas por L. amazonensis (42,36%) em comparação àquelas infectadas por L. major (18,10%). Em seguida, avaliamos se a modulação da autofagia exerceu influência na infecção por Leishmania em macrófagos de camundongos CBA. Nenhuma alteração significativa foi observada tanto na taxa de infecção quanto na carga parasitária nos macrófagos com os inibidores ou indutores autofágicos em comparação com as células controle não tratadas. Curiosamente, tanto a indução farmacológica quanto a fisiológica da autofagia aumentaram a viabilidade intracelular de L.amazonensis e L. major, enquanto a inibição da autofagia não teve efeito sobre a viabilidade intracelular desses parasitas. Por fim, demonstramos que a indução da autofagia reduziu a produção de NO por macrófagos infectados por L. amazonensis ou L. major, mas não alterou a atividade da arginase. Interessantemente, a análise de componentes principais e análise hierárquica de clusters discriminaram completamente os macrófagos infectados por L. major de células infectadas por L. amazonensis de acordo com a intensidade da infecção e características autofágicas dos vacúolos induzidos por essas duas cepas. Em conclusão, a infecção por L. amazonensis ou L. major, apesar de ativar similarmente o fluxo autofágico em macrófagos infectados e os parasitos terem sua viabilidade favorecida pela indução da autofagia, promove expressão diferenciada de genes relacionados à autofagia e interação distinta dos vacúolos parasitóforos com compartimentos autofágicos. Essas diferenças são capazes de separar completamente os macrófagos infectados por L. amazonensis daqueles por L. major.