Autor: Julia Lins
Fiocruz Bahia participa do Festival de Cultura Japonesa Bon Odori
A Fiocruz Bahia participará do XIII Festival da Cultura Japonesa Bon Odori, que acontece no Parque de Exposições de Salvador, no período de 30 de agosto a 1 de setembro. Organizado pela Associação Cultural Nippo Brasileira de Salvador (Anisa), o festival é voltado para celebrar as tradições japonesas, com música, oficinas culturais, exposições, cultura pop e artes marciais.
Com estande no Espaço Ciência, a Fiocruz levará atividades de divulgação científica, como jogos interativos, ambientes que simulam laboratórios de pesquisa e que podem ser utilizados para “transformar” o visitante em cientista, debate sobre vacinas com participação de pesquisadores e oficinas de experimentação para todo o público.
Além destas ações, haverá também distribuição de panfletos sobre a importância da vacinação e exposição de banners sobre trabalhos desenvolvidos pela instituição. Nesta edição, o estande da Fiocruz Bahia contará com a participação dos estudantes dos programas de pós-graduação da instituição.
O Bon Odori oferece diversos espaços e atividades, incluindo as áreas especiais dedicadas aos jovens, à terceira idade e às crianças, com oficinas culturais, concursos e jogos durante todo o dia. Este ano, a novidade é a nova arquitetura do evento, com um espaço mais cômodo para todos os visitantes. O evento é uma realização da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania e conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura Municipal de Salvador e demais instituições de saúde, ciência e tecnologia do estado.
Abertas inscrições para XIII Encontro de Pós-Graduação da CAPES
Estão abertas as inscrições para o XIII Encontro de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina I, II e III da CAPES. O evento será sediado na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) -Campus Cabula, com o apoio das Pró-Reitorias de Pesquisa e Inovação e Extensão, nos dias 18 a 20 de setembro de 2019.
Trata-se de um encontro nacional, anual e itinerante, destinado a coordenadores, pesquisadores, secretários, estudantes e outros profissionais envolvidos com a Pós-Graduação na área de Medicina no país. O tema norteador do evento de 2019 será “Perspectivas da Nova Avaliação Quadrienal: Mudança de Paradigma”. Clique aqui para inscrições que encerram no dia 08 de setembro.
As coordenações dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI – Fiocruz Bahia), ambos vinculados a área de concentração da Medicina II, participaram ativamente do processo de organização do evento juntamente com a Presidente da comissão organizadora, Ana Marice Teixeira Ladeia, da EBMSP.
Este ano, em especial, os coordenadores de área das Medicinas I, II e III da CAPES irão selecionar os resumos que irão concorrer à premiação durante o Encontro Nacional. Segue abaixo os discentes pré-selecionados pelo Prêmio Gonçalo Moniz, na categoria de Melhores Trabalhos dos Discentes Egressos, que irão representar os programas da Fiocruz Bahia:
PGPAT
Egresso Mestrado – Breno Barreto (Supervisora: Milena Soares)
Egresso Doutorado – Jaqueline Goes Jesus (Supervisor: Luiz Alcântara)
PGBSMI
Egresso Mestrado – Sara Neves (Supervisor: Daniel Bezerra)
Egresso Doutorado Afrânio Evangelista (Supervisora: Cristiane Villareal)
Clique aqui para acessar a programação.
Fiocruz Bahia recebe coordenador da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030
O coordenador da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, Paulo Gadelha, visitou a Fiocruz Bahia, nos dias 22 e 23 de agosto, para participar de reunião no Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (COSEMS-BA) e para ministrar a sessão científica com o tema “Papel da saúde e CT&I na Agenda 2030”, no instituto.
O objetivo do encontro no COSEMS-BA foi de discutir possíveis cooperações intergovernamentais. Gadelha apresentou a importância da Agenda 2030, as ações da Fiocruz no âmbito da Agenda e falou sobre as experiências de parcerias com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e com COSEMS de outros estados.
“A ideia de regionalidade é central para todo esse arcabouço da Agenda, ela não tem sentindo se não se materializa em realidades locais. Há uma série de referências que trabalham com a ideia de como pensar a gestão e auxiliar os gestores municipais a integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aos planos locais”, ressaltou o ex-presidente da Fiocruz.
Os ODS constituem a série de 17 metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que compõem a Agenda 2030. De acordo com a ONU, esta agenda é um plano de ação para as Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias, tendo como principal foco a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, o maior desafio e requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
“A saúde é quase simbiótica com a questão da Agenda 2030. Todos os objetivos estão integrados à saúde, como a questão da cidade, da habitação, que traduz o que chamamos, pelo nosso recorte, de determinantes sociais da saúde. A ONU reconhece que o indicador central, que estrutura o conjunto de indicadores, é a cobertura universal para a saúde”, afirmou Gadelha.
Na reunião, também estiveram presentes a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, a presidente do Conselho, Stela dos Santos Souza, além de 6 diretores representantes das 417 secretarias municipais de saúde do estado: Geraldo Magela (Ilhéus), Denise Lima Mascarenhas (Feira de Santana), Gerald Saraiva (Anagé), Odilon Cunha Rocha (São Félix), Raquel Ferraz da Costa (Abaré) e Max Almeida (Teixeira de Freitas).
Marilda Gonçalves frisou o interesse da instituição em discutir uma agenda e fazer integrações com os municípios em apoio às questões de saúde. “A missão da Fiocruz reafirma o nosso compromisso com o Sistema Único de Saúde (SUS) e, consequentemente, com a saúde da população brasileira, quer seja no desenvolvimento de pesquisas, na formação de recursos humanos, bem como no assessoramento e interpretação da realidade, visando a implementação de políticas públicas de saúde realmente efetivas. Por isso, a parceria com o COSEMS-BA é de extrema importância, reforçando a nossa contribuição para o desenvolvimento regional e estadual, a exemplo da implementação da Agenda 2030”, disse a diretora.
A presidente do Conselho comentou sobre a importância da Agenda 2030 e de uma futura parceria com a Fiocruz. “Antes, não estávamos muito envolvidos com a questão da Agenda, mas, com um pouco mais de conhecimento, vi que ela é extremamente importante. Um dos principais benefícios da cooperação com a Fiocruz será a qualificação e fortalecimento dos gestores, com um consequente fortalecimento do SUS”, declarou Stela Souza.
Na sessão científica, Paulo Gadelha discorreu sobre o papel do Brasil, a institucionalização da Agenda 2030 na Fiocruz, as estratégias e ações implementadas pela Fundação e seus desafios. Destacou que a Agenda integra as dimensões econômicas, sociais e ambientais, com uma visão mais universal e que ela permite coordenar áreas de maneira muito clara.
“No caso especifico da Fiocruz, fundada sobre os polos Saúde e Desenvolvimento, consideramos que a Agenda 2030 é um instrumento fundamental para pensar o planejamento estratégico na instituição. Nesse processo, começamos a encontrar várias lacunas e formas de atuar, como a realização de convênios, projetos, a Feira de Soluções para a Saúde e programas de cooperação técnica”, explicou Gadelha.
Também esteve presente na ocasião, o diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, que participou da discussão final juntamente com Gadelha. Para o diretor, “a estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 mostra uma instituição madura que não constrói seus programas com estímulo exclusivo para uma ciência pura, mas também para uma ciência com desenvolvimento tecnológico, que visa responder as necessidades do país”.
Paulo Buss, que também veio a Salvador para participar da Semana do Clima, evento organizado pela ONU, disse que é necessário observar as necessidades locais. “Nós devemos, dentro da estratégia Fiocruz, estar atentos para identificar os problemas de desenvolvimento da Bahia, da cidade de Salvador e regiões metropolitanas, que este Instituto seja capaz de resolver, dentro de um contexto cultural e social”, ponderou.
Tese analisa coifecção entre os vírus HTLV e da Hepatite C na Bahia
AUTORIA: Felicidade Mota Pereira
ORIENTAÇÃO: Maria Fernanda Rios Grassi
TÍTULO DA TESE:“Coifecção entre o vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) e o vírus da hepatite C (HCV) no estado da Bahia”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 18/09/2019
HORÁRIO: 09h
RESUMO
INTRODUÇAO: Os vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) e vírus da hepatite C (HCV) são endêmicos no Brasil. Ambos causam uma infecção persistente, assintomática em alguns casos, sendo o diagnóstico tardio. Estes vírus compartilham algumas vias de transmissão, o que pode favorece a coinfecção.
OBJETIVOS: Determinar as taxas de infecção do HTLV, HCV e da coinfecção HTLV/HCV no estado da Bahia. Descrever o perfil de citocinas inflamatórias nos indivíduos coinfectados com HTLV/HCV.
MÉTODOS: Um estudo retrospectivo ecológico foi conduzido usando o banco de dados do LACEN – Bahia. Todos os testes sorológicos para HTLV e HCV foram selecionados entre as 32 microrregiões da Bahia, no período de 2004 a 2013, constituindo um banco com 602.908 registros únicos. Para a avaliação imune, foram selecionados prospectivamente amostras de 31 indivíduos coinfectados HTLV/HCV e de 27 indivíduos monoinfectados com HCV, recebidas no LACEN para quantificar a carga viral do HCV. Foram analisadas as citocinas IFN-γ, TNF-α, IL-10, IL-8 e IL-1. O grupo controle foi formado por 30 indivíduos sadios.
RESULTADOS: Foram avaliadas 233.876 amostras para o diagnóstico laboratorial do HTLV. Destas, 1.813 (91,7%) foram positivas para HTLV-1 (prevalência de 0,78%), 58(2,9%) para HTLV-2 (prevalência de 0,025%) e 107 (5,4%) foram positivas para ambos HTLV-1 e HTLV-2 (prevalência de 0,05%). A taxa de infecção na Bahia foi 0,84% (14,4 casos /100.000 habitantes). A infecção pelo HTLV foi predominante em mulheres (75%) com média de idade de 46 anos. Foram identificados três novos clusters do HTLV, localizados nas regiões Sul, Central e Oeste do estado. Amostras de 247.837 indivíduos foram avaliadas para o diagnóstico laboratorial do HCV. A taxa de infecção do HCV foi de 1,3% que corresponde a 21,2 casos/ 100.000 habitantes. Os homens com idade acima de 55 anos foram os mais acometidos. A cidade de Ipiaú apresentou a maior taxa de infecção para o HCV (112,04 casos/100.000 habitantes). Os genótipos 1 e 3 foram mais prevalentes, seguidos dos genótipos 2, 4 e 5. Para determinar a taxa de coinfecção entre HTLV e HCV amostras de 120.192 indivíduos foram avaliados. A taxa de infecção do HTLV/HCV foi de 14,3% que equivale a 2,8 casos/100.000 habitantes. Os casos de coinfecção HTLV/HCV predominou em homens com média de idade de 59 anos. As maiores taxas foram encontradas em três microrregiões: Salvador, Ilhéus- Itabuna e Porto Seguro. Quanto ao perfil de citocinas, o grupo coinfectados HTLV/HCV teve uma maior tendência a produzir IFN-γ, comparado ao grupo monoinfectado HCV. Houve uma correlação positiva entre os pares IL-1 e IL-8 no grupo coinfectado pelo HTLV/HCV e entre os pares IL-8 – IL10 e INF-γ – IL-10 no grupo monoinfectado pelo HCV.
CONCLUSÕES: As infecções pelo HTLV e HCV estão disseminadas nas microrregiões do estado Bahia, no entanto a coinfecção HTLV/HCV está concentrada em apenas três microrregiões. A coinfecção HTLV/HCV está associada à produção de IFN-γ, enquanto indivíduos infectados pelo HCV apresentaram correlação positiva entre as citocinas inflamatórias (IL-8 e IFN-γ) e a citocina reguladora IL-10.
Palavras chaves: HTLV, HCV, coinfecção, hepatite viral, citocinas.
Transplante hepático em febre amarela grave
Estudo avalia prevalência de espécies de ameba em indivíduos infectados de Salvador
A amebíase é uma infecção causada por um parasita de nome científico Entamoeba histolytica, mais popularmente conhecido como ameba, que pode provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extra-intestinal da doença. A principal forma de transmissão é a ingestão de alimentos ou água contaminados.
A prevalência da E. histolytica é superestimada devido à sua semelhança com outras espécies de formas idênticas, como a Entamoeba dispar e a Entamoeba moshkovskii, formando o complexo E. histolytica/E. dispar/E. moshkovskii.
Um estudo, que contou com a participação do pesquisador Fred Luciano Neves Santos, da Fiocruz Bahia, teve como objetivo avaliar a frequência das espécies deste complexo, através de técnicas moleculares e imunológicas, em indivíduos atendidos em um centro de saúde pública, em Salvador. O artigo foi publicado na revista BioMed Research International e pode ser acessado aqui.
Para a pesquisa, foram analisadas amostras fecais de mais de 55.000 indivíduos, com diagnóstico entre fevereiro de 2010 e junho de 2014. Destas, cerca de 260 pacientes diagnosticados com cistos de ameba em suas fezes foram contatados e convidados a participar da segunda fase do estudo. Foram coletadas 90 amostras de fezes e sangue de indivíduos que concordaram em participar.
Como resultado, a prevalência do complexo E. histolytica/E. dispar/E. moshkovskii, determinada por microscopia, foi de cerca de 0,49%. Para a E. histolytica, a detecção de antígeno específico e a caracterização molecular foram de 100% de negatividade, embora na avaliação sorológica a positividade para esta espécie tenha sido de 8,9%, indicando que estes pacientes já tiveram contato com o parasita anteriormente.
Nas amostras de fezes analisadas por PCR, não foi possível identificar a E. histolytica e a E. moshkovskii, embora tenha sido detectado anticorpos contra a E. histolytica. Possivelmente, a produção de IgG anti-E. histolytica está associada com memória imunológica, indicando a circulação do parasita na capital da Bahia, de acordo com o dados anteriores realizado pelo mesmo grupo de pesquisa.
1º Prêmio Gonçalo Moniz condecora alunos de pós-graduação
A primeira edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação da Fiocruz Bahia aconteceu nos dias 15 e 16 de agosto, em cerimônia realizada na instituição. A honraria foi concedida em três categorias: para estudantes de Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT), estudantes do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) e egressos dos dois programas.
Na abertura da premiação, a pesquisadora Natália Machado Tavares, uma das organizadoras do evento, relembrou a idealização do prêmio ao longos dos anos e agradeceu a colaboração da diretoria do instituto, assim como a Vice-coordenação de Ensino e coordenadoras dos dois programas de pós-graduação. “Foi um evento construído a várias mãos”, declarou Natália.
Marilda Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, ressaltou a importância de uma premiação voltada para os trabalhos desenvolvidos pelos alunos e ex-alunos do instituto, como um reforço da comunidade científica. “Não é só premiar estudantes, mas sim a tecnologia, a ciência e inovação”, completou a diretora. Patrícia Veras, vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, comentou sobre como o prêmio veio em um momento relevante para a comunidade científica e estreitou a relação entre os alunos e professores da instituição.
As coordenadoras dos programas, Theolis Bessa (PgBSMI) e Valéria Borges (PgPAT), também agradeceram as comissões interna e externa da premiação e as sugestões feitas por alguns alunos na elaboração do edital, alcançando o objetivo de construir uma pós-graduação na qual o estudante tem um papel de protagonismo não só dentro do laboratório.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Washington Luis Conrado dos Santos, foi responsável pela leitura do memorial do professor homenageado, Gonçalo Moniz, que dá nome ao prêmio e ao Instituto, também conhecido como Fiocruz Bahia. Nascido em Salvador, em 1870, Gonçalo Moniz Sodré de Aragão, se formou pela Faculdade de Medicina da Bahia (FAMED). Junto com outros intelectuais baianos, fundou a Academia de Letras da Bahia, em 1915. Neste mesmo ano, foi inaugurado o Instituto Bacteriológico, Antirrábico e Vacinogênico, sob sua direção, que originou a Fundação Gonçalo Moniz, incorporada à Fundação Oswaldo Cruz, em 1970.
O primeiro dia de evento foi marcado pelas apresentações orais dos trabalhos selecionados nas três categorias de cada programa de pós-graduação, avaliados pela banca avaliadora composta por pesquisadores externos. Já no segundo dia, houve uma sessão científica especial ministrada pela pesquisadora do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Luisa Massarani.
O intuito da sessão foi fomentar a divulgação científica dentro da Fiocruz Bahia, mostrando a importância do relacionamento entre pesquisadores e sociedade, aproximando o grande público da ciência. Luisa Massarani frisou que é preciso conhecer os diferentes públicos e se aproximar mais da sociedade de maneira didática e simples, pois só transmitir conhecimento científico não suficiente para a divulgação científica.
Após a sessão, os prêmios foram entregues aos alunos condecorados, assim como as menções honrosas. Clique aqui para conferir a lista de vencedores.
Veja as fotos do evento:
Desestruturação do tecido linfoide esplênico na leishmaniose visceral é avaliada em tese
AUTORIA: Caroline Vilas Boas de Melo
ORIENTAÇÃO: Washington Luís Conrado dos Santos
TÍTULO DA TESE: “Cinética da desestruturação do tecido linfoide esplênico na leishmaniose visceral: um estudo experimental em hamsters e camundongos”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana
DATA DE DEFESA: 22/08/2019
HORÁRIO: 08h
RESUMO
INTRODUÇÃO: Um dos principais problemas relacionados à leishmaniose visceral (LV) no Brasil é o surgimento de formas clínicas graves responsáveis por 5-20% dos óbitos associados à doença, mesmo na vigência do tratamento específico. Formas graves da LV humana e canina cursam com desorganização da polpa branca (PB) do baço. Ocorre redução de linfócitos B e T, células dendríticas foliculares e aumento de plasmócitos, associados a mudanças no padrão de expressão de citocinas e quimiocinas. É possível que a infecção por Leishmania provoque desorganização da PB por interferência nas comunicações celulares e contribua para a susceptibilidade à doença. O uso de modelo experimental pode contribuir para a compreensão desses mecanismos.
OBJETIVO: Avaliar sequencialmente as alterações do baço no curso da infecção por L. infantum.
METODOLOGIA: 56 hamsters Golden Syrian e 50 camundongos da linhagem BALB/c foram infectados com promastigotas de L. infantum por via intraperitoneal. Os animais foram acompanhados por 30, 60, 90 (apenas camundongos), 120 e 150 dias para avaliação de parâmetros clínicos e histológicos. Foi realizado sequenciamento do transcriptoma de 24 amostras de hamsters e imunofenotipagem das células do baço de camundongos por citometria de fluxo e histocitometria. Adicionalmente, avaliamos as alterações clínicas e histológicas da infecção por L. infantum em hamsters e camundongos esplenectomizados.
RESULTADOS: Hamsters desenvolveram LV progressiva com desorganização da PB do baço, associado a maior frequência de sinais clínicos. Houve regulação gênica relacionada à quimitotaxia de linfócitos T e regulação de ciclo celular e ciclinas. Camundongos desenvolveram doença subclínica associada à arquitetura normal da PB, mas com remodelamento tecidual por alterações de células dendríticas plasmocitoides, linfócitos B e plasmócitos. Células estromais e células linfoides inatas se distribuíram dispersamente no baço de camundongos infectados por 60 dias. Houve maior produção de IFN e IL-6 a 90 dias de infecção. Hamsters infectados esplenectomizados apresentaram maior frequência de granuloma em linfonodo, enquanto ocorreu elevada letalidade em camundongos.
CONCLUSÕES: A infecção por L. infantum induziu alterações sequenciais no baço que culminam na desorganização da PB. A desorganização ocorreu por alterações de gênicas de citocinas, quimiocinas e fatores de transcrição em hamsters e de populações celulares no remodelamento tecidual em camundongos. A ausência do baço levou a perfil histopatológico mais grave em hamsters e alta letalidade em camundongos. Esses dados demonstram um papel centralizado do baço na patogênese da leishmaniose visceral.
Palavras-chave: Leishmaniose visceral, desorganização da polpa branca, desorganização esplênica, Leishmania infantum.
Tese avalia interação entre neutrófilos infectados por Leishmania com células dendríticas
AUTORIA: Martha Sena Suarez
ORIENTAÇÃO: Cláudia Ida Brosdkyn
TÍTULO DA TESE: “Avaliação da interação entre neutrófilos humanos infectados por Leishmania amazonenses ou Leishmania braziliensis com células dendríticas: impacto dos receptores de adenosina”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana
DATA DE DEFESA: 22/08/2019
HORÁRIO: 09h
RESUMO
Os neutrófilos (NØs) modulam a resposta imune pela produção de citocinas e quimiocinas ou interação direta com outras células. Células dendríticas (DCs) apresentam antígenos e ao interagirem com diferentes componentes do sistema imune, modulam a resposta adaptativa, responsável pela eliminação de microrganismos e manutenção da memória imunológica. O ATP extracelular produzido após dano celular exibe propriedades pró-inflamatórias, enquanto a adenosina, produto do catabolismo do ATP, exibe propriedades antiinflamatórias. Neste trabalho, avaliamos o efeito da interação entre DCs humanas e NØs infectados por L. braziliensis (Lb) ou L. amazonensis (La) e a participação dos receptores de adenosina.
Metodologia: NØs purificados do sangue de doadores saudáveis foram infectados ou não por Lb ou La e co-cultivados com DCs geradas in vitro de monócitos tratados com IL-4 / GMCSF. As DCs nestas co-culturas foram avaliadas quanto sua taxa de infecção, expressão de moléculas de superfície e produção de citocinas. Para investigar a participação da adenosina, a carga parasitária nestas células foi avaliada após inibição de CD39, CD73 ou receptores A2A e A2B.
Resultados: O co-cultivo de DCs com NØs infectados com La aumentou a carga parasitária, reduziu a expressão de moléculas de superfície e a produção de citocinas próinflamatórias, aumentando a produção de anti-inflamatórias. Resultados opostos foram obtidos nas co-culturas de DCs e Nϕs infectados por Lb. O bloqueio do CD39, mas não do CD73, em NØs ou em DCs reduziu a carga parasitária nas DCs co-cultivadas com NØs
infectados por La. Já a inibição dos receptores A2B ou A2A diminui a carga parasitária após a co-cultura das DCs com NØs infectados por La ou quando cultivadas com adenosina. Este mesmo tratamento só alterou a carga parasitária em DCs co-cultivadas com NØs infectados por Lb na presença da adenosina. Nossos resultados indicam que NØs infectados por La e Lb modulam diferentemente a ativação das DCs. Apenas os NØs infectados por La parecem inibir as DCs, com consequente aumento da sua carga parasitária, ativação de ectonucleotidases, redução de moléculas co-estimulatórias e de IL-12 e aumento de IL-10. Observamos também influência dos receptores de adensosina, evidenciada pela reversão da carga parasitaria nas DCs na presença dos inibidores desses receptores.
Papel da saúde e CT&I na Agenda 2030
Contribuições de um laboratório farmacêutico público.
ICPerMed divulga edição 2020 do Prêmio Boas Práticas em Medicina Personalizada
Inscrições podem ser realizadas até 23 Janeiro de 2020
The International Consortium for Personalised Medicine (ICPerMed), consórcio que reúne mais de 40 instituições de pesquisa da Europa e América Latina, lançou a edição 2020 do Prêmio “Best Practice in Personalised Medicine”. O objetivo reconhecer e premiar as melhores práticas no tema Medicina Personalizada. As inscrições vão até 23 Janeiro 2020.
Podem participar os pesquisadores com trabalhos publicados e desenvolvidos na área Medicina Personalizada, entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de outubro de 2019.
É necessário que os projetos estejam relacionados à perspectiva “Healthcare systems that enable personally-tailored and optimized health promotion, prevention, diagnosis, and treatment for the benefit of citizens and patients”, descrita no Documento de Visão ICPerMed disponível neste link.
As melhores práticas podem consistir em:
- Artigo científico focado em novas abordagens para a implementação de medicina personalizada;
- Programas de treinamento para o pessoal de saúde, aumentando o nível de conscientização sobre o potencial da medicina personalizada;
- Exemplos de grupos de colaboração interdisciplinares ou intersetoriais (organizações governamentais e não governamentais, gestão acadêmica, pesquisa médica, assistência médica e organizações privadas, ou parceiros da indústria) para a implementação de medicina personalizada.
Serão selecionadas 03 melhores práticas e os vencedores do Prêmio serão convidados para a Conferência ICPerMed 2020, na qual terão a oportunidade de apresentar seus resultados durante uma sessão plenária. Além disso, os vencedores receberão um apoio não-monetário para a divulgação de melhores práticas no valor de 500 €.
Para mais informações acesse o site do prêmio.
Dissertação avalia anticorpos como biomarcadores de susceptibilidade para leishmaniose
AUTORIA: Maiara Reis Arruda
ORIENTAÇÃO: Deborah Bittencourt Mothé Fraga
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Anticorpos anti-LJM11/LJM17 como biomarcadores de susceptibilidade para leishmaniose visceral em cães acompanhados em uma área endêmica”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 14/08/2019
HORÁRIO: 14h
RESUMO
INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral é transmitida pela picada do Lutzomyia longipalpis. A saliva do vetor é inoculada no momento da picada, tendo papel importante na transmissão da Leishmania devido a presença de proteínas com propriedades farmacológicas que favorecem a infecção. Ainda não existem dados correlacionando o desenvolvimento de anticorpos contra as proteínas recombinantes LJM11 e LJM17 (rLJM11+17) da saliva do vetor com perfil de resistência ou susceptibilidade na Leishmaniose Visceral canina (LVC).
OBJETIVO: Avaliar as concentrações de anticorpos anti-LJM11+17 como biomarcadores de susceptibilidade ou resistência para LVC em cães de uma área endêmica acompanhados por 2 anos.
METODOLOGIA: Os animais foram reavaliados a cada 3 ou 6 meses, quanto ao diagnóstico e evolução clínica da LVC e exposição e reexposição ao vetor, com ELISA utilizando rLJM11+17. Animais cujos níveis de anticorpos anti-saliva no período subsequente foram iguais ou maiores que o dobro dos níveis do período anterior foram classificados como reexpostos. Os animais foram classificados como negativos, resistentes e susceptíveis a LVC analisando o escore clínico e o diagnóstico para LVC durante todo acompanhamento. Além disso, foi feita caracterização do perfil imunológico dos animais nos momentos antes, durante e após a infecção utilizando as técnicas de ELISA e Luminex.
RESULTADOS: Um total de 285 animais foram incluídos no estudo, sendo que 111 destes finalizaram todos os inquéritos de acompanhamento. Dentre os 111, 46 animais apresentavam resultado negativo para exposição a saliva e 19 também apresentavam-se negativos para LVC no início do estudo. Foram necessários apenas 6 meses para que a maioria (70%), dos 46 animais que começaram o estudo como não expostos se tornassem expostos ao vetor. O aumento da incidência de exposição ao longo do acompanhamento foi seguido pelo aumento da incidência de casos de LVC. Dentre os 285 cães avaliados, a maioria dos animais (55%) foi reexposta ao vetor em algum momento. Animais susceptíveis apresentaram maiores níveis de anticorpos anti-saliva quanto comparados aos animais resistentes e os animais reexpostos tiveram 2 vezes mais risco de serem susceptíveis à LVC. Houve diferença na expressão de alguns mediadores entre animais resistentes e susceptíveis. CXCL1 estava menos expresso no momento da infecção nos resistentes e mais expresso 6 meses após a infecção nos susceptíveis. No momento da infecção, os níveis de IL-10 foram maiores nos susceptíveis. Nos resistentes, LTB4 e PGE2 mostraram-se com níveis elevados no momento da infecção, quando comparados com o período antes da infecção.
CONCLUSÃO: A presença de anticorpos anti-rLJM11+17 além de ser um biomarcador de exposição ao vetor, também demonstrou estar associado à susceptibilidade à LVC. Adicionalmente, a quantificação de mediadores LBT4, PGE2 e IL-10 também podem ser úteis para predição de perfil de susceptibilidade e resistência.
Palavras-chave: Coorte, Flebotomíneo, Leishmania, Saliva
Malária assintomática está relacionada com modulação de inflamação em coinfectados por Hepatite B
Os determinantes das diversas apresentações clínicas da malária não são completamente entendidos. Estudos prévios desenvolvidos pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto e Bruno Bezerril Andrade, relataram que a coinfecção por malária e hepatite B está associada ao aumento da probabilidade de apresentar malária assintomática (ver estudo aqui), mas pouco se conhece sobre os mecanismos imunitários que conduzem essa associação.
Um novo estudo coordenado pelo pesquisador Bruno Bezerril Andrade analisou múltiplas citocinas, quimiocinas e proteínas de fase aguda, em grupos de pacientes com diferentes apresentações de infecção por malária, por hepatite e com ambas as enfermidades, com sintomas e sem sintomas. O artigo foi publicado na PLOS Neglected Tropical Diseases.
Foram analisadas amostras de sangue de um banco de dados contendo 601 indivíduos da Amazônia. Os dados sobre os níveis plasmáticos de múltiplas quimiocinas, citocinas, proteínas de fase aguda, enzimas hepáticas, bilirrubina e creatinina foram analisados para descrever e comparar os perfis bioquímicos associados a cada tipo de infecção.
Os resultados indicaram que a coinfecção é marcada por um conjunto de respostas imunes relacionadas a cada uma das monoinfecções, que resulta em uma inflamação balanceada associada à imunidade clínica e ausência de sintomas.
De acordo com o artigo, em termos biológicos, as leituras são de que as respostas combinadas a cada patógeno induzem um perfil distinto de ativação imune sistêmica, com a atividade marcada de IL-10, uma citocina imunorreguladora, em confluência principalmente com atividade de CCL2 e IL-4. Essas múltiplas vias impediriam a atividade pró-inflamatória desequilibrada associada à malária sintomática e/ou grave.
Além disso, esses achados destacam a importância do sistema imunológico na condução da apresentação da doença, levantam a discussão sobre a imunoterapia na malária e como essas abordagens têm o potencial de realmente influenciar os resultados clínicos.
Os resultados do trabalho mostram que mecanismos distintos associados à atividade antiviral e antimalárica são devidos a alterações no equilíbrio de citocinas e levam ao aumento da probabilidade de ocorrência assintomática de malária na coinfecção por malária e hepatite.
Este conhecimento de respostas em ambos os patógenos que combatem as respostas pró-inflamatórias ajuda a descrever a fisiopatologia associada com a coinfecção e pode ser relevante para futuros estudos e abordagens com imunoterapia em casos de malária grave ou infecção por hepatite B.
A divulgação da ciência como responsabilidade social do cientista
Estudo aponta atraso neurológico em crianças sem microcefalia expostas ao Zika na gestação
Em 2015, após o grande surto de zika, principalmente no Nordeste do Brasil, notou-se que, além de um grande número de crianças nascidas com microcefalia, diversas outras condições de saúde dos bebês podiam estar relacionadas à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, liderou uma investigação, em Salvador (BA), sobre o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao vírus Zika na gravidez, que nasceram sem microcefalia. O trabalho pode ser acessado no site do BMJ Paediatrics Open.
Para o estudo, foram avaliados 29 bebês nascidos em 2016, cujas mães tiveram zika na gestação no período de epidemia da doença. Esses recém-nascidos tiveram a circunferência da cabeça considerada normal no nascimento, dentro do estabelecido para idade gestacional e sexo, de acordo com os padrões INTERGROWTH-21.
O resultado da avaliação do desenvolvimento neurológico dos bebês mostrou que 10 (34%) deles exibiram um atraso pelo menos em um dos domínios da Escala Bayley-III e um atraso na fala foi identificado em nove (31%) bebês.
A Escala Bayley-III é um instrumento considerado padrão de referência mundial que avalia o desenvolvimento de bebês de 0 a 3 anos de idade e identifica atrasos no desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor, socioemocional e adaptativo.
As avaliações identificaram anormalidades especialmente no funcionamento da linguagem. Estes achados corroboram com os resultados de um estudo prospectivo realizado no Rio de Janeiro, que avaliou crianças por neuroimagem e pela Escala Bayley-III, no qual foram observados atrasos no neurodesenvolvimento na linguagem cognitiva e campos de função motora.
A avaliação sistemática destas crianças, através de ferramentas padronizadas, é crucial para a detecção precoce de anormalidades no desenvolvimento, bem como para fornecer intervenção para alcançar melhores resultados e prevenir deficiências.
Cenário epidemiológico do sarampo e os desafios atuais
Pesquisadores analisam caso de SIRI em paciente com tuberculose e HIV
A ocorrência da Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) em pacientes com coinfecção por tuberculose e HIV é uma resposta exagerada e desregulada do organismo contra M. tuberculosis, que ocorre com frequência após o início da terapia antirretroviral, mesmo com a diminuição efetiva da presença do vírus HIV no sangue e uma melhora temporal do quadro.
O pesquisador Bruno Bezerril, da Fiocruz Bahia, coordenou um estudo de caso em que uma mulher desenvolveu a síndrome imune associada com tuberculose após iniciar o tratamento para HIV, desencadeando diversos problemas de saúde. O trabalho, realizado em parceria com o National Institute for Research in Tuberculosis (NIRT) da Índia, foi publicado na BMC Infectious Diseases.
Estudo de caso
Uma mulher assintomática, de 51 anos de idade, do sul da Índia, sem histórico médico significante, foi diagnosticada como portadora de HIV depois que seu marido morreu em decorrência da doença. A paciente apresentou complicações após o início da terapia para HIV, como tosse, febre, perda de peso, suor noturno e sintomas de tuberculose pulmonar, que foi posteriormente confirmada.
Os sintomas da SIRI melhoraram com a suspensão do tratamento para HIV e início do tratamento para tuberculose, mas retornavam assim que a terapia antirretroviral era iniciada novamente. Problemas hepáticos e neurológicos, como convulsões, também surgiram nesse período de terapia antirretroviral. O tratamento para tuberculose durou cerca de oito meses e a medicação para HIV foi continuada com base na opinião consensual de especialistas em SIRI e tuberculose e neurologistas.
Após cinco meses do fim do tratamento para tuberculose, a paciente apresentou exames normais. Posteriormente, permaneceu clinicamente assintomática por cerca de 30 meses, com teste de esfregaços e culturas negativos para tuberculose e com baixa das cargas virais.
Discussão
Os autores do estudo observaram que o caso apresentou diversos episódios de SIRI, os quais ocorreram em múltiplos focos, o que tornou o tratamento um desafio. A principal hipótese para o caso é que a paciente estava altamente imunossuprimida como reflexo da contagem muito baixa de células T CD4+, o que causou a disseminação de tuberculose.
De acordo com os pesquisadores, por conta do protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS), em testar e iniciar a terapia para HIV o quanto antes, a incidência de SIRI poderá cair uma vez que os indivíduos irão ser tratados cedo e com uma carga de CD4+T alta.
Este caso demonstra os desafios intrincados no manejo de pacientes imunossuprimidos com co-infecção de tuberculose e HIV no momento do início da terapia antirretroviral e enfatiza a discussão sobre vários aspectos relevantes como: riscos associados à interrupção do tratamento de tuberculose durante a terapia antirretroviral no contexto de doença avançada por HIV; a potencial toxicidade hepática da terapêutica combinada e redução da penetração das drogas em órgãos e tecidos e sua associação potencial com a ocorrência de SIRI.
Nova tecnologia em Anticorpos Monoclonais Primários: vantagens, benefícios e validação dos RabMAbs
‘Perspectivas do Livro Acadêmico’ chega à Fiocruz Bahia em 5 de agosto
Marcella Vieira/Editora Fiocruz
Idealizada pela Editora Fiocruz, a exposição itinerante fica em Salvador até 23 de agosto e depois segue para a Fiocruz Pernambuco
Ampliar as fronteiras da leitura e do conhecimento científico. Com essa missão, a Editora Fiocruz leva a exposição Perspectivas do Livro Acadêmico ao Instituto Gonçalo Moniz (IGM) – Fiocruz Bahia, durante o período de 5 a 23 de agosto.
Com o intuito de valorizar o livro como veículo de comunicação pública da ciência e da saúde, a exposição tem entrada gratuita e responde, de forma interativa e lúdica, a perguntas sobre o universo do livro acadêmico e das editoras universitárias. A estreia de Perspectivas do Livro Acadêmico aconteceu em maio de 2018, no Palácio Itaboraí, espaço da Fiocruz na cidade de Petrópolis (RJ). Na ocasião, a Editora Fiocruz comemorava seu aniversário de 25 anos e sediava a 31ª Reunião Anual da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu).
Desde então, a exposição assumiu seu caráter itinerante e vem passando por outros espaços e unidades da Fiocruz, como a Biblioteca de Manguinhos – no campus-sede – e o Prédio da Expansão, ambos no Rio de Janeiro. Após a passagem pela Bahia, Perspectivas do Livro Acadêmico permanecerá na região Nordeste. A próxima parada será o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (IAM) – Fiocruz Pernambuco, em Recife, a partir de setembro.
Formada por dois módulos, a exposição apresenta aspectos fundamentais de uma editora, como os livros e as pessoas. Elementos como quebra-cabeça com as coleções que integram o catálogo da Editora Fiocruz, painel interativo, vídeo comemorativo dos 25 anos da Editora são alguns dos componentes apresentados. Há também painel de e-books, vitrines com troféus de prêmios recebidos pela Editora, linha do tempo com livros cenográficos e a “árvore de livros”, que estimula a interação entre público e exposição, convidando os visitantes a compartilhar fotos em suas redes sociais.
Acesso aos livros e ao conhecimento
Uma das principais atrações da exposição é o “pegue e leve”, em que os leitores podem conhecer, folhear e levar os livros expostos. Na Fiocruz Bahia, diversos títulos serão disponibilizados ao público da exposição, que ficará na Biblioteca de Ciências Biomédicas Eurydice Pires de Sant’Anna. Entre eles estão livros que compõem um rico acervo de informações e pesquisas sobre a ciência e a saúde pública no Brasil, como Doença de Chagas, Doença do Brasil; Clementino Fraga Filho: depoimento de um médico humanista; Um Aprendiz de Ciência; História Social da Tuberculose e do Tuberculoso; Do Clima e das Doenças do Brasil; Informação, Saúde e Redes Sociais.
A facilitação do acesso aos livros vai ao encontro da principal missão da Editora Fiocruz: a divulgação em ciência, tecnologia e saúde: “Os conhecimentos contidos em nossos livros não podem ficar parados nas estantes. Livro é para ser lido, apropriado, partilhado e deve servir à produção de novos conhecimentos”, defende o editor executivo João Canossa.
A professora e pesquisadora Marilda de Souza Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, reforça a importância da disseminação do conhecimento: “O Instituto Gonçalo Moniz está em festa com a chegada da exposição em nossa unidade. Sua vinda reforça o compromisso institucional com a educação, a pesquisa, a academia e, em especial, com a sociedade brasileira, pois favorece a difusão do conhecimento e a divulgação científica, de maneira a despertar a curiosidade pelas descobertas que ampliam os nossos horizontes e trazem a ciência para o nosso cotidiano”, ressalta.
Serviço
Exposição Perspectivas do Livro Acadêmico
Biblioteca de Ciências Biomédicas Eurydice Pires de Sant’Anna
Instituto Gonçalo Moniz – Fiocruz Bahia
Rua Waldemar Falcão, 121 – Candeal – Salvador – BA
Segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30
Até 23 de agosto
Entrada gratuita
Conferências Clinicopatológicas 2019 estão com as inscrições abertas
Acontece, entre os dias 29 e 31 de agosto, as Conferências Clinicopatológicas 2019 (CCP 2019), que reúne profissionais interessados em Patologia Renal, Hepática, da Pele e profissionais da Ciências da Computação. O tema deste ano é a “Integração de dados e definição de marcadores histológicos”. As inscrições foram prorrogadas para o dia 25 de agosto e podem ser realizadas aqui.
As Conferências clinicopatológicas 2019 pretendem um olhar sobre o cenário da informação médica e o levantamento de potenciais soluções para o problema por especialistas das áreas de patologia da pele, do fígado e do rim, além de pesquisadores das ciências da computação.
No primeiro dia, será realizado o seminário anual do projeto PathoSpotter com a apresentação de miniconferências e trabalhos na área de seleção e análise em larga escala de dados clínicos imagens em patologia diagnóstica. Terá a participação de especialistas da dermatopatologia, hepetopatologia, nefropatologia e pesquisadores da área de Matemática, Ciências da Computação, Arquivologia e Museologia.
Já o segundo dia será dedicado a avanços em medicina investigativa e assistencial com conferências, encontros de especialistas nas áreas de Nefrologia, Hepatologia e Dermatologia e haverá a tradicional Sessão Anatomoclínica, para médicos e graduandos de medicina. Na manhã de sábado, dia 31 de agosto, ocorrerão as reuniões ordinárias dos clubes de Patologia Hepática, Renal e Dermatológica aberta a médicos e estudantes de medicina.
Para mais informações como programação e critérios de seleção, clique aqui.
Pré-curso CCP 2019
Um curso pré-CCP2019 será oferecido, nos dias 19 a 21 de agosto, a estudantes de pós-graduação da área de saúde cujos projetos de pesquisa contemplem a realização de técnicas histológicas aplicadas a estudos anatomopatológicos.
O objetivo é apresentar aos estudantes provenientes de programas de pós-graduação as estratégias de preparação de amostras biomédicas para estudos morfológicos utilizando técnicas de histoquímicas, microscopia eletrônica e identificação molecular por imunodetecção, hibridização in situ e microdissecção a laser.
Para outras informações sobre o pré-curso, acesse o site do CCP2019.
Resistência da hepatite C a novos antivirais é avaliada em dissertação
AUTORIA: Liz Silva Rocha
ORIENTAÇÃO: Luciano Kalabric Silva
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Avaliação das mutações de resistência do vírus da hepatite C (VHC) aos novos antivirais de ação direta (DAA) em pacientes com hepatite C crônica”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 08/08/2019
HORÁRIO: 09h
RESUMO
Os antivirais de ação direta (DAA) foram incorporadas para o tratamento da hepatite C crônica pelo Protocolo de Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (PCDT-HepC) desde 2015. Devido à natureza quasiespécies do vírus da hepatite C (VHC), tempo de infecção, genótipo, mutações de resistência aos antivirais podem emergir levando a falha no tratamento. O presente estudo pretendeu rastrear e monitorar substituições associadas a resistência (RASs) aos DAAs em pacientes com hepatite C crônica. O estudo possui desenho descritivo de corte-transversal. Ao todo, 204 participantes foram recrutados, hemofílicos da Fundação HEMOBA (n = 23) e pacientes do Ambulatório de Hepatologia do Complexo HUPES (n = 181). Após testes moleculares e análise das sequências, identificou-se prevalência total de RAS de 51% (94/184, IC 95% 44% – 59%): RAS NS3/4A 45% (62/137, 95% CI 38% – 55%), RAS NS5A 27% (30/113, 95% CI 19% – 36%) e RAS NS5B 2 % (2/123, 95% CI 0% – 6%). Quanto a predição da RAS, foram incluídas apenas drogas licenciadas e os genótipos do VHC circulantes no Brasil. Com relação as regiões NS3/4A e NS5A, 17 pacientes apresentaram variantes associadas a resistência (RAVs), sendo que três pacientes apresentaram RAV para mais de uma classe de drogas. Nenhum paciente apresentou RAV para a região NS5B. A identificação precoce e rastreio das mutações de resistência podem auxiliar na conduta clínica prevenindo a emergência de linhagem multidrogas resistentes e falha terapêutica.
Palavras Chave: Vírus da hepatite C, DAA, Mutações de Resistência, RAS, RAV.
Estudo sobre hanseníase detalha os fatores de risco da doença
Uma doença curável, de baixo contágio, mas que desde a Antiguidade é carregada de estigma, sendo associada ao pecado e à desonra, e até a década de 1960 era tratada por meio da internação compulsória no Brasil. A hanseníase atinge, ainda hoje, 200 mil pessoas por ano, sendo que a cada dez novos casos no mundo, um ocorre no Brasil, de acordo com dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/ONU).
Agora, um estudo recém-publicado no periódico The Lancet Global Health possibilita compreender, com precisão e escala até então inéditas, os fatores socioeconômicos que elevam a possibilidade de o indivíduo desenvolver hanseníase: foram analisados dados individuais de 33 milhões de pessoas que utilizaram algum benefício social entre 2007 e 2014, dos quais quase 24 mil eram pessoas com a enfermidade. O tamanho da amostra com dados individuais torna esse o maior estudo já realizado sobre o tema.
A pesquisa confirmou que a hanseníase é uma doença negligenciada e pessoas que vivem em condições típicas da pobreza são mais suscetíveis: as chances de ser portador da doença dobram quando há ausência de renda, escolaridade e/ou condições inadequadas de habitação. Além disso, a magnitude do estudo permitiu que, pela primeira vez, pudessem ser analisados critérios étnicos com precisão. Após ajustadas todas as outras características, a análise indicou que pessoas autodeclaradas pretas e pardas são mais propensas a ter a doença do que as brancas.
O estudo, o primeiro publicado que utiliza os dados produzidos pela Coorte de 100 Milhões Brasileiros, é fruto da colaboração de pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília, Fiocruz Brasília, London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
O estudo
Para produzir o estudo, os pesquisadores cruzaram dados individualizados e anonimizados do Cadastro Único – base utilizada para cadastrar candidatos a qualquer um dos mais de 20 programas sociais do Governo Federal e que chega a ter 114 milhões de pessoas – com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – que registra os casos de hanseníase no Brasil – durante o período de 2007 a 2014. É a primeira vez que dados individualizados são utilizados para estudos de saúde nessa magnitude.
A análise dos dados indicou que indivíduos residentes nas regiões Norte ou Centro-Oeste têm de 5 a 8 vezes mais chances de contrair a doença – probabilidade que chega a ser 34 vezes maior em crianças que vivem no Norte do País em comparação com as que residem na região Sul. Pessoas em situação de pobreza (sem renda ou com renda per capita abaixo de R$ 250 por mês) apresentaram um risco 40% maior em relação aos indivíduos que ganham acima de um salário. Pessoas de sexo masculino também estão mais suscetíveis à doença.
Quando analisado somente os dados de pessoas até 15 anos, crianças da raça/cor preta possuem 92% mais risco de adoecer do que os da branca – essa taxa é de 40% quando incluída a população adulta. A aglomeração de pessoas na mesma casa e ausência de energia elétrica também foram consideradas fatores de risco nesta faixa etária.
A ausência de rede pública de saneamento e residir em moradias de materiais como taipa e madeira também foram relacionados com maior risco de adoecimento pela hanseníase.
Como a hanseníase é uma doença rara com um longo período de incubação, os pesquisadores afirmam que o tamanho da população estudada e o período de tempo de 8 anos possibilitou realizar “a maior investigação prospectiva em nível individual sobre pobreza e hanseníase, fornecendo uma estimativa mais robusta do efeito da privação na hanseníase do que qualquer outra já realizada”.
Perspectivas
Além desse estudo, está em fase de finalização outra dezena de pesquisas do grupo que se debruça sobre a avaliação do efeito dos determinantes sociais e impacto de programas sociais na incidência, incapacidades físicas e desfechos do tratamento da hanseníase. O principal fator destacado pelos pesquisadores é o potencial desses estudos para subsidiar políticas públicas direcionadas à detecção precoce e tratamento nas populações vulneráveis.
Uma das principais autoras do estudo, a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia Joilda Nery explica que as evidências encontradas auxiliam os gestores na tomada de decisão e podem contribuir para promover políticas públicas mais equitativas: “A hanseníase não acontece somente nos grupos em situação de pobreza – pessoas com maior nível socioeconômico também podem adoecer – porém na parcela mais pobre da população do Brasil (a amostra analisada), as pessoas que apresentaram os piores níveis de escolaridade, renda, ocupação, moradia e de raça/cor preta estão sob maior risco”.
Já a pesquisadora do Cidacs Julia Pescarini, também uma das principais autoras do estudo, destaca que, além do potencial de subsídio para políticas públicas, os estudos que vêm sendo desenvolvidos pelo Cidacs são importantes para o avanço da Ciência nessas áreas. “A base de dados da Coorte de 100 Milhões fornece uma oportunidade única para a comunidade científica estudar, com detalhes, as doenças que atingem a parcela mais pobre da população brasileira e quais as políticas sociais têm sido mais efetivas para o seu controle”, afirma.
A base de dados da Coorte de 100 Milhões fornece uma oportunidade única para a comunidade científica estudar, com detalhes, as doenças que atingem a parcela mais pobre da população brasileira e quais as políticas sociais têm sido mais efetivas para o seu controle
Os estudos do grupo foram financiados por meio de diversas fontes de fomento. Ao nível nacional: Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Já no âmbito internacional, os financiadores foram: Medical Research Council, Wellcome Trust, Economic and Social Research Council e Biotechnology and Biological Sciences Research Council.
Sobre a coorte
A Coorte de 100 Milhões de Brasileiros é uma plataforma de pesquisas que viabiliza o estudo dos determinantes sociais e dos efeitos de políticas e programas sociais sobre os diferentes aspectos da saúde na sociedade brasileira em nível inédito no mundo. Para atingir esse objetivo, o Cidacs criou uma plataforma de dados para vincular informações individuais dos programas sociais e de outras bases de dados de sistemas de informação em saúde, como mortalidade, nascimento, doenças infecciosas transmissíveis e não transmissíveis, entre outros desfechos.
Os projetos vinculados a essa coorte processam, analisam e interpretam de forma rigorosa as informações obtidas a partir de grandes bases eletrônicas de dados, gerando novos conhecimentos úteis em processos de tomada de decisões no campo das políticas sociais – em especial aquelas focadas na redução da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil.
Estudo Completo
Divulgados os selecionados e a programação do Prêmio Gonçalo Moniz
A Comissão Organizadora da 1ª Edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação divulga os nomes dos alunos selecionados para Etapa 2 (apresentação oral) e premiação dos melhores trabalhos no dia 15 de agosto de 2019. Também, parabeniza todos os inscritos pela qualidade dos resumos enviados, bem como seus orientadores pela dedicação e afinco no desenvolvimento dos seus projetos e orientações.
A organização agradece a Comissão Avaliadora composta por Dra. Simone Macambira (UFBA), Dra. Luciane Santos (EBMSP), Dr. Jaime Ribeiro (IGM), Dr. Vitor Fortuna (UFBA) e Dr. Ryan Santos (UFBA) pela avaliação minuciosa de todos os resumos enviados. Além disso, parabeniza, em especial, os alunos selecionados nas Categorias EGRESSOS (Mestrado e Doutorado), que são candidatos únicos e, dessa forma, já premiados.
Ressalta-se que os trabalhos destes alunos já foram indicados como representantes das suas respectivas pós-graduações para o Encontro Nacional de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina I, II e II da CAPES, a ser realizado nos dias 18-20 de setembro. Por fim, a Comissão convida todos para participar, no dia 15 de agosto, da Etapa 2 do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação, na qual os alunos selecionados irão apresentar seus trabalhos, conforme programação. No dia 16 de agosto, haverá o encerramento do evento com a palestra da Dra. Luísa Massarani, seguida da premiação dos melhores trabalhos apresentados.
Clique aqui e acesse a programação.
Discussão sobre resistência antimicrobiana foi um dos destaques do XIX Epimol
O Curso Internacional de Epidemiologia Molecular em Doenças Infecciosas e Parasitárias Emergentes (Epimol) realizou sua 19ª edição entre os dias 21 a 26 de julho, na Fiocruz Bahia. Organizado pelos pesquisadores Mitermayer Galvão e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia, e Joice Neves, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o curso apresentou os princípios básicos da epidemiologia molecular para epidemiologistas e profissionais de saúde.
Essa edição teve um número recorde de participantes, inclusive de fora de Salvador. Entre inscritos, ouvintes e alunos dos programas de pós-graduação da Fiocruz Bahia, foram cerca de 100 participantes no evento. Foi também o segundo ano em que o Epimol contou como disciplina optativa para alunos da pós-graduação da instituição.
Diversos temas como doença de Chagas, vigilância em tuberculose e o uso de geolocalização em epidemiologia foram discutidos nos seis dias de evento. De acordo com Luciano Kalabric, um assunto de relevância nesta edição foi o estudo sobre resistência antimicrobiana. “É um assunto que está se tornando uma discussão de importância nos últimos anos”, declarou.
Para Mitermayer Galvão, esse tema foi uma prioridade no Epimol 2019, uma vez que em 2017 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o mundo todo precisaria priorizar trabalhos para entender resistência antimicrobiana. “Isso requer uma lógica que remete a “One Health”, que em português seria “uma única saúde”, na qual você envolve profissionais de saúde, veterinários e pessoas que conhecem do ambiente”, acrescentou o pesquisador.
Segundo o professor da Universidade de Berkeley (EUA), Arthur Reingold, outro destaque foi o estudo de epidemiologia genômica que revelou a emergência global do vírus da zika, apresentado no curso por Nathan Grubaugh, professor-assistente da Universidade de Yale (EUA). “Mesmo que seja um tema que já foi apresentada em outras edições do Epimol, é importante mantê-lo atualizado”, salientou Reingold.
Já para o professor da Universidade Case Western Reserve (EUA), Ronald Blanton, a constante atualização dos assuntos discutidos torna o curso tão importante e relevante no meio científico. Para Blanton, quando técnicas melhoram ou mudam, elas são discutidas no Epimol. “Técnicas que foram suplantadas, nós descartamos e não são mais discutidas, então é continuamente atualizado” concluiu.
Comorbidades e gestação modificam a apresentação e a resposta terapêutica da leishmaniose cutânea
Pesquisadores desenvolvem teste diagnóstico para doença de Chagas em cães
O ciclo de transmissão da doença de Chagas envolve complexas redes de hospedeiros selvagens, animais domésticos e insetos vetores. Entre as espécies de animais domésticos, os cães são os de maior relevância no ciclo de transmissão por diversos fatores, como o seu papel de reservatório biológico do parasita causador da enfermidade, o Trypanosoma cruzi, além de sua função como sentinela, alertando para a presença do T. cruzi em uma determinada região.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 6 a 7 milhões de pessoas, que residem em 21 países latino-americanos, possuem a doença de Chagas e outras 100 milhões estão expostas ao risco em adquirir a infecção.
A proximidade dos cães com os seres humanos contribuem para a importância epidemiológica desses animais no ciclo da doença de Chagas, destaca-se também a capacidade dos cães em atrair insetos vetores da enfermidade. Ademais, a infecção canina pelo T. cruzi geralmente precede a infecção humana, o que ilustra sua utilidade como sentinela, alertando para o perigo eminente ao homem.
É importante ressaltar que os cães infectados também padecem da doença de Chagas e compartilham de muitos dos achados patológicos relatados em humanos, de forma que estes animais são usados como modelo experimental para a doença, ao menos desde 1919. Apesar de os cães infectados com o T. cruzi desenvolverem e sofrerem com a doença, ainda não há testes comerciais disponíveis no Brasil para o diagnóstico da infecção pelo T. cruzi nestes animais.
A maior parte dos seres humanos e animais infectados encontram-se na fase crônica da doença. Nesta fase, os métodos sorológicos indiretos são os mais apropriados para o diagnóstico da doença, sendo a técnica de imunoadsorção enzimática (ELISA) a mais utilizada para este propósito, devido à baixa complexidade da técnica, capacidade de automação e alta eficiência diagnóstica, porém sua eficácia depende diretamente das proteínas (matriz antigênica/antígenos) empregadas no teste.
Em um estudo coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, quatro proteínas quiméricas do T. cruzi foram empregadas na técnica de ELISA e tiveram o seu desempenho diagnóstico avaliado para detectar a doença de Chagas canina. O artigo foi publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases.
O objetivo da pesquisa foi desenvolver um teste de diagnóstico sorológico robusto e de última geração, para identificar precisamente a presença de anticorpos anti-T. cruzi em cães. De acordo com os autores do trabalho, é bem estabelecido pela comunidade científica que os cães domésticos possuem relevância epidemiológica no manejo da doença de Chagas, sendo que a identificação da infecção pelo T. cruzi nesses hospedeiros pode ajudar a direcionar medidas de prevenção e controle vetorial, alertando para a presença do parasita em um determinado local.
A principal limitação do estudo foi a falta de um teste padrão validado para pré-classificar os soros a serem usados na avaliação da eficiência dos antígenos. Para superar essa limitação, foram empregados dois testes ELISAs de referência, de matrizes antigênicas distintas, seguindo como base as recomendações da Organização Mundial da Saúde para o diagnóstico da DC em humanos.
Concluiu-se que dois dos quatro antígenos investigados apresentaram um elevado potencial diagnóstico e podem ser empregados em testes sorológicos para a doença de Chagas canina. De acordo com os resultados publicados neste estudo, estes antígenos quiméricos apresentam um elevado potencial para serem empregados em imunoensaios e podem ser usados para avaliar o ciclo de transmissão do T. cruzi em ambientes endêmicos e para fins veterinários.
Fiocruz divulga relação de classificados para bolsas Pibic e Pibiti 2019/2020
A Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz divulgou a relação dos classificados nos processos seletivos para renovação e bolsas novas dos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq) e de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti/CNPq) para o período 2019/2020.
Confira a relação atualizada dos classificados aqui para Pibic e aqui para Pibiti.
A VPPCB informa que, aos os projetos que necessitam de permissão dos Comitês de Ética, será exigido, para a renovação das bolsas, a aprovação dos respectivos CEP e/ou CEUA atualizado e para a implantação das bolsas novas, o protocolo de submissão ou o parecer com aprovação.
Sendo assim, caso sua bolsa seja aprovada, a implementação somente será realizada mediante a inclusão desse documento no sistema do PIBIC on-line, impreterivelmente até dia 29 de julho de 2019.
De acordo com o Edital, aquele que desejar impetrar recurso, este deverá ser enviado eletronicamente para o e-mail pibic@fiocruz.br no prazo limite de até 48 horas, a partir da divulgação no site PIBIC (23 de julho). Todo documento deverá ser enviado com cópia para a coordenação do Pibic/Pibiti da sua unidade.