Autor: Julia Lins
Pesquisadores analisam caso de SIRI em paciente com tuberculose e HIV
A ocorrência da Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) em pacientes com coinfecção por tuberculose e HIV é uma resposta exagerada e desregulada do organismo contra M. tuberculosis, que ocorre com frequência após o início da terapia antirretroviral, mesmo com a diminuição efetiva da presença do vírus HIV no sangue e uma melhora temporal do quadro.
O pesquisador Bruno Bezerril, da Fiocruz Bahia, coordenou um estudo de caso em que uma mulher desenvolveu a síndrome imune associada com tuberculose após iniciar o tratamento para HIV, desencadeando diversos problemas de saúde. O trabalho, realizado em parceria com o National Institute for Research in Tuberculosis (NIRT) da Índia, foi publicado na BMC Infectious Diseases.
Estudo de caso
Uma mulher assintomática, de 51 anos de idade, do sul da Índia, sem histórico médico significante, foi diagnosticada como portadora de HIV depois que seu marido morreu em decorrência da doença. A paciente apresentou complicações após o início da terapia para HIV, como tosse, febre, perda de peso, suor noturno e sintomas de tuberculose pulmonar, que foi posteriormente confirmada.
Os sintomas da SIRI melhoraram com a suspensão do tratamento para HIV e início do tratamento para tuberculose, mas retornavam assim que a terapia antirretroviral era iniciada novamente. Problemas hepáticos e neurológicos, como convulsões, também surgiram nesse período de terapia antirretroviral. O tratamento para tuberculose durou cerca de oito meses e a medicação para HIV foi continuada com base na opinião consensual de especialistas em SIRI e tuberculose e neurologistas.
Após cinco meses do fim do tratamento para tuberculose, a paciente apresentou exames normais. Posteriormente, permaneceu clinicamente assintomática por cerca de 30 meses, com teste de esfregaços e culturas negativos para tuberculose e com baixa das cargas virais.
Discussão
Os autores do estudo observaram que o caso apresentou diversos episódios de SIRI, os quais ocorreram em múltiplos focos, o que tornou o tratamento um desafio. A principal hipótese para o caso é que a paciente estava altamente imunossuprimida como reflexo da contagem muito baixa de células T CD4+, o que causou a disseminação de tuberculose.
De acordo com os pesquisadores, por conta do protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS), em testar e iniciar a terapia para HIV o quanto antes, a incidência de SIRI poderá cair uma vez que os indivíduos irão ser tratados cedo e com uma carga de CD4+T alta.
Este caso demonstra os desafios intrincados no manejo de pacientes imunossuprimidos com co-infecção de tuberculose e HIV no momento do início da terapia antirretroviral e enfatiza a discussão sobre vários aspectos relevantes como: riscos associados à interrupção do tratamento de tuberculose durante a terapia antirretroviral no contexto de doença avançada por HIV; a potencial toxicidade hepática da terapêutica combinada e redução da penetração das drogas em órgãos e tecidos e sua associação potencial com a ocorrência de SIRI.
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‘Perspectivas do Livro Acadêmico’ chega à Fiocruz Bahia em 5 de agosto
Marcella Vieira/Editora Fiocruz
Idealizada pela Editora Fiocruz, a exposição itinerante fica em Salvador até 23 de agosto e depois segue para a Fiocruz Pernambuco
Ampliar as fronteiras da leitura e do conhecimento científico. Com essa missão, a Editora Fiocruz leva a exposição Perspectivas do Livro Acadêmico ao Instituto Gonçalo Moniz (IGM) – Fiocruz Bahia, durante o período de 5 a 23 de agosto.
Com o intuito de valorizar o livro como veículo de comunicação pública da ciência e da saúde, a exposição tem entrada gratuita e responde, de forma interativa e lúdica, a perguntas sobre o universo do livro acadêmico e das editoras universitárias. A estreia de Perspectivas do Livro Acadêmico aconteceu em maio de 2018, no Palácio Itaboraí, espaço da Fiocruz na cidade de Petrópolis (RJ). Na ocasião, a Editora Fiocruz comemorava seu aniversário de 25 anos e sediava a 31ª Reunião Anual da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu).
Desde então, a exposição assumiu seu caráter itinerante e vem passando por outros espaços e unidades da Fiocruz, como a Biblioteca de Manguinhos – no campus-sede – e o Prédio da Expansão, ambos no Rio de Janeiro. Após a passagem pela Bahia, Perspectivas do Livro Acadêmico permanecerá na região Nordeste. A próxima parada será o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (IAM) – Fiocruz Pernambuco, em Recife, a partir de setembro.
Formada por dois módulos, a exposição apresenta aspectos fundamentais de uma editora, como os livros e as pessoas. Elementos como quebra-cabeça com as coleções que integram o catálogo da Editora Fiocruz, painel interativo, vídeo comemorativo dos 25 anos da Editora são alguns dos componentes apresentados. Há também painel de e-books, vitrines com troféus de prêmios recebidos pela Editora, linha do tempo com livros cenográficos e a “árvore de livros”, que estimula a interação entre público e exposição, convidando os visitantes a compartilhar fotos em suas redes sociais.
Acesso aos livros e ao conhecimento
Uma das principais atrações da exposição é o “pegue e leve”, em que os leitores podem conhecer, folhear e levar os livros expostos. Na Fiocruz Bahia, diversos títulos serão disponibilizados ao público da exposição, que ficará na Biblioteca de Ciências Biomédicas Eurydice Pires de Sant’Anna. Entre eles estão livros que compõem um rico acervo de informações e pesquisas sobre a ciência e a saúde pública no Brasil, como Doença de Chagas, Doença do Brasil; Clementino Fraga Filho: depoimento de um médico humanista; Um Aprendiz de Ciência; História Social da Tuberculose e do Tuberculoso; Do Clima e das Doenças do Brasil; Informação, Saúde e Redes Sociais.
A facilitação do acesso aos livros vai ao encontro da principal missão da Editora Fiocruz: a divulgação em ciência, tecnologia e saúde: “Os conhecimentos contidos em nossos livros não podem ficar parados nas estantes. Livro é para ser lido, apropriado, partilhado e deve servir à produção de novos conhecimentos”, defende o editor executivo João Canossa.
A professora e pesquisadora Marilda de Souza Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, reforça a importância da disseminação do conhecimento: “O Instituto Gonçalo Moniz está em festa com a chegada da exposição em nossa unidade. Sua vinda reforça o compromisso institucional com a educação, a pesquisa, a academia e, em especial, com a sociedade brasileira, pois favorece a difusão do conhecimento e a divulgação científica, de maneira a despertar a curiosidade pelas descobertas que ampliam os nossos horizontes e trazem a ciência para o nosso cotidiano”, ressalta.
Serviço
Exposição Perspectivas do Livro Acadêmico
Biblioteca de Ciências Biomédicas Eurydice Pires de Sant’Anna
Instituto Gonçalo Moniz – Fiocruz Bahia
Rua Waldemar Falcão, 121 – Candeal – Salvador – BA
Segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30
Até 23 de agosto
Entrada gratuita
Conferências Clinicopatológicas 2019 estão com as inscrições abertas
Acontece, entre os dias 29 e 31 de agosto, as Conferências Clinicopatológicas 2019 (CCP 2019), que reúne profissionais interessados em Patologia Renal, Hepática, da Pele e profissionais da Ciências da Computação. O tema deste ano é a “Integração de dados e definição de marcadores histológicos”. As inscrições foram prorrogadas para o dia 25 de agosto e podem ser realizadas aqui.
As Conferências clinicopatológicas 2019 pretendem um olhar sobre o cenário da informação médica e o levantamento de potenciais soluções para o problema por especialistas das áreas de patologia da pele, do fígado e do rim, além de pesquisadores das ciências da computação.
No primeiro dia, será realizado o seminário anual do projeto PathoSpotter com a apresentação de miniconferências e trabalhos na área de seleção e análise em larga escala de dados clínicos imagens em patologia diagnóstica. Terá a participação de especialistas da dermatopatologia, hepetopatologia, nefropatologia e pesquisadores da área de Matemática, Ciências da Computação, Arquivologia e Museologia.
Já o segundo dia será dedicado a avanços em medicina investigativa e assistencial com conferências, encontros de especialistas nas áreas de Nefrologia, Hepatologia e Dermatologia e haverá a tradicional Sessão Anatomoclínica, para médicos e graduandos de medicina. Na manhã de sábado, dia 31 de agosto, ocorrerão as reuniões ordinárias dos clubes de Patologia Hepática, Renal e Dermatológica aberta a médicos e estudantes de medicina.
Para mais informações como programação e critérios de seleção, clique aqui.
Pré-curso CCP 2019
Um curso pré-CCP2019 será oferecido, nos dias 19 a 21 de agosto, a estudantes de pós-graduação da área de saúde cujos projetos de pesquisa contemplem a realização de técnicas histológicas aplicadas a estudos anatomopatológicos.
O objetivo é apresentar aos estudantes provenientes de programas de pós-graduação as estratégias de preparação de amostras biomédicas para estudos morfológicos utilizando técnicas de histoquímicas, microscopia eletrônica e identificação molecular por imunodetecção, hibridização in situ e microdissecção a laser.
Para outras informações sobre o pré-curso, acesse o site do CCP2019.
Resistência da hepatite C a novos antivirais é avaliada em dissertação
AUTORIA: Liz Silva Rocha
ORIENTAÇÃO: Luciano Kalabric Silva
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Avaliação das mutações de resistência do vírus da hepatite C (VHC) aos novos antivirais de ação direta (DAA) em pacientes com hepatite C crônica”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 08/08/2019
HORÁRIO: 09h
RESUMO
Os antivirais de ação direta (DAA) foram incorporadas para o tratamento da hepatite C crônica pelo Protocolo de Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (PCDT-HepC) desde 2015. Devido à natureza quasiespécies do vírus da hepatite C (VHC), tempo de infecção, genótipo, mutações de resistência aos antivirais podem emergir levando a falha no tratamento. O presente estudo pretendeu rastrear e monitorar substituições associadas a resistência (RASs) aos DAAs em pacientes com hepatite C crônica. O estudo possui desenho descritivo de corte-transversal. Ao todo, 204 participantes foram recrutados, hemofílicos da Fundação HEMOBA (n = 23) e pacientes do Ambulatório de Hepatologia do Complexo HUPES (n = 181). Após testes moleculares e análise das sequências, identificou-se prevalência total de RAS de 51% (94/184, IC 95% 44% – 59%): RAS NS3/4A 45% (62/137, 95% CI 38% – 55%), RAS NS5A 27% (30/113, 95% CI 19% – 36%) e RAS NS5B 2 % (2/123, 95% CI 0% – 6%). Quanto a predição da RAS, foram incluídas apenas drogas licenciadas e os genótipos do VHC circulantes no Brasil. Com relação as regiões NS3/4A e NS5A, 17 pacientes apresentaram variantes associadas a resistência (RAVs), sendo que três pacientes apresentaram RAV para mais de uma classe de drogas. Nenhum paciente apresentou RAV para a região NS5B. A identificação precoce e rastreio das mutações de resistência podem auxiliar na conduta clínica prevenindo a emergência de linhagem multidrogas resistentes e falha terapêutica.
Palavras Chave: Vírus da hepatite C, DAA, Mutações de Resistência, RAS, RAV.
Estudo sobre hanseníase detalha os fatores de risco da doença
Uma doença curável, de baixo contágio, mas que desde a Antiguidade é carregada de estigma, sendo associada ao pecado e à desonra, e até a década de 1960 era tratada por meio da internação compulsória no Brasil. A hanseníase atinge, ainda hoje, 200 mil pessoas por ano, sendo que a cada dez novos casos no mundo, um ocorre no Brasil, de acordo com dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/ONU).
Agora, um estudo recém-publicado no periódico The Lancet Global Health possibilita compreender, com precisão e escala até então inéditas, os fatores socioeconômicos que elevam a possibilidade de o indivíduo desenvolver hanseníase: foram analisados dados individuais de 33 milhões de pessoas que utilizaram algum benefício social entre 2007 e 2014, dos quais quase 24 mil eram pessoas com a enfermidade. O tamanho da amostra com dados individuais torna esse o maior estudo já realizado sobre o tema.
A pesquisa confirmou que a hanseníase é uma doença negligenciada e pessoas que vivem em condições típicas da pobreza são mais suscetíveis: as chances de ser portador da doença dobram quando há ausência de renda, escolaridade e/ou condições inadequadas de habitação. Além disso, a magnitude do estudo permitiu que, pela primeira vez, pudessem ser analisados critérios étnicos com precisão. Após ajustadas todas as outras características, a análise indicou que pessoas autodeclaradas pretas e pardas são mais propensas a ter a doença do que as brancas.
O estudo, o primeiro publicado que utiliza os dados produzidos pela Coorte de 100 Milhões Brasileiros, é fruto da colaboração de pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília, Fiocruz Brasília, London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
O estudo
Para produzir o estudo, os pesquisadores cruzaram dados individualizados e anonimizados do Cadastro Único – base utilizada para cadastrar candidatos a qualquer um dos mais de 20 programas sociais do Governo Federal e que chega a ter 114 milhões de pessoas – com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – que registra os casos de hanseníase no Brasil – durante o período de 2007 a 2014. É a primeira vez que dados individualizados são utilizados para estudos de saúde nessa magnitude.
A análise dos dados indicou que indivíduos residentes nas regiões Norte ou Centro-Oeste têm de 5 a 8 vezes mais chances de contrair a doença – probabilidade que chega a ser 34 vezes maior em crianças que vivem no Norte do País em comparação com as que residem na região Sul. Pessoas em situação de pobreza (sem renda ou com renda per capita abaixo de R$ 250 por mês) apresentaram um risco 40% maior em relação aos indivíduos que ganham acima de um salário. Pessoas de sexo masculino também estão mais suscetíveis à doença.
Quando analisado somente os dados de pessoas até 15 anos, crianças da raça/cor preta possuem 92% mais risco de adoecer do que os da branca – essa taxa é de 40% quando incluída a população adulta. A aglomeração de pessoas na mesma casa e ausência de energia elétrica também foram consideradas fatores de risco nesta faixa etária.
A ausência de rede pública de saneamento e residir em moradias de materiais como taipa e madeira também foram relacionados com maior risco de adoecimento pela hanseníase.
Como a hanseníase é uma doença rara com um longo período de incubação, os pesquisadores afirmam que o tamanho da população estudada e o período de tempo de 8 anos possibilitou realizar “a maior investigação prospectiva em nível individual sobre pobreza e hanseníase, fornecendo uma estimativa mais robusta do efeito da privação na hanseníase do que qualquer outra já realizada”.
Perspectivas
Além desse estudo, está em fase de finalização outra dezena de pesquisas do grupo que se debruça sobre a avaliação do efeito dos determinantes sociais e impacto de programas sociais na incidência, incapacidades físicas e desfechos do tratamento da hanseníase. O principal fator destacado pelos pesquisadores é o potencial desses estudos para subsidiar políticas públicas direcionadas à detecção precoce e tratamento nas populações vulneráveis.
Uma das principais autoras do estudo, a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia Joilda Nery explica que as evidências encontradas auxiliam os gestores na tomada de decisão e podem contribuir para promover políticas públicas mais equitativas: “A hanseníase não acontece somente nos grupos em situação de pobreza – pessoas com maior nível socioeconômico também podem adoecer – porém na parcela mais pobre da população do Brasil (a amostra analisada), as pessoas que apresentaram os piores níveis de escolaridade, renda, ocupação, moradia e de raça/cor preta estão sob maior risco”.
Já a pesquisadora do Cidacs Julia Pescarini, também uma das principais autoras do estudo, destaca que, além do potencial de subsídio para políticas públicas, os estudos que vêm sendo desenvolvidos pelo Cidacs são importantes para o avanço da Ciência nessas áreas. “A base de dados da Coorte de 100 Milhões fornece uma oportunidade única para a comunidade científica estudar, com detalhes, as doenças que atingem a parcela mais pobre da população brasileira e quais as políticas sociais têm sido mais efetivas para o seu controle”, afirma.
A base de dados da Coorte de 100 Milhões fornece uma oportunidade única para a comunidade científica estudar, com detalhes, as doenças que atingem a parcela mais pobre da população brasileira e quais as políticas sociais têm sido mais efetivas para o seu controle
Os estudos do grupo foram financiados por meio de diversas fontes de fomento. Ao nível nacional: Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Já no âmbito internacional, os financiadores foram: Medical Research Council, Wellcome Trust, Economic and Social Research Council e Biotechnology and Biological Sciences Research Council.
Sobre a coorte
A Coorte de 100 Milhões de Brasileiros é uma plataforma de pesquisas que viabiliza o estudo dos determinantes sociais e dos efeitos de políticas e programas sociais sobre os diferentes aspectos da saúde na sociedade brasileira em nível inédito no mundo. Para atingir esse objetivo, o Cidacs criou uma plataforma de dados para vincular informações individuais dos programas sociais e de outras bases de dados de sistemas de informação em saúde, como mortalidade, nascimento, doenças infecciosas transmissíveis e não transmissíveis, entre outros desfechos.
Os projetos vinculados a essa coorte processam, analisam e interpretam de forma rigorosa as informações obtidas a partir de grandes bases eletrônicas de dados, gerando novos conhecimentos úteis em processos de tomada de decisões no campo das políticas sociais – em especial aquelas focadas na redução da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil.
Estudo Completo
Divulgados os selecionados e a programação do Prêmio Gonçalo Moniz
A Comissão Organizadora da 1ª Edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação divulga os nomes dos alunos selecionados para Etapa 2 (apresentação oral) e premiação dos melhores trabalhos no dia 15 de agosto de 2019. Também, parabeniza todos os inscritos pela qualidade dos resumos enviados, bem como seus orientadores pela dedicação e afinco no desenvolvimento dos seus projetos e orientações.
A organização agradece a Comissão Avaliadora composta por Dra. Simone Macambira (UFBA), Dra. Luciane Santos (EBMSP), Dr. Jaime Ribeiro (IGM), Dr. Vitor Fortuna (UFBA) e Dr. Ryan Santos (UFBA) pela avaliação minuciosa de todos os resumos enviados. Além disso, parabeniza, em especial, os alunos selecionados nas Categorias EGRESSOS (Mestrado e Doutorado), que são candidatos únicos e, dessa forma, já premiados.
Ressalta-se que os trabalhos destes alunos já foram indicados como representantes das suas respectivas pós-graduações para o Encontro Nacional de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina I, II e II da CAPES, a ser realizado nos dias 18-20 de setembro. Por fim, a Comissão convida todos para participar, no dia 15 de agosto, da Etapa 2 do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação, na qual os alunos selecionados irão apresentar seus trabalhos, conforme programação. No dia 16 de agosto, haverá o encerramento do evento com a palestra da Dra. Luísa Massarani, seguida da premiação dos melhores trabalhos apresentados.
Clique aqui e acesse a programação.
Discussão sobre resistência antimicrobiana foi um dos destaques do XIX Epimol
O Curso Internacional de Epidemiologia Molecular em Doenças Infecciosas e Parasitárias Emergentes (Epimol) realizou sua 19ª edição entre os dias 21 a 26 de julho, na Fiocruz Bahia. Organizado pelos pesquisadores Mitermayer Galvão e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia, e Joice Neves, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o curso apresentou os princípios básicos da epidemiologia molecular para epidemiologistas e profissionais de saúde.
Essa edição teve um número recorde de participantes, inclusive de fora de Salvador. Entre inscritos, ouvintes e alunos dos programas de pós-graduação da Fiocruz Bahia, foram cerca de 100 participantes no evento. Foi também o segundo ano em que o Epimol contou como disciplina optativa para alunos da pós-graduação da instituição.
Diversos temas como doença de Chagas, vigilância em tuberculose e o uso de geolocalização em epidemiologia foram discutidos nos seis dias de evento. De acordo com Luciano Kalabric, um assunto de relevância nesta edição foi o estudo sobre resistência antimicrobiana. “É um assunto que está se tornando uma discussão de importância nos últimos anos”, declarou.
Para Mitermayer Galvão, esse tema foi uma prioridade no Epimol 2019, uma vez que em 2017 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o mundo todo precisaria priorizar trabalhos para entender resistência antimicrobiana. “Isso requer uma lógica que remete a “One Health”, que em português seria “uma única saúde”, na qual você envolve profissionais de saúde, veterinários e pessoas que conhecem do ambiente”, acrescentou o pesquisador.
Segundo o professor da Universidade de Berkeley (EUA), Arthur Reingold, outro destaque foi o estudo de epidemiologia genômica que revelou a emergência global do vírus da zika, apresentado no curso por Nathan Grubaugh, professor-assistente da Universidade de Yale (EUA). “Mesmo que seja um tema que já foi apresentada em outras edições do Epimol, é importante mantê-lo atualizado”, salientou Reingold.
Já para o professor da Universidade Case Western Reserve (EUA), Ronald Blanton, a constante atualização dos assuntos discutidos torna o curso tão importante e relevante no meio científico. Para Blanton, quando técnicas melhoram ou mudam, elas são discutidas no Epimol. “Técnicas que foram suplantadas, nós descartamos e não são mais discutidas, então é continuamente atualizado” concluiu.
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Pesquisadores desenvolvem teste diagnóstico para doença de Chagas em cães
O ciclo de transmissão da doença de Chagas envolve complexas redes de hospedeiros selvagens, animais domésticos e insetos vetores. Entre as espécies de animais domésticos, os cães são os de maior relevância no ciclo de transmissão por diversos fatores, como o seu papel de reservatório biológico do parasita causador da enfermidade, o Trypanosoma cruzi, além de sua função como sentinela, alertando para a presença do T. cruzi em uma determinada região.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 6 a 7 milhões de pessoas, que residem em 21 países latino-americanos, possuem a doença de Chagas e outras 100 milhões estão expostas ao risco em adquirir a infecção.
A proximidade dos cães com os seres humanos contribuem para a importância epidemiológica desses animais no ciclo da doença de Chagas, destaca-se também a capacidade dos cães em atrair insetos vetores da enfermidade. Ademais, a infecção canina pelo T. cruzi geralmente precede a infecção humana, o que ilustra sua utilidade como sentinela, alertando para o perigo eminente ao homem.
É importante ressaltar que os cães infectados também padecem da doença de Chagas e compartilham de muitos dos achados patológicos relatados em humanos, de forma que estes animais são usados como modelo experimental para a doença, ao menos desde 1919. Apesar de os cães infectados com o T. cruzi desenvolverem e sofrerem com a doença, ainda não há testes comerciais disponíveis no Brasil para o diagnóstico da infecção pelo T. cruzi nestes animais.
A maior parte dos seres humanos e animais infectados encontram-se na fase crônica da doença. Nesta fase, os métodos sorológicos indiretos são os mais apropriados para o diagnóstico da doença, sendo a técnica de imunoadsorção enzimática (ELISA) a mais utilizada para este propósito, devido à baixa complexidade da técnica, capacidade de automação e alta eficiência diagnóstica, porém sua eficácia depende diretamente das proteínas (matriz antigênica/antígenos) empregadas no teste.
Em um estudo coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, quatro proteínas quiméricas do T. cruzi foram empregadas na técnica de ELISA e tiveram o seu desempenho diagnóstico avaliado para detectar a doença de Chagas canina. O artigo foi publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases.
O objetivo da pesquisa foi desenvolver um teste de diagnóstico sorológico robusto e de última geração, para identificar precisamente a presença de anticorpos anti-T. cruzi em cães. De acordo com os autores do trabalho, é bem estabelecido pela comunidade científica que os cães domésticos possuem relevância epidemiológica no manejo da doença de Chagas, sendo que a identificação da infecção pelo T. cruzi nesses hospedeiros pode ajudar a direcionar medidas de prevenção e controle vetorial, alertando para a presença do parasita em um determinado local.
A principal limitação do estudo foi a falta de um teste padrão validado para pré-classificar os soros a serem usados na avaliação da eficiência dos antígenos. Para superar essa limitação, foram empregados dois testes ELISAs de referência, de matrizes antigênicas distintas, seguindo como base as recomendações da Organização Mundial da Saúde para o diagnóstico da DC em humanos.
Concluiu-se que dois dos quatro antígenos investigados apresentaram um elevado potencial diagnóstico e podem ser empregados em testes sorológicos para a doença de Chagas canina. De acordo com os resultados publicados neste estudo, estes antígenos quiméricos apresentam um elevado potencial para serem empregados em imunoensaios e podem ser usados para avaliar o ciclo de transmissão do T. cruzi em ambientes endêmicos e para fins veterinários.
Fiocruz divulga relação de classificados para bolsas Pibic e Pibiti 2019/2020
A Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz divulgou a relação dos classificados nos processos seletivos para renovação e bolsas novas dos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq) e de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti/CNPq) para o período 2019/2020.
Confira a relação atualizada dos classificados aqui para Pibic e aqui para Pibiti.
A VPPCB informa que, aos os projetos que necessitam de permissão dos Comitês de Ética, será exigido, para a renovação das bolsas, a aprovação dos respectivos CEP e/ou CEUA atualizado e para a implantação das bolsas novas, o protocolo de submissão ou o parecer com aprovação.
Sendo assim, caso sua bolsa seja aprovada, a implementação somente será realizada mediante a inclusão desse documento no sistema do PIBIC on-line, impreterivelmente até dia 29 de julho de 2019.
De acordo com o Edital, aquele que desejar impetrar recurso, este deverá ser enviado eletronicamente para o e-mail pibic@fiocruz.br no prazo limite de até 48 horas, a partir da divulgação no site PIBIC (23 de julho). Todo documento deverá ser enviado com cópia para a coordenação do Pibic/Pibiti da sua unidade.
Sessão Científica Extra – The relevance of retroleptomonads in Leishmania transmission by sand flies
Genomic epidemiology reveals the global emergence and spread of Zika virus
Participação estudantil é destaque do I Curso de Férias de Imunopatologia
A Associação de Pós-graduandos da Fiocruz Bahia (APG-BA) realizou, entre os dias 08 e 12 de julho, o I Curso de Férias de Imunopatologia. Com foco em estudantes de graduação dos cursos de saúde, as aulas foram lecionadas por discentes dos programas de pós-graduação em Patologia (PgPAT) e Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI).
O curso, que contou com 50 participantes, foi composto por aulas expositivas que abordaram aspectos da imunopatologia, avanços das pesquisas em doenças infecciosas e não infecciosas, além de palestras expondo as linhas de pesquisa da instituição, ministradas por pesquisadores da Fiocruz Bahia. Houve também apresentação de pôsteres com os trabalhos e uma visita técnica nas plataformas tecnológicas.
O presidente da APG-BA, Filipe Rocha, considerou que o curso possibilitou aos estudantes de diversas regiões brasileiras a consolidação dos conteúdos básicos e suas aplicações para o desenvolvimento científico na pesquisa e avaliou o evento como um sucesso. “A edição inédita do curso de férias foi finalizada com a sensação de dever cumprido pela APG da Fiocruz Bahia, reafirmando a necessidade de inserir os discentes de pós-graduação como protagonistas dos processos institucionais da Fiocruz”, declarou.
Para Caroline Vilas Boas, diretora de eventos da APG-BA, o evento também foi uma forma de fortalecimento dos estudantes da instituição. “O curso aconteceu como um marco na parceria entre a Fiocruz Bahia e os pós-graduandos. A abertura de espaços de protagonismo é importante na motivação dos pós-graduandos enquanto pesquisadores em formação”, afirmou.
A formação também mostrou aos estudantes de graduação, de acordo com Breno Cardine, integrante da APG-BA, as grandes possibilidades que os programas de pós-graduação da Fiocruz Bahia podem oferecer para aqueles que desejam ingressar no mestrado ou doutorado, “bem como apresentou as diferentes linhas de pesquisas que são realizadas no centro, podendo servir de atrativo para futuros alunos”.
O estudante da Universidade Federal de Pernambuco, Áquila Alcântara, que participou do evento, comentou que sua experiência foi muito além do que esperava. “O curso foi muito bem organizado, a qualidade das discussões foi ímpar, o padrão dos trabalhos apresentados e outros aspectos me deixaram muito satisfeito em sair de meu estado e representar minha universidade”, disse. O participante acrescentou que espera continuar mantendo contato com o corpo docente e discente da Fiocruz Bahia e voltar como pós-graduando. “Vou seguir com brilho nos olhos quando falar sobre a vivência que esse curso me ofereceu”.
No último dia da formação, o público pode assistir à Sessão Científica intitulada “Importância e desafios da pós-graduação”, apresentada pelo professor de patologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor do livro “Patologia Bogliolo”, Geraldo Brasileiro Filho.
Também foram realizadas as premiações dos melhores trabalhos apresentados no evento, que foram avaliados por uma comissão científica da Fiocruz Bahia. Além dos certificados, os trabalhos selecionados receberam um troféu com o tema do Curso de Férias e a Melhor aula ministrada recebeu um livro de Patologia (última edição) autografado por Dr. Geraldo Brasileiro.
O incentivo à realização do I Curso de Férias pelos estudantes da APG-BA integra um conjunto de ações estratégicas na área de Ensino da Fiocruz Bahia, em parceria com as coordenações dos Programas de Pós-graduação do PgPAT, Valéria Borges e Clarissa Gurgel, e do PgBSMI, Theolis Barbosa e Deborah Fraga. A diretora da instituição, Marilda Gonçalves, congratulou todos pela realização do curso. “Parabenizo a todos os docentes pelo apoio dado a esta iniciativa, essa integração é importantíssima para que possamos seguir em frente cada vez mais fortalecidos institucionalmente”.
Confira os trabalhos premiados:
Melhores Trabalhos
1º lugar Melhor Apresentação de Poster
– Reginaldo Brito dos Santos Jr. – Fiocruz Bahia
“Modulação na formação dos clusters de integrina β1 na infecção por Leishmania amazonensis”
Menções Honrosas – Poster:
– Andressa Leal Ramos – Universidade do Estado da Bahia
“Estudo de associação entre densidade mineral óssea e parâmetros lipídicos e glicídicos em uma população de idosos de Salvador, Bahia”
– Lucas de Almeida Silva – Universidade Federal de Alagoas.
“Perfil Antioxidante de Pigmentos Intracelulares Produzidos por Microorganizamos da Antártica”
Melhor Aula Ministrada
– Igor Müller da Silva Santos – Mestrando do PgBSMI – Fiocruz Bahia
Fator regulador de resposta inflamatória é predominante na infecção por Leishmania
Os macrófagos de camundongos controlam a infecção por Leishmania major e são mais suscetíveis a Leishmania amazonensis, sugerindo que ambas as espécies de parasitas induzem respostas que desempenham papéis importantes no resultado da infecção.
Em um estudo recente, foi realizada uma análise de proteoma de macrófagos de camundongos à infecção decorrente de cada uma dessas espécies de Leishmania. Proteomas é o conjunto de proteínas que pode ser encontrado em um tipo celular específico. A pesquisa foi publicada na revista científica Frontiers in Immunology.
O estudo foi feito em parceria, por pesquisadores do Laboratório de Interação Parasito-Hospedeiro e Epidemiologia (LaIPHE), Laboratório de Inflamação e Biomarcadores (LIB), do Laboratório de Enfermidades Infecciosas Transmitidas por Vetores (LEITV) e do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia: Patrícias Veras, Juliana Menezes, Valéria Borges, Ricardo Khouri e Pablo Ramos.
Um total de 2.838 proteínas foram identificadas nesses macrófagos e, após uma abordagem de mineração, seis dessas proteínas foram reconhecidas como significativamente associadas às condições testadas.
Esta análise revelou quatro vias canônicas e sete fatores transcricionais a montante fortemente associados ao processo de infecção. As assinaturas associadas ao fator de transcrição NRF2, responsáveis por regular a expressão de proteínas antioxidantes que protegem contra o dano oxidativo desencadeado por lesão e inflamação, estavam presentes tanto nas vias canônicas quanto nos fatores transcricionais a montante.
Proteínas envolvidas no metabolismo do ferro, como heme oxigenase 1 (HO-1), responsável por promover muitos processos oxidativos, e ferritina foram encontrados nas vias canônicas e fatores transcricionais relacionados a NRF2.
Diferenças no envolvimento do metabolismo do ferro na infecção por Leishmania foi revelada pela presença de HO-1 e ferritina, sendo que a HO-1 se mostrou fortemente associada à infecção por L. amazonensis, enquanto que a ferritina foi regulada por ambas as espécies. Como esperado, maiores expressões de HO-1 foram validadas nos macrófagos infectados por L. amazonensis, além de uma menor expressão de ferritina e produção de óxido nítrico.
Além disso, os macrófagos incubados por lipofosfoglicano de L. amazonensis também expressaram níveis mais elevados de HO-1 em comparação com aqueles estimulados com lipofosfoglicano de L. major. Finalmente, a captação de holoTf induzida por L. amazonensis foi superior à induzida por L. major em macrófagos, e holoTf também foi detectado em níveis mais altos em vacúolos induzidos por L. amazonensis.
Esses achados indicam que a ativação da via do NRF2 e aumento da produção de HO-1, juntamente com níveis mais elevados de captação de holoTf, podem estar associados à permissividade dos macrófagos à infecção por L. amazonensis. Neste contexto, as diferenças das assinaturas protéicas desencadeadas no hospedeiro por L. amazonensis e por L. major pode ter participação no resultado da infecção por Leishmania.
Ex-aluno da Fiocruz Bahia ganha Prêmio Professor Dr. Roberto Santos
O estudante egresso da Fiocruz Bahia, Leonardo Gil Santana, ganhou o Prêmio Professor Dr. Roberto Santos, pelo trabalho desenvolvido no seu primeiro ano de Iniciação Cientifica (2015- 2016), na instituição. A honraria foi entregue pelas mãos do médico e ex-governador da Bahia, Roberto Santos, no dia 10 de julho, na Associação Bahiana de Medicina (ABM).
Esta foi a primeira edição do prêmio instituído pela Academia de Medicina da Bahia, que será concedido anualmente ao autor ou autora do melhor trabalho de conclusão de curso de medicina (graduação) do Estado da Bahia, com o objetivo de incentivar a qualidade da pesquisa científica na graduação médica. O prêmio consiste em medalha e certificado.
“De fato, o reconhecimento da produção científica através de um prêmio de uma entidade como a Academia de Medicina da Bahia engradece todo o trabalho e dedicação ao longo dos 2 anos de iniciação científica na Fiocruz. Além disso, é um grande estímulo profissional na busca pessoal do desenvolvimento permanente de atividades acadêmico-científicas”, comemorou Leonardo Santana.
O trabalho intitulado “Associação do diabetes com piora da apresentação e dos desfechos clínicos de pacientes com tuberculose no Brasil” foi realizado com pacientes do Instituto Brasileiro para Investigação de Tuberculose, da Fundação José Silveira, sob a orientação do pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, docente do Programa de Pós-graduação em Patologia (PgPAT – Fiocruz Bahia/UFBA).
O estudo reforça a hipótese de que o diabetes Mellitus influencia fortemente na severidade da tuberculose e nos desfechos clínicos da doença e sugere que o rastreamento sistemático para diabetes em centros de referência em tuberculose pode ser favorável nas áreas endêmicas. Clique aqui e confira o artigo publicado na revista PlosOne, em 2016.
Para Bruno Bezerril, a conquista do prêmio é resultado da postura proativa, curiosa, minuciosa e competente que define Leonardo Santana. “Nos meus 14 anos trabalhando com estudantes, nunca tinha visto tamanha produtividade em um estudante de iniciação cientifica. O Leonardo é um exemplo de médico cientista que precisamos ter mais no Brasil e no mundo, para que a ciência médica avance a passos largos”, disse.
Sobre seu papel no treinamento de Leonardo Santana, o pesquisador comentou: “somente catalisei o esforço para que ele conseguisse voar livremente. Acho que este é o papel primordial de orientadores, que é ajudar os estudantes a responderem as perguntas deles. Léo tem muitas perguntas e, no nosso grupo, ele aprendeu como responde-las”.
O vencedor do prêmio declarou se sentir grato à Fiocruz, aos integrantes do Laboratório de Inflamação e Biomarcadores (LIB) da Fiocruz Bahia, no qual foram realizados seus trabalhos; e ao seu orientador, Bruno Bezerril. “Agradeço por incentivar e abrir oportunidades para os estudantes de medicina desenvolverem habilidades científicas que não se restringem apenas no âmbito pessoal, mas também em habilidades essenciais para o impacto social da ciência”.
Leonardo Santana publicou 5 artigos em revistas científicas como primeiro autor e 7 em cooperação, totalizando 12 trabalhos publicados até o final da formação acadêmica em 2018.2.
Determinantes genéticos e ambientais da asma e alergias na América Latina
Estudante egresso coordena novo programa de pós-graduação da UFOB
O Conselho Técnico-Científico da Educação Superior da Coordenação (CTC-ES) da Capes aprovou, no dia 4 de julho, a criação do Programa de Pós-Graduação em Patologia Investigativa (PPGPI), para a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), o primeiro programa profissional na área, vinculado a Medicina II. A proposta do curso é coordenada por Théo Santos, professor da UFOB e estudante egresso do Programa de Pós-Graduação em Patologia (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia).
O programa oferecerá um mestrado profissional no campo da patologia de doenças infecciosas e crônicas em caráter clínico ou experimental para atuantes da área de saúde na região Oeste da Bahia e na fronteira com o estado, local onde há carência de programas e cursos de aperfeiçoamento, pois se encontra distante dos grandes centros urbanos.
O coordenador da proposta, que também é pesquisador externo da Fiocruz Bahia, vê o o PPGPI como uma nucleação promovida pelo PgPAT, “tendo em vista que sou egresso do programa, no qual tive a oportunidade de obter grande parte da minha formação acadêmica”, declarou. “Além disso, gostaria de agradecer pelo apoio da Fiocruz Bahia nas atividades de pesquisa que continuamos desenvolvendo através do acordo de cooperação técnica, bem como nas parcerias com os pesquisadores da instituição, em especial a pesquisadora Valéria Borges”, acrescentou Théo.
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, parabenizou o professor e a UFOB pelo sucesso alcançado. “Fiquei extremamente feliz com a notícia, que reforça a persistência e dedicação acadêmica de Théo Santos, que sempre foi destaque entre os nossos alunos e nos faz aumentar cada vez mais o nosso orgulho por ter participado de parte da sua formação. Espero trabalharmos sempre juntos, contribuindo para reforçar os nossos programas de pós-graduação, principalmente neste momento difícil de restrições orçamentárias”, disse.
Para Valéria Borges, pesquisadora da Fiocruz Bahia, coordenadora da PgPAT e ex-orientadora de Théo, o programa promoverá maior capacitação para os profissionais da área nesta região do Estado da Bahia. “Estou muito feliz por esta conquista de Théo, o qual tive o privilégio de orientar. Como atual coordenadora do PgPAT, fico feliz de saber que esta atuação de nucleação foi bem-sucedida. Espero que possamos continuar esta profícua interação, em ações acadêmicas e de cooperação técnico-cientifica entre o PgPAT e o recém-criado programa da UFOB”, afirmou a pesquisadora.
Sobre o PPGPI
De acordo com Théo Santos, o Mestrado Profissional em Patologia Investigativa será o primeiro programa de pós-graduação na área da saúde em um perímetro regional de 800 km e terá grande impacto regional sobre a formação de profissionais de saúde que atuam na região, bem como dos egressos dos cursos de saúde da UFOB e de outras instituições de ensino superior nesta região.
A proposta do programa visa auxiliar na formação de docentes dos cursos de Medicina e egressos dos cursos de saúde da região e pretende auxiliar a formação dos estudantes sem retirá-los do seu contexto profissional, trazendo a possibilidade de produção de conhecimento inserido no seu contexto produtivo.
A estrutura curricular será composta por disciplinas obrigatórias, fornecendo uma visão geral sobre a área, embasamento conceitual e multidisciplinar. As disciplinas optativas serão de caráter prático e metodológico, trazendo técnicas e abordagens específicas e aprofundadas. Haverá também as disciplinas de Seminários, que buscam promover discussão entre estudantes, professores e pesquisadores externos. Todas serão baseadas em Metodologias Ativas de Ensino.
Segundo o Théo, os profissionais egressos do PPGPI poderão apresentar formação diferenciada, tanto ao nível do conhecimento científico como do domínio de metodologias e tecnologias voltadas para melhoria nos métodos diagnósticos clínicos e laboratoriais, bem como na produção em insumos na área da Patologia.
Primeira reunião do grupo de docentes permanentes do Programa de Pós-graduação em Patologia Investigativa (PPgPI) da UFOB. Da esquerda para direita: Larissa Venâncio, egressa da PPG Genética/UNESP-IBILCE; Luiz Oliveira, egresso do FCFRP/USP; Théo Santos, egresso do PGPAT/UFBA/FIOCRUZ; Carolina Souza, egressa da PPG Patologia/UFMG; Mateus Beguelini, egresso da PPG Genética/UNESP-IBILCE; Pablinny Carvalho, egressa da PPGFMC/UFSC; Maria Mussi, egressa da PPG Patologia bucal/FOUSP; Jonilson Lima, egresso do PPG IBA/FMRP-USP; Jaime Santos, egresso do PPG IB/USP; Raphael Klein, egresso do PPG BQA/UFV. Ainda fazem parte do programa como professores permanentes, mas não estão na foto: Adryano Valladão, egresso do PMPGCFUFRRJ e Jairo Magalhães, egresso do PPGCAT/UFBA.
Dissertação analisa pacientes com anemia falciforme em uso de hidroxiureia
AUTORIA: Ivana Paula Ribeiro Leite
ORIENTAÇÃO: Marilda de Souza Gonçalves
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Evolução clínica de pacientes pediátricos com anemia falciforme em uso de hidroxiureia em um ambulatório de referência em Salvador – BA”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana
DATA DE DEFESA: 17/07/2019
HORÁRIO: 15h
RESUMO
Introdução: a doença falciforme (DF) possui prevalência mundial elevada e herança autossômica recessiva, sendo considerada um problema de saúde pública e social. A hidroxiuréia (HU) tem sido utilizada como terapia farmacológica para a anemia falciforme (AF), sendo que nos últimos trinta anos tornou-se a modalidade primária de tratamento modificador da doença, com redução na incidência de episódios dolorosos agudos, hospitalizações, síndrome torácica aguda, transfusões e mortalidade. A HU tem sido descrita como bem tolerada e com baixa toxicidade. O uso da HU no Brasil foi normatizado em 2010, e existe um protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o seu uso. Entretanto, a realização de investigações referentes à evolução clínica do paciente com DF em uso de HU são necessárias para que se tenha dados referentes ao acompanhamento clínico desse grupo de indivíduos de forma prolongada.
Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar a evolução clínica e laboratorial de pacientes com AF em uso de HU em um ambulatório de referência, antes e após o uso da terapia.
Métodos: a população foi composta por pacientes com AF acompanhados no ambulatório de hematologia pediátrica do ambulatório do Complexo do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (HUPES-UFBA), em uso de HU há pelo menos seis meses. Foram avaliados dados demográficos, clínicos e laboratoriais relativos ao uso da HU.
Resultados: a casuística foi constituída por 58 pacientes com AF de 5 a 19 anos, com média de idade de 12,81 anos (DP 3,82), 55,2% do sexo feminino, com início de uso da HU em média aos 8,8 anos de idade e média de tempo de uso da HU em torno de 50,5 meses. Com o tratamento houve melhora das variáveis clínicas avaliadas (número de internações, transfusões, episódios dolorosos agudos, síndrome torácica aguda e infecções), diminuição geral da velocidade do doppler transcraniano e melhora laboratorial com aumento significativo dos parâmetros hematológicos de hemoglobina fetal, hemoglobina e volume corpuscular e diminuição significativa nas contagens de plaquetas, leucócitos, neutrófilos, monócitos e linfócitos.
Conclusão: o estudo mostrou melhora clínica e laboratorial em pacientes com AF após o uso da HU, sem efeitos adversos graves, com diminuição de hospitalizações e transfusões; porém, o uso requer acompanhamento regular com especialista e monitorização frequente, devido a possíveis causas de toxidade a droga. O uso da HU reduziu a velocidade do doppler transcraniano tanto em crianças com velocidade condicional quanto em crianças com velocidade normal. De acordo com os resultados obtidos, acredita-se que a HU poderia ser prescrita de forma mais precoce e frequente na AF, tendo como base os benefícios alcançados.
PALAVRAS CHAVE: doença falciforme; anemia falciforme; hidroxiuréia; crianças; Salvador
Grupo de trabalho publica relatório sobre chikungunya, mayaro e o’nyong-nyong
Os arbovírus são vírus transmitidos através da picada de insetos e causam diversas doenças. Dentre as mais conhecidas no Brasil, estão dengue, zika e chikungunya. Outras arboviroses, como mayaro e o’nyong-nyong, menos populares, mas que também possuem grande potencial para provocar epidemias, têm chamado a atenção da comunidade científica, com o surgimento de primeiros casos dessas doenças em algumas regiões onde antes não havia.
Um grupo de trabalho composto por pesquisadores de diversos países – denominado Colaboração Global de Pesquisa para Prevenção de Doenças Infecciosas (GloPID-R) – foi formado para investigar a história natural, a epidemiologia e o manejo médico nas infecções por chikungunya, mayaro e o’nyong-nyong. O objetivo foi identificar lacunas de conhecimento, propor recomendações para investigações futuras e sugerir ações de prevenção e controle.
Um dos desafios no enfrentamento das arboviroses é a dificuldade diagnóstica, pois os sintomas dessas enfermidades são muito similares, tornando difícil distingui-las. Pela importância da detecção desses vírus para a saúde pública, o GloPID-R, do qual participa o pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme de Sousa Ribeiro, publicou a primeira parte de um relatório, dedicada aos aspectos de diagnóstico de três arbovírus que pertencem ao gênero dos alphavírus: chikungunya, o’nyong-nyong e mayaro.
Para a composição do relatório, os especialistas do grupo realizaram um levantamento bibliográfico na plataforma PubMed sobre aspectos diagnósticos destas arboviroses. Os achados foram sumarizados em diferentes seções, que abordam aspectos epidemiológicos, relativos às manifestações clínicas associadas infecções por alphavirus, as evidências de sua co-circulação, além dos vetores responsáveis por sua transmissão. Também, foram dedicadas seções sobre cada um dos vírus, apontando as formas de diagnóstico molecular e sorológica, a indicação de cada um dos testes disponíveis e a ocorrência de reações cruzadas.
Ainda no relatório, o grupo elencou uma série de recomendações e adverte que novas ferramentas e protocolos diagnósticos ainda são necessários para permitir que estudos epidemiológicos de relevância sejam realizados, considerando o alto risco de epidemias futuras de chikungunya, o’nyong-nyong e mayaro. Confira, na íntegra, o artigo “GloPID-R report on Chikungunya, O’nyong-nyong and Mayaro virus, part I: Biological diagnostics”, publicado na revista Antiviral Research.
Biomarcadores apontam diferença na infecção por tuberculose entre pessoas da China e Índia
A apresentação clínica de pacientes com tuberculose é muito diversificada e a heterogeneidade da enfermidade está associada a mudanças nas assinaturas de biomarcadores, que são indicadores mensuráveis da severidade ou da presença de algum estado da doença.
Em um estudo liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, foram comparados a extensão da perturbação inflamatória individual da proteína plasmática e mediadores lipídicos ao nível molecular associados à tuberculose em pacientes na China e Índia, países entre os cinco com maior números de caso da doença. O artigo foi publicado na Scientific Reports.
No trabalho, foi realizado um corte transversal analisando o grau geral de perturbação inflamatória em tuberculose pulmonar sem tratamento prévio em pacientes e indivíduos não infectados desses dois países asiáticos. O grau molecular de perturbação adaptado ao plasma de biomarcadores foi empregado para examinar as mudanças globais na inflamação entre esses países.
A infecção por Mycobacterium tuberculosis causou um grau significativo de perturbação molecular em pacientes de ambos os países, com maior perturbação detectada na Índia. Curiosamente, houve diferenças na perturbação do biomarcador padrão e o grau geral de inflamação. Pacientes com tuberculose grave exibiram aumento dos valores do grau molecular de perturbação e pacientes indianos com esta condição exibiram grau ainda maior de perturbação, em comparação para pacientes chineses.
A análise do resultado identificou as proteínas IFN-α, IFN-β, responsáveis por impedir a replicação de bactérias e regular a resposta inflamatória; a IL-1RI, que é um receptor de interleucina que induz reação de fase aguda e resposta inflamatória, e TNF-α, fator de morte de células tumorais. Combinados, esses biomarcadores representam a perturbação molecular global em toda a população do estudo.
Uma observação importante do estudo mostrou que moléculas dos pacientes da Índia tinham três vezes mais perturbação, que os da China. Apesar dos pacientes da Índia terem lesões pulmonares unilaterais mais freqüentes e aumento de esfregaços de BAAR do que as da China, a associação entre os aumentos dos valores globais do escore do grau molecular de perturbação na Índia foi independente de tais aspectos clínicos e microbiológicos.
O impacto do país de residência, raça e etnia nos biomarcadores plasmáticos no contexto da tuberculose já foi previamente explorado, assim como as diferenças de raça e gênero no perfil inflamatório também foram estudadas em vários outros doenças.
Esses resultados delineiam a magnitude da perturbação inflamatória sistêmica da tuberculose pulmonar e revelam mudanças qualitativas nos perfis inflamatórios entre dois países com alta prevalência da doença. Esses dados usando a métrica do grau molecular de perturbação sugerem que a infestação sistêmica causada pela infecção por Mycobacterium tuberculosis pode variar significativamente entre países.
Estudos adicionais são necessários para avaliar se e/ou como as diferenças descritos no estudo contribuem para a resposta ao tratamento da tuberculose e prognóstico em diversas populações em todo o mundo.
Importância e desafios da pós-graduação
Pesquisa sugere uso de proteínas quiméricas para diagnóstico de Chagas em áreas com leishmanioses
Antígenos quiméricos do Trypanosoma cruzi têm sido propostos como uma ferramenta diagnóstica para a doença de Chagas crônica, tanto em regiões endêmicas como não endêmicas. A resposta do anticorpo varia de acordo com cada cepa de T. cruzi, apresentando desafios para o uso de antígenos sem reação cruzada com espécies do gênero Leishmania spp, patógenos que possuem alta similaridade com o T. cruzi.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, coordenou um estudo que testou quatro proteínas quiméricas (IBMP-8.1, 8.2, 8.3 e 8.4) e avaliou previamente seu desempenho no diagnóstico para determinar a reação cruzada com Leishmania spp. Clique aqui para ler o trabalho na íntegra, publicado no Journal of Clinical Microbiology.
Foram usadas amostras de soros de pacientes com leishmaniose tegumentar ou visceral de diferentes áreas geográficas endêmicas brasileiras: Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No total, 829 amostras foram avaliadas usando os antígenos IBMP, além de ensaios comerciais.
A incidência de reação cruzada para as amostras positivas para leishmaniose tegumentar variou de 0,35% (IBMP-8.3) a 0,70% (IBMP-8.1 e IBMP-8.2). Em relação às amostras positivas para leishmaniose visceral, os antígenos IBMP-8.2 e IBMP-8.3 reagiram de forma cruzada com seis (3,49%) e apenas uma amostra (0,58%), respectivamente.
Nenhuma reatividade cruzada com leishmaniose americana ou visceral foi observada para o antígeno IBMP-8.4. Da mesma forma, não foram encontradas reações cruzadas quando as amostras positivas para leishmaniose visceral foram analisadas com IBMP-8.1.
Quanto aos testes comerciais foram avaliados os kits Gold ELISA Chagas (REM, São Paulo, Brasil), ELISA Chagas III (BIOSChile, Ingeniería Genética S.A., Santiago, Chile), Imuno-ELISA Chagas (Wama Diagnóstica, São Paulo, Brasil) e o teste de imunofluorescência Imunocruzi (Biomérieux, São Paulo, Brasil).
Para as amostras positivas para leishmaniose tegumentar, o índice de reatividade cruzada foi de 19,3% para o Gold ELISA Chagas, 54,8% para o ELISA Chagas III, 0,25% para o Imuno-ELISA Chagas e 35,2% para o Imunocruzi. Para a leishmaniose visceral foi encontrada reatividade cruzada para 20,9% e 18% das amostras testadas pelo Gold ELISA Chagas e ELISA Chagas III, respectivamente. Em virtude da descontinuidade da produção pelos fabricantes os demais testes não foram avaliados usando amostras de leishmaniose visceral.
O estudo indica que as moléculas quiméricas IBMP, em especial a IBMP-8.4, podem ser utilizadas com segurança e eficácia no diagnóstico da doença de Chagas, mesmo em áreas de co-endemicidade com leishmaniose tegumentar e visceral, com índices de reatividade inferiores aos encontrados para os testes comerciais.
Abertas as inscrições para curso livre de Introdução à Divulgação Científica
O curso livre de Introdução à Divulgação Científica será realizado com o objetivo principal de sensibilizar docentes, pesquisadores, servidores e discentes da Fiocruz Bahia sobre a importância de manter um diálogo com a sociedade, bem como dar-lhes ferramentas conceituais e práticas de como fazer divulgação científica das suas pesquisas.
As inscrições podem ser feitas no Campos Virtual, até o dia 12 de agosto.
Composto de dois módulos, o curso é semipresencial, com carga horária total de 69 horas/aula, sendo 9 horas presenciais e 60 horas a distância, que podem ser realizadas nos dias e horários preferenciais dos alunos ao longo dos meses de agosto e outubro de 2019.
A carga horária poderá ser aproveitada pelos discentes da pós-graduação como atividade extracurricular nos programas de pós-graduação stricto sensu para Mestrado e Doutorado, conforme regimento de cada programa.
Importância da divulgação científica
No cenário atual das fake news, da descrença no pensamento científico e nas evidências científicas e dos cortes de recursos públicos destinados à pesquisa científica em vários países do mundo, a ciência enfrenta o desafio de dar maior visibilidade, ao público geral e aos tomadores de decisão, a sua importância para o desenvolvimento. Além de ser uma responsabilidade social dos cientistas, a divulgação científica se tornou, também, uma questão de sobrevivência.
O Curso de Introdução à Divulgação Cientifica, resultado de uma iniciativa da Vice-Presidência Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz e do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, com o apoio do Campus Virtual Fiocruz, está sendo oferecido com a preocupação de empoderar os cientistas, estudantes de pós-graduação e iniciação científica da Fiocruz Bahia.
Também, o curso visa facilitar o cumprimento da orientação da Câmara Técnica de Educação da instituição de promover a exposição de todos os alunos da Fiocruz a temas transversais da educação em Ciência e Tecnologia, entre os quais a comunicação pública da ciência.
Uma década do biofilme de Leptospira: um novo olhar sobre a leptospirose
UFBA premia estudante egressa de Iniciação Científica da Fiocruz Bahia
A estudante egressa de Iniciação Científica (IC) da Fiocruz Bahia, Riam Rocha França, ganhou o prêmio Prof. Alfredo Thomé de Britto, dado aos alunos que tiveram destaque na área de pesquisa científica durante o curso de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Fameb/UFBA). A cerimônia de premiação ocorreu na Fameb.
Para Riam Rocha, o prêmio é importante para sua vida profissional, trazendo um reconhecimento após seus esforços na pesquisa científica. “Receber esse prêmio foi uma enorme alegria e uma grande honra, sobretudo por saber que grandes pesquisadores baianos do último século já estiveram nesse lugar. Foi o reconhecimento dos anos dedicados ao laboratório, das muitas horas sobre o microscópio e das centenas de lâminas preparadas e analisadas. O reconhecimento de um trabalho de bastidor, que normalmente ninguém vê”, contou.
A médica também conta que a Fiocruz Bahia contribuiu muito com o desenvolvimento de suas pesquisas, proporcionando uma experiência enriquecedora para sua graduação, “sai de lá sabendo muito mais do que preparar lâminas, fazer reações de imunohistoquímica, ou análises no microscópio. Sai sabendo como escrever, como ler e como apresentar um trabalho científico. Sem dúvida nenhuma, foi a experiência mais enriquecedora da minha graduação”, completou.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Viviane Boaventura, foi orientadora de Riam França. Para ela, a condecoração é sinal do empenho de Riam, principalmente ao desenvolver pesquisa na Fiocruz Bahia, “a premiação é um reconhecimento pelo comprometimento e excelente trabalho de Riam, que desenvolveu todo o trabalho científico nessa instituição, ao longo dos dois anos em que foi bolsista do programa de Iniciação Científica. Além disso, o prêmio reafirma a importância do programa de iniciação científica da Fiocruz”, apontou.
Durante sue período como estudante, Riam desenvolveu um projeto explorando aspectos imunopatológicos da leishmaniose tegumentar. Além disso, a aluna colaborou em outros projetos de pesquisa sob o mesmo tema, tendo inclusive o trabalho “Lutzomyia longipalpis saliva induces heme oxygenase-1 expression at bite sites” publicado, como co-autora, no periódico Frontiers in Immunology, em 2018, coordenado pela pesquisadora Valeria Borges.
Sobre o prêmio
O prêmio homenageia Alfredo Thomé de Brito, médico pela UFBA e responsável pelo desenvolvimento da faculdade, quando foi diretor da Faculdade de Medicina da Bahia entre 1901 a 1908. Considera critérios como publicação de artigos em periódicos, premiações em trabalhos de pesquisa, resumos publicados em anais de congressos, apresentações em eventos científicos, iniciação científica e atividades de monitoria.
Trabalhos da disciplina Didática Especial são apresentados em encontro acadêmico
Promovendo um canal aberto de comunicação com os estudantes da Fiocruz Bahia, a Vice-Diretoria de Ensino e Informação, junto as coordenações dos programas de Pós-Graduação em Patologia (PGPAT) e da Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) e do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC), realizam, a cada dois meses, o Papo Acadêmico.
Com o objetivo de ser um ambiente de construção, o evento proporciona interações entre os docentes e discentes, debatendo temas de interesses dos alunos, além de rodas de conversa, com sugestão de convidados. A primeira edição do encontro ocorreu no dia 17 de maio.
No dia 14 de junho, uma edição extraordinária foi realizada para apresentar os trabalhos feitos na disciplina Didática Especial, ministrada há seis anos, em parceria com o PGPAT, por Daniel Manzoni, professor da Escola de Ciências da Saúde do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Enfatizando a política de parceria incentivada pela Vice-Diretoria de Ensino de ações conjuntas entre os Programas de Pós-Graduação na Fiocruz Bahia, a disciplina vem sendo oferecida também aos discentes do PGBSMI, nos últimos dois semestres. Os monitores das atividades desenvolvidas foram alunos de ambos programas que já haviam cursado a disciplina anteriormente.
Valéria Borges, coordenadora do PGPAT, abriu o Papo Acadêmico extraordinário agradecendo a presença de todos e, em especial, pela mediação do professor Daniel na discussão dos trabalhos. Considerando uma experiência bem-sucedida de incentivo à prática docente e formação acadêmica para os discentes da Fiocruz Bahia, o tema de ‘Ensino por investigação em saúde’, desenvolvido durante a disciplina, resultou em três artigos científicos publicados em uma edição especial em Metodologias Ativas de Ensino, na Revista Atas de Ciências da Saúde (ACIS), que foram coordenados pelos monitores.
Trabalhos publicados
Para a doutoranda Clarissa Cunha Santana, que orientou a criação de um jogo de tabuleiro como ferramenta de ensino por investigação em parasitologia, participar do desenvolvimento do exercício foi importante, principalmente pela busca de conhecimento na área de educação na execução da atividade com os alunos da disciplina em que foi monitora. “A gente teve essa experiência de trabalhar com um grupo diverso de pessoas, com dificuldades e conhecimentos diferentes. Foi muito produtivo na formação da gente como professor e como professor motivador também”, comentou.
Já o grupo da doutoranda Marie Laurence Rahimy propôs um modelo didático de ensino por investigação em microbiologia de baixo custo para estudantes de ensino médio. Marie comentou que trabalhar como monitora nessa disciplina ajudou não só na sua formação de doutoranda, mas também acrescentou muito no seu aprendizado na área de saúde além do esperado. “Queria parabenizar a turma e agradecer ao professor pela oportunidade que nos deu, de crescermos como alunos e também como futuros professores”, declarou.
Na opinião do mestrando Filipe Rocha Lima, monitor do jogo “Perfil Imunológico”, a oportunidade de monitoria e incorporação como orientadores de um trabalho didático na área do ensino das ciências permitiu aos discentes elucidar os meandros da orientação acadêmica, desenvolvimento crítico como revisor de um artigo e para contribuição de novas publicações. “A disciplina Didática Especial vem se consolidando como um incentivo e preparação na formação dos futuros pesquisadores e professores em saúde”, contou. O jogo criou uma situação-problema de imunologia para ser resolvida em sala de aula.
Em relação ao impacto que essa disciplina causa na formação de professores do ensino superior, Manzoni enfatizou a importância de publicar os trabalhos desenvolvidos pelos grupos de alunos e monitores possibilitando a vivencia da supervisão na construção de conhecimento coletivo em ensino de ciências. “Os trabalhos são públicos, então, de uma forma geral, estão sendo lidos e aplicados em qualquer lugar do Brasil, talvez do mundo, um grande impacto para educação em ciência”, afirmou o professor.
Fiocruz Bahia participa de mobilização em defensa da ciência no Dois de Julho
Pesquisadores e professores baianos estão se mobilizando para marcar presença novamente no desfile do Dois de Julho, chamando a atenção da sociedade para o momento vivido pela ciência no Brasil (particularmente na Bahia), carente de recursos para financiamento de pesquisas e outros projetos.
A Fiocruz Bahia vai participar da mobilização que começa na concentração, às 7h15 da manhã, no Largo da Lapinha, próximo ao Coreto, exatamente onde tradicionalmente ocorre a concentração para a saída do desfile.
A articulação está sendo feita pela Academia de Ciências da Bahia, fundada pelo ex-governador Roberto Santos e que tem hoje como presidente o pesquisador Jailson Andrade. O desejo do grupo é reunir cerca de 500 cientistas baianos, além de reitores e professores representantes de diversas universidades.
Texto com informações da Academia de Ciências da Bahia.